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Um dia após ser eleito governador de São Paulo e se tornar homem forte do PSDB, o ex-prefeito João Doria fez duras críticas ao seu partido, defendeu mudanças antecipadas na direção nacional da sigla, hoje comandada por Geraldo Alckmin, e não descartou deixar o mandato antes do final para disputar a Presidência da República, em 2022.

Quase ninguém da executiva nacional do PSDB tem mandato. O sr. acha que ela deve mudar?

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Acho. Não há nenhum desrespeito a quem não tem voto. Mas todo respeito para quem tem voto. A sintonia hoje na política é com a população que votou, que representou a sociedade brasileira. Então, os quem têm voto têm de estar representados majoritariamente na executiva nacional.

O mandato da atual executiva termina só no fim de 2019. O sr. acha que deve ser abreviado?

Essa é uma decisão da executiva que nós não temos de impor. Mas parece razoável também que, dado o resultado das urnas, que isso possa ser antecipado de uma maneira consensual, equilibrada, sem transformar isso num compromisso bélico, de confronto.

O sr. disse no domingo (dia 28) que 'o meu PSDB tem lado'. Qual lado?

É o lado que precisa existir. Sou uma pessoa que sempre tive lado, que na tomada de decisão nunca disse 'espera aí, vamos ver, quem sabe, veja bem'. E, neste momento, o meu lado é o Brasil. E quem está defendendo o Brasil neste momento é o candidato eleito por 57 milhões de eleitores, Jair Bolsonaro. Então, nossa decisão aqui em São Paulo é apoiá-lo. Não estamos pedindo nada em troca, nenhum ministério, controle de estatal, nem vamos pedir. Não é este o caminho. Essa é a velha política.

O sr. disse que estava aposentando a velha política. Geraldo Alckmin é a velha política?

Não. Eu não me referi a ninguém nominalmente. Nem no PSDB nem fora do PSDB. Apenas disse que quero representar a nova política e não a velha política.

O PSDB teve o pior desempenho eleitoral da sua história. Por que chegou a essa situação? Qual autocrítica o sr. faz?

Porque ele perdeu a sintonia com a realidade do Brasil, ficou distante. E essa reaproximação se faz pelo voto, pela campanha, pela democracia, pelo contato com o povo, na rua, no chão de fábrica.

Perdeu por quê?

Porque não fez, não se posicionou. Perdeu o chão de fábrica, ficou no escritório. Tem de descer para o chão de fábrica, conversar. São essas pessoas que, nessa analogia, representam o povo. Esse é o benefício da campanha eleitoral, falar com quem decide. Isso o PSDB, salvo exceções, perdeu nessa eleição.

Mas o PSDB foi o maior vitorioso nas eleições de 2016. Essa decadência não está atrelada às denúncias de corrupção contra lideranças tucanas?

Também. Não foi apenas isso. Em 2016, a grande vitória do PSDB foi a nossa vitória aqui em São Paulo em primeiro turno. Ela foi a grande influenciadora das eleições municipais em segundo turno na maioria das capitais e cidades brasileiras. Agora, há que se reconhecer que situações que envolveram nomes do PSDB pós esse período contribuíram, sim, para um desgaste do partido.

O sr. teve agora menos votos na capital do que em 2016 e ganhou no interior. Por que perdeu onde foi gestor?

Não foi pela gestão. Foi pelo fato de ter deixado a Prefeitura. Aliás, foi a alegação de todos, inclusive do meu adversário, que nunca disse que fui um mau gestor. Não foi o fato de termos errado, cometido equívocos sucessivos, ou termos feito ou admitido falcatruas, ou situações que pudessem manchar nossa reputação.

Pela força do Estado e por ser o maior colégio eleitoral, já cogitam que o sr. possa disputar a sucessão presidencial em 2022.

Não é hora de falar sobre isso.

Mas o sr. promete ficar no cargo até dezembro de 2022?

Não é hora de falar nisso. Temos de falar de propostas, compor o governo, falar de gestão. Acabamos de eleger Jair Bolsonaro, todo apoio a ele. Vamos fazer o foco nisso.

Não há negativa então?

Nem há negativa nem afirmativa. Vamos fazer foco no que é importante. O importante agora é apoiar o Bolsonaro para que ele possa fazer um bom governo. Proteger o Brasil com mais empregos, mais renda. Não temos nem de pensar em 2022 e nem sequer nas eleições de 2020.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado Gustavo Bebianno deixou a presidência do PSL horas depois de o partido eleger Jair Bolsonaro para a Presidência da República. A saída de Bebianno do cargo foi publicada na edição desta segunda-feira, 29, do Diário Oficial e o posto voltará a ser ocupado por Luciano Bivar (PSL-PE), que havia se afastado da direção da sigla. Reeleito deputado federal, Bivar quer se cacifar para disputar a Presidência da Câmara.

Bivar estava afastado do comando do partido para se dedicar à sua campanha vitoriosa a deputado federal por Pernambuco e, por isso, estava em seu lugar Gustavo Bebianno, considerado o braço direito do presidente eleito. "O Bebianno é dedicado e fez bem o seu papel, atingindo o objetivo do partido de eleger Bolsonaro. Agora, o PSL precisa tomar corpo como partido político alinhado a Bolsonaro", disse Bivar à reportagem do Estadão/Broadcast.

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Segundo Bivar, havia um acordo interno de que ele retornaria ao cargo após as eleições. "A nossa perspectiva é formar uma bancada forte com bastante unicidade para dar prosseguimento às reformas que a sociedade exige", afirmou.

Com a mudança, Bebianno volta a ser vice-presidente do PSL. Além disso, o advogado está entre os nomes cogitados para assumir o Ministério da Justiça no novo governo. A indicação, no entanto, ainda não tem sido confirma pelos integrantes do partido.

