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Em Pernambuco, a participação do eleitorado feminino nas eleições do 1º turno foi maior que o do eleitorado masculino. É o que revelam os dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o comparecimento dos eleitores no último dia 2 de outubro. Segundo os registros de presença nas seções eleitorais, 83,21% das eleitoras aptas a votar compareceram às urnas, percentual ligeiramente superior ao dos homens, que chegou 80,18%. 

Os dados estão disponíveis neste link  No total, 81,80% dos eleitores pernambucanos aptos a votar compareceram às urnas. O Estado registrou 18,20% de abstenção. Em números absolutos, o total de votantes no 1º turno foi de 5.740.790, sendo 3.129.104 eleitoras e 2.611.354 de eleitores – a participação feminina foi superior à masculina em 517.750 votantes. 

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O comparecimento do eleitorado pernambucano foi maior que a média nacional. O Brasil registrou 79,09% de participação do eleitorado no 1º turno e 20,91% de abstenção. Na divisão por gênero, tanto a participação feminina quanto a masculina no Estado também superaram a média nacional. No país, o comparecimento das eleitoras e eleitores foi de 80,20% e 78,14%, respectivamente. 

O eleitorado pernambucano é composto por 53% de mulheres e 47% por homens. Nas eleições deste ano, pela primeira vez o Estado ultrapassou a marca de 7 milhões de eleitores: são 7.018.098, a maioria, aproximadamente 42%, concentrada na Região Metropolitana do Recife.

*Da assessoria 

Mais da metade do eleitorado brasileiro não votaria em um candidato que não crê em Deus, segundo a nova pesquisa do PoderData, divulgada neste sábado (3). De acordo com o centro de dados, que pertence ao grupo Poder360 Jornalismo, é a primeira vez que a empresa faz perguntas relacionadas à fé dos candidatos. 54% dos entrevistados rejeitaram o voto a um postulante ateu, enquanto 37% disseram que votariam normalmente. 

A taxa fica dentro da margem de erro entre a população geral e o eleitorado católico, no qual 38% votariam e 54% não votariam em quem não crê. Os evangélicos são mais resistentes a esse perfil de candidato: 65% negam o voto. 

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Os dados foram coletados de 28 a 30 de agosto de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.500 entrevistas em 308 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. 

O levantamento mostra ainda forte correlação entre a possibilidade de e a intenção de votos no 1º turno. Se o Brasil fosse dividido nestes 2 grupos, o público que votaria em um candidato que não crê em Deus elegeria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 1º turno, com 64%. O outro lado reelegeria Jair Bolsonaro (PL), com 55%.  

A resposta também tem variações de acordo com a faixa demográfica dos entrevistados: idade, renda, sexo, escolaridade e região. Pessoas com renda familiar mais baixa tendem a ser mais resistentes a eleger um candidato que não acredite em Deus. 

O candidato ao Governo de Pernambuco pela Frente Popular, Danilo Cabral (PSB), fez um novo aceno ao eleitorado cristão em uma nova sabatina à Rádio Maranata, nesta sexta-feira (2). Tradicional no estado, o veículo tem como público-alvo a população cristã, em especial a evangélica. Na entrevista, o socialista disse que, caso vença as eleições, o seu governo deve estreitar a relação com as igrejas. 

Em sua fala, o postulante declarou que reconhece o papel de atuação social exercido pelas instituições religiosas, e admitiu que os governos falham em chegar nas localidades e populações que o trabalho de evangelização chega. Cabral demonstrou interesse em construir parcerias com as igrejas, em prol do trabalho social, da educação, saúde e geração de oportunidades. 

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“O estado brasileiro tem um raio de atuação que muitas vezes não consegue chegar em todos os lugares. Essas parcerias serão feitas em meu governo para nos ajudar a chegar aonde o estado não chega. A igreja cumpre esse papel por sua capilaridade. Elas estão presentes em lugares onde, inclusive, estão as pessoas mais necessitadas e tem o princípio e os valores cristãos de prestar solidariedade, de estar junto de quem mais precisa, de dar um apoio espiritual e confortar as pessoas”, destacou Danilo. 

Em um discurso similar aos dos seus opositores, Danilo, que é católico, também aderiu ao discurso dos “valores da família”, mas destacando os aspectos positivos dos ensinamentos cristãos. “Nós queremos reafirmar os valores da família. Eu sou casado há 32 anos, tenho dois filhos e esses valores estão presentes na minha vida e são necessários para esse momento da vida brasileira. A gente está vivendo um momento de desintegração dos valores da família, daí a importância do respeito ao próximo, da fraternidade, do amor. É isso que é necessário nesse momento", colocou. 

 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou nesta sexta-feira, 15, que 156.545.011 brasileiros estarão aptos a votar nas eleições de outubro deste ano. De acordo com o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, os números são "impressionantes" e revelam "o maior eleitorado cadastrado da história brasileira". Houve um aumento de 6,21% em comparação ao último ciclo presidencial, em 2018.

Mais da metade (52,65%) de quem irá comparecer às urnas em outubro é mulher: 82.373.164 ante os 74.044.065 (47,33%) de homens. São Paulo continua a ser o maior colégio eleitoral brasileiro, com 22,16% de todos os eleitores. Em seguida estão os Estados de Minas Gerais, com 10,41% do número total de eleitores, e Rio de Janeiro, com 8,2%.

