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Este ano, o Senado Federal será alvo de mais candidaturas femininas, de acordo com os dados divulgados pela Agência Senado. Serão 53 mulheres disputando os assentos congressistas em outubro, o que representa 22,5% do número total de registros de candidatura. Homens, porém, seguem liderando a Câmara Alta com folga: são 181 candidatos (77,5%), em uma Casa onde a maioria dos eleitos também é masculina, sendo 65 contra 16. 

O perfil médio do candidato ao Senado permanece o mesmo das últimas eleições: homem, branco, casado, com nível superior e mais de 50 anos. O número de representantes do gênero choca com o perfil do eleitorado brasileiro, que é 53% (82 milhões) feminino. Este ano, há uma tendência à diminuição da presença feminina no Senado, já que a maioria das eleitas não concorrerão à reeleição.  

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Nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos três senadoras têm interesses voltados ao Palácio do Planalto. Simone Tebet (MDB-MS) e Soraya Thronicke (União-MS) disputarão a Presidência, enquanto Mara Gabrilli (PSDB-SP), disputará como vice-presidente na chapa de Tebet. Leila Barros (PTB-DF) disputará o GDF; Mailza Gomes (PP-AC) disputará o vice-governo do Acre na chapa de Gladson Cameli; e Nilda Gondim (MDB-PB) e Maria do Carmo Alves (PP-SE) não concorrerão a um cargo. 

Da bancada feminina, apenas três possivelmente disputarão a reeleição ao Senado Federal: Kátia Abreu (PP-TO), Rose de Freitas (MDB-ES) e a líder da bancada, Eliziane Gama (Cidadania-AM). 

Legislação e gênero 

Como Alta Casa do Poder Legislativo federal, o Senado tem papel de revisor e representa as unidades da federação, ao contrário da Câmara, que deve representar interesses diretos da população. Os três senadores de cada estado (26 unidades federativas e o Distrito Federal) possuem muitas atribuições privativas, que não passam pelos deputados federais. 

Entre elas, está o julgamento de crimes de responsabilidade por parte do presidente da República e a aprovação de nomes indicados ao Supremo Tribunal Federal (STF), e a procurador-geral da República, além dos presidentes e diretores do Banco Central (BC) e de agências reguladoras. Outra atribuição dos senadores é autorizar operações financeiras externas da União, estados e municípios. Ou seja, são ações mais distantes do clamor popular. Assim, de que forma as senadoras podem atuar pelas demandas de interesse da mulher? 

Em março deste ano, o Senado aprovou 16 medidas que garantem avanços na atualização de leis de proteção e apoio às mulheres. Os projetos vão desde iniciativas contra a violência doméstica e de incentivo ao empreendedorismo feminino à derrubada do veto presidencial à distribuição de absorventes para mulheres de baixa renda.  

Um deles foi o PL 3.342/2020, da senadora Rose de Freitas, que garante acesso a crédito especial de até R$ 20 mil a mulheres empreendedoras das áreas de beleza, estética, vestuário, alimentação e comércio de artigos femininos afetadas pela pandemia da covid-19. Outra iniciativa, do senador Eduardo Braga (MDB-AM), volta a atenção às mães solo, estabelecendo que elas terão prioridade de atendimento em políticas sociais e econômicas (PL 3.717/2021). 

Atuação da bancada feminina

O MDB, apesar de ser um partido do Centrão, é uma das legendas mais ativas do Senado se tratando dos interesses de gênero, ao menos através da bancada feminina. Outros partidos que se destacam são o Cidadania, o Progressistas e o PSDB, que na majoritária sequer dialogam diretamente. Há também representações da bancada que não se atentam às questões de gênero com frequência, como é o caso de Kátia Abreu, que é mais voltada às questões econômicas e ao agronegócio, além de ser mais lida como centro-direita. 

Este ano, esses espaços devem correr mais perigo. Nas pesquisas, apenas duas mulheres aparecem com expressividade, uma para primeiro mandato e outra para reeleição. São elas Rose de Freitas, que surgiu com 22% na pesquisa do IPEC para o segundo mandato pelo Espírito Santo; e Teresa Leitão (PT-PE), candidata da Frente Popular, com 12% das intenções de voto na mesma pesquisa.

Outras candidatas da ala progresissta como Bárbara Sinedino (PSTU-RJ) e Carol Vigliar (UP-SP), pontuaram apenas 2%. A primeira tem como adversário principal Romário (PL), que detém 31% das intenções de votos e é aliado bolsonarista. 

A representatividade no Senado Federal é digna de seus questionamentos, uma vez que nem toda senadora tem atividade política dedicada aos interesses das mulheres. Do princípio democrático, essa dicotomia é interessante, mas no sentido prático, há problemas na existência de uma representatividade rasa. O LeiaJá convidou a pesquisadora Luciana Santana para comentar o tema. Confira abaixo. 