O próprio Bebianno tem dito que há outros "bons nomes" sendo cogitados para o cargo, como a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon e o juiz federal Sérgio Moro. Apesar disso, afirmou que ainda não houve nenhuma conversa com os dois sobre o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Está "quase confirmado" o nome do coronel da Aeronáutica Marcos Pontes para assumir a pasta de Ciência e Tecnologia, segundo o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira, 29, em entrevista à TV Record. Falta um "pequeno detalhe" para que seja confirmado, disse ele. Essa seria a quarta definição da equipe do próximo governo - além dele, já foram divulgados Paulo Guedes para a Fazenda; Onyx Lorenzoni, Casa Civil; e general Augusto Heleno, Defesa. Já o vice-presidente, general Hamilton Mourão, terá papel de destaque no governo e não apenas decorativo.

Bolsonaro disse ainda "que ficou no passado" a ideia de aumentar o número de vagas no Supremo Tribunal Federal (STF). "Domingo conversei com Dias Toffoli (presidente do STF), chegando a Brasília conversarei com o presidente do Supremo. Tenho certeza de que teremos uma convivência extremamente harmônica", afirmou o presidente eleito, complementando que a transição de governo "será tranquila e com responsabilidade".

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Ele contou ainda que, no domingo, recebeu telefonemas protocolares de presidentes de outros países, como da Colômbia, Uruguai, Argentina, Chile, Israel e Espanha. "Obviamente, estou muito feliz porque, apesar de protocolares, houve demonstração de que vamos caminhar juntos desses países."

O presidente eleito citou especialmente o contato com os Estados Unidos, para onde viajará neste ano ao lado de assessores. "Temos muito de ampliar comércio com Estados Unidos", sem depreciar as negociações com outros países, segundo Bolsonaro.

Mais uma vez, Bolsonaro negou a existência de grupos menos favorecidos, as minorias, e criticou especialmente a atividade do MST, que, pela sua vontade, terá atuação enquadrada como terrorista, segundo o novo presidente. "A oposição sempre é bem-vinda", disse, ao ser questionado sobre o convívio com o PT, com o qual disputou o segundo turno.

Sobre a imprensa, disse que a liberdade "é sagrada", e que o consumidor final dará limite aos grandes grupos de imprensa.

Câmara

As vagas da Mesa diretora da Câmara devem ser ocupadas por quem já tem o mandato, segundo Bolsonaro. "Pela governabilidade, seria bom diversificarmos os cargos da Mesa Diretora", disse, na entrevista, complementando que gostaria que o seu partido não lutasse pela presidência da Câmara.

O novo presidente, que tomará posse em janeiro, afirmou ainda que pretende enviar ao Congresso um "pacotão de medidas que vai atender o agronegócio, a agricultura familiar, a segurança jurídica que o homem do campo precisa, a segurança pública para exercer de fato o legítimo direito à defesa".

Segundo Bolsonaro, "a maioria dos parlamentares é honesta", embora, algumas vezes, os congressistas se acomodam agindo em linha com lideranças "não bem-intencionadas".

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) contrariou, em duas entrevistas exibidas na noite desta segunda-feira, declarações dadas mais cedo pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), para quem a tendência é apresentar um novo projeto da Reforma da Previdência no ano que vem.

Em entrevista gravada esta tarde e exibida nesta noite pela RedeTV!, o presidente eleito afirmou que irá à capital do País na semana que vem tratar desse assunto. "Antes mesmo de assumir, vou a Brasília na próxima semana buscando aprovar alguma coisa da reforma da Previdência", disse o parlamentar, quando questionado sobre qual a primeira medida que pretende tomar ao assumir o cargo.

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Em outra entrevista, exibida também no início desta noite pela TV Record, Bolsonaro afirmou que vai buscar aprovar, "se não com todo, com parte do que está sendo proposto (pelo governo do presidente Michel Temer), o que evitaria problemas para o futuro governo".

Durante a manhã, Lorenzoni, que é cotado assumir a Casa Civil no ano que vem, disse a diferentes rádios que o projeto encampado pelo atual governo está "descartado". "Queremos um projeto de longo prazo, para cerca de 30 anos", frisou o parlamentar, para quem o atual projeto em discussão é um "remendo". "Não dá para ficar mexendo na vida das pessoas de cinco em cinco anos. A tendência é apresentar projeto novo da Previdência no início do ano que vem."

Apesar de dizer que há "unanimidade" sobre essa visão dentro da equipe bolsonarista, Lorenzoni admitiu à Rádio Eldorado que estava falando em nome próprio. Mas ressaltou: "defendo reforma da Previdência que se faça de uma única vez. O atual governo propôs apenas um remendo, mas a reforma tem de ser de longo prazo".

A missão das Organização de Estados Americanos (OEA) que acompanhou as eleições brasileiras considerou a disseminação de notícias falsas como um dos desafios mais complexos da campanha. Em informe preliminar divulgado nesta segunda-feira, 29, o órgão parabeniza o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela organização da votação.

Liderada pela ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, a missão analisou a organização do pleito, a tecnologia eleitoral, o financiamento de campanha, a liberdade de expressão e a participação de mulheres, índios e negros na disputa eleitoral.

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Sobre a disseminação de notícias falsas, a missão pontuou em seu informe parcial a necessidade de "promover a alfabetização digital e midiáticas com campanhas de conscientização e iniciativas educacionais" para superar o problema.

"Para avançar no combate à desinformação, é necessário aprofundar a abordagem multissetorial e incluir os partidos políticos, bem como os seus militantes e simpatizantes, que têm a responsabilidade ética de impedir a propagação de notícias falsas, difamações e ataques", diz material divulgado pela missão.

Imprensa

A missão da OEA também cita em seu informe preliminar sobre as eleições brasileiras os mais de 130 ataques contra jornalistas registrados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e as dezenas de agressões sofridas por profissionais da imprensa nas redes sociais.

Para a missão, os ataque são reprováveis e "atentam contra o direito destas pessoas de expressar opiniões e ideias livremente, mas também afetam o direito dos cidadãos de buscar e receber informação".

A OEA também cita em seu informe a necessidade de maior inclusão das mulheres na política. Para os observadores, a norma atual que obriga os partidos a investir 30% dos recursos em candidaturas femininas não prevê nenhum tipo de sanção em caso de descumprimento.