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Neste ano, mais de 2,1 milhões de brasileiros entre 16 e 17 anos poderão votar, o que totaliza mais de 700 mil jovens a mais do que em 2018, um crescimento de 51,13%. Em março e abril deste ano, influenciadores e organizações mobilizaram campanha incentivando o registro da faixa etária no processo eleitoral deste ano.

No momento em que é fundamental robustecer as pré-campanhas para chegar forte ao segundo semestre, os interessados no Governo de Pernambuco adotaram a política do corpo a corpo cravar a participação no pleito. Seus perfis distintos convergem na estratégia de visitar regiões mais afastadas das suas bases eleitorais.

Líder na disputa com 28% das intenções de voto, segundo a pesquisa do Instituto Paraná do último dia 16, Marília Arraes (Solidariedade) defende um "novo Pernambuco" e eleva as críticas à atual gestão após a disputa à Prefeitura marcada por "baixaria", como definiu.

Marília e André de Paula no mercado da Madalena/Divulgação

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No movimento de ruptura com a Frente Popular, comandada pelo PSB, ela trouxe a aliança com André de Paula, pré-candidato ao Senado pelo PSD, e conquistou o apoio do PROS, partidos mais voltados à agenda conservadora. 

Com o bloco da situação a seu favor, Danilo Cabral (PSB) recebeu a chancela do próprio Lula (PT) e promete avanços ao estado no seu programa "Vamos juntos Pernambuco". Natural de Surubim, no Agreste, a distância para os eleitores da capital é equilibrada pela participação do prefeito João Campos em sua agenda.

Danilo e João Campos no Centro do Recife/Divulgação

Ainda na Região Metropolitana, Anderson Ferreira (PL) surge como a opção bolsonarista a disputa. Oriundo de uma família que atraiu o voto evangélico para escalar cargos políticos, ele evidencia a própria fé nos compromissos ao lado do ex-ministro do Turismo Gilson Machado. Juntos, usam o verde e amarelo para defender pautas mais conservadoras nos municípios visitados pela caravana "Simbora Mudar Pernambuco". 
Anderson e Gilson Machado em culto evangélico/Divulgação

De Petrolina, Miguel Coelho (União Brasil) fala em modernizar o acesso à informação para reduzir a burocracia e a má gestão do Governo. Com suporte do casal de deputados Romero Albuquerque e Andreza Romero, o pré-candidato se aproxima da capital com tarefa de apresentar os feitos que o reelegeram a prefeito com o maior índice do Nordeste. 

Miguel participa de evento com Romero Albuquerque no Recife/Divulgação

Raquel Lyra (PSDB) também tenta trazer o estado de volta a administração da direita e destaca o resgate do orgulho para anunciar o programa "Pernambuco pra Cima". Acompanhada por Priscila Krause (Cidadania), que dá sinais de que pode assumir a vice-candidatura, Raquel cobra a transparência nas contas públicas para uma sociedade mais igualitária e se apoia em símbolos culturais para construir uma estratégia mais identificada com o voto popular.
Raquel e Priscila na sede do Galo da Madrugada/Divulgação
 

A política brasileira viveu um mês de março agitado, com muitas mudanças através da janela partidária, pré-campanha mais intensa dos presidenciáveis e novas denúncias de corrupção no governo de Jair Bolsonaro (PL); desta vez, no Ministério da Educação. Além da movimentação que tomou conta da mídia nas últimas semanas, também é possível perceber mudanças nas pré-campanhas à Presidência, alvejando com mais ênfase os jovens, em especial o público cujo voto não é obrigatório: adolescentes de 16 e 17 anos. O que pode justificar a estratégia? 

Dados de um levantamento com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o número de eleitores de 16 e 17 anos que solicitaram o primeiro título de eleitor caiu 82% neste ano eleitoral. Em 2012, 2.603.094 pessoas dessa faixa etária pediram o documento, enquanto neste ano, até 21 de março, foram 466.227. O número deve crescer até 4 de maio, prazo final para registro e regularização do título. 

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Ao mesmo tempo em que o índice revela um desinteresse entre adolescentes aptos ao voto em engajar com o grande pilar democrático que é a eleição, o grupo acaba se tornando uma parcela com potencial para aumentar e diminuir diferenças nas intenções de voto, especialmente entre os líderes da polarização no país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário, Jair Bolsonaro. O LeiaJá conversou com cientistas políticos para ajudar a esclarecer como o eleitorado jovem vem sendo utilizado pelos presidenciáveis. 

“A importância do voto jovem é enorme. A gente vê isso pela movimentação da base do governo, eles sabem que perdem de goleada entre os jovens e isso não é de hoje. Desde o impeachment, as pautas progressistas são apoiadas pela juventude e nunca foi feito um esforço genuíno do bolsonarismo em cativar esses jovens. A maioria foi chamada de alienada, burra, massa de manobra, doutrinada. Por isso a narrativa bolsonarista entrou em alerta com essa campanha dos artistas, porque o discurso deles nunca foi atrativo. Por isso me parece muito mais bravata o esforço do governo em manter os jovens na inércia. Eles não vão tentar agora há meses do pleito cativar um público que eles nunca cativaram”, supõe o mestre em ciência política Caio Santos, apresentador do podcast ‘Política É Massa’. 

