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Pais de alunos do Colégio Pedro II protestaram hoje (7) em frente a cinco campi da escola pedindo aulas 100% presenciais. O colégio, que faz parte da rede federal de ensino no Rio de Janeiro, retomou nesta segunda-feira as aulas em regime híbrido.

Em nota, a reitoria explicou que a decisão ocorreu devido ao recrudescimento da pandemia da covid-19 com o surgimento da variante Ômicron do novo coronavírus.

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As manifestações ocorreram em frente aos campi Centro, Tijuca, Realengo, Humaitá e São Cristóvão, no Rio de Janeiro e no campus Niterói. Participaram pais, mães, responsáveis e os próprios estudantes, que pediam a volta às salas de aula.

Em cartazes, diziam que as redes estadual e municipal do Rio retomaram as aulas presenciais e questionavam por que o Colégio Pedro II não fazia o mesmo.

No último dia 2, o Colégio informou que até a reavaliação do atual cenário, o ensino será híbrido, ou seja, será mantido o ensino remoto, composto por atividades pedagógicas síncronas e assíncronas. As aulas presenciais terão como objetivo a complementação pedagógica organizada a fim de fazer acompanhamento e orientação de alunos.

O Pedro II tem 14 campi no Rio de Janeiro, incluindo as cidades de Niterói e Duque de Caxias, além de um Centro de Referência em Educação Infantil, em Realengo, na zona oeste da capital. São, ao todo, cerca de 13 mil estudantes da educação infantil ao ensino médio e de pós-graduação.

A volta presencial não é consenso entre os pais de alunos. Muitos defendem a decisão da escola de manter as aulas remotas. "Sou a favor do retorno [presencial], mas para isso ocorrer acho que o mínimo é os alunos estarem vacinados", ressalta o servidor público federal Victor Hugo de Oliveira, que é um dos pais contrários ao ensino 100% presencial no momento.

Em nota, a reitoria do Colégio Pedro II diz que encaminhou mensagem ao Conselho Superior, para que seja tratada na Reunião Extraordinária do dia 11 de fevereiro, uma minuta de portaria que determina a implementação de regime semipresencial com alternância semanal de 50% dos estudantes de cada turma em atividades presenciais, que é o Plano B que consta da Portaria nº 2.389/2021.

O Plano Contingencial B da portaria prevê que “em um cenário em que o retorno pleno não seja possível, será instituído regime de semipresencialidade, com: I - divisão em 50% dos estudantes da turma, em grupos A e B, com presença semanal, de cada um dos grupos no turno do estudante; e II - espelhamento da carga horária síncrona para o presencial” e que, “na alternância, os estudantes que não estiverem na semana presencial terão atividades assíncronas das disciplinas”.

O documento estabelece ainda que esta semana, de 7 a 11 de fevereiro, seja de planejamento do retorno às atividades presenciais pelas direções-gerais e coordenações pedagógicas. Neste período, se propõem a manutenção do sistema de ensino remoto.

A minuta de portaria observa que o planejamento deve levar em consideração a vigência da Instrução Normativa nº 90, do Ministério da Economia, e conter soluções para lidar com os 319 afastamentos de servidores que legalmente permanecerem em trabalho remoto, dadas as suas comorbidades autodeclaradas, e que configuram 14,5% do total de servidores da instituição. O Conselho Superior do Colégio Pedro II fará, no dia 25 deste mês o reexame das condições sanitárias.

Nesta quinta-feira (22), 1.055 escolas da rede estadual de ensino de Pernambuco, de todas as etapas e modalidades, retomaram as aulas presenciais após recesso. Devido á pandemia do novo coronavírus, além das atividades presenciais, haverá aulas em formato remoto através da plataforma Educa-PE.

Como medida de prevenção, todas as as escolas devem seguir os protocolos de segurança, elaborados pela Secrataria de Educação e Esporte do Estado, contra a Covid-19, como o uso obrigatório de máscara, uso de álcool em gel, distanciamento social e aferição da temperatura dos estudantes.

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“A escola está adequada ao que preza o protocolo desde o ano passado, quando houve o processo de retomada das aulas presenciais. Já temos uma boa educação dos estudantes e contamos com o apoio de todos que fazem a educação”, afirmou Marcos Souza, gestor da EREM Apolônio Sales por meio da assessoria. 

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O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Rio Grande do Norte lançou o programa "Deslancha”, com 1.330 vagas para cursos gratuitos de qualificação profissional em diversas áreas. As formações visam capacitar os estudantes para o mercado de trabalho.

Há cursos nas áreas de gestão, logística, metalmecânica, construção civil, confecção do vestuário, além de tecnologias da informação e comunicação. As qualificações têm duração de três meses e serão, em sua maioria, ministradas remotamente. Os estudantes terão acesso às aulas ao vivo e gravadas que ficarão disponíveis no ambiente virtual do Senai.

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Ao todo, estão sendo oferecidos 16 cursos, sendo seis deles realizados presencialmente com 130 vagas distribuídas entre o Centro de Educação e Tecnologias Aluísio Bezerra, em Santa Cruz, e o Centro de Educação e Tecnologias Flávio Azevedo, em São Gonçalo do Amarante.

Em Santa Cruz, serão realizados de forma presencial os cursos de confeccionador de bolsas de tecido, costureiro industrial de vestuário em malha e eletricista de instalações residenciais. Já em São Gonçalo, as qualificações em pintor de obras, encanador hidráulico e impermeabilização de estruturas.

Na modalidade à distância, há oportunidades para as formações em almoxarife, assistente administrativo, operador de telemarketing, desenhista mecânico, desenhista de produtos gráficos – web design, instalador e reparador de redes de computadores, assistente de recursos humanos industrial, controlador e programador de produção, assistente de logística e montador e reparador de microcomputadores.

De acordo com o Senai, a seleção será realizada por ordem de inscrição e para participar, os interessados precisam ter no mínimo 16 anos, ensino médio incompleto, renda familiar de até dois salários mínimos por pessoa, acesso à internet e conhecimentos básicos de informática. O início e as cargas horárias dos cursos variam, mas, segundo o Senai, a previsão é que as primeiras turmas comecem no dia 12 de julho.

As inscrições já estão abertas no site do Senai e seguem até a data de início de cada curso, podendo ser encerrada antes, caso as vagas sejam preenchidas. Saiba mais detalhes também por meio do endereço eletrônico.

O ministro da Educação Milton Ribeiro defendeu, nesta quinta-feira (8), o retorno das aulas presenciais em todo o País. Ao falar sobre o assunto, durante entrevista coletiva após uma reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Ribeiro afirmou ter "passado vergonha" durante uma reunião do G20.

Segundo o comandante da pasta da Educação, o constrangimento de seu porque a maioria dos países do G20 já tinham retomado as aulas presenciais, enquanto o Brasil ainda não voltou à totalidade de estudantes nas escolas. “Depois que eu voltei desse encontro com ministros da Educação da Itália, eu passei vergonha. Essa é a palavra, podem anotar: eu passei vergonha na reunião do G20 porque praticamente o Brasil era o único país com 450 dias de escolas fechadas”, contou.

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“Tudo está funcionando. O Brasil todo funciona. Todos com distanciamento e com os cuidados. Agora dizer que tem problemas estruturais na Educação, isso já vem há 20 anos. Sempre aconteceu. Nós estamos procurando sanar com rodízio de aulas. A classe não cabe 30, vem 15 um dia, outros assistem pela internet. Vamos tentar fazer o máximo possível”, completou o ministro.

