Tópicos | êxodo

Um lobo, uma cabra, corujas e, evidentemente, cachorros e gatos: o "Lar para Animais Resgatados", em Lviv, recebe animais de todo tipo. Todos foram abandonados pelos seus donos, que fugiram da Ucrânia após a invasão russa.

Um lobo de olhos claros dá voltas em sua jaula, a cabra Bóris toma banho de sol nesses primeiros dias de primavera, um grupo de corujas observa, imóvel, em fila e na sombra, a situação a partir de seu poleiro.

Uma dezena de gatos de Kiev foram alojados em um edifício anexo. Cachorros, interessados em passear em um parque próximo dali, latem no estábulo chamando pelos voluntários.

"Dos migrantes que vieram de Kharkiv, Kiev, Mykolaiv e partem para o exterior passando por Lviv, muitos deixam os seus animais", contou Orest Zalypskii, gerente do abrigo que antes da guerra só recebia animais exóticos.

"Essa guerra reforçou o nosso compromisso", disse o homem de 24 anos.

Segundo a ONU, mais de 3,7 milhões de ucranianos fugiram do país desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Mais de dois milhões cruzaram a fronteira com a Polônia, onde a AFP viu muitos amantes de animais com cachorros, gatos, papagaios e tartarugas, para leva-los a um lugar seguro.

Porém, ao chegar a Lviv, última etapa antes da fronteira polonesa, a 70 quilômetros, alguns deslocados se sentem incapazes de continuar com seus animais.

- Animais "estressados" -

Segundo Zalypskii, o albergue recebeu 1.500 animais desde o início do conflito, muitos deles dos migrantes, mas também de abrigos nos "pontos quentes" do leste do país.

Entre 10 e 20 animais foram recuperados na estação de Lviv, no caos dos primeiros dias da guerra, quando passageiros desesperados invadiam os vagões.

"Nós não temos um sistema organizado", disse o gerente do abrigo. "Só temos muitos voluntários recolhendo" os animais.

Um cachorro que chegou de uma região assolada pela guerra no leste não saiu de seu abrigo por duas semanas. Um gato, abandonado por seu dono de sete anos, está completamente perdido.

"Somos mordidos e arranhados", contou Zalypskii. "Os animais estão muito estressados".

No entanto, os animais abandonados aqui não permanecem muito tempo. Uns 200 foram adotados por habitantes de Lviv, enquanto que muitos outros foram levados por voluntários à Alemanha, à Letônia ou à Lituânia.

Atualmente, não há gatos para adotar, todos estão prestes a partir para a Polônia.

Não é nem meio-dia e Zalypskii acaba de assinar a terceira adoção de cachorro do dia. O abrigo foi invadido por casais, amigos e famílias que chegam para levar os cachorros para o passeio de fim de semana.

O número de pessoas que deixaram a Ucrânia desde o início dos combates já chega a 1,45 milhão, informa a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A agência de migração da Organização das Nações Unidas (ONU), citando números de ministérios governamentais dos países de destino, disse neste sábado que 787.300 dos refugiados foram para a Polônia, enquanto cerca de 228.700 fugiram para a Moldávia, 144.700 para a Hungria, 132.600 para a Romênia e 100.500 para a Eslováquia.

##RECOMENDA##

Nunca antes tantos brasileiros viveram fora de seu país. Sobrecarregados pela insegurança e pelas dificuldades econômicas, a cada ano, dezenas de milhares de jovens e aposentados, ricos e pobres, fazem as malas para reconstruir suas vidas longe da maior economia da América Latina.

Historicamente uma terra de acolhimento de asiáticos, africanos e europeus, o Brasil agora vê seus filhos partirem: 4,2 milhões deles viviam no exterior em 2020, número que começou a crescer ininterruptamente desde 2016, quando o Itamaraty registrava três milhões de emigrantes.

A situação se aprofundou desde a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência, em 2019.

"Não sei se diria que estava infeliz (...) mas não via futuro. Já estava pensando em ter uma família e pensei: 'não posso fazer isso aqui'. Eu amo meu país, minha família inteira está lá, mas, por enquanto, meu marido e eu não estamos pensando em voltar", disse Gabriela Vefago Nunes à AFP.

Como muitos que buscam melhores empregos e qualidade de vida, esta enfermeira de 27 anos deixou sua terra natal em setembro para se estabelecer em Québec, no Canadá, o nono destino mais procurados por migrantes brasileiros, com 121.950 pessoas registradas.

Com quase 1,8 milhão, os Estados Unidos encabeçam a lista, seguidos por Portugal (276,2 mil) e Paraguai (240 mil), onde houve migração de perfil rural na década de 1970, segundo relatório recente do Ministério das Relações Exteriores.

- "Nada em troca" -

Os altos índices de violência, inflação, desemprego e o impacto da pandemia da covid-19 são os ingredientes do maior êxodo do Brasil, que supera a fuga migratória surgida em meados dos anos 1980 (1,8 milhão), então motivada pela hiperinflação, concordam especialistas ouvidos pela AFP.

"Agora se trata, principalmente, de uma questão econômica, de falta de oportunidades de trabalho, da impossibilidade de crescer no mercado, de ganhar mais dinheiro, poupar, comprar uma casa", explica Gabrielle Oliveira, especialista em migração e professora da Universidade de Harvard.

"As pessoas perderam a confiança e se sentem, de alguma maneira, traídas por seu próprio país. Pensam: 'Eu dei tanto e não recebo nada em troca'", acrescenta.

O engenheiro mecânico Marcos Martins, de 58 anos, considera-se um privilegiado por ter uma vida profissional "mais bem-sucedida" do que boa parte dos brasileiros. Ainda assim, também pretende partir. E, em abril, espera já ter trocado a "estressante" cidade do Rio de Janeiro por Lisboa, onde pretende continuar seus empreendimentos, junto com sua mulher.

O relatório do Ministério brasileiro das Relações Exteriores não especifica idades, nem condições socioeconômicas, mas Oliveira afirma que os migrantes que vão para Estados Unidos e Europa têm perfis muito variados. Ainda assim, esclarece a especialista, em sua maioria, são jovens e homens.

Na diáspora dos anos 1980, aqueles que deixaram o país eram, principalmente, pessoas de maior poder aquisitivo. Agora, alguns brasileiros pobres vendem seus pertences e até se endividam para poderem migrar, de forma irregular, ou legalmente, relata Oliveira.

- Risco futuro -

Em Portugal, há vantagens fiscais para aposentados e empresários brasileiros, diz a publicitária carioca Patrícia Lemos. Em 2018, ela montou neste país europeu uma empresa para ajudar seus compatriotas a se mudarem e se adaptarem.

"Aqui, uma pessoa de 50, 60 anos, consegue trabalhar. No Brasil, não consegue trabalho nem para vender pipoca", diz Patrícia, destacando que muitos de seus compatriotas se estabelecem com mais facilidade na Europa por terem nacionalidade portuguesa, ou italiana, produto da colonização, ou da recepção de migrantes da Itália.

Segundo especialistas, além de perder mão de obra qualificada de setores com alta demanda, como o de tecnologia, o êxodo pode ser um risco para o futuro do país, devido às projeções recentes que alertam para um envelhecimento populacional.

Em 2100, o grupo etário a partir dos 65 anos poderá representar 40,3% dos 213 milhões de brasileiros, contra 7,3% em 2010, segundo um relatório publicado em outubro passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério da Economia. O grupo abaixo de 15 anos cairá de 24,7% para 9%.

"É algo que, para o futuro, pode complicar muito, quando você vê muitas pessoas se aposentando e menos pessoas na idade produtiva", alerta a especialista Gabrielle Oliveira.

Dez dias atrás, ao concluir a votação do texto-base do projeto que altera o Código Eleitoral, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara, fez um comentário sobre um parlamentar do partido Novo que deu o que falar no plenário e nas redes sociais, entre críticos e apoiadores da legenda.

"Todos já votaram no plenário? Eu ia perder ali o nosso deputado, futuro progressista, Marcel van Hattem", disse Lira, indicando que o parlamentar gaúcho, um dos oito representantes do Novo na Câmara, deixará a legenda e voltará ao partido do qual saiu em 2018. Quando um deputado o alertou de que Van Hattem era "ex-progressista", Lira não se fez de rogado: "Vai ser futuro. Ninguém se perde no caminho da volta".

##RECOMENDA##

Diante da saia-justa, Van Hattem, que faz parte da ala que se opõe à posição do partido e de seu fundador e ex-candidato à Presidência, João Amoêdo, de apoiar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro e atuar como oposição ao governo, apressou-se em negar a sua saída do Novo.

"Esse episódio foi uma brincadeira que o Arthur Lira tem feito comigo desde o início do mandato, em 2019", disse ao Estadão. "Só que, desta vez, ele fez isso ao microfone e acabou gerando, sem querer, um grande mal-entendido. Nada além disso."

Êxodo. Apesar do desmentido e de Van Hattem afirmar que o seu plano A "sempre foi e continua sendo" ficar no Novo, a possibilidade de ele deixar o partido, ao lado de quatro ou cinco colegas de bancada que rezam pela mesma cartilha, é real, e poderá se materializar na próxima "janela partidária", em março, aprofundando o "racha" vivido pela agremiação.

Além de Van Hattem, poderão se desligar do Novo os deputados Alexis Fonteyne (SP), Lucas Gonzales (MG) e Gilson Marques (SC), todos candidatos à reeleição, e Paulo Ganime (RJ), líder do partido na Câmara, que pretende se candidatar ao governo do Rio em 2022. Em princípio, a deputada Adriana Ventura (SP), que também quer disputar a reeleição, deverá ficar, mas a sua saída não está descartada e dependerá de como a legenda vai lidar com os conflitos internos nos próximos meses.

Se o êxodo se confirmar, como tudo indica no momento, a bancada do Novo ficará reduzida aos deputados Tiago Mitraud (MG), que não deverá ser candidato à reeleição, Vinicius Poit (SP), já aprovado no processo seletivo do partido como pré-candidato ao governo paulista, ambos mais alinhados com a ala de Amoêdo, e talvez Adriana.

Convenções. Mais do que uma decisão voluntária, a migração dos parlamentares para outras siglas deverá ser a única alternativa para eles não ficarem sem legenda para participar do pleito no ano que vem. Embora os mandatários que queiram se candidatar à reeleição não precisem passar novamente pelo processo seletivo realizado pelo Novo, eles poderão ser vetados nas Convenções Estaduais, que dão o aval final às candidaturas, por não apoiarem o impeachment e defenderem a adoção de uma postura "independente" pelo partido. "Se o entendimento dos convencionais for de que a neutralidade é uma forma velada de apoio ao Bolsonaro, é possível que as candidaturas de quem não segue as diretrizes partidárias sejam vetadas", diz Eduardo Ribeiro, presidente do Novo.

Já Paulo Ganime, que participa do processo seletivo que definirá o pré-candidato do Novo ao governo do Rio, poderá perder o lugar para Juliana Benício, candidata do Novo à Prefeitura de Niterói em 2020, estimulada a entrar na disputa com o deputado pelos próprios dirigentes do partido.

Como o resultado do processo seletivo deverá ser anunciado até o fim de setembro, Ganime ainda terá tempo de aproveitar a janela partidária para mudar de legenda se for preterido, embora afirme que poderá até deixar a política. Mas os parlamentares que pretendem concorrer à reeleição não terão a mesma oportunidade. Pelo calendário eleitoral, as Convenções só deverão ocorrer em julho, três ou quatro meses depois da janela partidária. Se eles ficarem no Novo até lá, perderão a chance de trocar de partido caso as suas candidaturas sejam rejeitadas.

Comissão de Ética. Há, ainda, o risco de os candidatos à reeleição ficarem sem legenda se forem punidos pela Comissão de Ética do Novo. O deputado Alexis Fonteyne, por exemplo, tem um processo contra ele correndo no órgão, por ter chamado Amoêdo de "calopsita" e poderá ser duramente penalizado por isso, a julgar pelas decisões tomadas recentemente em casos semelhantes.

Apesar de não haver prazo para a Comissão de Ética avaliar os processos pendentes, Fonteyne espera que a questão também seja definido em tempo de aproveitar a janela, se necessário. "Imagine a loucura se você não mudar de partido na janela, por acreditar que o Novo iria lhe dar legenda, e de repente, lá na frente, ele não lhe der", afirma. "Aí, como é que fica? Você não poderá mais voltar atrás e mudar de partido."

Se depender dos mandatários, eles preferem continuar no partido. A maioria entrou na política pelo Novo e se diz identificada com os valores e princípios da legenda. Pelo que dizem, será uma frustração ter de deixar o Novo por uma questão conjuntural, que consideram menor, e não por discordar das grandes bandeiras partidárias, como a liberalização da economia, a privatização e o combate ao mau uso do dinheiro público e à corrupção.

Diferença ideológica. Segundo Ganime, não há uma diferença ideológica muito grande entre as duas alas em que o Novo se dividiu. "O que está dividindo o partido não é uma visão do que se quer para o País. Todos os mandatários que conheço têm a mesma posição do partido, de não querer a eleição do Lula do Bolsonaro ou do Ciro Gomes e querer uma opção que pacifique o País e possa conduzir o governo de forma sensata, sem polarização, sem discursos absurdos e sem ódio", diz. "O problema é que uma parte de filiados acha que quem não quer impeachment é bolsonarista ou é contra os valores do partido, mas ser a favor ou contra o impeachment não é o que define quem é do Novo."

Ainda que possa parecer estranho para muita gente, a possível saída de deputados da legenda não parece preocupar nem a direção partidária nem Amoêdo. O fundador do partido afirma até que o "racha" é positivo. "Na minha avaliação, a saída de filiados que são contra o impeachment fortalece a unidade partidária, fundamental para o crescimento do partido", afirmou Amoêdo, em publicação nas redes, ao comentar a desfiliação do cientista político Christian Lohbauer, um dos fundadores do Novo e ex-candidato a vice-presidente em sua chapa em 2018, anunciada na quinta-feira passada. "Nossa oposição ao governo e a defesa do impeachment vão continuar e nortear as nossas candidaturas em 2022", diz Eduardo Ribeiro. "É compreensível que os mandatários que não concordem com essa posição queiram buscar outro partido."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, profissionais da saúde estão trabalhando com pagamentos atrasados há três meses no Amazonas, um dos primeiros Estados a entrar em colapso por causa do surto da Covid-19 no País. No ano passado, houve "êxodo" de médicos do Amazonas para outras regiões.

De acordo com o presidente da Associação Médica do Amazonas (AMA) e secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM), Jorge Akel, além da falta de equipamentos de proteção para trabalhar, médicos, enfermeiros e técnicos precisam lidar com os atrasos da remuneração que vêm se arrastando nos últimos cinco anos. O atual governo herdou da gestão anterior os débitos com as cooperativas médicas, que atuam na rede pública de saúde.

##RECOMENDA##

"Nós estamos com expectativa de pagarem agora, no fim de abril, os salários de fevereiro, que correspondem ao que os médicos trabalharam em janeiro. Cerca de 2 mil médicos dependem desses pagamentos. O discurso do Estado é que no contrato com as cooperativas está previsto que pode haver um atraso de até três meses dos salários, como se os médicos fossem uma mercadoria comprada da empresa - e não, eles estão prestando serviço médico. Esses profissionais têm nome, CPF e uma família (para sustentar)", disse Akel.

Cerca de 549 profissionais, em 2019, solicitaram transferência do Amazonas para outros Estados, segundo dados do CRM-AM. Conforme o secretário do conselho, a maioria foi embora por causa de dificuldades para manter a família, em razão dos constantes atrasos nos pagamentos.

O Sindicato dos Trabalhadores em Santas Casas, Entidades Filantrópicas e Religiosas, e em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Amazonas (SindPriv-AM), que representa trabalhadores da rede privada e pública, tem acompanhado a situação. Segundo o SindPriv-AM, pelo menos 2 mil enfermeiros estão sem receber há meses.

"Os maqueiros também estão com pagamentos atrasados e ainda assim continuam trabalhando na linha de frente nos hospitais. Já tentei falar com o ordenador de despesa, que libera para a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). Ele não me responde.

Não conseguimos contato com ele porque os serviços estão suspensos", afirmou a presidente do SindPriv, Graciete Mozinho.

"Cobrei do ordenador, do procurador. Não sei como esses profissionais estão indo trabalhar, está triste a situação."

Além dos salários atrasados, os profissionais têm de lidar com a falta de equipamentos.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam) informou que os profissionais que prestam serviços por meio de empresas ou cooperativas recebem pró-labore e não salário, uma vez que são sócios ou cooperados.