Artistas em campanha

No fim de março, artistas como Anitta, Juliette, Zeca Pagodinho, Mark Ruffalo, Whindersson Nunes e Luísa Sonza realizaram uma campanha nas redes sociais incentivando os jovens de 16 e 17 anos a regularizar a documentação para votar nas eleições de outubro. O que eles têm em comum? Todos são contra Jair Bolsonaro. Quem também fez oposição acirrada foi a drag queen Pabllo Vittar, que levantou uma bandeira pró-Lula no palco do Lollapalooza em 2022, em São Paulo.   

A manifestação política não foi bem recebida pelo Governo. O Partido Liberal, de Jair Bolsonaro, chegou a representar contra o festival diante do TSE. 

“Sobre o PT e Lula, acredito que exista um alinhamento ideológico e a visão que muitos desses jovens têm do país de sua infância. A maioria era criança na época de maior popularidade do PT, então há um fator que pode ser emocional, mas não podemos subestimar a consciência crítica de jovens que veem com temeridade seu futuro. Jovens se preocupam com pautas ambientais, emprego, segurança, mas muitos também abraçam pautas identitárias e nada disso é representado de uma maneira honesta e atenciosa do lado do governo. Lula acaba sendo o único viável para concentrar essas pautas da juventude, mesmo que em alguns casos se faça críticas aos seus planos relativos a esses assuntos”, continua Caio. 

O cientista político e professor universitário Elton Gomes também traça o perfil desse eleitorado. Na opinião do especialista, ainda que essa juventude não deva ser subestimada em sua leitura crítica da conjuntura política do país, a avaliação dos mais jovens ainda é mais pessoal e menos aprofundada que a dos mais velhos. 

“São pessoas que têm necessidades muito específicas, não demandam um aprofundamento muito grande no perfil dos candidatos e coalizões, e não fazem avaliações retrospectivas do que o candidato ou grupo político fez, nem prospectiva do que ele pode fazer. Esse grupo procura votar muito mais com base nos critérios de identificação pessoal, idiossincrasia (identificação por grupo) e coisas dessa ordem”, pontua Elton. 

Ao mesmo tempo, Gomes considera que o bolsonarismo vê, sim, através do seu poder nas redes sociais, uma forma de reter parte do público jovem. “Os candidatos políticos tentam conseguir fazer crescer a massa de eleitores, mediante o ingresso deste cidadão, que na maioria das vezes vai exercer o direito ao voto pela primeira vez, aos 16 anos, quando muito, pela segunda vez, aos 18 ou mais”, continua. 

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Atenção às demandas dos mais jovens também é recente para o PT 

De acordo com a última rodada da pesquisa Datafolha, o ex-presidente Lula tem preferência da maioria dos jovens entre 15 e 24 anos. No recorte por idade, o petista vence em todas as faixas etárias, mas tem maior vantagem - de 51% - entre os mais jovens. A menor é entre quem tem mais de 60 anos, de 39%. 

“O Partido dos Trabalhadores tem uma grande expertise na mobilização do eleitorado jovem. As campanhas em prol do primeiro voto para o ex-presidente Lula, em eleições passadas, foram muito importantes para consolidar o “fencing”, o cercamento do eleitorado. De modo geral, há uma tendência verificada em várias democracias do mundo, de jovens se identificarem com determinadas pautas da esquerda. No caso do PT, isso é um pouco complexo, porque o PT só recentemente se coadunou com as pautas da chamada esquerda identitária, caracterizada por pautas de gênero e raça. Esse espaço do mercado eleitoral brasileiro estava ocupado fundamentalmente pelo Psol. O PT percebeu que isso poderia ser um elemento que trazia perda de um ativo eleitoral importante e começou a ser eleito também nesse filão”, afirma Elton Gomes. 

Ainda de acordo com a pesquisa Datafolha, o presidente Jair Bolsonaro tem 22% da preferência na faixa etária de 16 a 24 anos. O grupo que mais apoia o atual chefe do Executivo é formado por quem tem mais de 45 anos, 29%. Ainda de acordo com o levantamento, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro chega a 35 pontos percentuais no Nordeste, região considerada o maior reduto eleitoral do petista. 

“No caso do presidente Bolsonaro, ele tem uma aceitação maior entre pessoas com um pouco mais de idade e predominantemente de pessoas do gênero masculino. O grande elemento que se vê de novidade nas eleições atuais é justamente a do governo querer utilizar um elemento em sua vantagem, a cibermilitância. Uma cibermilitância muito bem estruturada e que foi, em grande medida, possibilitadora da vitória de Bolsonaro em 2018”, elucida o cientista político. 

A cibermilitância ou militância cibernética foi e segue sendo um grande pilar do bolsonarismo no país. Em 2018 e 2019, o foco dessa tática foi o mensageiro WhatsApp, por onde o Governo ainda consegue milhões de reproduções do seu conteúdo diariamente; conteúdo esse que foi marcado por escândalos de fake news e milícias digitais. Agora, o foco do reduto bolsonarista é o Telegram. 