De acordo com o último balanço, o Brasil perdeu mais de 520 mil vidas neste período pandêmico. Ao ser indagado sobre a diferente realidade do Brasil em comparação ao número de mortes e vacinação dos países que compõem o G20, o ministro afirmou que grande parte deles também não tiveram a vacinação. “A grande maioria. Eles não têm a vacinação. Nós não tivemos essa vacinação. Eles não esperaram a vacinação”, pontuou.

O ministro da Educação também comentou sobre as falas que ouviu acerca da volta às aulas. “Agora, o discurso que eu ouvi ontem na Câmara [dos Deputados] é que tem que vacinar as crianças. Daqui a pouco o discurso passa a ser vacinar os pais das crianças, os avós das crianças. Então não dá, não volta mais”, criticou.

A Prefeitura do Recife lançou, nesta segunda-feira (28) o programa 'Educa Recife', que busca promover o ensino híbrido na rede municipal de ensino. De acordo com o prefeito João Campos (PSB), foram investidos R$ 55 milhões.

O ensino remoto se tornou comum no País devido às restrições e medidas de distanciamento e segurança impostas para combater o novo coronavírus. Entre as atividades apresentadas no lançamento está a criação da Escola Municipal para Aulas Digitais, especialmente para o programa.

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Foram inaugurados quatro novos estúdios para gravação e transmissão das aulas, onde será preparada uma programação de mais de 14 horas diárias de aulas em cinco canais digitais abertos. Além disso, o programa oferece acesso à internet gratuita para alunos e professores, bem como houve distribuição de 42 mil tablets para os estudantes.

A plataforma para acompanhamento das aulas conta também com uma equipe de 45 professores apenas para o ensino digital. Os conteúdos ainda terão recursos de acessibilidade, como tradutor para língua brasileira de sinais (Libas) e legendas.

Colégios particulares de São Paulo têm estratégias e regras diferentes sobre a abertura das câmeras durante as aulas. Alguns estabeleceram como norma que os alunos participassem das classes, mostrando o rosto. A constatação, após um ano de pandemia, é a de que os professores têm mais chances de saber se os alunos estão aprendendo quando veem suas expressões. Em todos os casos ouvidos pelo Estadão, as escolas encontram dificuldades de obrigar. Cabe ao professor tentar convencer os estudantes - e alguns conseguem.

O Colégio Porto Seguro, na zona oeste, por exemplo, atualizou o regimento escolar este ano para incluir o uso de câmeras e microfones. Os alunos têm o dever de participar das aulas online "e manter a câmera de vídeo e/ou microfone de seu aparelho eletrônico ligado(s) sempre que solicitado pelo professor", diz o documento.

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A professora de Língua Portuguesa Ana Paula Chinelato diz que a participação aumentou e isso se deve ao convencimento pelo afeto. No início da aula, ela pede que os alunos abram as câmeras - à medida que alguns se mostram, outros ficam mais confiantes para fazer o mesmo.

Já as videochamadas de Literatura da professora Ana Paula Nicci, da unidade de Valinhos, no interior paulista, têm até fundo temático. São usadas imagens de castelos para "ambientar" as aulas sobre literatura na Idade Média ou o salão principal de Hogwarts, dos livros de Harry Potter, que os alunos adoram. O fundo de tela empolga os estudantes e os adolescentes acabam ligando as próprias câmeras para projetar as mesmas imagens da professora.

"A gente procura incentivar, falando que é mais agradável dar aula para a cara das pessoas nos quadradinhos do que para ícones", diz Luciana Fevorini, diretora do Colégio Equipe, na região central. Segundo ela, os alunos sentem o desconforto quando têm de apresentar seminários para os colegas - e acabam se sensibilizando. Este ano, mais câmeras estão abertas, mas ainda há aqueles que ainda relutam e dizem que o equipamento quebrou.

No Colégio Pioneiro, na zona sul, o combinado é que os alunos abram quando têm de fazer apresentações - mesma prática de outras escolas. "O professor escolhe os momentos em que a câmera deve ficar aberta", diz Ana Claudia Correa, orientadora educacional do Colégio Stance Dual, na região central. "Não faz sentido, por exemplo, na hora de fazer um texto."

"A regra de etiqueta é respeitar se a pessoa quer abrir a câmera", diz Juliana Cunha, psicóloga e diretora de projetos especiais da Safernet. Ela lembra a exaustão causada pelo longo tempo em videochamadas - já nomeada como "fadiga do Zoom". Escolas podem dar prioridade para câmeras abertas no momento em que isso faça sentido para todo o grupo, como situações em que vão compartilhar experiências, trabalhos ou comemorações. E devem, segundo ela, prestar atenção ao que pode estar inibindo os adolescentes de se expor.

Mais de um ano depois dos primeiros casos de Covid-19 serem diagnosticados em Pernambuco, escolas e faculdades continuam, em sua grande maioria, funcionando através do regime remoto. Em todo o Estado, as discussões sobre uma possível retomada total das atividades presenciais do setor estão acirradas. O resultado desta articulação pelo retorno às salas de aula, é o Projeto de Lei (2114/2021) que torna essencial a educação e todas as atividades e serviços educacionais públicos e privados, protocolado pelo deputado estadual Erick Lessa (PP).

Estão inclusas no texto da proposta escolas que oferecem educação infantil, ensino fundamental (anos iniciais e anos finais), ensino médio, ensino técnico, educação superior, ensino preparatório para exames e vestibulares, aulas de reforço escolar, e cursos livres de idiomas. Lessa justifica a proposição afirmando que a educação é a melhor “reação a crises econômicas, sanitárias e humanitárias, blindando a sociedade da ignorância própria do imediatismo, pragmatismo, trazendo compreensão da necessidade de cuidado, tanto na gestão da vida privada quanto de seus deveres em coletividade".

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O parlamentar também incluiu no documento os cursos livres de esportes e música, academias de ginástica, de dança, de artes marciais e “todo e qualquer estabelecimento que promova a educação”. Ele também sugere que as restrições ao exercício das atividades educacionais devam ser precedidas de decisão do governador do Estado, que, caso julgue necessário, poderá estabelecer restrições sanitárias ao funcionamento das atividades.

Para ser posto em prática, o Projeto de Lei 2114/2021, que encontra-se na Secretaria Geral da Mesa Diretora da Assembleia, precisa ser aprovado nas comissões e, em seguida, no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), onde será avaliado por todos os deputados.

O que dizem os professores

No âmbito nacional, a Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 20 de abril, o Projeto de Lei 5529/20, que transforma a educação básica e superior em serviço essencial. Antes de entrar em prática, a proposta precisa ser aprovada no Senado e depois assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Com relação ao tema, o Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (SIMPERE), afirmou que “as escolas públicas não têm condições para serem reabertas de forma compulsória enquanto o pior momento da pandemia é confirmado, com 97% de ocupação dos leitos de UTIs no Estado”. 

Já o Sindicato dos Professores de Pernambuco (SINPRO), afirmou também em nota, “condenar o retorno às aulas presenciais, visto os riscos reais de contágio para com a comunidade escolar”. Eles também destacaram que a inclusão das escolas entre os serviços essenciais é a “concordância com a necropolítica” promovida pelo governo federal durante a pandemia.

Por José Barroso Filho*

Vivenciamos décadas em semanas.

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A crise sanitária causada pelo novo coronavírus lançou-se a uma profunda crise social, econômica e política.

Porém devemos dar a devida aos danos causados à Educação Brasileira.

Com a crise econômica advinda das necessárias medidas de proteção, os alunos passaram a não frequentar presencialmente as escolas e o ensino, com extrema dificuldade, passou a ser ministrado por via remota.