"A missão recomenda estabelecer critérios claros que permitam fazer um uso mais equitativo dos recursos públicos e que promovam o acesso do maior número possível de mulheres aos cargos de escolha popular", diz o informe da OEA.

Outro ponto que é alvo de crítica da missão da OEA é a sub-representação de povos indígenas e afrodescendentes nas candidaturas e dentro do Congresso Nacional. "A missão destaca que, ainda em um contexto extremamente polarizado, os brasileiros conseguiram eleger de forma pacífica o seu presidente. A missão tomou nota das autoridades do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) de avançar nos esforços políticos que sirvam para a convivência democrática", concluiu a missão da OEA.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) indicou nesta segunda-feira, 29, que deixará à escolha do juiz Sérgio Moro a possibilidade de escolher entre dois cargos, a de ministro da Justiça e o de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Moro se tornou um símbolo no Brasil. Poderia ser ministro da Justiça ou, abrindo uma vaga no STF, (escolher) a que achar que melhor poderia contribuir para o Brasil", afirmou o presidente eleito em entrevista concedida ao vivo no Jornal Nacional.

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Bolsonaro afirmou ainda que, passadas as eleições, é chegada a hora de o Brasil "conviver com a verdade" e reiterou que pretende governar para todos os brasileiros. "A Constituição tem que ser a nossa bíblia", pregou.

Confrontado por suas declarações homofóbicas, o parlamentar disse que toda agressão deve ser punida e disse, em casos contra gays, a pena tem que ser agravada.

O presidente eleito também defendeu a liberdade de imprensa, mas voltou a criticar o jornal Folha de S.Paulo, acusando-o de espalhar fake news contra sua candidatura. Ele corrigiu declaração anterior na qual disse que a publicação merecia "acabar". "Não quero que acabe, mas se continuar a se comportar desse jeito não terá apoio do governo federal."

O Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, ouviu dez personalidades que participaram ativamente de governos passados para saber quais serão as maiores dificuldades do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Execução das reformas, déficit fiscal e a pacificação do País são alguns dos obstáculos enumerados.

Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda entre 1988 e 1990

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"Jair Bolsonaro terá de enfrentar três desafios importantíssimos neste início de governo. O primeiro é o risco de insolvência fiscal do Estado. Ele terá de conter o crescimento da dívida em relação ao PIB de maneira emergencial e, para isso, deverá aprovar a reforma da Previdência logo. Se em até seis meses a questão da Previdência não estiver colocada, prevejo uma reação muito ruim do mercado e dos investidores externos. Neste momento, ele não terá como reduzir a carga tributária - se de fato fizer isso agora, não terá como pagar as contas. Isso levará a uma deterioração econômica profunda, que terminará em inflação. O segundo desafio é a questão da produtividade, estagnada há décadas. Por último, terá de dar imensa atenção à situação falimentar dos Estados. Além disso tudo, imagino que ele terá desafios imensos no campo político. Mais difícil do que criar uma maioria no Congresso é administrar essa maioria."

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central entre 1999 e 2003

"O grande desafio agora é pacificar o País. Ele terá de encontrar maneiras de reduzir a polarização, o Brasil não pode continuar dividido. Sem isso, será muito difícil aprovar qualquer reforma. Ele vai ter de mostrar que trabalha com princípios e fatos, que não vai vacilar em questões de paz. Terá de mostrar que respeita o império da lei. Sem um sinal claro nessa direção, o Brasil vai ficar paralisado. Essa é uma questão econômica também, porque sem isso não haverá avanços nos problemas de ordem fiscal e distributiva. O outro grande desafio será mostrar um programa de governo, o que de fato pretende fazer."

Miguel Jorge, ex-ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços entre 2007 e 2010

"Se confirmada a expectativa de que haverá a integração dos Ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior em uma superpasta, acho que este será um desafio enorme para o início de governo. São estruturas grandes, pesadas, que unidas serão quase impossíveis de administrar. Vejo com extrema preocupação essa união, não sei exatamente como o Paulo Guedes (apontado como futuro ministro) pensa em administrar esse superministério. Aliás, esse é um ponto de preocupação importante. Há uma grande dúvida do que teremos nesse novo governo."

José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde entre 2007 e 2011

"A proposta para a saúde não explicita seu compromisso com o (Sistema Único de Saúde) SUS. A saúde é percebida pela população como um dos principais problemas do País. O maior desafio será a revogação da emenda constitucional 95, que congelou as despesas com as políticas sociais por 20 anos. Mas Bolsonaro não apenas votou a favor da emenda como defende sua manutenção. Sua proposta de governo afirma que conseguirá fazer mais com os recursos atualmente disponíveis que serão decrescentes em termos reais ao longo dos próximos anos. Ou seja, a sustentabilidade econômica do SUS deverá ser seu maior desafio."

Nelson Jobim, ex-ministro do STF entre 1997 e 2006 e ex-ministro da Defesa entre 2007 e 2011

"O desafio básico é pacificar o País. É preciso criar mecanismos de entendimento e administração dos dissensos, retirando da política um instrumento que está neste momento muito presente: o ódio. Na Justiça especificamente, existe o problema da Segurança Nacional, que não sabemos se permanece ou não como está, no Ministério da Segurança. Um tema importante é a necessidade de se fazer um pacto sobre medidas não repressivas. A repressão à corrupção está posta, mas precisamos de medidas que alterem os estímulos para a corrupção. É preciso uma legislação que seja não só a repressiva que já temos, mas que possa verificar os estímulos à corrupção."

José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça de 2011 a 2016 e ex-advogado Geral da União em 2016

"O maior desafio de Jair Bolsonaro vai ser o respeito ao estado democrático de direito. Parece pouco, mas não é. Muitas das propostas de campanha dele são incompatíveis com a Constituição. Algumas tocam em cláusulas pétreas, como a redução da maioridade penal. Esse será um o grande desafio dele, se adequar à Constituição."

Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente entre 1993 e 1994 e ex-ministro da Fazenda em 1994

"De modo geral, será equilibrar as contas públicas, essa é a principal questão a ser enfrentada no primeiro ano de governo. O déficit já chega a 7,5% do PIB, e a dívida pública segue crescendo. Ele vai ter de dar prioridade às reformas, tanto a tributária, quanto da Previdência e também da política. Eu não saberia nem ao menos dizer qual a mais importante, apenas que são, as três, urgentes. O que me preocupa diante disso tudo é que não sabemos exatamente o que ele e sua equipe estão pensando. As ideias não são claras e não foram debatidas, de modo que a sensação que eu tenho é que estamos dando um passo no escuro. No geral, não estou otimista."

Raul Velloso, ex-secretário para Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento entre 1985 e 1989

"Você tem um déficit muito grande, com um gasto obrigatório muito grande, e não há uma solução muito simples. É preciso ver o que vão anunciar. Eu acredito, e vendo sinais do próprio entorno do Bolsonaro e do Paulo (Guedes), que eles não vão colocar muita carga no governo que está acabando para tentarem aprovar a reforma da Previdência no apagar das luzes. Mas, em resumo, são três grandes áreas: reformular a forma como é tratada a Previdência, dando ênfase na Previdência dos servidores. Segundo, desobrigar o orçamento desta e outras obrigações que existem para o orçamento arcar. E por último, repensar a questão financeira estadual, porque ela é insustentável. A recessão continua aí, há déficits gigantescos que os Estados não conseguem pagar."

Eros Grau, ex-ministro do STF entre 2004 e 2010

"O candidato eleito enfrentará, no seu primeiro ano de governo, o desafio de praticar a prudência da democracia. Chegando ao governo democraticamente, há de governar no quadro da Constituição e das leis, sem pretender fazer justiça com as próprias mãos. Nosso mundo é hoje conformado pelas leis, e a Justiça é lá no céu. Como ensina o profeta Isaías, um dia - no futuro - alcançaremos a paz, a lei (lex) permanecendo no deserto no qual hoje vivemos e a Justiça (Jus) predominando nos campos férteis que então habitaremos, propiciando-nos repouso e segurança para sempre."

Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações entre 2003 e 2004

"Bolsonaro vai precisar mostrar que não rouba e não deixa roubar, vai precisar mostrar que não se entrega ao jogo do "é dando que se recebe". Se ele conseguir mostrar isso de forma clara, não vai enfrentar dificuldades no Congresso. Ele chega com o respaldo das urnas, com legitimidade, mas precisará também entender o que é e o que não é razoável na hora de apresentar seus projetos ao parlamento. Tudo o que for insensato, que não tiver respaldo na origem do voto, não terá chance de aprovação. Sua ideia de governar com as bancadas pode ser boa, os partidos estão muito enfraquecidos. Mas, mesmo enfraquecidos, os partidos ainda continuarão fazendo parte da realidade política. E, nesse primeiro ano de mandato, haverá muita movimentação no Congresso, com muitas fusões. Pode acontecer de tudo."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em sua conta do Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, agradeceu ao ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, pela manifestação de apoio à vitória e afirmou que "o presente está chegando" - uma referência à promessa de extradição do ex-militante de esquerda italiano Cesare Battisti, condenado por assassinato na Itália. "O presente está chegando! Obrigado pelo apoio, a direita fica mais forte", escreveu Eduardo.

Mais cedo, Salvini saudou a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial do Brasil e afirmou que aguarda a extradição de Battisti. "No Brasil os cidadãos expulsaram a esquerda! Bom trabalho para o presidente Bolsonaro, a amizade entre nossos povos e governo será ainda mais forte", escreveu o líder populista de direita no Twitter. "E depois de anos de discursos vãos, pediria que reenvie para Itália o terrorista vermelho Battisti", completou.

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Durante a campanha presidencial, Bolsonaro se comprometeu a extraditar Battisti.

Cesare Battisti, de 63 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por participação em quatro homicídios na década de 1970, dos quais se declara inocente. Passou quase 30 anos como fugitivo entre México e França, onde desenvolveu uma carreira de sucesso como escritor de livros policiais, antes de fugir para o Brasil em 2004.

Em 2010, a Justiça autorizou a extradição para a Itália, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva - hoje condenado e preso pela Operação Lava Jato - concedeu, no último dia de seu governo, o status de refugiado político ao italiano.

'Sereno'

Nesta segunda-feira, 29, um dia depois da eleição de Bolsonaro, Battisti foi a São Paulo para consultar seu advogado, Igor Tamasauskas. "É lógico que ninguém fica tranquilo numa situação dessas. Mas ele está sereno", disse o advogado. Segundo Tamasauskas, um habeas corpus do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), transformada em reclamação em outubro do ano passado, impede a deportação do italiano.

O Supremo ainda não julgou o mérito do caso. O advogado argumenta que Battisti está amparado pela Constituição, que fixa prazo (já esgotado) de cinco anos para a revogação de um decreto presidencial e também pelo novo Estatuto do Estrangeiro, que proíbe a deportação de estrangeiros que tenham filhos brasileiros, como é o caso de Battisti.

Segundo pessoas próximas de Battisti, ele tem levado a vida normalmente em Cananeia, cidade no litoral sul de São Paulo. Recentemente, ele se mudou para a casa que começou a construir no ano passado e, na semana passada, recebeu uma das filhas e o neto, que vivem na França. Dentro de um mês, o italiano vai lançar o novo livro Marco Zero, que mistura ficção e história, ambientado em Cananeia. Cesare Battisti pretende viajar pelas principais capitais brasileiras para promover o lançamento da publicação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) informou nesta segunda (29) que ao longo do mês das eleições foram registradas 1.172 prisões em todo o País, das quais 589 de cabos eleitorais. Balanço do Centro Nacional do SUSP nas Eleições indica que foram registradas 4.814 ocorrências no período.

O documento destaca 348 prisões em flagrante e abertura de 34 inquéritos policiais. Ainda, 528 eleitores foram detidos, além de 13 candidatos.