“Ele [Jair Bolsonaro] tendo essa penetração maior nas redes sociais, em vários grupos que atuam de maneira descentralizada, veiculando informação política, tem uma capacidade de mobilizar um eleitorado mais jovem que, a exemplo do que acontece com o ex-presidente Lula, pode ser instrumental para essa disputa, que tende a ser muito acirrada. Esse público pode dar mais competitividade a esses dois grandes líderes carismáticos, Messias políticos populistas, que polarizam a disputa política eleitoral para presidente da República do Brasil hoje”, completa Elton Gomes, que finaliza: “os jovens são pessoas que podem vir a ser, se não decisivas, instrumentais para as eleições”. 

 

As eleições começam antes do encontro nas urnas e seus rumos já se definem a partir das pesquisas de voto. Até o momento, Lula leva vantagem em todos os cenários, o que indica a saudade do brasileiro da gestão do PT. O doutor em Ciência Política e professor da Asces-Unita Vanuccio Pimentel comentou sobre o cenário.

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Ao prever o acirramento da polarização, o estudioso lembra que a liderança do petista não surpreende. Ele se apresentou como forte concorrente em 2018, mas teve a candidatura impossibilitada pela pena decretada pelo ex-juiz Sergio Moro, o que pavimentou o crescimento do então candidato Jair Bolsonaro.

Na visão de Vanuccio, além do “próprio desajuste que é o Governo Bolsonaro e da lembrança que as pessoas têm do Governo Lula”, a implosão do centro do antipetismo, sustentado pela Operação Lava Jato, justifica a reconciliação do eleitorado com o ex-presidente.

"Com a Lava Jato naufragando e as decisões de Moro sendo revertidas, isso sai do cenário real da Política, ou seja, já é um tema que não vai estar mais em discussão, o que beneficia muito o Lula pelo fato de que toda aquela estrutura se desabou e, queira ou não, justifica o discurso que sempre teve desde o começo da Lava Jato de que era uma operação política", afirma.

Eleito no 1º turno

Votado por aproximadamente 48% dos eleitores, as previsões possibilitam uma vitória ainda no primeiro turno. "Dependendo da quantidade de apoios que Lula possa vir a conseguir, ele tem uma possibilidade real de projetar uma vitória no primeiro turno. Ainda é muito cedo, mas é algo que pode ocorrer", comenta o professor.

Lula é maior que o PT

Como Fernando Haddad não foi suficiente em 2018 e Dilma Rousseff foi destituída pela pressão popular dos protestos de 2013, o cientista vê a popularidade do petista como o interesse fundamental ao invés da volta do PT em si.

"Dilma ainda mantém uma popularidade baixa comparada com Lula. Então, o eleitor soube diferenciar o que era o Governo Lula e o que era o Governo Dilma. Não sei se há esse arrependimento", considera.

Terceira via retraiu junto com a Lava Jato

Bem atrás, uma terceira via tímida se apresenta com Sergio Moro, que teve a credibilidade contestada quando assumiu o Ministério da Justiça a convite de Bolsonaro e, recentemente, se filiou ao Podemos para concorrer à Presidência. Como quarta força, Ciro Gomes (PDT) é ameaçado de ter que suspender a candidatura pelo baixo desempenho.

"A terceira via, no contexto de hoje, é muito restrita. Estamos falando de talvez, no máximo, 20% do eleitorado. Basicamente não impede uma polarização entre os dois principais atores. Então, acho muito difícil que esta terceira via ganhe fôlego eleitoral", complementa Vanuccio.

Com cerca de 40,5 milhões de eleitores e uma hegemonia política de candidatos petistas há duas décadas, o Nordeste se tornou o maior desafio para adversários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa campanha de 2022. Pesquisa do Ipec, divulgada em 14 de dezembro, aponta números muito superiores de Lula em relação aos outros pré-candidatos na disputa pela preferência do eleitorado da região.

Segundo dados do Ipec, Lula tem 63% das intenções de votos no Nordeste. O presidente Jair Bolsonaro, que vai concorrer à reeleição, aparece com 15%. Ciro Gomes, com base política no Ceará, atinge 6%; Sérgio Moro, 3% e João Doria, 2%. Bolsonaro é rechaçado por 66% dos eleitores do Nordeste.

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Na prática, esse cenário confirma uma situação que se repete há praticamente duas décadas e tem exercido grande peso nas disputas presidenciais desde então. Nas últimas cinco eleições, Lula, Dilma Rousseff e Fernando Haddad foram os candidatos mais votados no Nordeste. Desses, apenas Haddad não chegou ao Palácio do Planalto, sendo derrotado por Bolsonaro em 2018, num período em que Lula estava preso.

Não foi à toa que o presidente transformou o Bolsa Família, lançado no governo do PT, em Auxílio Brasil. Além de ter um programa social para chamar de seu, sob o rótulo de "maior do mundo", Bolsonaro sabe que a ajuda mensal de R$ 400 beneficia majoritariamente moradores de Estados onde ele mais precisa de votos. Mas pode ter perdido muitos pontos ao não retornar de suas férias em Santa Catarina durante a tragédia provocada pelas fortes chuvas na Bahia.

Segunda maior região em número de eleitores, atrás apenas do Sudeste, o Nordeste se transformou numa espécie de cinturão político do PT a partir da primeira eleição de Lula, em 2002. Naquele ano, o então candidato do PT ganhou em quase todos os Estados no primeiro turno, com exceção do Ceará, batido por Ciro, e de Alagoas, superado por José Serra. Na segunda rodada, o petista só perdeu em Alagoas para Serra. Em 2006, Lula venceu em todo o Nordeste no primeiro e segundo turnos.

