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A guerra entre facções vem transformando Roraima. O Estado, que sofre com a migração venezuelana, viu as taxas de homicídio triplicarem. São casos como o de L.S., de 24 anos. O jovem sobreviveu após quase ter sido degolado por uma rixa de futebol, envolvendo um integrante de facção criminosa. Ele resolveu sair de Roraima após ter sido atacado por mais de dez integrantes de facção. "Eu achei que era brincadeira e só quando me golpearam no pescoço e vi o sangue que percebi. Consegui sair correndo." Conforme o delegado-geral da Polícia Civil, Herbert Amorim, a polícia tem trabalhado para combater o aumento da violência, mas falta efetivo.

Já Antonio de Pádua, secretário de Defesa Social de Pernambuco, destaca a contratação de 7 mil novos agentes para Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Científica. Em 2017 o Estado respondia por metade da alta de homicídios no País. Hoje são 22 meses seguidos de redução nas estatísticas. Washington das Neves, de 36 anos, ilustra políticas preventivas adotadas, como o Centro Comunitário da Paz. "Vim jurado de morte. Foi pelas artes marciais e pelo Centro que me tornei outra pessoa", diz o hoje instrutor de jiu-jítsu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O massacre na cadeia de Altamira, que deixou 57 mortos nesta segunda-feira, 29, repete a estratégia usada por facções para, com brutalidade, tentar dominar parte de uma importante rota de tráfico de drogas na região amazônica. Os assassinatos cometidos pelos integrantes do Comando Classe A (CCA) contra filiados do Comando Vermelho (CV) é mais um capítulo de uma briga nacional que se expressa com maior frequência na Região Norte.

A rota, que começa na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia e segue pelo Rio Solimões até Manaus, transformou-se em uma das maiores portas de entrada de cocaína do País, segundo especialistas e investigadores. É o controle desse mercado lucrativo que move a maior parte dos conflitos entre as organizações criminosas que atuam na região.

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Relembre os massacres nos presídios do Norte e no Nordeste

Uma briga entre a Família do Norte (FDN), o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) já deixou, desde outubro de 2016, 188 pessoas mortas dentro de presídios de Rondônia, Roraima e Amazonas - sem contar os 57 óbitos desta segunda, em Altamira.

No dia 16 de setembro de 2016, dez detentos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, durante uma briga entre integrantes do PCC e do CV. Poucas horas depois, outra briga entre membros dessas duas facções criminosas provocou a morte de oito homens na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho.

Em 1º de janeiro de 2017, um ataque da FDN contra o PCC deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Cinco dias depois, como resposta, a organização criminosa paulista foi responsável pela morte de 33 pessoas em Monte Cristo.

Também em janeiro de 2017, um motim do PCC no dia 14 matou 26 presos ligados à facção Sindicato RN, que era aliada ao CV e à FDN, na Peniteciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal.

Já entre os dias 26 e 27 de maio de 2019, uma briga interna na FDN causou o massacre de 55 detentos em quatro cadeias: Compaj, Centro de Detenção Provisória Masculino 1, Unidade Prisional do Puraquequara e Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat).

No Pará, não há hegemonia

"O Pará é um espaço que também vem sendo disputado pelas facções em função da sua posição geográfica e da importância que tem para o narcotráfico", explica o pesquisador Aiala Colares, da Universidade Estadual do Pará (Uepa).

Segundo ele, o CCA ganhou força nos últimos anos, ao fazer alianças e entrar na disputa pela cocaína da região. "Se a Amazônia é a porta de entrada dessa droga, é importante para as facções estarem perto dessa porta", acrescenta Colares.

As cidades, onde antes só existiam pequenas gangues, viram os criminosos se organizarem agora em facções. E esses grupos formaram alianças para ganhar ainda mais força, processo que ocorreu ao longo da última década.

No Pará, ao contrário do que ocorre em São Paulo com o PCC, não há hegemonia. "O Pará tem muitas facções criminosas em disputas que às vezes chegam a ocorrer dentro de bairros, de tão pequenas que são. Há disputa o tempo todo, levando a uma taxa de homicídio muito alta, como a que vemos nos últimos cinco anos", diz o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Jean-François Deluchey.

Ele acredita que, apesar de o CV ter dados sinais de que se consolidava no Estado, uma hegemonia ainda seja imprevisível. "A disputa é total e sempre há reações. Agora, o CCA atuou, mas já há expectativa de que o CV vai realizar uma retaliação enorme em todos os outros presídios."

O massacre acontece em meio ao aumento da sensação de insegurança em todo o Estado, com a força dos traficantes sendo testada pela atuação de milícias, principalmente na região metropolitana de Belém. Chacinas e as numerosas mortes causadas por policiais em supostos confrontos contribuem para um clima de violência crescente.

"Se há controle de toda essa rota, do Solimões à exportação, a facção deixa as outras mais dependentes dela. Caso contrário, é necessário buscar outros caminhos, que necessariamente serão mais longos e, principalmente, mais caros", explica Colares. Deluchey vê o massacre de Altamira como "a consequência do fracasso da política criminal brasileira". (Colaborou Felipe Cordeiro)

A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) realizou, na manhã desta quinta-feira (25), a transferência de 13 internos de unidades prisionais do Pará para presídios federais de segurança máxima. A transferência dos presos faz parte da "Operação Êxodo".

Os presos foram levados em comboio para a Ala 9 (Base Aérea de Belém) e transferidos em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para unidades de segurança máxima federais. Atualmente, 25 presos do sistema penitenciário paraense estão em presídios federais.

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De acordo com o coronel Mauro Matos, diretor-geral Penitenciário da Susipe, a transferência é uma forma de enfraquecer o crime organizado. "O nosso serviço de inteligência identificou lideranças pertencentes a organizações criminosas nas unidades prisionais do Estado que exerciam algum tipo de influência na execução de crimes intra e extramuros", informou.

