Um falso sequestro deixou mãe e filha desesperadas na terça-feira (12), no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Suspeitos ainda não identificados ligaram para a estudante Mariana Oliveira, de 13 anos, dizendo terem sequestrado sua mãe, Lenir Oliveira, e com as informações colhidas com a garota ligaram para Lenir relatando o sequestro da filha.
O primeiro telefonema ocorreu às 12h54. Mariana estava em casa com o irmão de nove anos e uma babá. Segundo o delegado Carlos Couto, responsável pelas investigações, uma pessoa com sotaque carioca ligou para a jovem através de um número desconhecido e disse que se ela desligasse o aparelho ele mataria sua mãe. “Eu acredito que ela acabou passando muitos dados, nome da mãe, do pai, onde morava. No telefone, o rapaz chegou a perguntar se ela morava perto de um shopping, e ela disse que morava perto do Shopping Recife. Ou seja, ele nem sabia onde ela estava”, explica o delegado.
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O suspeito pediu que a garota levasse objetos de valor até o shopping. Enquanto ela saía de casa, com o telefone ligado, outra pessoa ligava para Lenir Oliveira, a mãe, dizendo estar com a filha e pedia a quantia de R$ 15 mil. De acordo com o delegado, Lenir, que é enfermeira no Hospital da Aeronáutica, desligou o telefone e ligou para a filha, mas a ligação dava sempre chamada em espera, visto que a menina estava em outra ligação. A enfermeira desligou o telefonema, recusou diversas outras ligações e foi à Delegacia de Boa Viagem. “Ela acreditou piamente que se tratava de um sequestro. Tanto que ela pensou em vender seu carro”, lembra Couto.
A estudante passou mais de quatro horas ao telefone com o suspeito. O delegado acredita que o objetivo inicial dos criminosos era fazer Mariana vender as joias e fazer um depósito, só que, com exceção de uma corrente e um relógio, todo o resto era bijuteria. O falso sequestrador, então, ordenou que a jovem entregasse os objetos ao primeiro morador de rua que encontrasse na rua. “Ele pediu que a garota passasse o telefone para o mendigo e se passou como pai dela, dizendo que ela iria entregar um presente”, explica o delegado. O mendigo que há dez anos vive nas redondezas de uma galeria ao lado do shopping recebeu os objetos, vendeu por R$ 100, e com o dinheiro comprou bebidas alcoólicas e cigarro.
O caso chegou ao seu desfecho quando um vizinho encontrou Mariana próximo de casa por volta das 17h30. Da residência dele, a estudante ligou para a mãe dizendo que estava bem.
Um inquérito policial foi aberto para continuar as investigações do crime, configurado como estelionato tentado. Segundo Carlos Couto, é possível descobrir de onde veio a ligação, que supostamente é oriunda de um sistema prisional. “Mas a identificação do suspeito fica prejudicada porque quem faz isso adquire chips com terceiros. É muito improvável a identificação”, ele conclui.