A rede pública, de uma maneira geral, já apresentava dificuldades com restrições econômicas e financeiras.

Como falar em ensino remoto onde não se conta com computadores, onde não se tem rede de telecomunicações de modo a atender as escolas públicas, onde os alunos não tem equipamentos adequados, onde os professores que, já contavam com adequadas condições de trabalhos, se encontram em profunda inquietação em face da ausência de metodologia adequada a promover o mínimo da imprescindível relação educacional com os alunos.

E mesmo na rede pública, a evasão já se faz sentida dada as dificuldades econômicas experimentadas pelas famílias brasileiras.

Tudo a aumentar a brutal desigualdade existente na sociedade brasileira.

A rede privada está em melhores condições porém com dificuldades evidentes na comprometida relação professor-aluno… a ausência ocasiona danos pedagógicos mas também psicológicos.

De modo geral, os pais sofrem grandes impactos em uma economia e o provimento das demandas educacionais também restam comprometidas.

Por vários fatores, sofrem escolas, pais e alunos em um sistema educacional que nunca foi uma prioridade nacional.

Escolas estão a fechar ou a comprometer seriamente os seus serviços.

Comprometidos ou frustados planos de vida.

Em uma época de imprescindíveis auxílios emergenciais, a Educação merece ser lembrada e não mais uma vez.. esquecida.

Pois bem, necessário um grande pacto nacional em prol da Educação.

Uma sinergia que envolva as empresas de telecomunicações para que facilitem o acesso das escolas e alunos à rede de informática com a necessária isenção de pagamentos.

As escolas precisam de fôlego financeiro para manter as suas estruturas físicas e propiciar melhores condições educacionais e professores e alunos bem como preparar o complexo retorno às atividades presenciais mesmo que mescladas com as atividades remotas.

De onde surgirão tais recursos:

O Banco Central diminuiria o volume dos depósitos compulsórios … injetando liquidez no mercado financeiro com o compromisso de destinação prioritária de recursos para o setor de educação.

Bem assim, o incremento necessário monetário a esse esforço fiscal adviria de operações compromissadas com resgaste mais longo (considerando essas operações como depósitos remunerados no Banco Central)

Em sintonia com a compra de títulos longos emitidos pelo Tesouro Nacional (sem expansão de base monetária) pois creditada nas contas das instituições financeiras (ou seja o dinheiro não sai do Banco Central) …

Ocasionariam uma espécies de debêntures voltados ao Setor Educacional conversíveis em Títulos longos do Tesouro Nacional possibilitando Swap (digamos um swap educacional) não remunerados pela Selic mas pela variação cambial.

O Estado deve aprovar despesas sem fonte tributária.

Mesmo sem aumentar a carga tributária, o Estado poderia manejar diferimentos, compensações, renúncias (a curtíssimo prazo e com contrapartidas) e estimular, fortemente, as transações para estimular o reequilíbrio desse setor tão combalido.

O Estado deve gastar o que for necessário na saúde e na ajuda assistencial aos que estão sem emprego, sem renda, sem alternativas.

Mas também não descurar da Educação.

Inclusive com a utilização de recursos advindos de Contribuições de Intervenção no Dominio Econômico tais como os bilhões existentes nos fundos arrecadados com as CIDs sobre Telecomunicações ou Cinema Nacional.

Talvez e, provavelmente, algo acima escrito incorra em alguma incorreição técnica… jamais omissão ou conformismo.

O sentido está bem claro e implica a resposta que daremos no decorrer da nossa Vida: teremos mais hojes, ontens ou amanhãs?

Em um país em que as escolas fecham, apagam-se as trilhas para o futuro.

*José Barroso Filho é Ministro do Superior Tribunal Militar e Conselheiro do Conselho Nacional de Educação

O Brasil despertou um novo olhar para a educação, uma vez que a realidade de milhares de estudantes continua sendo fortemente impactada pelo ensino remoto - que cresceu exponencialmente por causa da pandemia do novo coronavírus. Entre os diversos desafios para conseguir acompanhar as aulas virtuais, os estudantes, familiares e professores reclamam da falta de acesso à internet, de um local adequado para estudar, e da falta de motivação dos jovens nos estudos.

A Fundação Lemann, junto com o Itaú Social e Imaginable Futures, encomendou, ao Datafolha, uma pesquisa para saber sobre o cenário da educação no Brasil durante a pandemia em 2020. O mapeamento constatou que um dos principais desafios que devem ser enfrentados é a baixa motivação dos estudantes. Em maio, 46% se sentiam desmotivados, já em setembro o número subiu para 54%.

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A pesquisa realizada com 1.021 pais ou responsáveis por alunos das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, ainda revelou que no período de maio a setembro, a dificuldade de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa passou de 58% para 65%. Nos anos iniciais chega a 69%.

Adaptações ao novo normal escolar

Com apenas 12 anos, Yasmin de Souza Silva, estudante do oitavo ano do ensino fundamental de uma escola particular em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR), afirma que não conseguia se concentrar nas aulas remotas e passou por desafios. “Eu não conseguia me concentrar direito. A minha maior dificuldade de estudar on-line também foi a internet, que não era tão boa. Hoje eu já estou indo para as aulas presenciais, porém o que eu mais sentia falta era de estar com os meus professores e amigos”, conta.

Lidar com as tecnologias, redes sociais e plataformas digitais foi muito difícil para a pequena, mas ela sabia que precisava se adaptar. Jessica da Silva, mãe da estudante, comenta que "uma das maiores dificuldades que nós enfrentamos foi a adaptação à tecnologia porque literalmente tivemos que aprender a lidar com as ferramentas e isso mexeu muito com ela. No começo parecia ser tranquilo, mas depois de um período eu acredito que ela desenvolveu um pouco de ansiedade por medo de não dar conta. Inclusive, no final do ano letivo, ela teve até dificuldade porque faltou energia e ela não conseguiu entregar algumas provas”, comentou.

Assim como muitos estudantes, Yasmin tinha que dividir o material de estudo com sua irmã. Quando o computador apresentava problemas, elas tinham que revezar o celular. A mãe das meninas diz: “A gente foi se adaptando e conseguiu. Este ano, elas já retomaram às aulas presenciais. Eu optei porque sentia a necessidade delas terem esse contato escola-aluno e eu acho que seria a melhor opção, já que na escola o ambiente é mais controlado e a quantidade de alunos não é a mesma.”

Foto: Cortersia

Este ano, a estudante Maria Elisabethe Oliveira, de 15 anos, moradora de Sanharó, Agreste de Pernambuco, encara o primeiro ano do ensino médio de forma híbrida (tanto presencial quanto on-line). A jovem revela, ao LeiaJá, que é difícil se adaptar ao ensino remoto por não ter um professor ou até mesmo um colega por perto para ajudar. “Todo ambiente escolar faz falta, e para ser sincera, de início deu vontade de desistir, mas depois fui me adequando à rotina", explica.

Tradicionalmente, Maria Elisabethe, assim como milhares de alunos, costumava frequentar as instituições de ensino e assistir às aulas presenciais. No entanto, devido à chegada da Covid-19 no Brasil, em meados de março de 2020, esses estudantes tiveram que obrigatoriamente se adaptar ao ensino remoto. As salas de aula que costumavam estar cheias de adolescentes interagindo, agora estão na tela dos computadores ou celulares, o que não agradou tanto aos jovens.

Conforme o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), mais de 72% dos estudantes reprovaram a qualidade do ensino virtual. Do total de entrevistados, 20% afirmaram que a qualidade se manteve e apenas 7% notaram uma melhora no ensino remoto comparando com a modalidade presencial.