O secretário Extraordinário de Estado para Assuntos Penitenciários, Jarbas Vasconcelos, afirma que as ações de revista e demais medidas continuarão sendo intensificadas nos presídios paraenses. "Estamos transferindo nomes, dos mais perigosos, para o sistema federal. Com isso, esperamos que haja uma diminuição das ordens de crimes de grande repercussão violenta nas ruas. Estamos atendendo a necessidade de diminuição da violência no Estado, que já apresenta uma sensível redução nas ocorrências, de acordo com dados recentes divulgados pela Segup. As fiscalizações intra e extra muro são realizadas para desarticular possíveis crimes. Também é uma forma de deixar os demais internos avisados sobre as ações de segurança que estão sendo realizadas e avisá-los que o Estado está acompanhando tudo o que acontece dentro e fora do sistema carcerário", afirmou.

O esquema de segurança foi realizado pela Susipe e contou com o apoio da Polícia Militar, por meio dos efetivos Comando de Missões Especiais e Batalhão de Polícia Penitenciária, além da Segup, por intermédio do Grupamento Aéreo.

Por Vanessa Van Rooijen, da Susipe.

O governo federal, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), disponibilizou 60 vagas em presídios federais de segurança máxima para detentos que estão em penitenciárias do Ceará. O estado vive, há seis dias, uma onda ataques contra veículos, órgãos públicos, agências bancárias, estabelecimentos comerciais e equipamentos de segurança. Os atentados, organizados por facções criminosas, com forte atuação dentro dos presídios, seriam uma represália ao anúncio do governo estadual de medidas para endurecer as regras no sistema carcerário estadual.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará, um preso já foi transferido e outros 19 estão sendo embarcados nas próximas horas, totalizando 20 transferências de forma imediata. A identidade dos detentos não foi divulgada, mas são lideranças das facções que atuam no estado, vinculadas a grupos como o Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE). Também não foi informado para quais dos cinco presídios federais os presos estão sendo remanejados. O governo analisa a transferência de mais presos ao longo dos próximos dias.

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A população carcerária do estado ultrapassa os 29,5 mil detentos, incluindo presos provisórios e aqueles dos regimes semiaberto e fechado. O número total de vagas, no entanto, é de pouco mais de 13 mil, somando todas as unidades prisionais do estado, uma superlotação de quase 60% da capacidade, segundo os dados mais recentes do governo do estado.

Em varredura nos presídios do estado nos últimos dias, foram apreendidos, segundo o governo, cerca de 400 celulares e alguns aparelhos de televisão, em número não informado. Não houve registro de incidentes nas unidades e, em duas delas, as visitas foram suspensas ao longo do fim de semana, por razões de segurança.

Nesse domingo (6), a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará confirmou a prisão de 110 suspeitos de envolvimento nos ataques criminosos dos últimos dias. A Polícia também informou a morte de ao menos três pessoas, supostamente em confronto com as forças de segurança.

Ajuda federal reduz ataques

Agentes da Força Nacional de Segurança também estão atuando nas ruas da capital desde sábado (5). A reportagem da Agência Brasil registrou a presença do efetivo em algumas avenidas e terminais de ônibus da capital. No terminal Antônio Bezerra, no bairro de mesmo nome, os agentes federais davam suporte à segurança do local, de onde partiam e chegavam ônibus urbanos que circularam pela capital ao longo do dia. Uma equipe de três policiais militares escoltava cada veículo coletivo.

De acordo com balanço do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o número de ataques em Fortaleza e região metropolitana caiu nas primeiras 24 horas de atuação da Força Nacional de Segurança Pública.

Os ataques, que chegaram a 45 na quinta-feira (3) e 38 no sábado (5), caíram para 23 neste domingo (6), informou a pasta, em nota. Ao todo, a Força Nacional participa de ações de segurança com um efetivo de 330 homens e 20 viaturas, em ações de patrulhamento ostensivo, preventivo e repressivo em pontos importantes como terminais rodoviários e vias de grande circulação. Os agentes federais permanecerão no estado pelo prazo inicial de 30 dias, que poderá ser prorrogado.

 

Dois suspeitos de ataques criminosos no Ceará, ainda não identificados, foram mortos durante troca de tiros com a Polícia Militar na madrugada deste domingo (6). No combate, no bairro Granja Portugal, em Fortaleza, um policial foi atingido na mão.

O caso aconteceu após os suspeitos tentarem atear fogo em um posto de atendimento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Coletes balísticos, um revólver calibre 38, munições deflagradas, coquetéis molotov, galões de combustíveis e um veículo também foram apreendidos pela PM. Na última quinta-feira, 3, um suspeito também foi morto após atirar contra uma equipe policial que estava atendendo a uma ocorrência de dano a um fotossensor na CE-010.

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Além disso, mais sete pessoas foram presas de sábado, 5, para este domingo, 6, por envolvimento nas ações criminosas no Ceará desde a última quarta-feira, 2. Com as novas capturas, 110 pessoas, ao todo, estão detidas - destes, 34 são adolescentes. A informação é da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Ceará (SSPDS).

Um preso em flagrante por venda irregular de combustível a grupos criminosos também foi detido. Um caminhão foi apreendido e o homem foi direcionado para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). "De acordo com as apurações, o suspeito vendia cada galão de gasolina a R$ 70", afirmou a pasta.

Mais de 100 ataques criminosos ocorreram no Estado cearense desde a última quarta-feira, 2. Mais de 20 municípios foram palco dos crimes. Ônibus, agências bancárias, delegacias, equipamentos públicos, veículos particulares, postos de combustíveis e supermercados foram atingidos.

Mais de 300 profissionais de segurança pública e 30 veículos, enviados pela Força Nacional de Segurança, estão reforçando a patrulha policial desde a noite de sábado. Cerca de 80 agentes penitenciários também foram enviados ao Ceará pelos governos de outros Estados do Nordeste para fortalecer o sistema prisional.

Segundo investigações, a origem dos ataques criminosos estaria ligada ao discurso do titular da recém-criada Administração Penitenciária, Luis Mauro Albuquerque. O secretário afirmou não reconhecer o poder das facções rivais em unidades prisionais distintas. Até o fim de 2018, membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam na Casa de Privação Provisória de Liberdade 3 (CPPL 3), na Região Metropolitana de Fortaleza. Integrantes da Guardiães do Estado (GDE), aliados do PCC no Ceará, eram levados à CPPL 2. Já criminosos ligados ao Comando Vermelho, nas CPPLs 1 e 4. Presos sem ligação com quaisquer facções também estão espalhados pelas unidades.