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Embora vetada pela Justiça Eleitoral, a boca de urna levou à detenção de 1534 pessoas. Por compra de votos e corrupção eleitoral, 154 prisões. Desobediência a ordens da Justiça Eleitoral levaram à prisão de 118.

Velhas práticas da política foram registradas e provocaram prisões - fornecimento de alimentos a eleitores resultou na detenção de três infratores e o transporte irregular de outras 97.

Mais seis foram presos pelo uso de violência ou grave ameaça para obter voto ou abstenção.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) defendeu a flexibilização da legislação relativa à posse de armas. Em entrevista à Rede Record, ele disse que a "arma de fogo garante a liberdade de um povo".

"Queremos dar o porte definitivo à população. Não podemos criar mais um encargo para quem quer ter arma dentro de casa para defender sua família", afirmou, argumentando que dois terços da população decidiu ter o direito de comprar armas e munições em referendo popular de 2005. "Então temos que respeitar a vontade popular", complementou.

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Durante a entrevista, Bolsonaro ainda defendeu a venda de estatais "no que não for função do Estado" e disse que muitas empresas do governo não dão resultado positivo porque são ocupadas por indicados políticos.

A comemoração da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição acabou com quatro pessoas baleadas no Farol da Barra, em Salvador, segundo atualização feita pelos órgãos locais de segurança pública nesta segunda-feira, 29. Os disparos foram feitos pelo policial militar Manoel Landulfo Sampaio, que participava à paisana da manifestação. Diferentemente do que foi divulgado preliminarmente, ele não é apoiador do candidato derrotado do PT, Fernando Haddad.

O PM, de acordo com informações registradas nos autos, acessados pela reportagem, estava entre os apoiadores de Bolsonaro quando se envolveu em uma discussão com um vendedor ambulante, trocou socos com o homem e disparou, ferindo as quatro pessoas.

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O policial estava sob efeito de bebida alcoólica e portava munições além das que já carregavam o revólver. Ele teve a prisão preventiva decretada e será encaminhado para o Complexo Penal da Mata Escura, na capital baiana.

Durante audiência de custódia, o juiz do caso concluiu que a liberdade do homem "contraria o princípio da ordem pública". A defesa dele não foi localizada pela reportagem. Em nota, o governador reeleito da Bahia, Rui Costa (PT), determinou a apuração rigorosa dos casos de violência.

Agressão a militante do PT

Além dos tiros disparados por Manoel, uma militante do PT foi agredida por PMs no bairro do Rio Vermelho, reduto da legenda na orla de Salvador. Uma jovem de 21 anos, ligada ao movimento suprapartidário Esquerda Unida, apanhou com cassetetes e desmaiou, conforme vídeos compartilhados nas redes sociais.

Ela foi atendida no Hospital Geral do Estado (HGE) e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não confirma, mas a reportagem apurou que os policiais já foram identificados por meio do número da viatura. O caso será apurado pela Corregedoria da PM, por determinação do governador.

Em depoimento, a jovem relatou que havia uma confusão generalizada e que, ao sair em defesa de um homem que estava sendo abordado por um PM, foi surpreendida com o cheiro de gás de pimenta. Os três policiais militares que participaram da ação também prestaram depoimento na Corregedoria da Polícia Militar. Eles disseram que foram agredidos após tentarem apartar brigas e início de tumulto entre militantes de direita e esquerda.

A Polícia Federal definiu a nova equipe de segurança que vai atuar na proteção do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A partir de agora, a proteção ao futuro presidente passa a seguir o protocolo de segurança número 5 que é dispensado para chefes de Estado. A equipe de segurança formada por 55 policiais federais, com possibilidade de ser aumentada caso seja necessário, também atuará na proteção da família de Bolsonaro, em sua residência e no gabinete de transição.

A partir desta segunda-feira, 29, até o dia 1 de janeiro, data da posse, o presidente eleito terá na coordenação de sua segurança o delegado Alexandre Ramagem. Já o delegado Daniel França desempenhará a função de coordenador de ligação entre a PF e a equipe de Bolsonaro.

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Ramagem foi o titular da investigação que deu origem à operação Cadeia Velha, deflagrada em novembro de 2017 e que prendeu os então deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. O delegado ficará responsável pela coordenação da segurança de Bolsonaro.

O delegado Daniel França, por sua vez, será uma espécie de interface entre a campanha de Bolsonaro e a Polícia Federal. França já integrava a equipe de segurança do presidente eleito e era o coordenador da equipe no dia do atentando sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG). A nomeação de França é vista na PF como uma reafirmação do trabalho correto feito por ele à frente da segurança no dia do ataque.

A mudança na proteção de Bolsonaro se deu por dois motivos. O primeiro deles é a mudança do protocolo a ser seguida a partir de agora com a elevação do nível de segurança. Com a vitória na eleição, Bolsonaro passa a ser o futuro presidente e por isso os métodos e práticas utilizadas em sua segurança seguem um protocolo próprio utilizado na segurança de chefes de Estado.

Outro motivo para a mudança foi o desentendimento entre Bolsonaro e o delegado Antônio Marcos Teixeira, responsável por chefiar a equipe que fez segurança do candidato desde o dia do atentado. O desentendimento ocorreu após Teixeira repreender os agentes federais comandados por ele que permitiram que o candidato colocasse parte do corpo para fora do carro da PF e acenasse para populares ao chegar em sua residência, após votar no Rio de Janeiro. Bolsonaro, após o ocorrido, chegou a dispensar o delegado de sua segurança.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) quer ir a Brasília na semana que vem para destravar a pauta da Previdência. Ele espera destravar ao menos parte da reforma projetada pelo atual governo de Michel Temer, como afirmou na primeira entrevista exclusiva concedida desde que foi eleito, nesse domingo, 28.

"Semana que vem estaremos em Brasília e buscaremos junto ao atual governo, de Michel Temer, aprovar alguma coisa do que está em andamento lá com a reforma da Previdência, se não com todo, com parte do que está sendo proposto, o que evitaria problemas para o futuro governo", afirmou em entrevista à Rede Record.

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Ele ainda defendeu a revisão da Medida Provisória do Teto dos Gastos, porque defende que a economia não tem espaço para ampliar os gastos e investir. "É dispensável a questão do teto, porque a economia já está deficitária. Então não adianta querer revogar a emenda constitucional do teto se não há mais como investir no Brasil. O teto no meu entender é importante. Se puder ser aperfeiçoado, será bem-vindo".

Privatização

Bolsonaro reafirmou planos de governo já expostos durante a campanha, como a ideia de privatizar estatais cujas atividades não sejam consideradas estratégicas para o Estado, de se aproximar dos Estados Unidos, e de acelerar as mudanças legais que vão permitir à população o porte de armas.

Mais uma vez, ele demonstrou vontade de ter o juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, em sua equipe, no Supremo Tribunal Federal (STF) ou no ministério da Justiça.

Durante a entrevista à Rede Record, que durou 30 minutos, em tom informal, o presidente eleito disse que irá aos Estados Unidos neste ano ainda, acompanhado de assessores que farão parte da equipe que está montando, como Onyx Lorenzoni, cotado para a Casa Civil. Já a relação comercial do Brasil com o Mercosul deve perder importância.

"Ninguém quer implodir o Mercosul, mas queremos dar a devida estatura para ele", afirmou. Ele ainda defendeu ainda a saída da Venezuela do Mercosul, com o argumento de que fere as exigências democráticas para permanecer no grupo.

Bolsonaro ainda disse que iniciou a conversa com parlamentares que estarão no Congresso a partir do ano que vem e que aposta na negociação com esses políticos para que tenha seus projetos aprovados. Ele defendeu mais uma vez que a presidência da Câmara não seja ocupada pelo seu partido. E ainda demonstrou disposição de dialogar com candidatos à Presidência com os quais concorreu.

O ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB, telefonou na tarde desta segunda-feira, 29, para João Doria, eleito governador de São Paulo nas eleições 2018. Alckmin disse que está em seu sítio em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, e não ligou antes porque o sinal de celular pega mal no local.

Doria também conversou com o governador Márcio França (PSB). O tucano avisou que seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), vai coordenar a transição. França então informou que vai tirar alguns dias de descanso para se recuperar de uma pneumonia. "A conversa (com Alckmin) foi boa, positiva, de cumprimentos. Ele se desculpou (por não ter ligado no domingo, 28). Disse que está no sítio e pega mal o telefone lá. Enfim, eu aceitei. Acredito que pegue mal mesmo o telefone em Pinda", disse Doria à reportagem.

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Segundo o tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra não telefonaram. "Não classifico isso como um problema. O fato de ligar ou não ligar não é relevante. Para mim, ligado eu estou aos quase 11 milhões de votos que recebi. Isso que é importante."

A futura primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, afirmou em entrevista à TV Record que pretende atuar em prol das pessoas com deficiência, principalmente a auditiva. Ela disse acreditar que seu marido, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, será capaz de pacificar o País e contou que as polêmicas em que ele se envolveu ao longo da sua atuação no Congresso Nacional a afetaram diretamente.

"Eu ainda não sei como será, procuro viver um dia de cada vez. Mas eu agradeço a Deus pela oportunidade, e se Deus nos abençoar, eu quero fazer a diferença. Não faço ideia de como será, mas eu tenho muito desejo no coração, muita vontade, muito amor para lutar pelo que eu acredito", afirmou durante a entrevista, que foi a sua primeira para uma emissora de televisão.

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Sobre o futuro governo do marido, Michelle afirmou que Bolsonaro "só quer segurança e o ser humano só respeita o que ele teme". "Ele não quer afundar o Brasil. Pelo contrário, ele quer erguer o Brasil", disse.

Michelle destacou o trabalho que já faz com a comunidade surda, da qual é ativista, e disse que gostaria de realizar missões no sertão do País. "O Brasil é muito rico, só é mal administrado", disse.

Questionada sobre as polêmicas em que Bolsonaro se envolveu aos longos dos anos e, principalmente durante a campanha eleitoral, a futura primeira-dama disse que se blindou contra elas porque se sentia afetada diretamente. "Ver que ele é tachado e mal interpretado, muitas vezes me doía. Por isso que eu me blindei. ... Eu me blindo para não sofrer", disse.

Michelle contou ainda que, quando Bolsonaro sofreu o atentado em que levou uma facada durante um ato de campanha ainda no primeiro turno, ela não sentiu medo de perdê-lo, mas afirmou que sua recuperação foi um "milagre". Ela também chamou o autor do ataque, Adélio Bispo dos Santos, de um "ser humano muito mau".

"Em todo o momento, eu tive muita fé em Deus. O primeiro momento foi de tristeza porque ele não merecia passar por aquela situação, mas não tínhamos medo de perdê-lo", disse.

Nascida em Ceilândia, região administrativa de Brasília, Michelle é evangélica fervorosa. Em diversos momentos da entrevista, ela atribuiu fatos de sua vida a Deus. Ela e Bolsonaro se conheceram no Congresso Nacional, onde ela trabalhava como assessora parlamentar e ele é deputado. Os dois se casaram há 11 anos e têm uma filha de 8, chamada Laura. Michelle tem ainda uma outra filha fruto de um relacionamento anterior, assim como Bolsonaro tem quatro filhos de outros dois relacionamentos.

Na entrevista, ela também contou alguns detalhes da vida familiar, como o episódio em que Bolsonaro desfez uma vasectomia que havia feito antes de se conhecerem para que pudessem ter filhos. Para ela, a operação foi uma "prova de amor". A mulher classificou o marido como "carinhoso" e "atencioso com a família" mas disse que ele é "muito desorganizado em casa" e que a tira do sério quando prepara o café da manhã por causa da bagunça que deixa na cozinha.

O plano do PT de liderar a oposição ao governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), enfrenta resistências até mesmo de tradicionais parceiros. Aliado do candidato Fernando Haddad na eleição, o PCdoB, por exemplo, já articula um bloco parlamentar na Câmara dos Deputados com o PSB e o PDT de Ciro Gomes. O movimento tem potencial para "emparedar" os petistas.

"O presidente é fake, mas precisamos de uma oposição de verdade. Isso não se dará se a esquerda seguir a lógica do hegemonismo. Erramos ao não construir uma frente antes e erraremos se não conseguirmos nos juntar agora", afirmou o deputado Orlando Silva (SP), líder do PCdoB na Câmara.

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Silva negou que a iniciativa seja contra o PT, mas repetiu que um partido não pode querer se sobrepor ao outro nesse processo, porque isso seria o primeiro passo para a fragmentação da "resistência" ao governo Bolsonaro. "Espero que o PT e o PSOL se somem a nós, porque daqui para a frente os dias serão muito difíceis", previu.

O PCdoB é a sigla de Manuela D'Ávila, a vice de Haddad que não teve lugar de destaque na campanha. A estratégia de marketing que escondeu Manuela para exibir Ana Estela, mulher do candidato, contrariou os comunistas, que não ultrapassaram a cláusula de barreira na eleição.

O partido agora investe em uma brecha jurídica para conseguir sobreviver sem se fundir com outra legenda para ter acesso aos recursos do fundo partidário e ao tempo de propaganda no rádio e na TV.

"É zero a hipótese de fusão com PT, PSB ou PDT", disse Silva, acrescentando que a agenda do novo bloco parlamentar deve incluir, no plano econômico, a revisão de renúncias fiscais e, no social, um pacto pela primeira infância.

"Não sei se essa frente será um blocão, mas, de qualquer forma, não aceitaremos a hegemonia do PT nem de quem quer que seja. É necessário muito cuidado com isso. Vamos manter a nossa cara, e não incorporar a de outro partido", concordou o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

Ciro Gomes, por sua vez, já iniciou o processo de afastamento do PT. Sem conseguir passar para o segundo turno da disputa presidencial, Ciro viajou para o exterior e, ao voltar, na noite de sexta-feira, não deu nenhuma declaração de apoio explícito a Haddad. Na Câmara, o deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT e aliado de Ciro, tem participado de conversas sobre a formação do novo bloco com o PCdoB e o PSB.

Para o deputado José Guimarães (CE), secretário de Assuntos Institucionais do PT, a centro-esquerda deverá formar uma "ampla frente" de oposição a Bolsonaro no Congresso e seu partido tem todas as condições de liderar esse bloco. "Protagonismo não significa hegemonismo", argumentou ele. "Temos de adotar um programa que pacifique a esquerda como protagonista da esperança."

Se depender de Guimarães, a nova frente pode abrigar não apenas aliados históricos do PT, mas também setores do PSDB e até mesmo do MDB do presidente Michel Temer, que assumiu o Palácio do Planalto após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. O problema é que, no atual cenário, nem mesmo os antigos parceiros do petismo veem essa ideia com bons olhos.

No diagnóstico do cientista político Carlos Melo, professor do Insper, o desafio da oposição será ter um discurso que vá além do 'Fora Bolsonaro'. "O PT vai entrar agora em uma fase de luto. Uma parte vai se renovar e outra, se agarrar ao passado", observou Melo, que prevê uma nova configuração de forças no campo da centro-esquerda. "Eu não vejo o PT liderando a oposição, porque perdeu o pulso das ruas e da sociedade."

Ideólogo da tese de refundação do PT, lançada após o escândalo do mensalão, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro disse que a vitória de Bolsonaro exigirá do partido uma renovação de seu plano estratégico. "Construir um projeto neo social-democrata é a tarefa do PT para o próximo período, mas, sinceramente, não sei se a atual direção está disposta a programar", comentou Tarso, da tendência Mensagem ao Partido.

Haddad sempre foi próximo desse grupo, mas ingressou na corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, para conseguir virar candidato. Na avaliação de Tarso, a legenda precisa agora se projetar com nova fisionomia e "ousar", apresentando uma plataforma mais arejada. "Se o partido fará ou não essa reflexão é algo incerto, mas eu e centenas de quadros faremos, com a esquerda em geral", declarou o ex-ministro do governo Lula.

Ao que tudo indica, a turbulência petista tem todos os ingredientes para terminar em racha. "Não podemos dar nem guinada à esquerda nem à direita, como propõem alguns. Rótulos e chavões são um péssimo caminho", insistiu Guimarães, fechando o raciocínio como quem fala do fim de um ciclo. "O importante, agora, é reconstruir tudo", avisou o deputado cearense.

Com a totalização dos votos em 100% das urnas eleitorais em todo o Brasil, o resultado final que elegeu o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, presidente da República mostra que ele teve desempenho homogêneo na maior parte do país.

Veja como foi o resultado da eleição presidencial em cada região do país

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Norte

Dos sete estados da Região Norte, Bolsonaro venceu em cinco. Fernando Haddad, do PT, teve mais votos que ele apenas no Pará, onde alcançou 54,81% dos votos, e no Tocantins, com 51,02%. Nesta região, o estado que registrou a maior diferença de votos de Bolsonaro para Haddad foi o Acre, onde o presidente eleito ficou com 77,22% dos votos válidos. Na capital, Rio Branco, a distância foi ainda maior, com Bolsonaro atingindo 82,77% dos votos. Quando se consideram as outras capitais da região Norte, Bolsonaro também ganhou em todas com margem significativa, mesmo nos estados em que Haddad venceu.

Nordeste

Na Região Nordeste, Haddad venceu em todos os estados com mais de 60% ou 70% dos votos válidos. O único estado nordestino em que Haddad não chegou a 60% dos votos foi Alagoas. E a vitória mais folgada foi no Piauí, onde 77,05% dos eleitores o escolheram. Salvador foi a capital do Nordeste em que Haddad teve resultado mais favorável: 68,59% dos votos. Em três capitais nordestinas, porém, Haddad foi superado por Bolsonaro: Natal, João Pessoa e Maceió. Bolsonaro ganhou por 61,63%.

