Tópicos | dor nas costas

Entre os virais recentes nas redes sociais, a quiropraxia despertou a curiosidade do público que passou a sofrer com dores na coluna ao assumir a rotina do home office sem condições adequadas. Considerada uma alternativa da Fisioterapia para evitar que o paciente passe por cirurgia, o tratamento ainda é pouco difundido no Brasil e encontra resistência para entrar no rol de procedimentos da Agência Nacional Brasileira (ANS). 

Após suspender os atendimentos na pandemia, o fisioterapeuta Felipe Mucarbel conta que retomou as consultas com o aumento de 30%, principalmente a partir do segundo semestre de 2020. Antes, a maioria das queixas denunciavam dores na lombar mas, desde então, a agenda é dividida com incômodos no pescoço relacionados às longas jornadas de uso de celulares.

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A falta de atividade física, de postura e de uma dieta saudável também promovem dores articulares, que a quiropraxia busca reverter através de manobras e alavancas. Casos de hipertensão e dores nos órgãos também podem ser resolvidas com o estímulo adequado dos nervos em determinadas áreas.

Tratamento

Com a consulta em torno de 30 minutos, normalmente o tratamento ocorre semanalmente, mas em casos mais graves, pode ser recomendado de duas a três vezes por semana. O objetivo é sempre o mesmo: "ficar sem a dor ou aliviar. Jamais ficar com mais dor", comenta o especialista.

"As pessoas aparecem só quando estão com dor, mas o ideal é trabalhar com a prevenção e vir pelo menos uma vez por mês", acrescenta Mucarbel, que destaca os benefícios da relação mais próxima ao paciente e do tato do quiroprata como fundamentais para investigar a causa do problema e não apenas o sintoma.

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Ele lembra que dor não é indicativo de cirurgia e esclarece que na vertente fisioterapêutica, as únicas indicações são em casos de comprometimento neurológico ou quando o paciente perde o controle dos esfíncters - conhecido como síndrome da causa equina. 

Resistência

Fundada há cerca de 130 anos nos Estados Unidos por David Palmer, a quiropraxia foi desenvolvida sob olhares de controvérsia, mas já é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de não ser oferecida por planos de saúde no Brasil, a prática possui graduação específica e os profissionais certificados garantem resultados incontestáveis. 

De acordo com o ranking de auxílios-doença concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a dor nas costas é a doença que mais causa afastamento do trabalho por mais de 15 dias, sendo registrados 116 mil benefícios concedidos por esta razão no ano de 2016.

Os dados mostram também que não são as atividades pesadas, mas o serviço público que mais causa afastamentos por dor nas costas, devido ao grande número de funções repetitivas, que podem ocasionar o problema. Em segundo lugar estão as atividades relacionadas ao comércio varejista, em especial supermercados, seguidos dos ramos hospitalar, de construção de edifícios e transporte rodoviário de cargas. 

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“No comércio, a dorsalgia (nome técnico para a dor nas costas) é comum nas pessoas que trabalham como estoquistas, porque elas levantam caixas, fazem movimentos de agachar e levantar e acabam não prestando atenção na postura. Esse mesmo descuido ocorre com quem trabalha em escritório por muito tempo sentado na mesma posição”, explica Viviane Forte, coordenadora-geral de Fiscalização e Projetos do Ministério do Trabalho. 

Apesar da dificuldade para saber se as dores são causadas pela atividade laboral ou por outros fatores, Viviane entende que a postura no trabalho influencia. “As pessoas passam muito tempo do seu dia no trabalho. Se não tiverem o devido cuidado na maneira de se sentarem e realizarem suas atividades, ou se não respeitarem as pausas necessárias ao longo da jornada de trabalho, vão adoecer, independentemente de como e onde tenha surgido a dor”, alerta.

*Com informações do Ministério do Trabalho

As crianças vêm sofrendo cada vez mais de dores nas costas e um dos fatores por trás disso é a má postura durante a utilização dos aparelhos celulares, segundo o neurocirurgião Vinicius Benitez, especialista em doenças da coluna. "O que se observa é que há realmente um aumento em queixas de jovens com dores cervicais nos últimos anos", constata.

Esse problema pode ter consequências sérias para as crianças. "Imediatamente, isso causa dores musculares e cansaço. Em longo prazo, pode se perpetuar e se transformar em uma dor crônica. Qualquer dor que dure mais de dois meses é considerada crônica", explica o médico.

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Ele recomenda trocar de posição com frequência ao utilizar os eletrônicos e, se possível, levantar o celular na altura da cabeça para não prejudicar a região cervical. O neurocirurgião Alexandre Elias, especialista em coluna do Hospital 9 de Julho, confirma que uma fonte de dor é ficar olhando para baixo ao usar o celular, e outro perigo que se vê hoje é digitar enquanto caminha.

De acordo com ele, a má postura não apenas causa desconforto, mas pode também levar ao agravamento de situações já existentes, como uma hérnia. Em alguns casos, a prática pode piorar uma dor prévia e exigir até uma operação.

Segundo os especialistas, é necessário fazer pausas a cada 40 minutos pelo menos, e não há uma forma de usar os aparelhos por tempo prolongado sem acarretar dores. "O ideal é não ficar horas na mesma posição, isso vale não só para o celular, mas também para pessoas que trabalham sentadas no computador", indica Elias.

"A má postura ou posição viciosa acelera o processo degenerativo que já ocorre naturalmente", explica Benitez, que enfatiza a necessidade de crianças e jovens praticarem exercícios físicos como forma de prevenção para esse tipo de problema. 

O médico ressalta que a musculação é permitida apenas a partir dos 16 anos. "Pode ser uma atividade na água, com bola ou qualquer outra, desde que a criança goste. Ela não pode ser obrigada", defende. 

O sedentarismo pode ser um agravante para as dores nas costas, pois, de acordo com Elias, a musculatura ao redor da coluna é muito frágil. "Quem pratica atividades físicas tem uma estrutura mais adequada para proteger a área", diz.

A obesidade pode atrapalhar também os adultos, que já podem recorrer à musculação, mas o médico alerta para os cuidados que se deve tomar ao iniciar uma rotina de exercícios. "Deve ser feito sempre com a orientação de um profissional e aos poucos para não danificar a coluna", aconselha.

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