CAOS. Um cenário político como esse já seria complicado para que Bolsonaro e outros candidatos conseguissem melhorar o desempenho. No caso do presidente, porém, a situação se tornou pior ainda por causa da forma como ele vem lidando com as chuvas que desabaram sobre a Bahia, o maior colégio eleitoral da região, que já causaram 24 mortes e deixaram milhares de pessoas desabrigadas.

Enquanto a Bahia vive situação de calamidade, Bolsonaro aparece publicamente aproveitando suas férias em São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Assim, enquanto a tragédia causou comoção nacional, a atitude do presidente passou a imagem de indiferença e de falta de solidariedade. A reação na opinião pública não poderia ser pior para o presidente, com pesadas críticas e mais desgaste dentro e fora da região Nordeste. A hashtag #Bolsonaro Vagabundo chegou a parar no topo das mais citadas do Twitter.

Na primeira leva de chuvas na Bahia, há cerca de três semanas, Bolsonaro até chegou a visitar o Estado. Mas também foi criticado por, logo depois de sobrevoar o sul do Estado, ter feito um ato político, com carreata e discursos, na cidade de Itamaraju.

"O presidente, infelizmente, não veio prestar solidariedade, nem visitar o povo. Ele veio fazer uma carreata, com 30, 40 carros, e mobilizou seus fanáticos ali do extremo sul para ficar gritando e fazendo ato político-partidário, além de agredir repórter", reclamou o governador da Bahia, Rui Costa (PT), na ocasião.

Antes dessa crise, Bolsonaro apostava no impacto eleitoral que o pagamento do Auxílio Brasil poderá ter sobre os eleitores do Nordeste. Além disso, ele ainda negocia a formação de palanques regionais fortes para apoiar a campanha da reeleição.

Na Bahia, a ideia de Bolsonaro é lançar ao governo o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos). Deputado licenciado e ex-assessor de ACM Neto, Roma comanda justamente a pasta que coordena o pagamento do Auxílio Brasil. No Rio Grande do Norte, os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Fábio Faria (Comunicações) ainda decidem entre si a qual cargo irão concorrer. Marinho também pilota um ministério recheado de recursos e muito ligado aos repasses das emendas do chamado orçamento secreto do Congresso.

Na Paraíba, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é um provável candidato ao governo ou ao Senado, impulsionado pela exposição - muitas vezes negativa - à frente das ações envolvendo a pandemia do coronavírus. Em Pernambuco, o ministro do Turismo, Gilson Machado, avalia também a possibilidade de concorrer. E no Piauí, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, conduz o processo para montar uma candidatura competitiva no Estado.

Terceira via

Crescer no Nordeste é um desafio também para outros candidatos. O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro pretende intensificar sua presença nos Estados nordestinos a partir do início do ano. No começo de dezembro, ele fez o primeiro movimento público na região, já como précandidato, ao lançar seu livro no Recife. Moro acabou dividindo opiniões ao posar com um chapéu de sertanejo, repetindo um costumeiro gesto feito por políticos em campanha que tentam agradar aos eleitores locais. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que sempre lembra ser filho de um baiano, também planeja ampliar sua agenda na região.

Além de ter um grande recall entre os eleitores do Nordeste, Lula conta também com uma forte base política local. O PT governa quatro Estados (Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte).

Lideranças políticas locais avaliam que a hegemonia petista no Nordeste pode ser rompida ou, pelo menos reduzida, se os candidatos apresentarem propostas que levem mudanças estruturais para a região.

"Para conquistar o voto dos eleitores do Nordeste, o candidato primeiro vai ter de falar a linguagem da região, compreendendo a realidade do Nordeste, as desigualdades do País. Não vai fazer isso só oferecendo um programa que já chamou Bolsa Escola, Bolsa Família e Auxílio Brasil", disse ao Estadão o presidente do PSDB, Bruno Araújo, que é pernambucano. "Quem conseguir essa confiança estabelece uma nova relação no Nordeste."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Parece que o eleitorado evangélico passou a discordar das posições do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e já reavalia seu apoio. Na pesquisa do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) apresentada nessa quinta-feira (24), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como principal opção dos religiosos para 2022.

O estudo mostra que o petista seria votado por 41% dos evangélicos entrevistados, contra 32% de Bolsonaro. Entre os católicos, Lula teve uma vantagem maior ao ser escolhido por 52%, enquanto o atual presidente obteve 20% das intenções.

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O Ipec também indica que o ex-presidente tem mais que o dobro de votos do atual gestor, que vê a rejeição do seu governo aumentar sobretudo pelo trato questionável com a pandemia.

A pesquisa ouviu 2.002 eleitores de 141 cidades, entre os dias 17 e 21 e junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para maios ou menos.

Sem Mendonça (DEM) e Delegada Patrícia (Podemos) na disputa pela Prefeitura do Recife, o Datafolha perguntou aos eleitores, que declaram ter votado nesses políticos no primeiro turno, em quem eles pretendem votar no segundo turno.

28% do eleitorado de Mendonça agora preferem Marília e 27% pretendem votar em João Campos; 40% dos que votaram no democrata não querem PT nem PSB e afirmam que vão votar em branco ou nulo.

