Champanhe Veuve Clicquot, servido por garçons saídos de agências de modelos, trufas em bandejas de prata, maquiagem francesa de brinde e uma vista incomparável da praia de Ipanema. A temporada de moda carioca, que vai até sábado, com o Fashion Rio, foi aberta hoje pelo Senac Rio Fashion Business - salão de negócios que atrai 20 mil lojistas ao Rio -, com toques luxuosos dados pela grife Patricia Viera, querida das quarentonas chiques da zona sul da cidade.
Cheio de brilhos, aplicações de pedrarias e tons metalizados, o desfile teve como cenário a sala de piso de mármore da cobertura tríplex, de 1.800 metros quadrados, da milionária Vera Andrade, ex-mulher do empreiteiro Sergio Andrade, da Andrade Gutierrez, e amiga da estilista. Foi uma despedida: o imóvel, que teve como primeiro morador o presidente Juscelino Kubitschek, teria sido vendido no mesmo dia para o ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, por cerca de R$ 80 milhões (Vera não quis comentar a cifra, a mais alta já fechada no Rio).
Para socialites, jornalistas e artistas, como Regina Casé, Larissa Maciel e Angela Vieira, a apresentação não teve o corre-corre (atrasou 1h30) tampouco o desconforto característicos das semanas de moda (no lugar de bancos sem encosto, cadeiras de acrílico que formavam uma única e longa fila A). Uma escultura pedida ao artista plástico José Resende se destacava entre as modelos.
Inspirada no "way of life (estilo de vida) da badalada e exagerada Los Angeles", com seu "luxo, poder e riqueza", como dizia seu texto de apresentação, Patricia, famosa por seu couro super trabalhado, criou vestidos com franjas, "escamas", penas, tachas e brocados - figurinos para noites nada comuns.
"Esse tipo de formato vem surgindo com mais força. É mais informal e seleto, tem a ver com o público da marca", elogiou o empresário André Ramos, frequentador das colunas sociais e das temporadas de moda. Na tarde de hoje, Alexandre Herchcovitch deu a partida ao Fashion Rio num clima bem diferente: a inspiração foi a atmosfera "jovem e fresh" da vanguarda artística do Soho dos anos 1980. Modelos com look 100% jeans, com saia ou com calça, alguns camuflados e blusões respingados de tinta saíram das portas de sua garagem novaiorquina. Aviamentos metalizados e botões dourados quebraram a monotonia das peças escuras, preto, azul marinho e cinza.
Em seguida desfilou a alta-costura proposta por Esther Bauman, da Acquastudio. Fazendo releituras dos anos 1940 e 1950, ela mostrou vestidos e saias de cinturas ajustadas, com muitos bordados. As aplicações florais e os brilhos flertam com o kitsch. Já as meias de lantejoulas, usadas sob botinhas de salto fino, dão uma bossa interessante ao inverno da grife. A noite ainda teria Patachou, Alessa e Cantão.