Ontem, a Sefaz confirmou o pagamento de aproximadamente R$ 40 milhões para as cooperativas médicas - valor referente a fevereiro. Na última quarta-feira, já haviam sido pagos R$ 20 milhões para os profissionais chamados "áreas meio", como maqueiros e equipes de conservação e limpeza. Já os valores de março devem ser quitados até o fim de maio.

Infecções

O número de casos do novo coronavírus aumentou para 2.888 no Amazonas. Em boletim divulgado ontem, o Estado registrou mais 409 novos casos da Covid-19. Também foram confirmados mais 28 óbitos, elevando para 234 o total de mortos no Estado. Entre os casos confirmados, 2.286 são de Manaus e 602 do interior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde a queda do muro de Berlim, há 30 anos, milhões de alemães orientais abandonaram a ex-República Democrática Alemã para construir um futuro no ocidente, mas atualmente muitos deles querem voltar para casa. 

Muitas vezes são famílias inteiras, como os Hoffman. "Queria voltar a trabalhar em tempo integral", diz Peggy em seu apartamento temporário em Glindenberg, povoado nos arredores de Magdeburgo, para explicar sua volta à região da Saxônia-Anhalt, onde nasceu há 29 anos.

O leste da Alemanha herdou uma tradição da ex-RDA comunista que perdura até hoje, e que permite às mães conciliar o trabalho e os filhos. O oeste é mais conservador sobre isso. Se espera que elas permaneçam em casa para cuidar de seus filhos pequenos, e há poucas opções de cuidado infantil.

Peggy conseguiu no ano passado um trabalho em uma seguradora em Magdeburgo. Também encontrou uma creche para seus dois filhos aberta o dia todo, como nos dias da RDA.

"Para uma mulher ativa, é um sonho!", diz. Seu marido, Carsten, apoia, mas a decisão não foi fácil.

A volta "foi muito difícil para mim no início", diz Carsten, de 33 anos. Era necessário abandonar um trabalho fixo. Ele tinha medo de ganhar muito menos, mas finalmente encontrou trabalho sem perda de salário.

- Uma bênção -

Uma família como os Hoffmann é uma verdadeira bênção para região de Saxônia-Anhalt.

O local está desesperadamente escasso de mão de obra devido ao envelhecimento da população vinculado ao êxodo dos últimos 30 anos.

O leste do país "perdeu por volta de 1,2 milhão de pessoas entre 1991 e 2017", diz em entrevista à AFP Nico Stawarz, pesquisador do Instituto Federal de Demografia de Wiesbaden.

A primeira onda aconteceu pouco depois da reunificação, quando a indústria da Alemanha Oriental entrou em colapso; e a segunda por volta do ano 2000, quando o desemprego chegou a 20%.

Especialmente os jovens com bom nível de educação foram embora, entre eles muitas mulheres.

Uma perda assim "não será fácil de compensar", diz o pesquisador. Mas pelo menos a hemorragia foi estancada.

Em um estudo recente, o instituto descobriu que, pela primeira vez, o número de chegadas no leste superou em 2017 o número de saídas.

"Vemos avanços positivos no leste", diz Stawarz, como uma economia mais dinâmica, diminuição do desemprego e surgimento de centros urbanos atrativos com suas universidades, como Magdeburgo.

Em consequência, se os salários, as aposentadorias e a produtividade continuarem sendo inferiores na média, menos alemães orientais abandonarão sua região, e cada dia mais ex-migrantes voltarão.

Eles têm entre 29 e 45 anos, passaram uma média de 10 anos no oeste, fundaram uma família e finalmente voltaram "em busca de melhor qualidade de vida", diz Stawarz.

Entre os atrativos para essa decisão estão o cuidado de qualidade para crianças, preços razoáveis de imóveis e a proximidade de parentes.

- Superando mal-entendidos -

"Saxões, voltem!" para Saxônia, "mv4you" para Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e "Centros de Acolhimento" na Saxônia-Anhalt são algumas das iniciativas para estimular esse retorno.

Os conservadores em Thüringen, onde aconteceram eleições no último final de semana, propuseram um bônus de retorno de cerca de 5.000 euros. A cada ano são feitas feiras oferecendo empregos.

Essas regiões não têm outra opção, disse à AFP Kerstin Mogdans, que coordena a assistência de retorno do "Centro de Acolhimento" em Magdeburgo e gerenciou a família Hoffmann.

"As pessoas não vêm aqui a qualquer preço, não fogem dos lugares onde vivem (...) e é por isso que é tão importante que as empresas saibam como apresentar suas ofertas", diz.

Um ano depois de seu retorno, os Hoffmann dizem que fincaram raízes em Glindenberg, e pretendem se mudar para uma casa que compraram no povoado.

Eles dizem que até se "sentem bem" no oeste, e admitem ter se surpreendido ao escutar a si mesmos dizer numa conversa, com desdém: "oh, é tão 'Ossi'!", o diminutivo depreciativo usado para as pessoas provenientes da Alemanha Oriental.

Em seu retorno para Saxônia-Anhalt, tiveram outra surpresa: foram confundidos com "Wessis", como são chamadas as pessoas da Alemanha Ocidental, e eram vistos com certa desconfiança, ou pelo menos com curiosidade.

"Mas estamos conseguindo superar esse mal-entendido", diz Peggy com um enorme sorriso.

O êxodo de venezuelanos está perto de chegar a 5 milhões de pessoas, e países vizinhos sentem aumentar a pressão para conceder-lhes amparo de longo prazo, disseram autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Europeia (UE).

Cerca de 4,5 milhões de refugiados e imigrantes fugiram da Venezuela desde 2015, segundo cifras oficiais e uma média de 5 mil pessoas deixam o país diariamente.