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Já entre as pessoas que votaram na Delegada Patrícia, 24% declaram que irão votar em João Campos e 17 garantem que vão votar em Marília. No entanto, maioria do eleitorado da delegada - assim como os de Mendonça - declara que vai votar em branco ou nulo (57%).

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Em Pernambuco, 125 mil eleitores de 20 municípios ainda não fizeram o cadastro biométrico.  De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), do total de ausentes, 120 mil estão no Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe e São Lourenço da Mata. Nessas cidades, o prazo para a revisão eleitoral encerra no próximo dia 27.  

Além das três cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), os municípios de Agrestina, Belém de São Francisco, São José do Belmonte, Casinhas, Riacho das Almas, Exu, Sairé, Triunfo, Surubim, Bodocó, Flores, Mirandiba, São José do Egito, Lagoa do Carro, Carpina, Gameleira, Ribeirão também concluem a biometria em março. Em Pombos, o cadastro termina nesta quarta (28) e em Frei Miguelinho na sexta-feira (2). Outras 16 já estão com o novo método de identificação em dia.

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No total, serão 38 novas cidades que vão identificar os eleitorado a partir da biometria nas eleições deste ano. O cidadão que não realizar o recadastramento terá o seu título cancelado e com isso terá restrições no CPF, perdendo benefícios de programas sociais como o Bolsa Família, e não poderá fazer matrículas em instituições de ensino, nem obter passaporte ou assumir cargos públicos.

Reforço

Para ampliar o atendimento, o TRE-PE inaugurou um posto no Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho, que deve atender até 200 eleitores por dia, funcionando de segunda a sexta, das 8h às 14h. O Cabo tem um eleitorado de 166 mil pessoas. Cerca de 70% já compareceram aos postos de atendimento para fazer a biometria.

Já em Camaragibe, dois ônibus estarão, a partir desta hoje, à disposição dos eleitores no terminal de Tabatinga. Além da Central de Atendimento ao Eleitor que abrirá aos sábados no mês de março. A cidade tem 125 mil eleitores e 68,73% realizaram o cadastro. 

Direcionado agora para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o deputado federal João Paulo (PT) denunciou possíveis manobras de prefeitos do PSDB e aliados para dificultar que eleitores petistas cheguem às urnas no próximo domingo (26). Durante um ato pró-Dilma, nesse sábado (18), o parlamentar frisou que os adversários podem não garantir “condições necessárias” para o eleitorado, principalmente do interior do estado.  

"Eles sabem o quanto o Nordeste e interior mudaram a partir dos governos do presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff", destacou. João Paulo ainda apelou para que a militância não deixe às ruas e permaneça pedindo votos para a presidente. Além disso, ele também endossou o discurso dos petistas contra o “retrocesso político”. 

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Líderes do PT em Pernambuco e artistas locais movimentaram durante todo o dia do sábado a Praça do Derby, com panfletagens, discursos e adesivaço.  Estiveram presentes ao ato o senador Humberto Costa (PT), o deputado federal Fernando Ferro (PT), os vereadores do Recife Jurandir Liberal (PT) e Marília Arraes (PSB) e o vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz (PT). Representando a classe artística, declaram o seu apoio a Dilma os cantores Lirinha, Fred Zero 4 e o ator Antônio Pitanga. 

O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) divulgou nesta quinta-feira (2), a última amostra de intenções de votos para o Senado. Encomendada pelo Portal LeiaJá, a pesquisa foi realizada entre os dias 29 e 30 de setembro e tem uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O candidato da Frente Popular, Fernando Bezerra Coelho (PSB), assumiu a liderança pela primeira vez, fora da margem de erro. Ele aparece com 35% das intenções de voto. 

FBC veio subindo nas pesquisas gradativamente. Na primeira do IPMN ele aparecia com 13%, em seguida com 19%, depois com 25%, e na anterior 32%. Já o candidato da Coligação Pernambuco Vai Mais Longe, João Paulo (PT), está com 29%. O petista aparece estável desde o início da campanha. No primeiro levantamento do IPMN ele tinha 30% das intenções, em seguida 29%, continuou com 29%, e na última pesquisa apareceu 30%.

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FBC fica na frente de João Paulo em todas as faixas de idade. Já entre as regiões, o candidato petista lidera apenas no Recife, com 35% das intenções de voto, contra 31% do socialista. A região do São Francisco é onde FBC lidera com mais folga, 53% das intenções de voto contra 23% de João Paulo. Já Simone Fontana, do PSTU, tem 1% das intenções. Albanise Pires (PSOL) e Antônio Oxis (PCB), não pontuaram. 

O cientista político Adriano Oliveira acredita que o crescimento de Fernando Bezerra Coelho está relacionado ao crescimento do candidato no Recife, maior colégio eleitoral do estado. “No Senado, observamos uma ascendência de Fernando Bezerra Coelho e uma estabilidade de João Paulo. Diante dessa ascendência continua é possível sim que Fernando Bezerra Coelho seja eleito senador. Além disso, existem duas vantagens para Fernando Bezerra: o primeiro é o bom percentual de intenções de voto que ele conquistou na cidade do Recife, sendo assim Geraldo Julio e a força do PSB na capital devem dar condições a ele de vencer na capital, além dele ter uma boa votação em todas as regiões do estado. Também temos que levar em consideração que, geralmente, o governador eleito escolhe o senador, e como Paulo Câmara já tem uma boa vantagem sobre Armando Monteiro, certamente, Fernando Bezerra Coelho também será eleito o próximo senador”, explicou Adriano. 

