Os tatuadores também foram afetados pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Como o ofício exige contato próximo ao cliente, alguns artistas precisaram suspender a atividade por um tempo e buscaram novos planos de trabalho. Foi assim com o tatuador Mauricio Giampa, 53 anos. O estúdio onde trabalha, o SP Tattoo, ficou 112 dias com as portas fechadas.
Sem a certeza de como sobreviver a um período tão turbulento, Giampa adotou algumas estratégias. "Uma delas foi o mailing com meus amigos e clientes. Como estou no ramo da tatuagem há 39 anos, este contato fez com que as pessoas me retornassem, agendando horários e negociando possíveis descontos", conta ele, que também passou a divulgar o trabalho nas redes sociais do estúdio.
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O tatuador Mauricio Giampa, do estúdio SP Tattoo | Foto: Arquivo Pessoal
Na crise, a demanda de trabalho da SP Tattoo caiu e agora, aos poucos, o estúdio segue para normalidade. Na reabertura, os profissionais da loja adotaram os procedimentos de segurança recomendados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o uso de materiais descartáveis, como luvas e máscaras, além das normas de distanciamento social. No entanto, Giampa tem encontrado dificuldades para reformular a agenda com os clientes. "Não estou recebendo duas ou três pessoas de uma vez na loja e não atendo muitos clientes ao mesmo tempo", explica o tatuador.
Promoções para driblar a crise
O tatuador e proprietário do estúdio Metalmorfosi Tattoo, Luciano Jangarelli, 44 anos, de São Paulo, também viu seu negócio ser afetado pela pandemia: a loja ficou 60 dias parada. "Durante a quarentena, eu tenho feito bastante promoções e foi graças a isso que eu consegui me manter", comenta. Devido aos descontos, a demanda se manteve alta, e os clientes eram conscientizados de que os horários só seriam agendados após a flexibilização ou o término da pandemia. "Aqui não sofremos com esta queda. Em compensação, o preço do material subiu muito. Se antes eu pagava R$ 28 em uma caixa de luvas, hoje pago em torno de R$ 65 ou R$ 75. As máscaras eram R$ 9,90, uma caixa com 50 unidades; hoje estou pagando algo próximo a R$ 45 reais".
Com a flexibilização, o estúdio também adotou medidas de segurança, como a higienização do ambiente e das mãos e dos calçados dos clientes antes de entrarem na sala de tatuagem. "Entre os intervalos dos tatuadores é feita a esterilização do ambiente, além de todo material ser descartado. Usamos EPIs, avental e luvas", conta Jangarelli.
A única fonte de renda
"Tattoo é minha única fonte de renda, então foi bem difícil tomar a decisão de suspender os atendimentos", diz a tatuadora Paola Abreu, 23 anos, de Campinas (SP). Autônoma, ela também precisou suspender os trabalhos e, na retomada, enfrentou o aumento de preço dos materiais. Durante a pandemia, ela realizou outros trabalhos para lidar com a crise. "Procurei fazer alguns artesanatos sob encomenda e vender roupas usadas na internet, mas continuei respondendo orçamentos e clientes pelas redes sociais", complementa.
A tatuadora Paola Abreu | Foto: Arquivo Pessoal
Há um mês de volta às sessões, Paola diz que não foi difícil se adaptar à nova realidade. "Suspendi os contatos físicos desnecessários, como cumprimentos e visitas para orçamento e agendamento. Tudo o que der pra fazer virtualmente é a preferência. No atendimento, eu encapo ou plastifico os materiais que não são descartáveis", detalha.
Por medidas de segurança, o cliente permanece de máscara durante toda a sessão e também é disponibilizada uma pia com álcool liquido e em gel para lavagem de mãos. "Não permito acompanhantes no ateliê. Espacei os horários da agenda para apenas um cliente e tatuador por vez no espaço. Higienizo todo o local antes e depois de cada tattoo. Reforço o hábito sempre com produtos próprios para desinfecção de cada superfície e material", conta a tatuadora.