Na capital cearense, 136 ônibus de 109 linhas (menos de 10% da frota total) circulam com policiais militares. Outros 21 veículos têm agentes de segurança na Região Metropolitana. A iniciativa foi articulada com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do ceará (Sndiônibus).

No mesmo dia em que o deputado federal eleito Sargento Fahur (PSL) disse que, se dependesse deles, criminosos de facções diferentes “se matassem” dentro dos presídios, o deputado federal Jean Wyllys (Psol) se mostrou preocupado com a atual situação dos presos. O ex-BBB lamentou o fato de que os presidiários vivem em condições “subumanas” e também condenou a tortura aos presidiários.   

“É só dar uma passada nas nossas próprias unidades. Elas são a prova concreta de que condições subumanas para população carcerária não melhoram em nada o nível de violência do lado de fora. Pelo contrário, nas unidades mais degradadas é que os egressos se tornam mais violentos e facilmente ligados às facções”, declarou por meio das redes sociais nessa sexta-feira (4). 

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A declaração aconteceu em meio às criticas ao governador eleito do Rio de janeiro, Wilson Witzel. Jean falou que ele gosta de abusar de um “vocabulário bizarro” para dar a impressão que trabalha arduamente na área da segurança pública. “Desde a campanha ele só fala em autorizar tiros na cabeça de pessoas que seus policiais acharem que são traficantes. A sua pérola mais recente foi reivindicar para o estado uma prisão "como a de Guantánamo". Quero lhe perguntar aqui: Que tal se começasse a apresentar medidas concretas e não frases de botequim?”, disparou. 

 “O que um estado como o Rio, que tem prisões em condições condenadas por organismos internacionais, onde presos são frequentemente violentados e mortos, tem para invejar a base de Guantánamo, onde eram torturados presos do exército americano? Aqui, a tortura é prática tão corrente nos presídios quanto ratos e a tuberculose. Witzel está invejando uma base que tortura presos?”, questionou.   

Jean Wyllys ainda salientou que Witzel não deve copiar dos Estados Unidos as prisões com tortura, mas sim o sistema educacional públio e gratuito, de qualidade,entre outras medidas sociais que foram combinadas com o aparato de vigilância das polícias.  

Nesta semana, o secretário da recém-criada Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro de Albuquerque, prometeu fim da divisão de presídios por facções no Estado com o argumento de que a lei não reconhece esses grupos. “O preso é ó preso, não tem diferenciação perante a lei”, disse. A futura presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), Ruth Leite, rebateu a declaração. “Haverá matança se juntar detentos de facções diferentes no mesmo presídio”, avisou. 

Em meio a esse imbróglio, o deputado federal mais votado no Paraná, Sargento Fahur (PSD), reagiu ao comentário de Ruth Leite de forma bastante direta. “Pronto, agora o indivíduo entra para uma facção criminosa e o Estado ainda tem que respeitar a escolha dele, colocando ele junto com seus coleguinhas. Vá à merda, que se matem todas essas tranqueiras”, disparou por meio do Facebook. 

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O parlamentar é conhecido por sua atuação e declarações polêmicas quando se trata de violência. Recentemente, ele chamou dois supostos ladrões agindo no município de Maringá, no Paraná, de “pragas”. “Essas pragas enchem o rabo de drogas e para sustentar o vício ficam infernizando pessoas de bem, que não podem sair para trabalhar ou para passear que essas merdas arrombam e levam tudo”, criticou. 

Aos 54 anos, o sargento vem sendo considerado uma “webcelebridade”. Eleito com mais de 310 mil votos, o parlamentar se aposentou depois de 35 anos como policial e ficou “famoso” na internet pelos seus vídeos com uma postura “linha dura”. 

Em outra publicação, o deputado eleito mostrou dois homens roubando televisores também em Maringá. “Essas desgraças não ouvem conselhos, se enfiam nas drogas e ficam roubando tudo que vêem pela frente”. 

O Ministério Público (MP) de Minas Gerais, em parceria com as policiais civil e militar, cumpriu mais de 170 mandados de prisão em todo o Estado na manhã desta terça-feira, 3. Batizada "O Regresso", a megaoperação mira suspeitos de integrar facções criminosas que estavam foragidos da Justiça ou haviam fugido do sistema prisional mineiro.

Segundo o promotor de justiça e coordenador do Centro de Apoio das Promotorias Criminais do Ministério Público Henrique Nogueira Macedo, os setores de inteligência das duas polícias realizam trabalhos de monitoramento, identificação e localização dos suspeitos em todas as 19 regiões integradas de segurança pública do Estado. As investigações começaram em abril e tinham como prioridade levar à prisão alvos envolvidos em crimes graves e que continuavam atuando em Minas Gerais.

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"Tivemos o cuidado de selecionar crimes graves, então a maior parte deles são de homicídios e latrocínios", disse Macedo. "Depois, seguimos o critério de atualidade a partir de informes das policiais civil e militar que informavam que os alvos ainda se dedicavam à prática criminosa."

Até o fim da manhã, a Polícia Civil informa que foram cumpridos 174 mandados de prisão em todo o Estado - a maioria por crimes de homicídio, roubo, latrocínio, tráfico de drogas e associação criminosa. A operação "O Regresso" também mira alvos que já tiveram passagens pelo sistema prisional mineiro. O balanço de reincidentes, no entanto, ainda não foi divulgado pelo Ministério Público.

Segundo Macedo, o trabalho de monitoramento de suspeitos continuará a ser realizada pelas forças de segurança pública. "Hoje não é o único dia da operação. Outros alvos continuam a ser monitorados e a operação seguirá em andamento com as polícias militar e civil", disse.

Prisões

O Ministério Público informou que a maioria das prisões cumpridas nesta terça são preventivas por se tratar de mandados de recaptura. Há também casos de prisões temporárias e por condenação criminal. Alguns suspeitos foram detidos em flagrante durante o cumprimento dos mandados.

"Não se trata do cumprimento de prisões por pensão alimentícia. Se tratam de alvos contumazes na prática de crimes violentos", disse o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária Carlos Capristano, da Polícia Civil.