 — Luciana Santana, doutora em Ciência Política e professora na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) 

LeiaJá: Qual o impacto da presença de mulheres no Senado Federal? É uma movimentação positiva, independente das pautas levadas ao Congresso? 

LS: Ter mais mulheres nos espaços legislativos, seja no Senado ou na Câmara e nas Assembleias, faz com que tenhamos mais representatividade na qualidade das políticas públicas discutidas e decidida nesses lugares. Faz com que a gente tenha menos problemas em termos de quantidade e qualidade, e maior garantia de que essas políticas públicas estarão relacionadas às demandas, de fato, da população feminina. Estudos políticos já mostram que onde a mulher está, ela consegue qualificar o debate e levá-lo a uma realidade que, muitas vezes, homens não conseguem estar. Na qual eles decidem, mas sem saber se estão adequadas às diferentes realidades. 

LeiaJá: De forma macro, a representatividade feminina na política do Brasil é um movimento existente?  

LS: Representatividade tem relação com as caraterísticas da população e aquilo que a gente tem em termos de representantes nos estados legislativos. Na prática, existe, sim, uma baixa representatividade de mulheres no âmbito dos legislativos, de forma geral, e até nos governos. Se a gente tem 53% do eleitorado feminino, o esperado é que a gente também tivesse essa mesma proporção de mulheres dentro desses lugares, buscando construir políticas públicas que tenham uma simetria com as demandas da população feminina. O mais correto é falar em representatividade. A garantia de uma equidade de gênero, equilíbrio entre homens e mulheres, tal qual temos na população brasileira. 

LeiaJá: O que o perfil divulgado pelo Senado Federal diz sobre a distribuição dos espaços e assentos políticos do país?  

LS: Quando vemos esses números, reafirmamos o que foi mencionado: há um desequilíbrio entre homens e mulheres, tanto na competição, como entre os eleitos e eleitas. Dentre essas candidatas temos perfis muito variados. Temos as mais progressistas e alguns perfis mais conservadores, o que não necessariamente significa que sejam de famílias tradicionais na política, mas por defesa mesmo, ideológica, de posicionamentos mais conservadores. 

LeiaJá: É importante que as mulheres no espaço legislativo sejam progressistas? 

LS: É extremamente necessário que as mulheres estejam no Legislativo. No mundo ideal, seria bom que tivéssemos mulheres comprometidas com causas que atingem diretamente as mulheres de diferentes de perfis. Hoje a gente sabe o que isso tem causado, especialmente em mulheres que demandam políticas públicas e de assistência social, geralmente bandeiras mais feministas ou igualitárias, que também contemplam a violência e a distribuição igualitária e social do trabalho, o que é mais defendido por partido mais à esquerda e mais progressistas. 

LeiaJá: Mulheres de perfil conservador ou fundamentalista podem representar regresso em pautas de gênero ou a representatividade não deve ter a ver com pautar gênero?

LS: Com certeza o perfil mais conservador pode apresentar retrocessos. Significa que há mulheres, mas não necessariamente que elas têm como prioridade uma agenda que defenda efetivos direitos e que garantam a equidade. Temos que considerar que há mulheres que mantém e defendem posições mais machistas e conservadoras. Essas mulheres devem representadas? Democraticamente, sim, mas pensando em termos de política, considerando o que é necessário hoje, seria um retrocesso. 

 

A inserção de mulheres no cenário político de Pernambuco foi potencializada pelos eleitores em 2020. Com 35 prefeitas eleitas, o estado avançou na pauta feminista em relação ao último pleito municipal, em 2016, quando apenas 26 concorrentes obtiveram êxito nas urnas.

Com destaque para a Zona da Mata, região líder em vitórias femininas com 13 eleitas, o interior do estado mostrou mais compromisso com candidaturas femininas em comparação à Região Metropolitana do Recife (RMR). Atrás do Agreste e do Sertão, apenas três concorrentes conquistaram as Prefeituras nos municípios próximos à capital e fomentaram o fenômeno da 'reeleição'.

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A condição curiosa foi percebida nas vitórias da Dra. Nadegi (Republicanos), Professora Elcione (PTB) e Célia Sales (PTB), em Camaragibe, Igarassu e Ipojuca, respectivamente. Todas as prefeitas estavam alinhadas com a atual gestão municipal ou já geriam as cidades. Em Caruaru, no Agreste, Raquel Lyra (PSDB) foi reeleita sem sustos e permanece no comando da cidade por mais quatro anos.

Apesar do crescimento, 35 prefeitas ainda não garantem a equidade política no estado, visto que o número é baixo diante das 184 Prefeituras. Neste ano, entre concorrentes a vereadores e prefeitos, elas representavam 32,6% das candidaturas em Pernambuco, equivalente a 6.868 postulantes, aponta o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2016, a participação foi mais restrita, com 31,4 % das candidaturas, representadas por 5.992 mulheres.

Confira a lista das prefeitas eleitas em Pernambuco:

Região Metropolitana do Recife (3)

Camaragibe

Dra Nadegi (Republicanos) - 58,22% - 45.941 votos

Igarassu

Professora Elcione (PTB) - 63,83% - 36.273 votos

Ipojuca

Célia Sales (PTB) - 46,04% - 28.837 votos



 

Zona da Mata (13)

Amaraji

Aline Gouveia (PSB) - 50,72% - 6.611 votos

Camutanga

Talita de Doda (MDB) - 60,65% - 3.614 votos

Catende

Dona Graça (PTB) - 36,91% - 6.790 votos

Cortês

Fátima Borba (Republicanos) - 40,84% - 3.567 votos

Escada

Mary Gouveia (PL) - 35,99% - 13.112 votos

Glória do Goitá

Adriana Paes (PSD) - 63,01% - 10.415 votos

Itambé

Dona Graça (MDB) - 50,54% - 8.994 votos

Jaqueira

Ridete Pellegrino (PSD)- 53,83% - 4.007 votos

Lagoa de Itaenga

Graça do Moinho (PSB) - 52,49% - 7.427 votos

Lagoa do Carro

Judite Botafogo (PSDB) - 50,07% - 5.756 votos

Primavera

Dayse Juliana (PSB) - 60,52% - 5.403 votos

Rio Formoso

Isabel Hacker (PSB) - 53,84% - 6.729 votos

Sirinhaém

Camila Machado (PP) - 45,88% - 10.009 votos





Agreste (11)

Bezerros

Lucielle (DEM) - 55,11% - 19.261 votos

Brejão

Beta Cadengue (PSB) - 77,83% - 4.979 votos

Canhotinho

Sandra Paes (DEM) - 65,68% - 8.066 votos

Caruaru

Raquel Lyra (PSDB) - 66,86% - 114.466 votos

Casinhas

Juliana de Chaparral (DEM) - 52,12% - 4.813 votos

Cumaru

Mariana Medeiros (PP) - 42,26% - 5.025 votos

Frei Miguelinho

Adriana Assunção (PSB) - 51,51% - 5.259 votos

Ibirajuba

Izalta (Republicanos) - 58,80% - 3.396 votos

Itaíba

Regina da Saúde (Pode) - 57,44% - 8.135 votos

Jataúba

Dra. Cátia (Republicanos) - 58,29% - 6.668 votos

Surubim

Ana Célia (PSB) - 43,73% - 15.389 votos



 

Sertão (8)

Cedro

Marly de Neguinho de Zé Arlindo (MDB) - 51,88% - 3.761 votos

Dormentes

Josimara Cavalcanti (PSB) - 57,80% - 7.558 votos

Floresta

Rorró Maniçoba (PSB) - 44,00% - 7.926 votos

Santa Cruz

Eliane Soares (Avante) - 78,10% - 7.496 votos

Serra Talhada

Márcia Conrado (PT) - 60,54% - 26.565 votos

Tabira

Nicinha de Dinca (MDB) - 50,65% - 8.203 votos

Terra Nova

Aline Freire (Avante) - 56,51% - 3.729 votos

Trindade

Helbinha de Rodrigues (PSL) - 63,48% - 10.869 votos

Nesta terça-feira, dia 30, a revista Glamour norte-americana divulgou as eleitas como mulheres do ano. Entre as escolhas da revista, que há 28 anos elege as personalidades destaque, estão as artistas Viola Davis, Janelle Monae, Chrissy Teigen, além das ativistas por trás do movimento March for our Lives.

Elas são diversificadas, incluindo uma senadora, uma atriz, dois grupos de jovens poderosas lutando para fazer uma diferença duradoura, mas elas têm uma coisa em comum: elas não estão esperando o mundo mudar, elas estão fazendo o trabalho elas mesmos, diz a publicação.

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Viola Davis, anunciada como o ícone, é descrita como a mulher que há mais de três décadas faz com que as histórias das mulheres mereçam ser vistas e ouvidas. Em trecho de entrevista divulgada pela Glamour, a atriz fala do racismo na indústria cinematográfica:

- Eu estava com muita raiva. Ninguém me pediu para fazer papéis clássicos como uma atriz negra, declarou ela.

Chrissy Teigen, esposa de John Legend, se destaca como influencer. Tão engraçada, tão verdadeira e tão necessária, diz a revista. Chrissy, no entanto, parece ainda não se enxergar tão importante assim:

- Quando eu olho para as pessoas mais bem-sucedidas ao meu redor, sinto que todas elas já tinham planos. Mas eu nunca tive um plano, eu ainda não sei exatamente qual o meu cargo, disse a modelo.

Já a cantora Janelle Monáe é descrita como uma visionária, que acumula sucessos há uma década. Neste ano, ela mostrou sua arte e sua vida mostrou um futuro que celebra todo o tipo de poder feminino. Para a publicação, ela mostrou toda sua luta pelo empoderamento feminino: - Eu sempre tive problemas com pessoas tentando colocar uma imagem sobre o que uma jogem garota poderia ser. Eu decidi isso por mim mesma.

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