O estudo ouviu, ao todo, mais de 5,5 mil pais, alunos e professores entre os dias 24 de agosto e 15 de setembro de 2020. Entre os principais obstáculos do ensino remoto, os estudantes relatam a dificuldade em estabelecer e organizar uma rotina diária, o excesso de materiais em curto espaço de tempo e a péssima qualidade da internet.

Maria Elisabethe detalha quais foram os desafios que encontrou no ensino remoto: “Primeiramente, o celular. Não tenho um aparelho de "última geração" porque não tenho condições. Nem sempre eu podia fazer alguns trabalhos por falta de armazenamento, ou até mesmo porque a internet caía. O ruim das aulas on-line foram: não ter um professor para entrar em contato; nem todos os professores se importavam com os alunos; não tínhamos tudo que era necessário e nem podíamos ter contatos com outros amigos para ajudar”, elenca.

Entre as adaptações, a jovem pontua que estabeleceu uma rotina diária, com tarefas de casa e atividades escolares. Porém, ela comenta que “é difícil ser adolescente. Ter que ajudar os pais em casa, ter que estudar e, ainda, ter que estar 100% bem. É certo que muita saúde mental foi por água abaixo nesta quarentena”, constata a jovem.

Verônica Cristina Barbosa, de 23 anos, graduanda em jornalismo na UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, também revela, em entrevista, os diversos problemas e desafios enfrentados neste período pandêmico para se adaptar ao ensino remoto. “A coisa que mais se destaca é o ambiente. Onde moro não há silêncio, é barulho de domingo a domingo. Eu estudo no período da manhã e tenho que trocar de horário. Além disso, como estou em ano de TCC, as coisas ficam ainda mais apreensivas e triplica a ansiedade por causa do ensino remoto”, conta.

A estudante diz o quão difícil é se concentrar nas aulas virtuais: “Focar também não é muito amigável com o ensino remoto. Por usar a internet, tudo fica mais dispersivo. No semestre passado, passei uma semana com meu grupo ensaiando uma apresentação, na noite anterior o poste da rua pegou fogo e quase fiquei sem apresentar. Agora que as aulas voltaram, o poste da central da internet também pegou fogo, passei a semana com a internet caindo no meio da aula e só chegando de noite. Em suma, o ambiente e as questões tecnológicas além de não serem tão favoráveis têm seus imprevistos”, pontua.

Para se adaptar, Verônica tenta conseguir delinear cada tarefa. “Tentei fazer uma lista e ter um quadro para se organizar, mas cada dia as coisas aparecem para se resolver.” Ela comenta o que deseja fazer este ano para dar conta das aulas remotas: “Conseguir ter uma qualidade melhor de concentração durante a aula é o que gostaria”, conclui.

Através dos olhos docentes

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Elisama Gonçalves, professora do ensino fundamental I na Escola Municipal Margarida Serpa Cossart, localizada no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, conta, em entrevista, que sentiu o impacto do ensino remoto obrigatório e lamenta os desafios que muitos alunos e familiares encontram para se adaptar a esse modelo de educação. Confira, abaixo, o relato da docente.

“Passada a primeira surpresa da suspensão das aulas, a princípio, temporariamente, veio a sensação de incertezas e impotência. Incerteza por não estarmos preparados desde o princípio para um período tão longo de afastamento e a impotência por não estarmos preparados para a novidade que atingia e abalava o mundo. No começo era só uma suspensão de 15 dias, mas depois se passaram meses. A gente chegou ao final do ano letivo na rede municipal do Recife, no dia 29 de janeiro”, disse.

“Houve muito contratempo entre a classe dos professores. A dificuldade não foi encontrada só nos alunos, mas também nos profissionais que não dominavam tanto as mídias sociais e não sabiam o que fazer. Além disso, as famílias ainda encontraram desafios, como o celular não era compatível, o provedor de internet inexistente ou muito franco, e, ainda, aqueles que dependiam exclusivamente dos dados móveis da própria operadora”, explicou.

“O feedback de tudo isso era muito indesejável porque nem todos participavam da aula naquele horário já estabelecido para interação e ainda havia acúmulo de atividades. Havia mães que só tinham tempo de fazer as atividades à noite ou no final de semana e, por isso, não postavam no tempo certo. Muitas enfrentaram doenças dentro de casa por ter um familiar mais idoso. A situação de baixos recursos da comunidade complicou muito. Os alunos que já eram bons, continuaram bons, os alunos que tinham dificuldades, continuaram com muitas dificuldades. O maior impacto foi justamente a questão dos recursos midiáticos que as famílias não tinham", lamentou.

“Além disso, houve um enxugamento dos assuntos. Foram selecionados os conteúdos de maiores relevâncias para aprendizagem dos alunos em cada ciclo e esse processo aconteceu muito lentamente, mas depois que a gente pegou o ritmo, ele fluiu de forma bem menos dolorida e mais acessível”, finalizou a educadora.

Os resultados de uma pesquisa feita em 2020 pelo Instituto TIM, através do projeto “O Círculo da Matemática no Brasil”, trazem novas informações sobre os impactos da pandemia do novo coronavírus na saúde mental e bem-estar de professores em todo o país. Os dados foram coletados com docentes do ensino fundamental de diversos estados do Brasil, tanto da rede pública quanto privada, no período de janeiro a novembro. Apesar do alto índice de dificuldades enfrentadas com o ensino remoto (quase 70%), a pandemia fez crescer uma sensação positiva e otimista em relação à carreira dos entrevistados.

O levantamento aponta que, mesmo com todos os problemas advindos do ensino remoto (66,4% dos relatos mostram dificuldades de adaptação, 58% contam que não conseguem ministrar as aulas em casa sem barulho ou interrupções, e 78% apresentam problemas de insônia ou excesso de sono), o ambiente físico de sala de aula se apresenta sendo mais danoso aos professores do que o virtual. Os principais fatores negativos apresentados são conflitos nas turmas e violência nas localidades onde as escolas estão inseridas. Na pesquisa, 64% dos docentes responderam que já presenciaram agressão física ou verbal contra professores ou funcionários, feitas por alunos. Outros 72% relataram já ter presenciado brigas entre estudantes.

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“O ensino remoto trouxe, sim, dificuldades, mas a principal conclusão do estudo é que os professores do país, em geral, já estavam psicologicamente esgotados muito antes da pandemia. O novo modelo de trabalho, inclusive, reduziu o nível de estresse e cansaço em alguns casos. É um alerta importante para a sociedade, os profissionais da educação precisam ser olhados com atenção, inclusive, com avaliações psicológicas periódicas”, explica Flavio Comim, economista, professor da IQS School of Management (Barcelona) e da Universidade de Cambridge, e responsável pela pesquisa e um dos idealizadores do projeto.

Como consequência, ocorreu um crescimento do sentimento de autoeficácia dos professores durante a pandemia e o otimismo em relação à carreira. Aproximadamente 45% dos participantes viam possibilidades de desenvolvimento e de promoções, indicador que aumentou 15 pontos percentuais nos questionários feitos na segunda rodada da pesquisa. Mais de 80% dos docentes acreditam que suas qualificações continuarão válidas no futuro.

A avaliação, no entanto, não foi tão positiva em todos os aspectos. Ela destacou ainda mais as desigualdades sociais do país: professores pardos e negros foram mais impactados pela pandemia. Entre as pessoas negras, 76% mencionaram dificuldades de adaptação às aulas online, 64% não conseguiram trabalhar bem de casa e 83% tiveram problemas de sono durante a pandemia. O contexto familiar também retrata as diferenças: 79% dos professores negros contaram que suas famílias perderam parte da renda durante a crise sanitária, contra 61% dos profissionais brancos.