##RECOMENDA##

O que fazer com a migração venezuelana? Mais restrições? Um fundo comum? Representantes de 12 países da América Latina debatem, a partir desta segunda-feira (3), em Quito, como chegar a uma solução comum para o êxodo de pessoas que transitam pelo continente, fugindo da severa crise na Venezuela.

A região, que no passado viu sair milhões de latino-americanos para Estados Unidos ou Europa em busca de trabalho, ou por causa da violência, enfrenta uma incomum migração dentro de suas fronteiras.

Representantes de 12 países da América Latina se reúnem a partir de hoje, na capital equatoriana, para tentar definir os primeiros passos para uma política regional frente ao êxodo.

O encontro termina nesta terça com declarações à imprensa, disse a Chancelaria equatoriana, que sediará a reunião.

Apesar de ter sido convidado, até domingo Quito não havia recebido a confirmação da participação de representantes do governo de Nicolás Maduro, cada vez mais isolado no continente por conta de suas políticas e abusos em direitos humanos e criticado pela oposição, pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e por outros organismos internacionais.

"Um esforço regional servirá para que nossos países deem uma melhor resposta a essas situações", afirmou o ministro das Relações Exteriores do país anfitrião, José Valencia.

A convite do Equador, estarão presentes Argentina, Bolívia (aliado da Venezuela), Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

Sobre a mesa devem estar propostas que vão da eliminação de restrições à migração, ou unificação de medidas para o trânsito de venezuelanos, até um fundo comum a pedido da ONU, como propõe a Colômbia.

Ou ainda o estabelecimento de um sistema de cotas de atenção aos migrantes, como sugeriu na semana passada o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, em sua passagem por Bogotá, onde anunciou recursos europeus de 35 milhões de euros para atender à "crise migratória" negada por Caracas.

"É indispensável que cada país assuma sua porção de responsabilidade", advertiu o vice-ministro equatoriano da Mobilidade Humana, Santiago Chávez.

Isso inclui a Venezuela, a cujo governo será pedido que "implemente políticas" para que a migração seja "atendida de maneira adequada", acrescentou.

- Pressão sobre Maduro -

Cerca de 2,3 milhões de venezuelanos (7,5% da população de 30,6 milhões) vivem no exterior, dos quais 1,6 milhão emigrou desde 2015, quando piorou a escassez de remédios e alimentos em seu país em meio a uma hiperinflação que pulveriza os salários.

Colômbia, Peru e Equador são os principais receptores do fluxo migratório, que se estende para outras nações sul-americanas, como o Brasil.

Para Daniela Salazar, advogada especializada em Direitos Humanos, é necessário atacar as causas da migração, e não apenas buscar paliativos para seus efeitos.

"Já que os governos sentem que isso lhes está afetando, que pelo menos sirva para que não olhem para o outro lado e realmente ponham pressão internacional suficiente para gerar uma mudança na situação política na Venezuela", disse Salazar, catedrática da Universidade San Francisco de Quito.

Na região não há uma postura única frente à situação da Venezuela. Em meio às críticas que a maioria lança contra Maduro, a Bolívia é uma voz dissonante que defende o presidente venezuelano.

A OEA também convocou para 5 de setembro uma reunião extraordinária para tratar do fenômeno migratório.

- Restrições e xenofobia -

Em cada fronteira que cruzam, os venezuelanos enfrentam diferentes requisitos. A Colômbia pede documento de identidade para quem está em trânsito e passaporte para os que pretendem ficar. O Equador exige identidade com um certificado, e o Peru, um passaporte, ou pedido de abrigo.

O Defensor Público do Equador, Ernesto Pazmiño, considerou que "todos os governos deveriam flexibilizar o ingresso para amrnizar essa crise humanitária".

A migração de venezuelanos é uma das maiores da história da América Latina. A situação transbordou a capacidade de atenção dos países, onde já haviam aparecido focos de xenofobia e violência por confrontos com a população local, como no caso do estado de Roraima, onde militares reforçarão a segurança por ordem do governo.

Na quinta-feira passada, a capital equatoriana foi palco de pequenas marchas simultâneas de protestos, sem o registro de incidentes: uma, de trabalhadores informais contra os migrantes venezuelanos, e outra, de ativistas contrários à xenofobia.

"É urgente que os governos abram suas fronteiras, e os habitantes não fechem as portas aos venezuelanos para evitar surtos de xenofobia", disse Pazmiño à AFP.

Em Quito, os governos vão tratar do espinhoso assunto das "necessidades financeiras" para atender aos migrantes, segundo Chávez, motivo pelo qual pedirá contribuições internacionais.

Em meio a uma crise institucional sem precedentes, a natação brasileira vê também uma debandada inédita. Pelo menos oito dos melhores jovens nadadores do País estão de malas prontas para fazer faculdade nos Estados Unidos e lá se desenvolver como atletas. Estão de saída nomes como Brandonn Almeida, medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, e Felipe Ribeiro, velocista que bateu um por um os recordes de Matheus Santana na base.

Trocar os programas de treinos dos clubes brasileiros pela oportunidade de estudar e treinar em solo americano não chega a ser uma novidade. Ricardo Prado foi um desbravador, nos anos 1980, mas, depois dele, fizeram este caminho Gustavo Borges, Cesar Cielo, Henrique Barbosa, Nicolas Oliveira, João de Lucca e Marcelo Chierighini.

##RECOMENDA##

Nunca, porém, tanta gente deixou o País de uma só vez. Dos bons nadadores que terminam o ensino médio este ano ou o fizeram em 2015, praticamente só não vai se mudar para os Estados Unidos quem não cumpriu os requisitos escolares. Pelo menos 14 nadadores, de diferentes níveis, já estão acertados com equipes da NCAA, a liga esportiva universitária.