A pesquisa também aponta que uma grande parte da população vai votar em branco ou nulo, 18%. Os que ainda não sabem em quem vão votar ou não responderam a pergunta somam 17%.   

 

O modelo de divisão do eleitorado em pró-PT, anti-PT e volúvel elaborado pelo Ibope e pelo Estadão Dados mostra que o "lago" onde a candidata petista tem mais chances de pescar eleitores é maior do que aquele onde seus adversários se saem melhor na pescaria. Isso explica porque os candidatos petistas a presidente têm chegado em primeiro ou segundo lugar desde 1989.

Os eleitores que têm maior propensão a votar nos petistas somam 39% do eleitorado nacional, enquanto aqueles cuja probabilidade em votar num petista tende a zero somam 33% do total. Os 28% restantes são volúveis: podem tanto votar em nomes do PT quanto da oposição ao partido.

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Hoje, Dilma Rousseff está capturando 83% dos eleitores pró-PT na simulação de 1º turno, e entre 85% (contra Marina Silva) e 88% (contra Aécio Neves) nas simulações de 2.º turno. É um sinal de que há eleitores pró-PT descontentes com Dilma. Mas significa também que a presidente ainda tem, teoricamente, espaço para crescer.

Para estar no agrupamento, os eleitores têm de ter se enquadrado em pelo menos três de cinco respostas: 1) acha o governo bom ou ótimo, 2) aprova Dilma, 3) diz que votaria com certeza ou poderia votar em Dilma, 4) diz ter preferência partidária pelo PT, 5) é beneficiário do Bolsa Família.

O grupo pró-PT tem penetração acima da média no Norte-Nordeste, entre católicos, entre pretos e pardos, entre quem tem 45 anos ou mais, entre quem estudou até o ensino fundamental e entre os mais pobres. Isso não significa que não haja eleitores pró-PT nos demais segmentos.

Os 33% de anti-PT são eleitores que não se enquadraram em nenhuma dos critérios: não aprovam o governo Dilma, não votariam nela de jeito nenhum ou não a conhecem o suficiente para opinar, não têm Bolsa Família, não declaram preferência partidária pelo PT e acham o governo ruim, péssimo ou regular. Eles têm maior renda e escolaridade e se concentram no Sudeste. Aécio tem 36% dos votos no eleitorado anti-PT, e está tecnicamente empatado com Marina, que tem 40%. É também onde há a maior taxa de brancos/nulos: 15%.

O eleitorado volúvel está dividido em 32% para Marina, 21% para Dilma, 20% para Aécio e 15% de indecisos - a maior concentração entre os três segmentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se antes era prática comum prometer cestas básicas, emprego ou tratamento médico em troca de votos para conquistar um mandato, com o aumento da escolaridade do eleitor brasileiro essas propostas começam a perder espaço para um voto de mais qualidade. Para especialistas, há um novo eleitor em construção e a melhora no nível educacional pode se transformar em mais consciência política no médio prazo.

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Apesar de a maior parte dos eleitores ainda ter baixa escolaridade, houve aumento no número de pessoas com superior completo e incompleto e ensino médio completo e incompleto. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que dos 142,8 milhões de eleitores aptos a votar no pleito de outubro, 5,6% (8 milhões) terminaram a graduação - 2,8 milhões de pessoas a mais que nas eleições de 2010.

O número de pessoas com superior incompleto também subiu em relação a 2010 – aumentou em 1,5 milhão, passando de 2,7% para 3,6%. O número de cidadãos com ensino médio completo aumentou em 5,9 milhões de pessoas, de 13,1% para 16,6%. Já o número de eleitores com ensino médio incompleto teve um incremento de 1,8 milhão, de 18,9% para 19,2%.

Em contrapartida, o número de analfabetos e dos que apenas leem e escrevem (analfabetos funcionais) diminuiu. São cerca de 700 mil analfabetos a menos que na eleição de 2010, passando de 5,8% dos eleitores para 5,1%. No caso dos analfabetos funcionais, são 2,5 milhões a menos no pleito de 2014, de 14,5% do eleitorado para 12%.

Para o cientista político Leonardo Barreto, especialista em comportamento eleitoral, o índice de desenvolvimento educacional do eleitor é reflexo da evolução dos indicadores de educação da população brasileira. “As pessoas melhoraram a capacidade de buscar e processar informações porque é isso que, basicamente, o nível de educação mais elevada proporciona”.

O Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que o nível de escolarização, de um modo geral, tem melhorado no país. No grupo acima de 25 anos, idade considerada suficiente para conclusão da graduação, o número de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu de 64% em 2000 para 49,3% em 2010. Com ensino médio completo passou de 12,7% para 14,7% e a proporção de pessoas com ensino superior completo passou de 6,8% para 10,8%.

Para Barreto, ainda não é possível dizer que o país já tem um eleitor mais crítico e consciente. “É um eleitor híbrido, que combina a necessidade de propostas novas para ele, de políticas públicas mais universais, com práticas antigas. Era uma pessoa que até ontem estava dentro de um contingente populacional que era muito suscetível a trocas e a propostas clientelistas. É uma pessoa que está migrando de um lugar para outro, mas que ainda está no meio do caminho porque essa é uma mudança de uma geração.”