Devido ao grande número de detidos, a Secretaria de Administração Prisional de Minas Gerais (Seap) foi notificada. Apesar do Estado enfrentar problemas de superlotação em alguns presídios, o Ministério Público garantiu que a transferência dos detentos não enfrentará problemas. "Adotamos todas as medidas para que essa população ingresse sem maiores transtornos dentro do sistema prisional", disse Macedo.

Os serviços de inteligência das Forças Armadas e da polícia do Rio investigam ex-militares que estão treinando integrantes de facções criminosas com táticas usadas pelo Exército e pela Marinha. O Estado apurou que esses instrutores, principalmente ex-paraquedistas e ex-fuzileiros navais, recebem de R$ 3 mil a R$ 5 mil por hora de aula - valor que pode chegar a R$ 50 mil em uma boa semana. Eles preparam bandidos no uso de fuzis, pistolas e granadas, para atuar em áreas urbanas irregulares, como favelas, e a definir rotas de fuga.

Há cinco meses, durante operação de cerco no Morro da Rocinha, o comportamento dos traficantes fortemente armados chamou a atenção do setor de inteligência. "Seguia claros padrões profissionais, até no gestual de comando", relatou um oficial do Exército. Em grupos de 8 a 12 homens, os criminosos se deslocavam de forma coordenada, fazendo disparos seletivos e evitando o contato direto, "exatamente como faria a tropa em um ambiente adverso". Entre as lições ensinadas pelos ex-militares também estão o emprego da camuflagem e técnicas de enfrentamento.

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Já foram rastreados entre 10 e 12 ex-combatentes, na faixa dos 28 anos. O número pode ser maior. O temor de que ex-militares sejam cooptados por facções foi explicitado pelo novo ministro da Defesa, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, no Rio. Segundo ele, as Forças Armadas dispensam entre 75 mil e 85 mil reservistas todos os anos. "Esse pessoal passa pelas Forças, é treinado, adestrado, preparado e, quando sai, às vezes volta ao desemprego. E eles podem se tornar vulneráveis nesse momento, podem ser cooptados."

Os militares que passam pelo Batalhão de Operações Especiais dos Fuzileiros Navais fazem cursos e estágios de guerra na selva, na Caatinga, no Pantanal. Aprendem a saltar de paraquedas e a executar tiros de precisão, combate pessoal e ações anfíbias. São oficiais, subtenentes e sargentos. No Comando de Operações Especiais do Exército, o ciclo mais abrangente prepara por 25 semanas para missões de reconhecimento, contraterrorismo, resgate, evasão, sabotagem, guerrilha e contraguerrilha. Por isso são tão valorizados pelas facções no treinamento de seus "soldados".

Economia. Para um analista, ex-oficial da PM fluminense, "dar adestramento para manusear os armamentos é um recurso das facções para evitar os disparos a esmo, aumentar o poder de fogo e reduzir a perda de material, afinal, um fuzil AK-47 novo, posto no morro, custa R$ 30 mil". A assessoria especializada dos ex-militares também orienta aquisições dos contrabandistas e evita desperdícios. "Até recentemente, os ‘xerifes’ do tráfico compravam tudo o que aparecesse. Em um depósito em Manguinhos foi achado um projétil de artilharia de 155 mm. Enorme, impressionante e totalmente inútil para quem não tem um canhão", contou o ex-PM. Hoje, a composição do arsenal das facções é mais rigorosa. Abrange fuzis de calibre 7.62mm e 5.56mm, pistolas 9mm, granadas de alto poder letal em pequeno raio (de 5 a 15 metros) e explosivos plásticos.

Os comandos do Exército e da Marinha tratam esses casos como assunto policial. "São criminosos comuns, perderam o vínculo com as Forças. Depois de presos, são submetidos à Justiça comum. É isso o que acontece", explicou um general. Na avaliação do oficial, com larga experiência na missão de estabilização do Haiti, "não há gente de ponta entre esses marginais: os melhores quadros ficam na tropa, mesmo depois de cumprido seu termo de trabalho".

Origem. Esse treinamento por ex-militares foi detectado no Rio pela primeira vez em 2000. Desde então, houve cinco casos em que os protagonistas foram identificados. Ao menos um morreu em confronto com a PM. Um deles - o ex-paraquedista Marcelo Soares Medeiros, o Marcelo PQD - acabou evoluindo na estrutura do crime. Passou de instrutor e intermediador na compra de armas a gerente e, depois, controlador de um ponto de distribuição de drogas no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Preso desde 2007, cumpre pena em Bangu.

Há um ano, foi apontado como o responsável pela construção de um túnel, com iluminação, ventilação e sistema de drenagem, que seria usado em uma fuga. Marcelo PQD (a sigla identifica os paraquedistas) esteve alinhado ao Comando Vermelho (CV), mas, na prisão, mudou de facção e agora integraria o Primeiro Comando da Capital (PCC), grupo paulista.

Uma das estratégias do PCC é qualificar seus membros. Além de ampliar o domínio no País, com núcleos em presídios, montou uma rede internacional que abrange Colômbia, Venezuela, Bolívia e Paraguai - de onde saem as linhas de fornecimento e entrepostagem de drogas e armas. O PCC está armado sobre um sofisticado organograma, equivalente ao adotado por empresas de grande porte.

Segundo o setor de inteligência do Ministério da Defesa, na arquitetura administrativa do PCC há três níveis sob liderança de Marcos Herbas Camacho, o Marcola, encarcerado em regime de segurança máxima em Presidente Venceslau, em São Paulo. Uma das divisões da organização se dedica a obter equipamentos, criar depósitos seguros para guardá-los e expandir a infraestrutura. A meta mais ambiciosa seria estabelecer centros de comando e comunicações fora das zonas de conflito.

Ponto móvel. Os treinamentos desenvolvidos pelos ex-militares são realizados em campos móveis para dificultar a localização. De acordo com a inteligência da PM haveria centros em seis comunidades da cidade do Rio. São áreas de mata e vielas de passagem, isoladas pelos traficantes durante um curto período.

Encontrar os pontos de treinamento é prioritário para as Forças Armadas. Uma possibilidade é utilizar os Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) - os drones da Força Aérea no trabalho. As aeronaves sem piloto Hermes 450, israelenses, do Esquadrão Hórus, são capazes de voar por 20 horas acima dos 5 mil metros de altura, e seus sensores óticos podem obter informações e imagens de dia e à noite.