O estudo é um dos desdobramentos do projeto “O Círculo da Matemática do Brasil”, realizado pelo Instituto TIM. Os detalhes sobre o projeto e suas aplicações estão disponíveis no site da organização.

A Universidade de Pernambuco (UPE) prorrogou as inscrições para alunos da instituição que têm interesse em receber chip de dados móveis para viabilizar o acesso ao conteúdo didático e aulas remotas por meio de smartphone. Agora, os discentes têm até o dia 11 de fevereiro para realizar a inscrição.

Serão concedidos, no total, 100 pacotes de dados com duração de seis meses, com cinco gigabytes (GB) de internet, além de chamadas ilimitadas. A doação, alcançada por meio de mediação da assessoria de Relações Internacionais da UPE, é da Universia Brasil – edtech do grupo Santander fundada para auxiliar a pessoa em sua trajetória acadêmica, profissional e empreendedora - e do Santander Universidades.

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Para solicitar o chip, as candidaturas devem ser efetuadas no site do programa. O estudante deve preencher, no formulário, informações de identificação e o vínculo com a entidade. No caso da UPE, o estudante deve selecionar a opção “Outra Instituição”.

A entrega dos chips será realizada em março. A definição dos candidatos escolhidos ficará a cargo da UPE, que seguirá os critérios de vulnerabilidade social.

A suspensão das aulas presenciais no ano de 2020 em decorrência da pandemia de Covid-19 fortaleceu empresas de tecnologia aplicada ao ensino e aprendizado, devido à necessidade de dar seguimento aos calendários letivos, por meio de atividades a distância. A startup Prova Fácil, que oferece soluções para realizar avaliações em ensino remoto, foi uma das beneficiadas por essa realidade e fechará o ano com crescimento de 40% devido à conquista de novos clientes e quase 700 mil novos usuários (gestores educacionais, professores e estudantes). 

Ao todo, foram 19 milhões de provas aplicadas e 3 milhões de novos acessos à plataforma. Entre os serviços oferecidos, uma novidade deste ano foi uma ferramenta de reconhecimento facial de alunos durante a realização das provas, além de um sistema de browser fechado (quando a prova começa o navegador entra em modo tela cheia, sem elementos de navegação, e só fecha após o fim da resolução das questões). 

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Para Adriano Guimarães, CEO da empresa, tais ferramentas possibilitam a mesma segurança das provas presenciais, mas no ensino remoto. “Durante a pandemia nossa solução viabilizou a continuidade do ensino em todo o Brasil, permitindo que as avaliações fossem realizadas remotamente da mesma forma que na sala de aula”, disse ele.

Guimarães aposta, ainda, nas vantagens que as instituições de ensino podem ter com o Prova Fácil para projetar um 2021 de crescimento forte para a empresa. “Com a implementação, todas as etapas avaliativas são concluídas rapidamente. A ferramenta pode gerar até 35% de redução nos custos operacionais, 70% de diminuição do tempo gasto com correção de provas e 92% de redução nos pedidos de revisão de prova”, afirmou o CEO. 

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--> Pesquisa: 67% dos alunos não se organizam no estudo remoto

A Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures divulgaram, nesta sexta-feira (27), uma pesquisa encomendada ao Datafolha na qual aponta que no Nordeste, 47% das famílias estão participando mais da educação dos estudantes durante a pandemia de Covid-19. Conforme o levantamento, a relação da família com a escola é priorizada no combate ao abandono escolar, que é temido por 35% dos responsáveis pelos estudantes desta região.

“Famílias estão acompanhando mais de perto o ensino para seus filhos e valorizando o papel central do professor. São transformações que vêm para dar mais força a iniciativas de valorização da profissão docente, assim como da parceria família-escola”, explica, em nota, a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.

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A pesquisa aponta que, no Brasil, 71% dos responsáveis pelos estudantes estão valorizando mais o trabalho desenvolvido pelos professores e 94% consideram muito importante que os docentes estejam disponíveis para correção de atividades e esclarecimento de dúvidas durante as aulas não presenciais. Para as famílias do Nordeste, 68% consideram que as aulas remotas foram eficientes no aprendizado dos estudantes. A média nacional foi de 64%.

Em relação ao acesso aos conteúdos escolares, 89% receberam atividades, sendo 28 pontos a mais do que na primeira onda da pesquisa, realizada em março. A média nacional é de 92%. Por outro lado, o mapeamento mostrou os principais desafios que devem ser enfrentados de agora em diante.

Os estudantes do Nordeste estão menos motivados para realizar as atividades em casa. Em maio, 43% se sentiam desmotivados, agora, são 47%. A percepção das dificuldades de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa passou de 58% para 63%. Também para 28%, o relacionamento em casa piorou após o início das atividades remotas.

O diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, pontua que a preocupação dos pais com uma possível desistência da escola pelos estudantes é um alerta para toda a sociedade. “A evasão e o abandono escolar não são um evento pontual, mas algo que terá reflexo sobre o estudante, sobre sua família e sobre a sociedade como um todo, aumentando ainda mais a desigualdade. Toda a sociedade deve estar engajada para evitar que o estudante desista da escola”, diz, por meio de nota.

Ainda segundo a pesquisa Datafolha, há outro retrato mais abrangente da pandemia, para além de aspectos diretamente relacionados à educação, como, por exemplo, a perda das refeições importantes que os alunos em situação vulnerável faziam nas escolas. Para 52% das famílias do Nordeste, a falta de refeição que os estudantes faziam na escola está pesando no orçamento, indicando o maior índice no País. A média nacional é de 42%.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) comunicou, nesta sexta-feira (20), que já estão sendo entregues chips de acesso à internet para estudantes atendidos por meio do programa ‘Alunos Conectados’. A primeira remessa conta com 1.239 chips direcionados a universitários cadastrados no auxílio digital da instituição de ensino.

A iniciativa é uma forma de ajudar os alunos que estão passando por ensino remoto, devido à pandemia de Covid-19. Segundo o pró-reitor da UFRPE, Severino Mendes Júnior, mais 800 chips serão enviados a outros estudantes.

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Ainda sobre a primeira remessa, a Universidade informa que foram comprados produtos das operadoras Oi e Claro, por meio de licitação. Estudantes com renda mensal de até 1,5 salário mínimo podem ser beneficiados.

De acordo com a instituição de ensino, os chips estão sendo enviados via Sedex. A capacidade é de GB por mês.

Seminário organizado pela Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem) abordará, nos dias 25 e 26 de novembro, os desafios do ensino remoto em meio à pandemia de Covid-19. Uso de tecnologias da informação e comunicação estão entre os assuntos pautados.

O evento será transmitido pela Universidade de Pernambuco (UPE). De acordo com o presidente da Abruem, Rodrigo Zanin, o seminário debaterá as experiências universitárias em torno do ensino remoto e fará projeções a respeito dos modelos de educação. "Algumas universidades estão mais adiantadas neste processo de ensino remoto, outras ainda em fase de implementação, mas todas compartilham o mesmo desafio imposto pela realidade da pandemia", comentou Zanin, conforme informações da UPE.

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Aberto à comunidade acadêmica, o seminário iniciará às 9h, com programação totalmente gratuita e on-line. Entre os convidados está o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Eduardo Bielschowsky, além de reitores. O evento poderá ser acompanhado via YouTube.

