Tópicos | erros de Dilma

Por 61 votos a favor e 20 contrários, Dilma Rousseff (PT) teve o mandato de presidente da República destituído pelo Senado Federal. A culminância do impeachment, nesta quarta-feira (31), foi motivada em tese pelas famosas pedaladas fiscais e a edição de decretos para créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional, considerados crimes de responsabilidade, entretanto, o processo de impeachment contem, em si, uma série de ações políticas da agora ex-presidente ou até mesmo a falta delas.

Com um perfil mais impopular que o antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma adotou uma blindagem diante da base no Congresso Nacional se fechando ao diálogo com as bancadas e desencadeando a ampliação da crise política já instaurada na capital federal, travando, inclusive, projetos que serviriam para destravar a economia do país. 

##RECOMENDA##

Durante sua passagem pelo Senado, na última segunda-feira (29), quando foi interrogada, a petista fez ‘mea culpa’ sobre sua relação com os parlamentares e pediu “desculpas” por não ter “atendido às expectativas” dos deputados e senadores. Apesar disso, segundo ela, a falta de diálogo e o famoso “conjunto da obra”, não poderiam basear o processo. Os argumentos não surtiram efeitos positivos diante dos juízes do impeachment. 

O agravamento da crise diante de Dilma Rousseff, sob a avaliação do doutor em ciência política e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ernani Carvalho, passou a ter mais ênfase desde que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), tornou-se seu “inimigo político número um”.  

Outro pecado, na avaliação dele, foi quando no primeiro mandato a petista adotou medidas frouxas para a economia, prometendo mantê-las após a eleição e depois voltando atrás com o ajuste fiscal.  “A presidente vive hoje o que chamamos na ciência política de tempestade perfeita, fruto das políticas adotadas em 13 anos de gestão petista”, analisou.  

A petista deixa o cargo um ano e oito meses depois de assumir o segundo mandato. Ela foi reeleita em outubro de 2014 por 51.65% dos votos deixando Aécio Neves (PSDB) em segundo lugar com 48.35% dos votos. Desde a redemocratização, ela é a segunda presidente a ser condenada ao impeachment. O primeiro foi o hoje senador Fernando Collor (PTC) em 1992.

Uma das consequências do afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) do cargo é a reversão das bancadas no Congresso Nacional. Diante disso, o deputado federal Silvio Costa (PTdoB), até então vice-líder do governo, afirmou, em coletiva concedida à imprensa nesta sexta-feira (13), que o principal foco da “nova oposição” agora é reverter o voto de, no mínimo, seis senadores. 

“Quem votou a favor da admissibilidade não necessariamente concorda com o mérito do processo. Essa equação de que eles tiveram 55 votos e esses mesmos vão votar pelo mérito, não é assim. Eles dizem que o jogo já está jogado, mas não é assim que a banda toca”, observou. “A palavra da gente é mobilização e a primeira delas é no Senado”, acrescentou.

##RECOMENDA##

De acordo com o pernambucano, a estratégia é trabalhar tendo em vista um presidencialismo de coalizão. “Vamos fazer um presidencialismo de coalizão mais amplo. Vamos conversar com os senadores e lutar dentro dos princípios constitucionais. Será que todos estão satisfeitos com esta equipe que Michel montou?”, indagou.

“Por que que nós quando estávamos com o processo na Câmara, dialogando, éramos chamados de shopping center? Veja Temer, colocou uma mercearia no Jaburu com cinco balconistas: Eliseu Padilha, Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves, Moreira Franco e Gedel Viera Lima. O deputado chegava lá e dizia eu quero isso, o balconista despachava”, acrescentou, comparando.  

Analisando o cenário, o parlamentar pontuou que “está tudo mal” e deixou claro como será a postura da “nova oposição” a partir deste momento. Apesar de se colocar favorável “a maioria das ideias” do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Costa disse que pretende trabalhar para que a gestão fruto, segundo ele, “do desrespeito a vontade soberana de 54 milhões de brasileiros”, não seja legitimada. 

“Não vou ter o comportamento desta oposição. Não vou ser irresponsável como esses caras foram, passaram dois anos trabalhando contra esse país. O meu debate é a democracia”, cravou o parlamentar que está em articulação para ser o líder da minoria da Câmara Federal.  

[@#video#@]

Reforçando que a postura dele não será contra o país, Silvio Costa disse que Temer terá dificuldades em aprovar projetos no Congresso. “Michel Temer não está em céu de brigadeiro. Esses movimentos construíram efeitos colaterais”, destrinchou, contando que esta semana encontrou com o ex-governador de Minas, Nilton Carneiro, reunido com a bancada do PMDB em um restaurante de Brasília para comemorar a indicação do filho para o Ministério da Defesa, quando ao final quem ocupou o cargo foi o deputado federal Raul Jungmann (PPS).  

“Você acha que a bancada do PMDB de Minas está satisfeita? Essa coisa de Michel Temer dizer 367 votos a gente tem uma base é falácia. Quero ver um Arnaldo Faria de Sá e um Paulinho da Força, que também está insatisfeito, votar a favor da reforma da previdência”, acrescentou, dizendo estar curioso para ver como a nova base governista vai se posicionar diante de propostas como a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e das políticas de desonerações.

Erros de Dilma

Apesar do processo de impeachment ser baseado nas pedaladas fiscais e na edição dos decretos, os parlamentares pontuam diversos erros da presidente entre as justificativas dos que votaram pela admissibilidade, inclusive, a própria Dilma reconheceu ter cometido erros. Indagado sobre quais foram os principais, Silvio Costa lembrou as desonerações do início do governo e as mudanças constantes nos ministros de articulação política. 

“Dilma fez uma política de desoneração de carro, folha e linha branca. Com isso o país deixou que arrecadar R$ 400 bilhões. Ela reconhece que houve um exagero de [Guido] Mantega na desoneração. E o Brasil ficou com fluxo de caixa”, frisou, contando que Paulo Skaff fazia lobby na Câmara para aprovação de Medidas Provisórias.

Reconhecendo também a falta de articulação política, Silvio Costa revelou que apesar de ser vice-líder do governo há dois anos só estreitou as relações com a petista há seis meses. “Quando um time de futebol fica mudando de treinador é porque as coisas vão mal. Quantos ministros de articulação nós não tivemos? Michel Temer foi preparar o golpe lá na articulação. As derrotas ensinam muito, tenho certeza que quando voltarmos ela não fará a mesma coisa”, cravou. 

Novos ministros

Questionado sobre como avaliava a participação dos deputados federais de Pernambuco nos ministérios da Educação e Cultura, Minas e Energia, Cidades e Defesa, Silvio Costa foi conciso. “Quero que os ministros de Pernambuco se dêem bem. Cada um construiu, ao seu modo, a chegada aos cargos. Se depender de mim esses ministros serão sazonais. Dilma vai voltar”, sentenciou. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando