Tópicos | duas rodas

Mesmo com o isolamento social recomendado pelas autoridades de saúde durante o período de pandemia, causada pelo novo coronavírus (Covid-19), há trabalhadores que não podem parar. Seja por atuar em serviços essenciais ou pela necessidade de levar o sustento para casa, muita gente se torna obrigada a encarar de frente a pandemia. 

É o caso de quem ganha a vida sobre duas rodas acelerando as motocicletas pelas ruas dos grandes centros. Só na região metropolitana de São Paulo, as motogirls e os motoboys são mais de 220 mil, segundo o Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas (Sindimoto). Com uma boa carteira de clientes e há duas décadas na profissão, o motoboy Marcio da Costa, 41 anos, não sentiu os impactos do isolamento social e segue firme na atividade. "A gente tem que trabalhar para honrar os compromissos, levar o alimento para os nossos filhos", declara Costa. Mais conhecido como Lapão, o morador do bairro Parque Alto, na zona sul da capital paulista, descarta a alcunha de herói por estar exercendo sua função em tempos de pandemia. "Vejo até alguns meios taxando a gente como herói e não me considero e nem gostaria desse rótulo. Trabalho porque eu preciso", complementa.

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Para o motoboy, além da pandemia, uma preocupação latente com as ruas mais vazias está relacionada ao abuso de velocidade pelos companheiros de profissão. "Isso se torna mais perigoso, se por ventura ocorrer um acidente, os ferimentos se tornam mais graves", alerta. Segundo Costa, apenas um de seus clientes diários disponibilizou produtos como máscaras e álcool em gel para auxiliar na prevenção contra a Covid-19.

Moradora da cidade de Guarulhos, a motogirl Patrícia Mesquita, 31 anos, é outra que ganha a vida nos corredores da região metropolitana de São Paulo. Desde 2010 na profissão e mais conhecida como Paty, ela afirma que a pandemia aumentou o volume de serviço, mas a concorrência acabou por equiparar o valor dos ganhos. "Acho que estamos trabalhando mais, pelo excesso de motoqueiros na rua, mas os rendimentos diminuíram por muito", comenta. Preocupada com a disseminação do vírus, a motociclista conta que as empresas para as quais presta serviços de entrega não disponibilizaram produtos para assepsia nem máscaras cirúrgicas descartáveis. A solução é a solidariedade entre os próprios "motocas", como se tratam os colegas de profissão. "As empresas não forneceram nada. Nós tivemos que comprar e vamos ajudando um ao outro", complementa.

A motogirl Patrícia Mesquita | Foto: Arquivo pessoal

Outro que segue acelerando pelas ruas em tempos de isolamento social é o motoboy Mauro Santos, 45 anos. "Continuo trabalhando com entregas todos os dias, inclusive aos finais de semana, em que a demanda de entregas de comidas em geral aumenta", ressalta. Morador do bairro da Vila Formosa, zona leste de São Paulo, Santos também reforça que há um descaso de empresas que não se preocuparam com a não disseminação do vírus na pandemia. "Nenhuma empresa de aplicativo forneceu qualquer material para nos protegermos do vírus Covid-19", destaca o profissional.

Para Santos, o fluxo reduzido do trafego é um fator positivo. "O trânsito na cidade está uma maravilha para rodar", observa. Mais conhecido como Maurão ou Barba, o motoboy, que atua na área há pouco menos de 18 meses, considera que os ganhos seguem sendo os mesmos do tempo comum. "No meu caso nada mudou, continuo ganhando o mesmo, porém desse valor é preciso tirar todos os custos gastos como combustível e manutenção", explica.

O motoboy Mauro Santos | Foto: Arquivo pessoal

O motociclista tem receio com um dos segmentos que atende. "Agora estou indo fazer entrega de peças automotivas, mas o serviço para este setor caiu 80%", finaliza.

 

O Dia do Motociclista é comemorado neste sábado (27) e as mulheres motociclistas mostram que isso é muito mais do que praticidade. Elas não temem as altas velocidades e são apaixonadas por se aventurar sobre duas rodas.

A autônoma Diankarla Damasceno, 56 anos, mais conhecida como Vovó Cross, começou a pilotar aos 12 anos. “Não se torna apaixonada por moto, você nasce apaixonada pelas duas rodas”, afirma.