Os ex-militares são cuidadosos para não deixar rastros. Os instrutores ensinam seus aprendizes a não produzir lixo que possa servir de pista de localização ou sinal de passagem.

Mais que isso, os criminosos são orientados a não ter em mãos nada que não possa ser abandonado, mesmo os objetos pessoais.

O ministro da Defesa Raul Jungmann afirmou nesta quinta-feira, 28, haver um "acordo tácito" entre forças de controle penitenciário e o crime organizado. Segundo ele, uma varredura organizada pela pasta em 31 unidades prisionais identificou que um entre cada dois presos tem uma arma.

"Isso precisa ser explicado. A ideia que nos ocorre é que existe algum tipo de relação entre o sistema prisional e as gangues de criminosos. Como tudo isso entra em um sistema de segregação e isolamento?", indagou Jungmann nesta quinta. O ministro afirmou ser necessário ainda reavaliar o controle que é feito sobre visitas íntimas, sobre visitas de familiares e até mesmo sobre as de advogados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O deputado federal Wladimir Costa (SD), que ficou conhecido com a polêmica da suposta tatuagem com o nome do presidente Temer, teve o mandado cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) por gastos ilícitos na campanha eleitoral de 2014 e abuso de poder econômico. A Justiça também quer que ele fique inelegível por oito anos. 

O parlamentar, que vai recorrer da decisão, se posicionou sobre o assunto e garantiu que não está preocupado com a condenação porque continuará trabalhando com ou sem mandato. “Eu cassado? Eu lá estou preocupado com isso? Com mandato ou sem, continuarei trabalhando pelo povo que me confiou o seu voto até o fim do nosso mandato. Deus está no comando de nossas vidas”, escreveu na sua página do Facebook. 

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Wladimir Costa, sem se aprodundar, contou que uma “facção criminosa” do Pará quer sepultá-lo politicamente. “Enquanto a pior das facções criminosas do meu estado do Pará fica queimando os neurônios 24 horas por dia para me sepultar politicamente... para que? Simplesmente para que, em 2018, o campo político fique livre para eles. Para atrasar por mais 50 anos o desenvolvimento do nosso estado”. 

“O meu quarto mandato consecutivo, quem me deu foi Deus e o povo e só eles podem tirar. Sou um ser abençoado por Deus, sou o Wlad, filho da nêga Lucimar, a negona mais gostosa do Brasil”, ressaltou. O deputado se definiu como “soldado de causa”. “E como soldado tanto faz para mim ter mandato ou não. Para estar na luta contra os bandidos que querem destruir nosso amado estado do Pará, independe ser deputado ou não. Tenho espírito de guerrilheiro, só que um guerreiro em defesa do meu estado”.

Wladimir, em vídeo publicado, ainda destacou que está nesta quarta-feira (20) em Brasília trabalhando em busca de mais recursos para investir em estradas e outras políticas públicas.  “Graças a Deus, o nosso senhor Jesus Cristo tem sido muito generoso (...) Deputado é eleito para a população ter qualidade de vida, geração de emprego e renda, trabalhar focado na saúde, na segurança pública e cuidar do produtor rural. “É nisso que eu me esforço, é nisso que eu foco. Eu peço todos os dias em minhas orações: Deus, me ilumina. Faz eu conseguir recursos para o estado e é isso que a gente faz”, falou. 


As polícias de Goiás acreditam que pelo menos 84 pessoas tenham sido assassinadas desde o início de 2017 no Estado em razão da disputa entre as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Uma lista de 18 pessoas marcadas para morrer foi descoberta pela Secretaria de Segurança Pública goiana, cujas polícias prenderam 22 suspeitos de envolvimento com esses crimes nos últimos 20 dias.

No centro da disputa, dívidas e o controle pelo tráfico de drogas em áreas da Grande Goiânia, que teve 20% de alta no total de homicídios no último trimestre. Segundo as investigações, a maioria dos mortos tinha envolvimento, disputa ou dívidas com o tráfico e foi alvo de muitos tiros, como demonstração de força e vingança.

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Dados da secretaria revelam que, de abril a agosto de 2017, foram 216 homicídios em Goiânia, 39 casos a mais do que no ano anterior, quando no mesmo período foram registrados 177 homicídios. O pico foi em abril, com 59 homicídios em Goiânia, contra 37 do mês de abril do ano passado.

No acumulado de 2017, foram registrados em Goiânia 323 homicídios ante 303 do mesmo período do ano passado. Segundo a Delegacia de Investigação de Homicídios, do total deste ano, 84 foram decorrentes da briga entre o CV, facção nascida no Rio e PCC, criada em presídios paulistas, "sendo que 95% foram ações do Comando em desfavor do PCC", informou.

As ordens de matar teriam partido de chefes do tráfico presos na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), em Aparecida de Goiânia. Um dos mandantes, segundo o delegado Danilo Proto, adjunto da DIH, é o traficante Kaio César Pereira, que seria o chefe do braço goiano do Comando Vermelho. Ele cumpre pena por tráfico e homicídios no POG e o Estado espera a transferência dele para um presídio federal de segurança máxima. Com, isso, a estratégia é limitar seu poder de comando.

Execuções

As prisões da última semana aconteceram em Goiânia e nas cidades de Trindade, Heitoraí e Abadia de Goiás, todas na região metropolitana. O caso é apurado pela DIH, responsável pelas sete últimas prisões e pela apreensão de um menor, ocorridas na quarta e quinta-feira da semana passada.

Apenas esse grupo é suspeito de agir na execução de 28 pessoas na região sudoeste de Goiânia, foco dos ataques. O delegado Danilo Proto acredita que 60% dos homicídios ocorridos na região têm ligação com a guerra travada entre os integrantes das duas facções.

As prisões ocorreram durante as Operações Descarrilamento 1 e 2, que coincidiram ainda com ameaças de ataques às forças policiais. Nos dias 23 e 24 do mês passado houve alerta interno para os policiais se protegerem depois de descoberta uma combinação para ataques a tiros e bombas contra os agentes de segurança e distritos por ordem de traficantes presos, o que acabou sendo desarticulado.

Para o adjunto da DIH, a interiorização das facções, que agiam antes primordialmente na Região Sudeste do País é uma realidade cada dia mais séria a ser enfrentada pelas autoridades de segurança.

Um dos assassinatos recentes é relembrado pelo delegado Proto: "Um pai segurava seu filho no colo e teve autorização para passar a criança aos braços da mãe antes de ser alvejado várias vezes pelos assassinos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta segunda-feira (28), após o governador Renan Filho (PMDB) visitar à Casa de Custódia de Alagoas, o popular “Cadeião”, para anunciar a ampliação e compra de novos equipamentos para o estabelecimento, um detento foi encontrado decapitado dentro de uma das celas por agentes penitenciários.

A forte imagem de como o corpo da vítima foi encontrado, com a cabeça inserida no abdômen, circula nas redes sociais.

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O detento foi identificado como Carlos Júnior dos Santos, segundo o portal Alagoas 24 Horas. A morte foi confirmada pela assessoria da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris). 

Os agentes penitenciários teriam evitado a morte de outros cinco presos, conta o Alagoas 24 Horas. O motivo seria a disputa de facções. Carlos Júnior dos Santos estava preso por roubo. O governador anunciou o repasse de R$ 42 milhões previstos pelo governo federal. 

Dois meses após a rebelião que deixou o maior saldo de mortos dentro do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, o governo do Estado decidiu colocar presos de facções rivais - Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime - no mesmo pavilhão. Cerca de 1,2 mil homens - entre assaltantes, traficantes e homicidas - dividirão as 50 celas da Penitenciária Rogério Coutinho Madruga, comumente chamado de Pavilhão 5. A penitenciária, projetada para albergar 400 apenados, operará com um número de presos três vezes maior. As celas, projetadas para até oito homens, deverá ser ocupada por 24.

O empreendimento divide o mesmo terreno da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, e foi de lá que partiram os ataques que culminaram na morte de 26 presos albergados em Alcaçuz. Além das mortes, ocorreu destruição parcial ou total dos quatro pavilhões que integram essa unidade prisional, a maior do Rio Grande do Norte. Apesar de ter colocado os presos que se enfrentaram nas rebeliões de janeiro passado no mesmo espaço físico, o governo do Rio Grande do Norte descartou o risco de novos confrontos. Antes, eles ficavam divididos por pavilhões.

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"Está tudo sob controle. Mas o sistema penitenciário é sinônimo de pressão e nós não subestimamos presos. Estamos precavidos e não há motivo para alarde, não há tragédia anunciada", garantiu o secretário de Estado da Justiça e da Cidadania, Wallber Virgolino Ferreira da Silva. Ele destacou que o planejamento preliminar, o monitoramento das outras 30 unidades prisionais espalhadas pelo Rio Grande do Norte e a garantia do reforço do patrulhamento interno e externo na Penitenciária Rogério Coutinho Madruga viabilizaram a operação. O secretário Wallber Virgolino frisou que os presos rivais não terão, sequer, contato visual apesar de estarem no mesmo pavilhão. "Nós dividimos por alas. Não tem como passar de uma para outra", declarou.

Batizada de Phoenix, a ação conduzida por agentes federais de Execução Penal, agentes penitenciários do Rio Grande do Norte e de outros Estados que compõem a Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) foi iniciada ainda na madrugada desta segunda-feira, 20. Os pavilhões 1, 2 e 3 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz foram alvo das intervenções. Aproximadamente 800 presos foram retirados dos empreendimentos e conduzidos em um ônibus para a penitenciária vizinha, hoje separada de Alcaçuz por um muro de concreto com aproximadamente 100 metros de extensão por seis de altura.

Em nota, a diretora do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Cintia Rangel Assumpção, disse que "o controle dos pavilhões é representativo como chancela da ordem, da segurança e das garantias dos direitos aos presos, sendo uma demonstração clara de que a união de forças é capaz de transformar estabelecimentos penais, nos quais a ausência do Estado se manifesta na violência, no caos e na iniquidade". Pelo menos 100 agentes federais garantirão a segurança da unidade nos próximos 30 dias, prazo dado para a recuperação dos pavilhões destruídos em Alcaçuz.

Um preso foi baleado ao tentar fugir, na manhã de hoje (23), da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, região metropolitana de Natal (RN). Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, outros presos que tentavam escapar recuaram diante da ação dos próprios agentes penitenciários que, de uma das guaritas, dispararam para conter a fuga.

O detento ferido - cujo nome não foi divulgado - foi atingido no braço e encaminhado para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel por uma equipe do Samu, com escolta policial. Segundo a secretaria estadual, o preso não tinha recebido alta médica até o meio da tarde de hoje.

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A Penitenciária de Alcaçuz vive uma guerra entre duas facções criminosas rivais desde o dia 14 de janeiro, quando pelo menos 26 presos foram assassinados e boa parte da penitenciária passou a ser controlada pelos detentos. Até agora, as forças policiais controlam a área externa de Alcaçuz e fazem intervenções pontuais no local para realizar buscas por corpos e instalar contêineres a fim de separar, provisoriamente, os pavilhões 4 e 5 dos demais.

Hoje, no entanto, a instalação dos contêineres teve que ser interrompida devido a um problema mecânico no guincho a serviço do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-RN). Quando estiver concluído, a divisão com contêineres permitirá a construção, em segurança, de um muro definitivo que separe os pavilhões.

 

Desde ontem (22), agentes penitenciários e homens da Força Nacional já encontraram três tuneis no interior da penitenciária. De acordo com a secretaria estadual de Justiça e Cidadania, as escavações já foram fechadas e só será possível saber se houve ou não fugas após a retomada do controle do estabelecimento e a recontagem de presos.

Com a transferência dos 17 líderes do massacre em Manaus, a Família do Norte (FDN) assume a terceira colocação entre as facções com maior número de integrantes encarcerados nos presídios federais. Ao somar 30 presos nas quatro unidades - Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS) -, o grupo amazonense fica atrás apenas do Primeiro Comando da Capital e do Comando Vermelho.

O PCC é o primeiro, com 113, e o CV vem logo em seguida, com 95 presos. Se considerado o local do presídio no qual o detento estava antes da transferência, o Amazonas ocupa a quarta posição no ranking do Ministério da Justiça, com 36 custodiados no sistema federal. Em primeiro lugar está o Rio, com 106, seguido do Rio Grande do Norte (55) e Acre (45). Atualmente, 384 criminosos apontados como proeminentes em 25 facções estão presos sob o regime de segurança máxima nas quatro unidades prisionais federais. O número deve crescer ainda mais nas próximas semanas, uma vez que, além dos líderes da facção em São Paulo, Roraima solicitou oito transferências e o Amazonas deve pedir ao menos outras dez.

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O medo da transferência para o sistema federal é uma característica que une os detentos de todas as facções. O motivo é o maior isolamento e a dificuldade em manter a comunicação com pessoas do lado de fora. Cada uma das unidades prisionais federais tem capacidade para 208 detentos em celas individuais. Com projeto arquitetônico padrão, os locais têm regime de segurança máxima especial, com monitoramento ininterrupto e remoto por circuito fechado de TV. Cada preso pode permanecer na unidade por um período de um ano, prorrogável pelas autoridades.

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) não informa qual o destino dos presos, mas a previsão é de que eles sejam enviados para Mossoró (RN) e Campo Grande (MS). As duas maiores lideranças da FDN, José Roberto Barbosa, o Pertuba, e Gelson Carnaúba, o Mano G, estão detidos na unidade federal de Catanduvas (PR).

Transferidos. Citado como um dos "xerifes" da FDN em Manaus, Márcio Ramalho, o Garrote, foi apontado pelos investigadores na Operação La Muralla, em 2015, como o braço direto de José Roberto Barbosa. Na investigação, a PF cita o episódio de sua prisão, quando ele se envolveu em uma troca de tiro com os agentes federais e afirma que ele é conhecido pela "violência e crueldade".

Outro transferido, Eduardo Queiroz, o Foguinho, foi flagrado em interceptações telefônicas em conversa com Pertuba na qual o líder da facção revela ter investido cerca de R$ 320 mil no time "Compensão". A equipe de futebol, aponta a PF, representava a Família do Norte e Foguinho era homem de confiança de Pertuba e de Alan Castimário. "Foi o executor de diversos homicídios a mando das principais lideranças, especialmente no episódio conhecido como ‘Fim de Semana Sangrento’", diz o relatório da La Muralla sobre Foguinho.

As autoridades amazonenses ainda transferiram André Said, o Gringo, apontado como homem de confiança do colombiano Daniel Orosco, o Riquelme, um dos principais fornecedores de cocaína da facção e de Lenon Oliveira, o Bileno, distribuidor de drogas de Manaus.

A inteligência da polícia de São Paulo detectou uma mensagem da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) determinando o repasse de R$ 200 mil da organização para seus homens no Amazonas, a fim de o grupo comprar armas e munições para combater os bandidos da Família do Norte (FDN), facção responsável pelo massacre de 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.

O envio de dinheiro ao Norte é mais uma das ações da cúpula do PCC para enfrentar seus rivais da FDN e do Comando Vermelho (CV). Na semana passada, a polícia detectara o envio de fuzis para criminosos da Amigo dos Amigos (ADA), facção carioca que se aliou ao PCC na luta contra o CV e a FDN.

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"O que está por trás de tudo isso é a rota do Solimões do tráfico", diz o secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Lourival Gomes. Desde o massacre no Compaj, em 2 de janeiro, Lourival transferiu 14 presos do CV de prisões dominadas pelo PCC para uma no oeste paulista - o lugar é mantido em sigilo pelo secretário.

Eles se juntaram a outros 60 que haviam sido removidos em 19 de outubro, pouco depois do início da guerra entre as facções. Além deles, também foram isolados no mesmo presídio um detento ligado à facção paraibana Okaida (uma referência à organização terrorista Al-Qaeda) e dois detentos que são do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), ambos são rivais do PCC em seus Estados.

Além dos grupos de outros Estados, o PCC, com seus dez mil integrantes, enfrenta em São Paulo a oposição de duas pequenas facções: o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade (CRBC) - que contaria com cerca de 50 a 100 integrantes - e do Terceiro Comando da Capital (TCC). Para a SAP, outras três facções, Cerol Fino (liderada por Marco Paulo da Silva, o Lúcifer), Seita Satânica e Comando Democrático da Liberdade (CDL), estão desarticuladas.

Uma das rebeliões mais chocantes da história desde o Carandiru. Essa pode ser a definição para o massacre de 60 presos, ocorrido em Manaus, após uma rebelião que durou menos de 1 dia. A culpa do episódio é atribuída a uma guerra entre facções dentro da própria penitenciária, que tinha capacidade para 454 detentos, mas abrigava 1.224 pessoas. A resposta veio alguns dias depois em Roraima com a morte de cerca de 35 presos em retaliação ao ocorrido em Manaus.

Infelizmente, o caso de Manaus não foi apenas uma fatalidade, mas, uma consequência da crise no sistema presidiário vivido, há anos, pelo Brasil. O nosso país apresenta uma das maiores taxas de superlotação carcerária do mundo e foi denunciado internacionalmente pelas condições de alguns dos complexos prisionais.

Dados de 2015 ressaltam que há um déficit de 244 mil vagas no sistema penitenciário brasileiro. No total, o Brasil conta com 622.202 presos e destes, 40%, estão em situação provisória, aguardando julgamento. No Piauí, por exemplo, o índice chega a 66%. Há superlotação em todas as unidades da federação. Em média, os presídios estão com 66% de detentos a mais que a capacidade. Em Pernambuco, no entanto, essa taxa chega a 184%.

O pensamento mais rápido para solucionar a crise carcerária seria a construção de novos presídios. Entretanto, não há mais condições de expandir o número de vagas, muito menos na proporção que a demanda sempre crescente requer. Construir novas prisões não é mais uma opção viável, nem economicamente e nem socialmente. Além disso, pensar apenas o encarceramento como política de segurança não irá resultar na redução das taxas de criminalidade.

A realidade é que temos uma cultura da prisão enfatizada e exacerbada. A sociedade, em geral, tende a enxergar a prisão como única resposta à delinquência. Porém, a tendência a longo prazo será mostrar que a liberdade deverá ser preservada, desde que os casos sejam avaliados e ponderados. O que, infelizmente, a lentidão do nosso sistema judiciário não tem permitido.

As cadeias apresentam condições subumanas e não podemos dizer que possuem sistema capaz de proporcionar a regeneração dos internos. As deficiências não são apenas estruturais – não há, inclusive, assistência judicial suficiente para acompanhamento dos processos. Faltam recursos humanos e condições de trabalho nos presídios – em São Paulo, por exemplo, a média é de um agente prisional para 400 detentos.

Um exemplo que pode ser levado em consideração é o sistema prisional do Espirito Santo, que há pouco mais de dez anos também viveu uma situação de caos, com um cenário de superlotação, escassez de agentes penitenciários e falta de um modelo de gestão. O governo do Estado decidiu por investir mais de R$ 450 milhões em um processo de criação das atuais 26 unidades prisionais capixabas, seguindo um modelo arquitetônico padronizado criado nos Estados Unidos em que os detentos não se comunicam e com salas específicas onde os internos participam de oficinas profissionalizantes e recebem atendimento médico. O resultado foi a diminuição da quantidade de fugas, tumultos internos e ainda a dificuldade de organização das facções criminosas dentro das cadeias.

Em outros estados como Alagoas, Goiás e Mato Grosso do Sul, a aposta está em unidades prisionais que investem na ressocialização dos presos. Neste caso, a experiência se baseia em um modelo espanhol. Por lá, os detentos não podem usar entorpecentes e todos trabalham na manutenção da unidade e em empresas conveniadas ao sistema. Ao cumprirem suas penas, os presos são encaminhados para convênios do governo com empresas, para a colocação no mercado de trabalho. O resultado foi a redução de reincidência para 5%.

Claro que esses são modelos pontuais e que também não respondem pela totalidade dos estados em que estão aplicados. Mas, são apostas que tem dado retorno e que, se bem estudadas, podem ajudar a transformar todo o sistema prisional brasileiro. Boas ideias precisam ser disseminadas e apoiadas. Além disso, não podemos esquecer que é preciso um trabalho junto à população com a melhoria da desigualdade social através da educação, saúde, infraestrutura. Essas ações possibilitarão a diminuição da criminalidade e, consequentemente, da população carcerária.

Relatórios elaborados por pesquisadores a pedido do Ministério da Justiça reforçaram as características da violência homicida em diferentes regiões do País. Os estudos, aos quais o Estado teve acesso, foram encomendados a universidades no fim de 2015 para embasar a elaboração do Plano Nacional de Segurança. A ligação dos crimes com o tráfico de drogas, a atuação de facções criminosas organizadas e a deficiência dos serviços do Estado são pontos comuns em todos os documentos.

A metodologia das pesquisas envolveram levantamentos estatísticos dos registros de homicídio, além de entrevistas com policiais e servidores da área da segurança, assim como membros da comunidade local. Na seção que analisou a criminalidade no Centro-oeste, pesquisadores da Universidade Católica de Brasília deram destaque a conflitos decorrentes do tráfico de drogas.

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"As drogas aparecem como a principal explicação e, segundo os entrevistados, elas teriam tomado conta dos bairros periféricos. Não aparece como uma questão para os entrevistados a razão pela qual as drogas se tornam um problema somente nestas regiões periféricas, uma vez que seu consumo não é exclusivo das camadas de menor renda. Elas não seriam um problema para a segurança pública nos bairros de classe média, com a presença de homicídios decorrentes do uso e tráfico?", indagaram os professores.

A realidade não é exclusiva do Centro-oeste. No relatório que diagnosticou a situação em Minas e em São Paulo, a conclusão se repetiu. Pesquisadores do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança (Crisp), da Universidade Federal de Minas (UFMG), disseram acreditar que o "tráfico é um elemento que potencializa os homicídios intencionais não apenas por ser uma atividade ilegal, mas por vir acompanhado do comércio de armas de fogo".

No Rio, especialistas do Laboratório de Análise da Violência (LAV), da Universidade Estadual do Rio (UERJ), citaram um quadro de ausência de serviços do Estado como propício para o desenvolvimento da criminalidade. Com uma baixa oferta de serviços básicos, de educação a saneamento, áreas periféricas de municípios analisados no Rio veem afetada a "confiança da população com o poder político", o que ajudaria a entender o "desejo de a população fazer justiça com as próprias mãos", "frase repetida em muitas entrevistas".

Do Sul ao Nordeste, o perfil das vítimas de assassinatos foram similares: jovens negros moradores de regiões periféricas. A reportagem tentou contato com o Colégio Nacional dos Secretários de Segurança para comentar o teor dos relatórios, mas não houve retorno. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A situação penitenciária em Boa Vista ainda é instável. Após a rebelião de domingo, 16, que deixou pelo menos dez mortos, uma nova contagem apontou que dez detentos ainda estavam desaparecidos - partes de corpos ainda eram retiradas do local, onde houve mutilações e decapitações na terça-feira, 18. Todos os mortos seriam do CV, que dominava 10% do presídio. As execuções teriam sido ordenadas pelo PCC. O governo federal confirmou na terça-feira que enviará 16 líderes das facções locais para o presídio de Mossoró.

Já o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou a liberação de R$ 2,2 milhões para o sistema prisional e o envio de homens do Departamento Penitenciário Nacional. O Estado ainda pediu a construção de mais um presídio em Boa Vista. Já o Ministério Público de Roraima solicitou à Procuradoria-Geral da República que o governo federal intervenha no sistema.

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Rondônia. Em Porto Velho, os atritos entre PCC e CV resultaram em oito mortes e na destruição de todo um pavilhão da Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro. Os 250 presos que lá se encontravam foram transferidos na terça-feira para outras unidades (Urso Branco e Urso Pimpão - presídio inaugurado na semana passada). Parte ainda é mantida no Pavilhão A do próprio Ênio Pinheiro.

Segundo as investigações, presos do CV exigiam que os detentos do PCC, que estavam em uma das celas, aderissem ao grupo adversário. Como isso não aconteceu, os presos do CV atearam fogo em uma das celas, causando as mortes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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