De acordo com o especialista, com o aumento da escolarização e da renda, fazer campanha em uma região pobre não significará encontrar um eleitor desprovido de capacidade crítica e de informação. “Na periferia, você vai encontrar pessoas cujos filhos estão fazendo ou fizeram faculdade. Uma geração abastece a outra. O filho que fez faculdade é o orgulho da família, vai influenciar quem não fez. Tem um efeito de dispersão desse conhecimento. Isso torna o processo político mais complexo. Abre uma janela de oportunidades para uma nova geração de políticos. Quem interpretar e conduzir bem esse processo vai sair na frente”, disse.

O professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Roberto Kramer também avalia que o eleitorado brasileiro está em fase de transição. Para ele, os dados do TSE comprovam o gradual avanço nas condições de vida e de educação da população. “Um eleitor mais instruído costuma ser mais exigente. Esse eleitor tende a transcender o nível mais básico de expectativas e necessidades, como o alimento e o teto, e passa a querer políticas públicas mais amplas, de educação, saúde e mobilidade urbana de qualidade.”

Na opinião do especialista, os políticos vão se deparar com uma parcela cada vez maior da população que vai cobrar seus direitos. “Esse novo eleitor certamente vai lançar um desafio para os políticos, que é repaginar suas propostas, suas maneiras de abordagem, pois está mais crítico ao confrontar as promessas que são feitas com a possibilidade de concretização.”

Para a coordenadora-geral da organização não governamental (ONG) Ação Educativa, Vera Masagão, à medida que o país mude o perfil educacional da população, a tendência é que o perfil do eleitorado também seja alterado no sentido de um voto mais consciente.

“Pessoas com mais escolaridade se sentem mais empoderadas, sentem menos o político como alguém de quem precisam para ter um favor. Tendem a romper essa visão do clientelismo, daquele pobrezinho que precisa ir lá pedir favor para o político. Aumentam a consciência cidadã de que eu estou exercendo meu direito votando e que o meu dever também não acaba na hora do voto. Tenho que continuar cobrando e é dever desse gestor público cumprir as promessas que fez. Esse caráter da cidadania é reforçado”, disse.

Segundo Vera, ao lado da educação formal, é preciso ampliar a educação cidadã. “Essa é uma educação que se dá principalmente no engajamento político. Então são pessoas participando de partidos, de ONGs, engajadas, acompanhando causas de interesse público e políticas públicas. É dessa forma que a gente vai, de fato, mudar a política, com mais gente participando e exercendo o controle social.”

A missionária Michele Collins (PP) tem o maior índice de rejeição e desconhecimento entre os pré-candidatos ao Governo de Pernambuco. Já Armando Monteiro (PTB) é o mais conhecido e o que inspira mais confiança entre os eleitores. É o que aponta a pesquisa eleitoral, divulgada neste sábado (12), pelo Portal LeiaJá, em parceria com o Jornal do Commercio, e realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau.

O levantamento aponta que os eleitores sabem pouco sobre os pré-candidatos ao Executivo estadual. Do total de entrevistados, 34% afirmaram conhecer muito bem o senador Armando Monteiro, enquanto a atuação de Paulo Câmara (PSB) e da vereadora Michele Collins é bem acompanhada por apenas 12% e 7%, respectivamente. Entre os que nunca ouviram falar dos postulantes a governador, 58% não conhecem Michele Collins; 54%, Paulo Câmara; e 18%, Armando Monteiro.

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O grau de conhecimento dos entrevistados sobre os pré-candidatos tem influência direta na confiança do eleitor sobre quem assumirá o comando do Palácio do Campo das Princesas de 2015 a 2018. Armando Monteiro é o mais admirado e conta com a confiança de 38% dos pesquisados. Paulo Câmara teria o voto de 12% e Michele Collins, de 4%. No entanto, o percentual de pessoas que não confiam em nenhum dos três pré-candidatos ou não souberam responder ainda é alto (47%), visto que a campanha eleitoral ainda não começou.

Para 41% dos entrevistados, Armando Monteiro é o político mais preparado para suceder João Lyra no Governo de Pernambuco. Outros 12% acreditam ser Paulo Câmara a melhor opção e para 3% o nome mais indicado é da missionária Michele Collins. Quando perguntados sobre quem traz mais esperança de melhoria de vida para os pernambucanos, os percentuais variam pouco: Armando Monteiro, 39%; Paulo Câmara, 12%; e Michele Collins, 4%.

Sobre qual pré-candidato causa medo no eleitor caso vença as eleições, a missionária Michele Collins recebeu o maior percentual de indicações (19%), seguida por Paulo Câmara (11%) e Armando Monteiro (10%). Mais uma vez, o percentual de pessoas que não indicaram nenhum desses ou não souberam responder é alto, somando 61%. A tendência é que essa proporção diminua quando as candidaturas forem confirmadas e a campanha eleitoral, especialmente no rádio e na televisão, começar.

Essa pesquisa, encomendada pelo LeiaJá, foi realizada nos dias 7 e 8 de abril, em todo o Estado, com 2.448 entrevistados. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais.

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Artes: João Lima/LeiaJá Imagens

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