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Ela conta que desde pequena convivia com motocicletas, pois seu pai era piloto da Polícia do Exército. A Vovó Cross já pilotou em quase todo território nacional e já conheceu países como Argentina, Chile, Bolívia e Paraguai viajando de moto. “Pequenos apuros passamos a todo momento, afinal, moto é um veículo maravilhoso mas muito perigoso”, conta.

Além das viagens, ela é competidora de off road há sete anos. “Sou a mulher mais velha no Brasil como piloto de enduro. Hoje vou em algumas provas só para rever os amigos e me divertir, sem nenhuma intenção de competir”, afirma.

Diankarla Damasceno, a 'Vovó Cross', pilota desde os 12 anos de idade | Foto: acervo pessoal 

Mas não só as motos grandes que participam das aventuras. A empresária Rebeca Bonel, 24 anos, já viajou para seis estados brasileiros e quatro países na América do Sul com sua Biz (Honda) 125. “Nunca tive vontade de ter moto grande. Até agora, todos os lugares que eu fui com a pequena não senti falta de nada”, ressalta.

Segundo Rebeca, quando começou a pilotar, há nove anos, o objetivo era a praticidade que o meio de transporte oferece mas, com o tempo veio a vontade de conhecer outros lugares junto com a ‘pequena’. “Não deixo que as aparências enganem e nem que as falas destrutivas desmotivem meus planos”, ensina.  

 Rebeca Bonel em uma de suas viagens com a Biz.  Foto: acervo pessoal 

As aventuras também podem proporcionar um amor quando menos se espera. A analista de sistemas Noellen Samara da Silva, 32 anos, conheceu o atual namorado, Cassiano Bueno, por meio das viagens. Ela costumava postar suas aventuras no canal de vídeos na internet e ele acompanhava as postagens. “Não se trata só de estrada, se trata também de sentimento, inspirar e mudar vidas”, ressalta.

Em oito anos de estrada, Noellen já percorreu nove países, entre eles a Argentina, onde ela chegou até o famoso “fin del mundo”, em Ushuaia. “A sensação de sonho realizado ao chegar num determinado lugar é indescritível, as pessoas que cruzam nosso caminho fazem cada quilômetro valer ainda mais”, revela.

Noellen Samara quando viajou para Ushuaia (Argentina) | Foto: acervo pessoal 

 

Os espaços exclusivos para o tráfego de ônibus no Recife são alvos de vários segmentos de veículos. A última solicitação para utilização dos corredores específicos de transportes públicos foi realizada na Câmara Municipal de Vereadores do Recife pelo vereador Jadeval de Lima (PTN). Ele defende que os usuários de duas rodas como motos e motonetas trafeguem pela faixa exclusiva. O projeto proposto está em tramitação na Casa José Mariano.

Segundo o vereador, o objetivo do projeto é agilizar e evitar transtornos no trânsito recifense. “Pode reduzir os acidentes diminuindo os engarrafamentos em certos pontos da cidade, como por exemplo, a Avenida Conde da Boa Vista”, opina Jadeval, que exemplifica a situação em outros locais. “Em alguns Estados brasileiros e municípios já existe regulamentação quanto à faixa exclusiva para veículos de duas rodas, mais isso requer uma estrutura muito maior do que aquela que o Recife oferece e comporta. É mais viável permitir que estes veículos transitem pelas faixas já existentes. Este projeto, se aprovado, poderá fazer a diferença na vida de muitos cidadãos”, sugere Lima.

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O vereador também justifica que o número de motos e motonetas no Recife tem aumentado muito e, com isso, crescem os acidentes de trânsito envolvendo esses veículos. Para ele, quanto mais acidentes, mais congestionamentos em engarrafamentos poderão ocorrer principalmente em trechos críticos da cidade.

Espaço divido – Já existe uma portaria municipal que autoriza os taxis ocupados por passageiros a trafegarem nas faixas exclusivas de ônibus. O documento foi assinado pelo atual prefeito do Recife, João da Costa (PT), ano passado. Caso o projeto sugerido pelo vereador Jadeval Lima for aprovado, a faixa ‘exclusiva’ de ônibus deverá dividir o espaço com mais um veículo.

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