Centro-Oeste

Na região central do país, Bolsonaro ganhou nos três estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. No Distrito Federal, o candidato do PSL atingiu o maior índice de votos da região: 69,99%. Entre as capitais do Centro-Oeste, Goiânia deu o maior percentual de votação a Bolsonaro: 74,2%, seguida por Campo Grande, com 71,27%.

Sudeste

Bolsonaro também foi vencedor em todos os estados do Sudeste. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Bolsonaro atingiu o maior percentual de votos da região mais rica do país: 67,97%, o que representa mais de 15,3 milhões de votos. Considerando as capitais do Sudeste, o melhor desempenho de Bolsonaro foi no Rio de Janeiro, onde ele ficou com 66,35% dos votos; seguido por Belo Horizonte (65,59%) e Vitória (63,19%). Na capital paulista, Bolsonaro teve 60,38% e Haddad, 39,62%.

Sul

Na Região Sul, Bolsonaro liderou com folga nos três estados – o melhor resultado foi em Santa Catarina, onde recebeu 75,92% dos votos válidos. A capital do Sul em que ele mais captou votos foi Curitiba (76,54%). Em Florianópolis, o percentual favorável a Bolsonaro foi 64,86% dos votos e, em Porto Alegre, 56,85%.

Exterior

A média alta de votos também foi alcançada por Bolsonaro entre os eleitores que estão fora do país. Pouco mais de 71% dos 500.347 brasileiros que votaram em outros países escolheram Bolsonaro.

O secretário do Departamento de Estados norte-americarno, Mike Pompeo, telefonou hoje (29) para o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Na conversa, Pompeu parabenizou Bolsonaro pela vitória nas eleições e reforçou o interesse em estreitar a parceria com o Brasil com respeito à democracia e visando o desenvolvimento econômico e a preservação dos direitos humanos. 

Em nota, divulgada no site do Departamento de Estado norte-americano, a porta-voz Heather Nauert sintetizou a conversa entre Pompeo e Bolsonaro. Segundo ela, ambos concordaram que as preocupações humanitárias com a Venezuela e o combate aos crimes transnacionais têm de ser prioridades. 

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“Eles [Pompeo e Bolsonaro] discutiram a colaboração em questões prioritárias de política externa, incluindo a Venezuela, combatendo o crime transnacional e formas de fortalecer os laços econômicos entre os Estados Unidos e o Brasil, as duas maiores economias do Hemisfério Ocidental.” 

A nota acrescenta ainda que: “O secretário felicitou Bolsonaro por sua vitória e reforçou a vibrante parceria entre os Estados Unidos e o Brasil com base em nosso compromisso mútuo de promover a segurança, a democracia, a prosperidade econômica e os direitos humanos”.

O tucano Geraldo Alckmin e o emedebista Henrique Meirelles disputaram somente o primeiro turno da eleição presidencial, mas tiveram movimentação financeira superior a R$ 50 milhões, cada um. Conforme declaração ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha de Meirelles gastou R$ 57.020.312 na eleição presidencial. 

A campanha foi financiada pelo próprio candidato, que destinou R$ 57.030.000 para as eleições. Apesar do investimento alto, Meirelles teve 1.288.950 de votos (1,2%) e ficou em sétimo lugar, atrás do Cabo Daciolo (Patri), que passou parte da campanha isolado rezando. Mais da metade dos gastos da campanha de Meirelles foram com a produção dos programas de rádio e televisão. 

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Segundo dados disponíveis do portal do TSE, a campanha de Alckmin arrecadou R$ 53.905.624 – 92,95% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). A campanha tucana contratou despesas no valor total de R$ 53.354.253, sendo R$ 15.181.864 (28,45%) para a produção de programas de rádio e televisão. 

Outros R$ 19.393.162 foram destinados a campanhas de candidatos do PSDB a deputado estadual e federal, senador e governador, entre eles Antônio Anastasia (PSDB-MG), derrotado no segundo turno das eleições de governador. No primeiro turno da eleição presidencial, Alckmin ficou em quarto lugar, com 5.096.350 votos (4,76%). 

No caso dos dois candidatos do segundo turno, a campanha de Fernando Haddad declarou, até agora, despesas de R$ 34.400.867. Já Bolsonaro registrou na Justiça Eleitoral gastos de R$ 1.721.537. O petista gastou 20 vezes mais do que Jair Bolsonaro, na campanha eleitoral, segundo dados disponíveis do portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O futuro ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que a equipe do presidente eleito quer saber "a verdade da Petrobras no Brasil". Ao ser questionado sobre qual será a política de preços adotada pela estatal, Lorenzoni afirmou que tem "curiosidade" em saber o que o presidente Michel Temer sabe sobre a Petrobras e que, no governo Bolsonaro, "quem roubar vai para cadeia e ele joga a chave fora".

"A Petrobras passou por um período que passou da 7ª petrolífera no mundo para a 28ª, graças á roubalheira e à utilização inadequada da empresa", disse, nesta segunda-feira, 29, no hotel Windsor, na Barra da Tijuca. "Hoje, o Brasil vive um drama em relação aos combustíveis, o cidadão brasileiro paga uma conta absurda por conta dos equívocos cometidos no passado", acrescentou.

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Lorenzoni também disse que a equipe "está dando o primeiro passinho hoje" e que é razoável pedir que todos tenham "um pouquinho de paciência" para que Bolsonaro possa conhecer a realidade do atual governo. "Com base nos conceitos que nós propagamos ao longo de toda campanha, podemos servir a todo o Brasil", argumentou.

R$ 100 mil

O deputado já admitiu, no ano passado, ter recebido R$ 100 mil em caixa dois da JBS. Um executivo da Odebrecht também afirmou que, em 2017, Lorenzoni teria recebido R$ 175 mil via caixa 2 da empresa. Segundo Alexandrino Alencar, em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, na planilha 'Drousys' - programa de controle dos desembolsos ilícitos do grupo -, o parlamentar era identificado pela alcunha "Inimigo".

O inquérito que investigava o caso da Odebrecht e Onyx foi arquivado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República. Onyx Lorenzoni também foi o relator na Câmara do projeto do Ministério Público Federal, as 10 Medidas contra a Corrupção.

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