Brandonn Almeida, de 19 anos, já se comprometeu com uma universidade tradicional: South Carolina. Nem ele nem o Corinthians comentam o futuro, à espera da aprovação em todas as provas. Maria Paula Heitmann, de 17, que foi ao Rio-2016 pelo programa do COB Vivência Olímpica, está fechada com Indiana, para onde seguirá em agosto. Para o Minas, clube dela, esse é "processo natural na história da natação brasileira, devido à ausência de uma política que una esporte de alto rendimento e formação acadêmica".

Florida State vai se reforçar com Felipe Ribeiro, de 18 anos, da Unisanta, e Ana Giulia Zortea, de 16, do Flamengo. "Acho que enquanto a CBDA não resolver seus problemas internos, estaremos sempre nessa insegurança", disse Ana Giulia, uma das cinco juvenis que disputou o Sul-Americano Absoluto pela seleção principal, este ano.

A crise da CBDA não é o único fator que leva os nadadores aos Estados Unidos, até porque a aprovação é um processo demorado, que dura mais de um ano. O cenário inclui o contraste de um bom momento da natação brasileira na revelação de talentos com o corte de investimentos dos clubes no início de ciclo olímpico.

No Missouri devem estudar Giovanny Lima, de 19 anos, e Bruna Primati, também de 19, as duas maiores revelações do Sesi-SP, ambos com passagens pela seleção brasileira adulta. Caio Pumputis, de 17, atleta mais eficiente do último Brasileiro Juvenil, do Pinheiros, vai para Georgia Tech.

No ano passado, 14 brasileiros participaram da NCAA, a maioria por universidades sem tradição. Destaque apenas para Arthur Mendes Filho, em Auburn, e Vinicius Lanza, em Indiana.

Depois de destruir estradas, pontes, casas e provocar a morte de 16 pessoas em países do Caribe, o furacão Matthew deverá atingir nesta quinta-feira (6) à noite a costa dos Estados Unidos. Por causa disso, cerca de 2 milhões de pessoas que moram no litoral dos estados da Flórida, da Carolina do Sul e da Geórgia estão se deslocando para o interior do país. Esse é o maior êxodo provocado por desastres naturais registrado nos Estados Unidos em um período de dez anos. O deslocamento está sendo orientado pelas autoridades norte-americanas como forma de "proteger vidas humanas" e reduzir prejuízos materiais.

Segundo o Centro Nacional de Furacões de Miami, os ventos fortes estavam, nas últimas horas, na categoria 3, que pode levar à velocidade de 210 quilômetros por hora. De acordo com o centro, no entanto, o furacão poderá passar à categoria 4, quando chegar próximo à costa norte-americana. Isso significa que a força dos ventos do Matthew poderá chegar à velocidade de 250 quilômetros por hora.

##RECOMENDA##

Aulas suspensas

Antes de ordenar o deslocamento, os estados da Flórida, da Geórgia, da Carolina do Sul e da Carolina do Norte decretaram estado de emergência. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tinha dois compromissos na Flórida nessa quarta-feira (5) e teve de cancelar a viagem por causa do furacão. As aulas também foram suspensas em várias áreas dos Estados Unidos. Os habitantes da Costa Leste norte-americana estão aceitando, sem criar dificuldades, a orientação das autoridades para que se desloquem para outras cidades, estados ou o interior. Algumas famílias alegam motivos para não sair, entre eles a falta de dinheiro. Nesse caso, as autoridades enviam funcionários ou socorristas à casa das pessoas para dizer que o que está em jogo é a sobrevivência delas e que, por causa da ameaça do furacão, precisam sair. A evacuação das pessoas está sendo feita com mais intensidade na Geórgia, na Flórida e na Carolina do Sul,  locais que serão atingidos de maneira mais drástica pelo furacão.

Por causa do deslocamento, o trânsito está bastante engarrafado nas estradas da Geórgia, Flórida e Carolina do Sul. Também faltam produtos nas prateleiras de supermercados de várias cidades a serem atingidas. As pessoas estão comprando alimentos, produtos de limpeza e água para estocar. Alguns postos de gasolina também tiveram que fechar por falta de combustível devido à grande procura.

Numa preparação para a chegada do furacão aos Estados Unidos, o serviço norte-americano de meteorologia alertou a população para a possibilidade de "perdas de vida" e "imenso sofrimento humano" para quem não tomar as medidas de precaução sugeridas pelas autoridades. O serviço de meteorologia também fez um alerta para o risco de danos em residências e em prédios públicos e informou que alguns locais a serem atingidos pelo furacão poderão ficar "inabitáveis por semanas".

Caribe

Com relação às regiões do Caribe onde o furacão deixou destruição, principalmente Cuba, o Haiti, a República Dominicana e Bahamas, as autoridades desses países ainda tentam restaurar serviços públicos interrompidos pela passagem do furacão. Cerca de 3.500 turistas que estavam passando férias nas Bahamas foram impedidos de sair do país por causa dos fortes ventos e tempestades.

No Caribe, também houve deslocamento de pessoas por causa do furacão. Segundo a ONU, foram evacuadas mais de 377 mil pessoas só em Cuba. Não houve deslocamentos no Haiti porque, devido à pobreza do país, as pessoas não têm para onde ir. Por isso, cerca de 350 mil haitianos estão necessitando de assistência imediata. Eles precisam de abrigo, de medicamentos, alimentos e água, conforme informou a Organização das Nações Unidas (ONU). Os hospitais do Haiti estão lotados e não há mais como receber novos pacientes.

O Haiti está sofrendo novamente os efeitos de um desastre natural. O último desastre natural sofrido pela população do país foi em janeiro de 2010, quando um terremoto devastador provocou a morte de cerca de 200 mil pessoas.

