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Apesar da chapa Bolsonaro-Mourão ter sido absolvida no processo de cassação que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes foi enfático ao dizer que houve disparo de mensagens nas eleições de 2018 e que, no próximo ano, a Justiça Eleitoral estará pronta para lidar com crimes contra a democracia de forma mais efetiva. A votação pela cassação da chapa foi iniciada nesta quinta-feira (28), mas houve absolvição por falta de provas.

"A Justiça Eleitoral, assim como toda a Justiça, pode ser cega, mas ela não é tola. Não podemos criar de forma alguma um precedente avestruz, 'ah, não ocorreu nada'. Todo mundo sabe o que ocorreu, todo mundo sabe o mecanismo utilizado nas eleições e depois das eleições", disse o ministro no voto. "Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado, e as pessoas que assim fizerem isso irão para a cadeia por atentarem contra as eleições e a democracia no Brasil", completou Moraes, que assumirá a presidência do TSE no ano que vem.

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A sessão pelo destino da chapa Bolsonaro-Mourão julgou abusos de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação para promoção da campanha de Jair Bolsonaro (sem partido). “O Brasil foi pego de surpresa em 2018 por essas milícias digitais. A Justiça aprendeu, se preparou, e esse julgamento deixa muito claro que nós já sabemos como são os mecanismos. Já sabemos quais provas devem ser obtidas e como. Não vamos admitir que essas milícias digitais tentem novamente desestabilizar as eleições a partir de financiamentos espúrios não declarados", continuou.

Para Moraes, “milícias digitais continuam se preparando para disseminar ódio, conspiração, medo, para destruir a democracia”. “Não temos materialidade no conteúdo das mensagens constantes no processo, mas vemos a máquina do ódio, os engenheiros do caos”, assinalou. Ele também foi enfático sobre a presença do chamado “gabinete do ódio” e que não será criada uma “jurisprudência avestruz”. "Nós podemos absolver aqui, por falta de provas, mas sabemos o que ocorreu. Sabemos o que vem ocorrendo e não vamos permitir que isso ocorra. Não podemos criar um precedente, olhar tudo o que foi feito e passar o pano", disse.

Além de ter na mira o comando do TSE, Moraes, que é visto como a “pedra no sapato” de Bolsonaro é autor de três inquéritos contra o presidente: o das fake news, o dos atos antidemocráticos e um terceiro sobre interferências na atuação da Polícia Federal.

O empresário catarinense Luciano Hang, dono das lojas Havan, publicou na noite dessa sexta-feira (24) em suas redes sociais uma nota sobre sua o que chama de falsas “narrativas” publicadas ao seu respeito, após o bilionário ser citado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia como um dos financiadores de disparos de mensagens com informações falsas sobre a Covid-19. Não é a primeira vez que Hang é associado ao financiamento de disparos de mensagem em massa para beneficiar as pautas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). 

“Não faço parte de gabinete nenhum. A imprensa deveria se basear na verdade dos fatos e não em narrativas. Se a CPI tem posse de algum documento que diz que ajudei ou financiei direcionamento de mensagens falsas, o documento é falso, não pode existir prova de algo que nunca fiz. Dizer que patrocinei veículos de internet que disseminaram desinformação é uma mentira”, diz Luciano Hang em nota enviada à Rede Globo e então compartilhada ao público.

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No mesmo posicionamento, o dono da Havan diz também que o relatório da ABIN, supostamente citado por um senador da CPI, é inexistente e que a Comissão agora deverá provar as “inverdades” ditas sobre o investigado. 

Segundo reportagem da UOL, em julho de 2020, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) produziu um relatório de 15 páginas apontando problemas e inconsistências na fortuna do empresário dono da Havan, Luciano Hang, apoiador bolsonarista infleunte. O texto oficial serviu para alertar o Palácio do Planalto sobre os riscos que a proximidade de Hang poderia causar à atual gestão.  

A reportagem diz que o documento foi classificado como "reservado" e que reúne informações sobre o proprietário da rede de departamentos Havan. Os papéis foram enviados pela agência à Casa Civil, ao alto comando do Exército, à Polícia Federal e já chegou às mãos de um senador da CPI da Covid. Hang diz que o relatório trata-se de “mais uma narrativa absurda” e que está tranquilo, pois tem a verdade “ao seu lado”. 

Luciano Hang prestará depoimento à CPI da Covid na próxima quarta-feira (29). O empresário entrou no radar da comissão após as denúncias enviadas aos parlamentares sobre a Prevent Senior, incluindo a suposta alteração do atestado de óbito da mãe de Hang, Regina Modesti Hang. A CPI também aprovou a convocação de Bruna Morato, advogada da empresa de saúde Prevent Senior. 

Leia a nota na íntegra

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Por maioria de votos, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, nesta quinta-feira (27), pelo não conhecimento de um Mandado de Segurança (MS) que questionou a dispensa de Peterson Querino como testemunha nos autos da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) 0601771-28, que investiga disparo de mensagens em massa via WhatsApp, durante as Eleições Gerais de 2018, pela campanha do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

A Aije é de autoria da coligação adversária, que teve Fernando Haddad (PT) como candidato, contra Bolsonaro e o empresário Luciano Hang. A alegação é de abuso de poder econômico, uma vez que o partido de Bolsonaro (PSL) teria se beneficiado diretamente das mensagens por meio de contratos assumidos por empresários que o apoiaram durante a campanha. Peterson Querino é dono de uma das agências suspeitas de prestar o serviço de disparo de mensagens.

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O ministro Jorge Mussi, relator da Aije, em despacho do dia 13 de março deste ano, decidiu dispensar a testemunha Peterson Querino após diversas tentativas de notificação sem sucesso. O endereço informado pelo autor da ação não estava correto e todas as correspondências foram devolvidas.

Tese vencedora

O voto que conduziu o resultado do julgamento de hoje foi do ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, que se posicionou pelo não conhecimento do Mandado de Segurança. O argumento do ministro foi no sentido de que não cabe MS contra decisão judicial sobre a qual ainda cabe recurso. Segundo o ministro, o pedido para ouvir a testemunha, informando o endereço correto, poderá ser feito na fase processual em que a defesa puder interpor recurso próprio no andamento das ações de investigação judicial eleitoral. Portanto, concluiu ele, ainda não houve a chamada preclusão, que no direito processual é a perda do direito de agir nos autos diante do encerramento do prazo.

Seu voto foi acompanhado pelos ministros Og Fernandes, Sérgio Banhos, Luís Roberto Barroso e pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber.

Ficou vencido o ministro Edson Fachin, relator do Mandado de Segurança. Apesar de seu voto ser semelhante no resultado, uma vez que também concluía pela não preclusão, Fachin optava por conceder parcialmente o Mandado de Segurança para garantir o afastamento da preclusão do ato impugnado.

Fachin ressaltou que a duração razoável do processo, na perspectiva do direito eleitoral, impede qualquer manifestação que dificulta a entrega de uma prestação jurisdicional efetiva, tempestiva e adequada. E que decisões sem caráter definitivo e eventuais inconformismos deverão ser examinados no momento da decisão final do processo.

“A decisão que excluiu a testemunha não precluiu, podendo ser analisada novamente na ocasião do recurso”, afirmou o relator.

O ministro Jorge Mussi não apresentou voto no processo, pelo fato de sua decisão na Aije ser o alvo do questionamento.

CM/JB

Processo relacionado: MS 060023023

*Da Assessoria do Tribunal Superior Eleitoral

 

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