A pandemia de coronavírus, que já dura oito meses, fez com que alunos de diversos cursos presenciais passassem a cumprir atividades estudantis dentro de casa. O antes receoso modelo de aprendizado remoto em um ambiente virtual virou obrigação para quem não quer ver a formação acadêmica se perder em meio a um ano de crise sanitária.

Embora seja um recurso utilizado para o acesso ao conteúdo das aulas, os números mostram que, para boa parte dos formandos, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) não significa concentração ou absorção das lições. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed) consultou 5.580 estudantes e constatou que 67% deles reclamam da dificuldade em manter uma rotina de estudos, como faziam nas aulas presenciais. O mesmo levantamento mostra que 72,6% avaliam o método como pior em relação ao tradicional.

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É o caso de Vitoria Veloso, 20 anos. A estudante de Psicologia afirma que os problemas são diversos na hora de absorver o conteúdo apresentado pelos professores nas plataformas virtuais. Segundo ela, o desvio de atenção em casa é maior, e as redes sociais são inimigas do aprendizado. "Não consigo me concentrar, não consigo ter foco e nem disciplina, pois aproveitando que estudo em casa, uso o tempo para ver outras coisas ou para mexer nas redes sociais e fica mais fácil perder a atenção", declara.

Estudante de Psicologia, Vitoria Veloso não se adaptou ao modelo de ensino remoto | Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Vitoria, além da falta de contato com os amigos, a impossibilidade de ter o "olho no olho" com o professor é um fator que ela considera como fundamental para o baixo aproveitamento dela no ensino remoto. Para a estudante, se dependesse apenas do modelo a distância, ela não conseguiria absorver conhecimento. "Acho difícil entender e compreender, ainda mais no meu curso, em que algumas modalidades são exclusivas do ensino presencial", diz. "Só não tranquei a matrícula porque faltam apenas dois anos para me formar", finaliza a futura psicóloga.

Visão positiva

Já a cuidadora de idosos Hérica Fernanda Ferreira, 29 anos, só vê maiores empecilhos no ensino remoto quando as atividades se somam aos cuidados da casa, dos dois filhos e do trabalho. "A dificuldade maior é organizar o tempo. O dia passa rápido demais e uma coisa ou outra sempre fica para trás. Assim, os trabalhos se acumulam e complica a entrega nas datas certas", comenta. Ela afirma que não haveria problema em adquirir qualificação por meio do computador. "Não vejo como algo ruim, muito pelo contrário, mas temos que ter uma certa disciplina, como se estivéssemos na aula presencial. Eu faria sim, me esforçaria para fazer acontecer", acrescenta Hérica.

Hérica Fernanda Ferreira tem que dividir os afazeres no lar e conciliar com os estudos do curso Técnico em Enfermagem | Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com a estudante do curso Técnico em Enfermagem, que vai concluir os estudos em 2021, mesmo sem a interação pessoal com colegas e professores, é possível ter atenção e absorver o conteúdo disponível no AVA. "As dificuldades não são muitas, os professores são prestativos. Claro que sinto saudades do convívio presencial, de poder conversar e interagir com as pessoas, isso faz muita falta", cita Hérica, que lamenta a impossibilidade de seguir com o projeto de estágio, que foi adiado até o próximo semestre.

Palavra do especialista

De acordo com o professor da escola de idiomas Beetools e especialista em educação, José Motta Filho, a pandemia deu um duro golpe no sistema educacional. Segundo ele, além da relação interpessoal que favorece o aprendizado, muitos professores e alunos não dispõem de uma estrutura que possa contribuir para o sucesso da educação. Para Filho, a desmotivação causada pelas dificuldades pode ter interferido na avaliação do modelo. "Vários alunos não se engajaram nos momentos síncronos e assíncronos preparados pelos professores, o que acarretou um desânimo e uma sensação de que o binômio ensino/aprendizagem estava prejudicado", aponta. "Com os alunos distantes, muitos nem ligam suas câmeras e microfones e, com as diversas distrações possíveis ao seu redor, em suas casas, a falta de interesse nas aulas mostram-se frequentes", complementa.

De acordo com Filho, a necessidade de preparar alunos e professores para os novos modelos de aprendizagem é um fator preponderante na melhora do rendimento dos atores da educação. "É o investimento massivo na formação de professores para as metodologias ativas de aprendizagem e tecnologias educacionais como ferramentas, e não como fim em si mesmas", enfatiza. Para o especialista, é necessário um planejamento que facilite a infraestrutura de ensino online. "Precisamos de espaços diferenciados, com boas pitadas de aprendizagem por projetos, adicionando inovação e empreendedorismo, para que possamos levar a educação, efetivamente, para outro patamar", recomenda.

Ainda segundo o professor, é urgente sair dos modelos que se tornam obsoletos e passam a ser desinteressantes para alunos e profissionais. "Independente do formato EAD, presencial ou blended, a educação de maneira geral sofre certa obsolescência educacional. Práticas e conteúdos nada aderentes às demandas de uma sociedade criativa, ainda resistem nas diversas salas de aula do presente", conclui Filho.

Inúmeros desafios são enfrentados pelos estudantes, em especial os que irão realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), diante de um cenário de incertezas e mudanças no setor da educação. No entanto, os pais e responsáveis pelos alunos também afirmam passar por momentos de angústia, boa parte deles preocupada com o aproveitamento dos filhos no ensino remoto.

No início da pandemia de Covid-19, Andréa de Aquino, mãe de Maria Eduarda, de 17 anos de idade, pensou que o ensino remoto não daria certo. “Em um primeiro momento, eu achei que não iria dar muito certo, mas minha filha está dando conta do recado. Mesmo assim sinto que não dá para aproveitar ao máximo, pois além de ser algo novo, também tem a questão do interesse, e por ser em casa acredito que não chega a ser um bom aproveitamento nos estudos, como seria no modo presencial, sem contar na dedicação que tem que ser dada aos assuntos do Enem”, diz. 

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Maria Eduarda está no último ano do ensino médio, fará Enem na modalidade impressa, tem aulas de 8h às 12h, e no turno da tarde participa de um curso para reforçar os estudos. “Muitas vezes tenho que ficar alertando ‘olha a aula’, ‘vai começar a aula’, coisa de mãe. Eu pensei que as aulas on-line não iriam durar tanto tempo e ela iria desistir”, acrescenta Andréa.

Andréa Aquino e sua filha, Maria Eduarda. Foto: Cortesia

“Eu não gosto muito do ensino on-line, porque fico muito dispersa, acho que não dá para entender, não dá pra tirar dúvidas da mesma forma que tirava antes. Vejo a situação como uma forma que as autoridades quiseram ajudar, mas em alguns pontos acabou atrapalhando”, comenta a estudante.

A educadora Cristiane Pantoja explica que a educação é um processo cheio de etapas. Muitos conceitos que são apresentados aos alunos tal ano, só serão entendidos plenamente no decorrer dos anos escolares. “Aprender também requer experiências e está ligado ao desenvolvimento da maturidade cognitiva do aluno. Vejo que a Covid-19 ressalta as problemáticas na educação, mas também oportuniza as reinvenções pedagógicas. A tecnologia é importante e necessária, mas a postura do aluno diante o empenho em estudar é algo particular”, opina a professora.

O LeiaJá também entrevistou a mãe Viviane Roberto, mãe de Mariane Marinho, 17 anos, que está cursando o segundo ano do ensino médio e vai realizar o Enem como treineira. As aulas de Mariane são das 7h30 às 17h. 

De acordo com Viviane, a estudante sempre se mostrou esforçada para aprender, mas ela acredita que há estresses e desafios enfrentados. “Não acompanho muito a rotina de estudos da minha filha por trabalhar praticamente o dia inteiro, o que me preocupa, mas já cheguei a vivenciar momentos em que ela estava estressada e chegando até a chorar por não entender algum assunto ou pensar que não iria conseguir passar por tudo isso”, revela Viviane. “Isso acaba refletindo em mim também, pois sei e imagino o quanto está sendo difícil passar por tudo isso”, acrescenta a mãe.

Para a professora Cristiane Pantoja, quando se estuda há sempre ganhos, independente do formato. “Não acredito em um ano perdido para a educação, mas reconheço que o desenvolvimento do aluno tende a melhorar numa situação de aulas presenciais. A palavra é tender mesmo, pois o processo de aprendizagem requer compromisso. Tem aluno que desenvolve esse compromisso, outros não. Independente se em casa ou em sala de aula”, analisa Pantoja.

Mariane relata que é difícil não haver um professor presencialmente e ter que aprender por meio de aparelhos eletrônicos. “Os professores fazem de tudo para aprendermos, mas o assunto parece que não entra, sabe? Fica muito complicado, por exemplo, as chamadas por vídeo, às vezes, ficam difícieis de entender”, comenta a aluna.

“Após as aulas da escola, sempre busco estudar um pouco para o Enem. Mesmo realizando a prova como treineira, tenho em mente que o meu esforço irá me ajudar em algum momento”, relata Mariane.

“Acreditei que as aulas remotas iriam durar apenas uns três meses e voltar tudo ao normal, no início também achei que não iria dar certo o ensino nesta modalidade, mas com o empenho dela as coisas foram se alinhando”, acrescenta. Viviane.

Cristiane Pantoja ressalta que, apesar das dificuldades, o ensino remoto oferece meios de aprendizado. Ela destaca: “A relação entre a postura do aluno diante do próprio compromisso de estudar e o respeito familiar quanto ao momento de estudos, me ocupam mais o pensamento. Se aulas em casa não funcionassem, não haveria diplomados e profissionais competentes em países que têm, em sua tradição, a possibilidade de escolha por esse modo de ensino”.

A mãe de Maria Eduarda, Andréa, diz que o ambiente também influencia no momento dos estudos e que enxerga a situação como um obstáculo. “Em casa, ela se distrai,  então sempre acaba fazendo algo que não é para fazer, ambiente propício para dar uma escapulida; de repente está dormindo”, conta.

Andréa ainda opina que, "infelizmente", não foram tomadas atitudes concretas e certeiras no setor da educação. ”Acredito que o ensino não está sendo priorizado, se um nível escolar for autorizado para voltar às atividades presenciais, todos têm que ser autorizados também, apesar de que eu acho muito cedo para todos os estudantes voltarem”, comenta.

Por fim, a professora Cristiane Pantoja deixa um recado para os pais e estudantes: “Quanto mais diálogo, equilíbrio e empenho, melhor. Relembrando que educação é um processo. Se foi mais dificultoso em um ano, há sempre como buscar equilíbrio e ganhos nos outros que virão”.

A prova impressa do Enem será realizada nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. Já a versão digital está marcada para 13 de janeiro e 7 de fevereiro.

“Continuamos aprendendo, pois não foi uma escolha. Foi necessidade”. É com essa afirmação que o professor de ciências e biologia André Luiz Vitorino de Souza, 52 anos, explica como tem sido sua rotina profissional com a chegada da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Ele, que faz parte dos 83,2% dos docentes com licenciatura por todo o Brasil, teve que se reinventar para continuar exercendo a profissão conforme a formação acadêmica. Os dados são do Censo Escolar da Educação Básica 2019, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Nesta quinta-feira, 15 de outubro de 2020, o Dia do Professor é celebrado diante de uma pandemia. Para exaltar a figura dos educadores, a série “Lições” traz, agora, reportagem sobre como professores estão lidando com o processo de aulas remotas e como isso se diferencia do ensino a distância, o EAD.

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Trajetória e o “novo normal”

O ano de 2020 chegou exigindo que estudantes e professores se adaptem ao “novo normal” na educação, em que escolas tiveram que suspender aulas presenciais no mês de março. O motivo é conhecido: o período pandêmico carregou essas pessoas das salas de aulas físicas e as colocaram em salas de aulas virtuais, com as chamadas aulas remotas.

No entanto, antes de mais nada, o que são aulas remotas? De acordo com a com a especialista em psicopedagogia Joice Nascimento da Hora, trata-se de “uma metodologia de ensino de cunho emergencial”. Ou seja, acontece de forma síncrona ou, a de forma mais simples, ao mesmo tempo com o objetivo de atender às demandas geradas com o período pandêmico.

Essa metodologia é diferente da modalidade de “Ensino à Distância” ou EAD, como é mais conhecido e consolidado pelo Ministério da Educação (MEC). Neste caso, a mediação pedagógica não ocorre ao mesmo tempo em que é feita, mas há possibilidade do estudante consultar apoio aos professores que ministram aula nesse modelo. 

Partindo desse ponto, podemos entender melhor os desafios enfrentados por alguns docentes -  como André Luiz, que também é especialista em educação ambiental -, que tiveram que aprender novas lições para a vida profissional. “Com a chegada da pandemia, as aulas passaram a ser todas remotas e tivemos que aprender mesmo fazendo, tentando, acertando, e errando”, afirma o professor. “Mas creio que aprendemos e continuamos aprendendo”, conclui, em tom firme.

Ao falar sobre sua trajetória, André relembra que começou “ministrando aulas como estagiário na prefeitura do Recife e Estado, em 1993 passei no concurso do estado de Pernambuco, onde estou até então. Desde 1994 ministro aulas em escolas particulares de Recife, Olinda, Paulista, Caruaru e outras [cidades], como também em pré-vestibulares”, rememorou o docente.

Ao longo de 32 anos de profissão, André relata que essa foi uma das mudanças de rotina mais significativas em sua carreira. Além disso, o professor de biologia salienta que hoje não tem maiores dificuldades, "mas no início foi aprender a mexer nessa tecnologia”. 

Apesar de ter superado parte dos contratempos, a sensação de cansaço é inegável, pois o professor ainda produz aulas que são gravadas todos os dias e ficam disponíveis para revisão dos alunos e alunas. “A preparação das aulas remotas demanda muito tempo, e durante uma aula remota se aborda bem mais conteúdos”, detalha André. “São aulas bastante cansativas”, argumenta.

Há dias em que o docente trabalha mais de 12 horas por dia, conforme explica André durante entrevista concedida por telefone ao LeiaJá. Por outro lado, ele afirma que não existe cobrança excessiva por parte dos donos de escolas e secretarias de educação. "As cobranças são normais”, finaliza. 

Rendimento pela web

Em Pernambuco, há mais de 93 mil professores atuantes na educação básica - que vai do ensino infantil ao médio, de acordo com último Censo Escolar, publicado pelo IBGE. Esse quantitativo está distribuído por todo o Estado, com o objetivo de atender mais de 1,9 milhão de estudantes matriculados, segundo o mesmo levamento.

Podemos ver uma disparidade entres os dados, em relação a oferta de profissionais e a demanda, que seriam os alunos a dar conta. Em análise a esse contexto, e trazendo para a sua realidade, o professor observa que “a participação dos alunos ao meu ver não é boa, principalmente na rede pública”. Enquanto que “na rede particular, [os estudantes] participam mais, pois são acompanhados”, declarou.

No entanto, mesmo com essas diferenças “no geral os rendimentos baixaram muito”, em comparação com as atividades presenciais antes da pandemia. Para André, “o que me dá segurança em fazer [as aulas no modelo remoto] é o domínio dos conteúdos que adquiri com o passar dos anos”, expressou com alegria. 

Agora, outras ferramentas são utilizadas para ensinar (Foto: Reprodução/Instagram)

Proximidade virtual

Entre aulas gravadas e on-line, o professor aprende uma nova forma de ensinar e manter os alunos engajados nos preparativos para avaliações semestrais ou o tão esperado Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, que será realizado nos meses de janeiro e fevereiro de 2021.

Ele sempre aproveita os momentos para demarcar sua presença na construção dos saberes e compartilhar os mais diversos sentimentos, assim como também faz em suas redes sociais.

A psicóloga Márcia Karine, comenta que o papel do educador no sentido emocional tornou-se ainda mais desafiador. “Percebemos que os alunos adoram o movimento de estarem perto, mesmo longe, então fortalecer esses vínculos tornou-se a chave para o sucesso das aulas”, explica a psicóloga.

“O professor é o responsável por transmitir esse conhecimento, esse conteúdo, então permitir que seu alunos participem, incentivar que eles leiam durante as aulas, que apresentem trabalho, tudo isso ajuda a estreitar os laços que foram cortados com a pandemia”, complementa.

Esbarrando nessas outras possibilidades para manter laços com os alunos, André pontua há uma ebulição de sentimentos envolvidos. “Lamento muito que tudo isso tenha acontecido, pandemia, mortes, desempregos, caos na saúde, na educação, e na economia”, comenta. Ele ainda observa que os alunos e alunas “são muito tecnológicos, mas não para estudar”, pois “estudar no nosso país é um desafio a ser superado”, conclui.

Além da falta de familiaridade com os recursos tecnológicos voltados para estudar, os pernambucanos passam por outro drama ainda mais significativo. Em levantamento do Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que 908 mil residências do Estado não têm acesso a internet, por não saber usar ou por não possuir condições financeiras para usufruir do serviço. A pesquisa também informa que há dificuldade de acesso a equipamentos - como notebook e smartphone - para assistir às aulas virtuais, sobretudo para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Após o expediente

Saindo um pouco da sala de aula e convívio com outros docentes, que em parte compartilham dos mesmos sentimentos relatados durante a reportagem, vamos à casa do nosso entrevistado. Morador do bairro das Graças, na Zonna Norte do Recife, André diz que entre as atividades profissionais e a vida pessoal, encontra caminhos que possam o ajudar a manter a saúde física e mental.

“Me cuido muito, mesmo durante a pandemia, venho mantendo uma higienização mental e fazendo exercícios físicos, não todos os dias mas fazendo”, disse. Ele admite que tem “uma personalidade forte” e “determinada”, que um coloca no curso dos seus objetivos como educador.  “Estou sempre positivamente para frente, assim a parte mental se mantém”, declara.

Ele também reforçou que a situação atual, “não interferiu em minha relação familiar, continuo o mesmo com os membros de minha família”, afirma. A realidade do professor de biologia André Luiz, pode ser facilmente confundida com a dinâmica profissional de outros docentes, assim como ele mesmo comentou.

Reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

Especial Lições retrata rotina de professores na pandemia

Carinho, tecnologia e o novo olhar de uma educadora

No caminho da bicicleta, há quilômetros de sonhos

Professores empreendedores e os desafios da pandemia

Pós-pandemia: o que o futuro reserva aos professores?

Com as aulas presenciais suspensas devido à pandemia da Covid-19, estudantes e professores têm enfrentado dificuldades com o ensino remoto, principalmente pela falta de acesso à internet. No interior do Ceará, para conseguir manter o estudo da filha, de apenas oito anos, em dia, a universitária Vilani Souza, moradora da Banabuiú, localizada na Zona Rural do Estado, teve que se reinventar e transformar o pequeno alpendre de sua casa em uma “escolinha”. As informações estão em uma reportagem do portal Diário do Nordeste.

A ideia surgiu quando a jovem, mãe de 23 anos, que está cursando o último semestre de pedagogia, percebeu a dificuldade de sua filha em progredir nos estudos. A boa ação ainda contempla outras cinco crianças da comunidade.

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"Para quem tem aparelho celular ou computador com acesso à internet, é bem mais fácil assistir as aulas remotas, mas para quem não tem esse acesso, fica prejudicado o aprendizado delas”, contou, ao portal Diário do Nordeste, Vilani Souza. O período de aulas remotas não tem sido fácil nem para as crianças, muito menos para as mães. Vilani relata que a rotina de cuidar da família, dos afazeres domésticos e trabalhar meio expediente no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Banabuiú, não tem sido fácil.

“Ainda vendo dimdim e sorvetes. Me viro de toda maneira, vendo ainda sandálias e folheados”, contou a jovem, segundo o portal. Embora a rotina seja puxada, a jovem relata que não se cansa de fazer o bem às crianças que, toda tarde, às 13h, já estão à sua espera no alpendre da casa. “Chego do trabalho nessa hora e as crianças já estão me esperando no alpendre”, disse. Ela ainda comentou: “Algumas mães não tiveram a oportunidade que a gente tem hoje, de poder estudar. Vi também essa necessidade de dar um futuro melhor. Foi uma forma de poder está ajudando essas crianças. Eu percebo o interesse que eles têm em aprender, mas as mães, por serem analfabetas, não tinham como fazer esse acompanhamento para essas crianças”, contou Vilani ao Diário do Nordeste.

No papel de professora, Vilani diz que seguirá ensinando até o retorno das aulas presenciais, e lembra que as aulas estão sendo oferecidas a poucas crianças para enviar aglomeração. Sua filha, Antônia Ravila de Oliveira Souza, aprova o ensino que está recebendo em casa. “O aprendizado está sendo bom. Minha mãe está ensinando a todos nós, meus amigos, meus primos. Dá para entender e acompanhar bem o que ela tem passado para a gente, temos aprendido”, declarou, segundo o portal, a estudante.

Durante o fechamento de escolas por causa da pandemia de Covid-19, 94.204 crianças e adolescentes cearenses de seis a 17 anos matriculados em escolas públicas ficaram sem aulas remotas no Ceará. Os números são apresentados por uma pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em parceria com a Rede de Pesquisa Solidária, baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O contingente de estudantes ficou sem atividades ou aulas não presenciais no mês de julho (excluindo aqueles de férias). 

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O perfil mais atingido pela desigualdade de acesso motivada pela falta de internet e equipamentos eletrônicos é o de pretos, pardos e indígenas, que representam 69,4% (65.893 alunos) do total de estudantes sem atividades. 28.311 estudantes brancos, 30% do todo, não conseguiram acesso. O número reflete a realidade do ensino público do estado, composto por 1.258.947 alunos, dos quais apenas 351.131 (27,9%) são brancos. 

Em nota à imprensa, a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc) afirmou que desde o primeiro semestre, o Plano de Atividades Domiciliares norteia o ensino não apenas pela internet, mas também através de impressos, na rádio e na televisão. “Neste segundo semestre, também estão programados cursos de formação em Tecnologias Digitais para a Educação, voltados aos professores, com o objetivo de oferecer condições apropriadas ao uso de ferramentas digitais", diz a nota.

No que se refere às desigualdades sociais, a secretaria alega que promove atividades por meio da Coordenadoria da Diversidade e Inclusão Educacional para questões do campo, indígena, quilombola e relações étnica-raciais. “Muitos projetos desenvolvidos por escolas e regionais têm focado na valorização da identidade negra estudantil e na superação do racismo, de modo a garantir que o estudante consiga cada vez mais se ver valorizado nos projetos pedagógicos das escolas". 

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