O momento da expatriação era motivo de celebração para qualquer executivo de multinacional pelas regalias que uma oportunidade no exterior sempre embutiu: auxílio com a mudança, ajuda para moradia, colégio para os filhos, carro à disposição... A crise econômica agora alimenta o afã dos profissionais alocados no Brasil em tentar a vida lá fora - por isso, os executivos têm mostrado mais disposição para aceitar condições menos favoráveis para concretizar essa mudança.

Hoje, em vez de mandar o profissional como funcionário expatriado, algumas empresas estão oferecendo novas oportunidades lá fora, isentando-se de quase todos os custos da mudança. "A pessoa é desligada aqui e recontratada lá", explica Daniel Cunha, diretor da consultoria Exec. "É uma espécie de 'informalização' desse processo de expatriação."

##RECOMENDA##

Isso ocorre porque os profissionais estão muito dispostos a tentar a vida no exterior neste momento de crise no Brasil. "O mercado está demandante", diz Henrique Bessa, diretor executivo da empresa de head hunting Michael Page. "A procura por oportunidades de expatriação aumentou cerca de 80% em relação ao ano passado. Hoje, as pessoas sabem que a situação do País vai se manter complicada por mais dois ou três anos. É um cenário caótico e que faz o executivo olhar para fora."

É um cenário completamente diferente do visto há relativamente pouco tempo. Em 2011 e 2012, eram os estrangeiros que faziam fila para vir morar no Brasil. "Até dois anos atrás, havia uma briga grande por salário. Para o cargo de CFO (diretor financeiro), o profissional que era destacado para o Brasil ganhava mais do que o chefe global. Havia essa distorção, e muitas vezes era difícil explicar isso para a matriz."

Agora, os salários nacionais não só caíram em relação aos pagos anteriormente, mas também ficaram comparativamente mais baixos do que os de outros mercados, por causa da desvalorização do real.

O dólar próximo a R$ 4 é, aliás, mais um fator que aquece a busca por oportunidades lá fora. "Ganhar em dólar agora é visto como um benefício importante. Se o dólar continuar na trajetória de alta, o executivo pode fazer um bom 'pé de meia' em reais ao ir para o exterior."

Diante do cenário desfavorável no médio prazo e das vantagens econômicas da expatriação, ainda que sem as regalias de antigamente, Bessa prevê uma "debandada" de executivos do País nos próximos três anos.

Vantagem

Oferecer uma vaga no exterior pode ser, do lado da empresa, uma forma de reter um talento. Para o executivo, pode ser uma forma de fugir do mercado brasileiro, que seguirá "morno" em oportunidades de crescimento profissional. "Os brasileiros são considerados talentos globais, pois o País é a sede da matriz latino-americana de 75% das multinacionais com negócios na região", diz Cunha, da Exec. "Hoje, fica claro nas entrevistas que os executivos estão mais dispostos a se movimentar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A nova aventura épica do diretor Ridley Scott, Êxodo: Deuses e Reis, ganhou um trailer. O filme, que está com estreia prevista para 25 de dezembro no Brasil, conta com a participação de grandes atores como Christian Bale, Sigourney Weaver e Bem Kingsley.

##RECOMENDA##

Êxodo é uma reinterpretação da passagem bíblica em que Moisés, interpretado por Christian Bale, ascende contra o faraó Ramsés e leva 600 mil escravos em uma jornada monumental para escapar do Egito e as pragas que aterrorizam o local.

A política de austeridade implementada pela Espanha leva o país a registrar pela primeira vez em sua história democrática mais de 25% de desemprego e vê mais de 800 mil pessoas deixando o país ante a falta de perspectivas. A constatação de que a economia estaria sendo sufocada eleva a pressão para que a Espanha recorra a um resgate internacional, enquanto analistas não excluem nem mesmo a explosão de conflitos sociais no país.

A economia espanhola viveu ontem mais um dia terrível. Além da taxa de desemprego, o Bankia apresentou o maior prejuízo da história financeira do país, com 7 bilhões até setembro. E o FMI apelou a Madri para que liquide o mais rápido possível os seus bancos "inviáveis".

##RECOMENDA##

Mas é mesmo o aspecto social que ganha contornos dramáticos. Maior espelho da crise dos países ricos, a Espanha constata que seu modelo econômico fracassou e criou uma "geração perdida". Para analistas, a sangria na destruição de empregos deve continuar em 2013, já que várias medidas de cortes de gastos só entram em vigor em janeiro. Até 2014, o governo de Mariano Rajoy precisa cortar 60 bilhões.

Em cinco anos de crise, 4 milhões de pessoas perderam seus empregos. O número de desempregados chega a 5,7 milhões, o mais alto desde o retorno da democracia e equivalente a 25,02% da população - 52% dos jovens não encontram trabalho. Em 16 províncias, a taxa supera 30%. Em Ceuta, 41% não têm emprego. Para colunistas do jornal El País, a taxa só é equivalente a países que acabam de passar por grandes traumas ou conflitos.

Passado o verão, período que o turismo gera certa atividade econômica, o clima é de tensão. Entre julho e setembro, 85 mil novos empregos foram destruídos. Em um ano, 835 mil vagas foram abolidas e sindicatos alertam que a tendência continuará. Mas a pior marca da crise é a constatação de que, em 1,7 milhão de domicílios, nenhum dos moradores tem emprego e a renda de famílias inteiras desabou.

Uma consequência desse cenário é a migração de trabalhadores. Em um ano e dez meses, quase 800 mil pessoas deixaram a Espanha. Por dia, o êxodo seria de 200 pessoas. Pela primeira vez, o número de espanhóis inscritos em cursos de alemão superou aqueles que aprendem inglês, num sinal da busca de esperança na maior economia da Europa, que tem uma taxa de desemprego de apenas 6%.

Para Chris Beauchamp, da IG em Londres, a previsão de recessão ainda mais profunda em 2013 abre a possibilidade de "um cenário de distúrbios sociais". O governo estima que a economia sofrerá contração de 0,5% em 2013, depois de cair 1,5% neste ano. Mas o mercado aponta que a queda poderia chegar a 1,5%. "Isso poderá elevar a taxa de desemprego a 26% em 2013", alerta Silvio Peruzzo, da Nomura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um estudo publicado nesta sexta-feira pela Organização Internacional de Migrações (OIM) revela que 107 mil europeus deixaram o Velho Continente entre 2008 e 2009, no auge da crise, em busca de empregos na América Latina. O principal destino desses europeus foi o Brasil.

Muitos vieram com um propósito bastante claro: encontrar um trabalho e ajudar a família que ficou na Europa. Em 2010, imigrantes europeus trabalhando na América Latina enviaram quase US$ 5 bilhões de volta a seus países de origem, em remessas, uma prática que até pouco tempo caracterizava a presença dos latino-americanos na Europa: trabalhar, economizar e mandar dinheiro de volta para a família que ficou no Brasil, Equador ou Bolívia.

##RECOMENDA##

No mesmo período, latino-americanos que vivem na Europa enviaram de volta a seus países de origem cerca de US$ 7,2 bilhões. Mas o fluxo de latino-americanos chegando à Europa despencou. Em 2006, antes da crise, 400 mil desembarcaram nos países europeus. Em 2009, esse número caiu pela metade.

Em sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, a Europa tem dificuldade para criar postos de trabalho e vê salários despencarem. Grande parte dos imigrantes era portugueses e espanhóis, solteiros e com nível universitário completo. No auge da crise, 47,7 mil espanhóis oficialmente deixaram o país em busca de novas oportunidades na América Latina.

A entidade promoveu o levantamento até o final de 2009, ano que registrou a maior queda no PIB mundial em mais de 60 anos. Mas os próprios autores admitem que o volume de imigrantes europeus continuou a aumentar entre 2010 e 2012, principalmente diante da taxa recorde de desemprego em Portugal, Grécia, Espanha e Itália.

"Não há espaço mais para sonhar na Grécia". A frase contundente é de uma jovem de apenas 20 anos. Elena Papageorgiou é estudante de artes dramáticas em Atenas e fala quatro línguas. Quer ser atriz. Mas, na sexta-feira, acabava de ser informada que havia sido demitida de seu mais novo emprego: garçonete. Nos portões da Universidade de Atenas, estudantes não escondem que já desistiram de ter esperança de encontrar uma solução para a Grécia. Muitos já estão ativamente buscando emprego no exterior e outros tantos já deixaram o país.

"Só se fala nisso (sair da Grécia)", disse Elena. Seu pai é arquiteto e, com a crise, viu sua renda desabar. Sua filha decidiu buscar trabalho para completar a renda da casa. Mas sente na pele a crise. No início do ano, foi contratada para vender jornais nos faróis. A empresa acabou fechando. Passou a trabalhar em um bar. Mas, com a queda drástica de frequentadores, o bar também a demitiu. Um emprego como atriz, só mesmo nos sonhos. "Minha ideia é ir aos Estados Unidos", disse.

##RECOMENDA##

O primeiro-ministro George Papandreou fez um apelo na sexta-feira para que um acordo político nacional permitisse a implementação de uma ampla reforma. "Não podemos deixar que nossos jovens nos abandonem", disse.

Mas poucos ainda o escutam. Marilena Varela, estudante de línguas de 19 anos, já está com as malas prontas. Seu destino é a Alemanha. "Nunca a sociedade grega obteve um grau de escolaridade tão alto. Mas isso não resolveu nada. Não há empregos", disse.

As amigas Dimitra Vergou e Ireye Papathanagiou, estudantes de psicologia, também já estão em busca de empregos, no exterior. "Ninguém sabe o que vai ocorrer aqui ", disse Dimitra.

Não existem números exatos desse êxodo. Mas os sinais de que está ocorrendo são claros. Em outubro, o governo da Austrália realizou um seminário em Atenas sobre as condições de imigração ao país. Milhares de estudantes e profissionais enviaram seus currículos.

Nos anos 50 e 60, 150 mil gregos deixaram o país em direção à Austrália. Outros tantos migraram para os Estados Unidos e para a Europa Ocidental. Meio século depois, a pior taxa de desemprego em 50 anos e a contração de 7% do PIB fazem os gregos voltar a sair. Desde 2010, 60 mil empresas na Grécia fecharam suas portas. Desta vez, porém, não são trabalhadores rurais sem educação que abandonam o país. Mas pessoas com mestrado e doutorado.

Na Alemanha, a onda de imigrantes gregos volta a ser registrada. Desde 2010, o Conselho Mundial de Gregos no Exterior estima que dez mil pessoas já deixaram a Grécia em busca de trabalho nas cidades alemãs. Só nos últimos três meses, foram cerca de 4 mil. "Nunca vimos algo assim", disse Costas Dimitrou, chefe do Conselho. "As famílias estão desesperadas e com muito medo de seu futuro", alertou.

A entidade Europass, que serve como uma espécie de agência de empregos na UE, revelou que recebeu apenas no mês de setembro mais de 13 mil pedidos de gregos para saber de empregos fora do país.

Lois Labrianidis, professor da Universidade da Macedônia, constata que essa tendência deve crescer em 2012 com o aprofundamento da crise. Mas adverte que esse êxodo ameaça dificultar ainda mais a recuperação do país. "As pessoas que estão deixando a Grécia são justamente os profissionais que o país mais precisa agora, para fazer a transição de uma economia sem competitividade para uma economia dinâmica ", disse.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando