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O que a ave soldadinho-do-araripe, o peixe cambeva-minhoca-do-ribeira, o papa-vento da chapada, o aruá-do-mato e o sapinho do itambé têm em comum?

Esses cinco animais da fauna brasileira integram a lista de 364 espécies nacionais classificadas como "criticamente em perigo" de extinção, segundo plataforma online lançada nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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A plataforma, chamada Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), pode ser acessada pelo site e reúne informações sobre quase 15 mil espécies da fauna brasileira, classificadas inclusive quanto ao risco de extinção - segundo os parâmetros da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

Um dos principais objetivos é facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar essas informações mais acessíveis, contribuindo para a geração de conhecimento e implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade.

"Nosso objetivo não é simplesmente fornecer a informação, mas usá-la como instrumento de política pública, inclusive nas empresas, para evitar que haja espécies ameaçadas e principalmente espécies já extintas. Essa é a grande finalidade do qual esse trabalho aqui faz parte", disse o presidente do ICMBio, Mauro Pires.

Do total de espécies avaliadas, 5.513 têm ficha já publicada e 1.253 estão em alguma categoria de ameaça. Por meio do mecanismo de busca, é possível inserir a espécie pretendida (pelo nome comum ou pelo nome científico) e obter informações como grupo, categoria, última atualização da avaliação, estados, bioma, classificação taxonômica, distribuição, história natural e população.

A plataforma começou a ser feita em 2016, em um trabalho conjunto liderado pelo ICMBio e com apoio do Projeto Pró-Espécies, financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e WWF-Brasil.

Segundo o coordenador da Coordenação de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna (Cofau) e analista ambiental do ICMBio, Rodrigo Jorge, a plataforma vai contribuir para a conservação das espécies ameaçadas. "O Brasil é reconhecido mundialmente por abrigar a maior biodiversidade do planeta, e a partir da atualização e disponibilização desses dados será possível reforçar a implementação de ações que promovam a conservação da nossa fauna", disse.

A fauna brasileira é formada por mais de 100 mil espécies de animais, entre vertebrados e invertebrados. Todas as mais de 9.000 espécies conhecidas de vertebrados foram avaliadas.

Quanto aos invertebrados, que respondem pela grande maioria da fauna, há critérios para seleção das espécies que passam pelas avaliações. Além de subsidiar a elaboração de políticas públicas de preservação, a plataforma também consegue passar um panorama geral sobre a situação de cada bioma.

Instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), 3 de março é o Dia Mundial da Vida Selvagem. A data celebra a multiplicidade das espécies do planeta Terra, mas também chama a atenção para os perigos que ameaçam a fauna e a flora.

Queimadas, desmatamento, poluição, extinção e o tráfico animal são grandes desafios que a vida selvagem vem enfrentando desde os primórdios da humanidade. O bem-estar de todos os indivíduos e os recursos naturais estão sendo gravemente ameaçados. 

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O professor e mestre em Zoologia Natanael Charles Silva, do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), destaca a importância do Dia da Vida Selvagem. "O ser humano é a principal espécie que influencia na vida das outras. Então, é importante chamar atenção para a questão da preservação e da conservação para o desenvolvimento de ações que protejam, entendam e, principalmente, respeitem a vida selvagem", assinala.

Natanael Charles ressalta que o centro das discussões é sempre o respeito com a vida selvagem. Por isso que essas datas alusivas ao meio ambiente são de total relevância, desde a educação infantil, passando pelo ensino fundamental e médio, até chegar nas instituições de ensino superior. "Assim dá para fazer com que o ser humano, desde cedo, participe deste tipo de atividade e tenha consciência e respeito com as demais formas de vida", afirma. 

Estudo recente publicado na revista científica Plos Biology mostra que o planeta possui mais de 8 milhões e 700 mil espécies de seres vivos; porém, o total ainda é desconhecido, e tende a ser muito maior. Segundo o professor Natanael, é importante “fazer o ser humano entender que ele não é um ser superior no planeta e não é uma espécie independente das outras".

O professor ressalta que o homem está no meio de uma teia de relações interdependentes. "Nossa espécie depende muito mais das outras do que as outras dependem da nossa. Nós interferimos muito mais no meio delas do que elas interferem no nosso. Então é respeitar para depois criar estratégias sobre o que podemos fazer para a manutenção dessa vida selvagem, porque o sucesso e a continuidade da nossa espécie dependem intimamente da sobrevivência e do estado dessa vida selvagem’’, observa.

Natanael Charles assevera que a data comemorativa pode ser usada como um lembrete de que essa vida selvagem existe e nós dependemos dela. "Ressaltar a conscientização, e refletir sobre os impactos das nossas ações na natureza, é de total importância para que não sejam discutidas estratégias para amenizar os impactos na vida selvagem somente hoje, mas sim todos dias", finaliza.

Por Melbya Rolim (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

Neste domingo (9) foi celebrado o Dia do Fotógrafo, profissional que trabalha registrando a realidade e a diversidade do país em imagens. A equipe do LeiaJá selecionou quatro diretores e fotógrafos brasileiros que foram atraídos a dedicarem parte de suas carreiras para explorar a floresta amazônica e revelar a diversidade da fauna e da flora. A seguir, relembre (ou conheça) alguns destes trabalhos:  

Sebastião Salgado – Um dos mais renomados nomes da fotografia brasileira, Sebastião sempre se mostrou preocupado com as causas ambientais, em especial com a Amazônia. Ele estudou a floresta e trabalhou durante sete anos para lançar a exposição “Amazônia”. Para realizar esse projeto, ele passou longas temporadas junto com 12 comunidades indígenas isoladas. A exposição estreou em Paris, em 2021, depois veio ao Brasil no ano seguinte.  

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Araquém Alcântara - Considerado um dos mais importantes fotógrafos que registram a natureza, Alcântara já lançou um livro que reúne 22 anos de intensa pesquisa sobre a região da Amazônia. O fotógrafo registra as várias “Amazônias” que encontrou, suas belezas e diversidades de acordo com as áreas. Além da beleza, suas fotografias também são conhecidas como denunciar o desmatamento das florestas brasileiras.  

João Farkas – O fotógrafo e filósofo paulista dedicou parte de sua carreira a registrar as belezas naturais do país, em especial o Pantanal. A Amazônia já contou com olhar minucioso de Farkas, que também chegou a publicar um livro “Amazônia Ocupada”, de suas caminhadas no interior da região entre as décadas de 1980 e 1990. É considerado profissional desde 1979, com especialização em Nova Iorque. 

Cláudia Andujar - Uma fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira. Desde a década de 1970 dedica sua carreira a registrar a defesa dos indígenas Yanomami (povo que vive na floresta Amazônica e soma mais de 20 mil integrantes da tribo). O trabalho de Cláudia se destaca por trazer uma visão mais humanizada da Amazônia e dos povos que habitam na região, por isso, suas exibições ganharam muitos prêmios.

 

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Após um ano e sete meses fechado, o Parque Estadual de Dois Irmãos, no Grande Recife, reabriu para o público na manhã desta quarta-feira (13), a partir das 9h. A reabertura representa a primeira fase de testes com a recepção aos visitantes após a presença da pandemia, e para isso, o equipamento receberá até três mil visitas diárias, no máximo, de quarta a domingo, com exceção de feriados.

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Nesse primeiro momento, o público pode passear desde a entrada até o açude, e caminhar pelas alamedas onde se encontram as aves, o serpentário, diversos répteis e pequenos mamíferos. Estão presentes nos recintos animais como a jaguatirica, tamanduá-bandeira, guaxinim, furão, jacarés, iguanas, jibóias e até cobras exóticas, como a píton albina.

A partir do açude, o caminho que segue para as áreas mais a fundo, onde ficavam as onças e leões, está interditado e proibido ao público. É possível levar o próprio alimento; ainda não há pontos de venda dentro do parque, mas há comércio nas limitações do bairro. Há área de piquenique e parque infantil abertos às margens do açude.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, o parque não abriu durante o Dia de Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro, também Dia das Crianças), para conseguir cumprir as medidas de retomada com maior fidelidade.

“A pandemia nos condicionou a fazer um processo de abertura aos poucos. Nesse primeiro momento, você pode visitar o Parque Dois Irmãos, mas a gente vai ter uma limitação de três mil pessoas. Pode ser até estranho o parque não abrir no dia de feriado (12 de outubro), é justamente porque são nesses dias que existe o maior fluxo de pessoas, mas diante da pandemia é necessário que a gente tenha um cuidado especial com o número de pessoas, para garantir o distanciamento, o uso de máscara. O álcool nós vamos proporcionar pra você quando você estiver andando aqui”, explica Bertotti.

Segundo o secretário, os recintos foram qualificados, além das áreas de convivência para o público, e novos espaços para os animais. As preguiças agora tomam banho ao ar livre, assim como répteis tomam banho de sol durante a manhã e poderão ter contato com o público, quando possível. As adaptações fora dos recintos condizem com a necessidade de saúde das espécies e são acompanhadas por especialistas.

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O zoológico recepcionou o público, pela primeira vez, na ausência de três queridos animais, que juntos somavam décadas de convivência no Recife: o leão Léo, que morreu de câncer em janeiro deste ano, aos 21 anos; e os irmãos Zé Colmeia e Ursula, dupla de ursos pardos, que há 18 anos viviam nos recintos pernambucanos. Zé morreu por insuficiência respiratória, em maio, aos 22 anos. Úrsula foi transferida para a Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos (ASERG). O espaço tem ambientação mais próxima à realidade do habitat natural da espécie, como, por exemplo, uma variação de temperatura entre 9ºC e 16ºC.

Segundo o secretário, o Dois Irmãos não mais irá adotar animais da fauna estrangeira, como os leões africanos e os ursos pardos, por uma alteração no Plano Diretor e novas perspectivas diante da saúde e proteção animal. A direção também acredita que o equipamento tem potencial para aproximar mais as espécies nacionais do público local.

“Nós não receberemos mais esses animais que não são da nossa falta nativa. A gente vai manter alguns que não são, porque não tem sentido, por exemplo, o chimpanzé, que é africano, voltar para a África. Mas o Plano Diretor do Parque Dois Irmãos, que foi trabalhado nesses dois anos, anunciado, inclusive, durante a pandemia, prevê que a gente vá, à medida que esses animais maiores e exóticos, não estejam mais presentes, abrindo espaço desses recintos para receber outros animais da nossa forma nativa que não tem ainda aqui”, continua o secretário.

Bertotti explica ainda que, “em outros tempos”, a vocação do parque era a de trazer animais exóticos para a exibição, mas que a nova diretriz é, não apenas uma tendência mundial, como uma perspectiva mais moderna sobre a preservação e reprodução desta fauna, objetivos esses que fazem parte da missão do Dois Irmãos.

“O zoológico tem essa vocação de conservação. Por exemplo, em Pernambuco há uma lista de espécies ameaçadas de extinção. Aqui a gente faz a reprodução dessas espécies. A lógica é reproduzir e garantir a preservação da nossa fauna nativa. E tem um outro detalhe: é preciso fazer muitas adaptações ao recinto para tentar dar uma ambiência para um um animal exótico, que seja similar ao dele. Isso requer um grande investimento e nunca vai ser o que ele realmente teria”, conclui.

No total, 29 novas espécies chegaram ao Parque Dois Irmãos e logo devem ser realocadas, gradualmente, aos recintos próximos do público. Segundo Carol Priscila, bióloga do parque, os novos animais chegaram em duas levas, há menos de dois meses, e ainda estão em quarentena. “Esses animais precisam de uma quarentena de 40 dias, com cuidados e observações específicas. Nem todos são nacionais, como é o caso da águia chilena. A primeira leva chegou há cerca de um mês e meio, e a segunda chegou na semana passada”, diz Priscila.

Na primeira viagem, chegaram iguanas, furões, tamanduás-mirim, quatis, tucanos e serpentes. Na segunda, o parque recebeu uma águia chilena, gaviões carijó, timbus e arribaçãs. Até o momento, não há previsão de novas chegadas.

Na ordem: Brivaldo (31), Davi (3), Naara (29) e Ana (2), aproveitam reabertura do Parque Dois Irmãos, no Recife. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens.

Famílias aproveitam o parque no pós-feriado

Com movimentação tranquila, o Parque Dois Irmãos reabriu sem aglomerações e com público ainda tímido durante a manhã. A maior parte dos visitantes era composta por famílias acompanhando crianças pequenas, muitas visitando o parque pela primeira vez e até mesmo tendo vivido seus meses iniciais já durante a pandemia. É o caso da família de Naara Henrique, de 29 anos, que visitou o Dois Irmãos junto ao marido Brivaldo Júnior, de 31 anos; e aos filhos, Ana, de dois anos, e Davi, de três. “Não fizemos nenhum plano de Dia das Crianças e vir ao parque já era um plano há um tempo. Ele (Davi) está aprendendo os animais na escola e ficou encantado com o papagaio”, explica a mãe.

“Gostei da coruja ‘do olhão’, dos papagaios, das araras que são ‘cheias de colorido’ que nem um unicórnio. Eu gosto muito dos animais, na escola eu ganhei um chapéu de jacaré”, diz Davi, que estava ansioso para ver no parque os bichos vistos na escola. Um deles, reconheceu logo na entrada: “o que anda devagar, o bicho preguiça”.

A família de Miguel, de dois anos, também teve uma experiência parecida. O menino aproveitou a experiência junto ao avô, José Cavalcanti, de 70 anos, e à mãe, Socorro Rodrigues, de 38 anos. Socorro explica que Miguel ainda não foi à escola, mas está em uma fase de atenção às cores, gostando de animais como araras e papagaios. Foi a primeira visita do menino a um zoológico.

“Temos evitado programas na rua. À medida que posso, saio com ele, para ele se distrair um pouco, socializar, porque ele passa por uma fase meio difícil e sente falta de sair. Ele fica muito ansioso confinado do apartamento. Sempre que posso, vou à praia com ele, correr, andar de bicicleta”, diz a mãe.

É possível visitar o parque de quarta a domingo, das 9h às 15h, exceto feriados. A venda de ingressos encerra às 14h. A entrada inteira custa R$ 5,00 e a meia-entrada, R$ 2,50. O acesso é gratuito para crianças com até cinco anos de idade, ou até um metro de altura. É obrigatório o uso da máscara de proteção, higienização das mãos com álcool em gel e distanciamento social.

Parque Dois Irmãos

Administrado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas/PE), é composto por uma importante reserva de Mata Atlântica e pelo Zoológico do Recife. De acordo com a Semas, o reencontro do público com o zoológico será marcado por uma nova perspectiva sobre o Parque, uma vez que o local se tornou uma instituição conservacionista voltada aos cuidados com a biodiversidade nativa.

Segundo o responsável pela pasta do Meio Ambiente, o equipamento passou por uma série de serviços de manutenção, como jardinagem, paisagismo, melhorias estruturais em mais de 30 recintos, pintura, instalação de novos bancos, reforma dos banheiros, entre outras iniciativas.

Nesta terça-feira (8) comemora-se o Dia Mundial dos Oceanos e o Dia dos Oceanógrafos. A data foi estabelecida durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992, com o objetivo de alertar a população e transmitir a mensagem de conscientização sobre a importância dos oceanos, seja ela na vida do ser humano, ou da vida marinha. Posteriormente, em 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a data comemorativa.

De acordo com Carla Elliff, pesquisadora no Instituto Oceanógrafo da Universidade de São Paulo (USP) e editora do site “Bate-Papo com Netuno”, o Planeta Terra só existe dessa forma como nós conhecemos por causa dos oceanos. “Todo esse corpo de água está conectado e regula o clima e a forma como o planeta funciona”. A pesquisadora complementa dizendo que vários aspectos estão ligados aos oceanos, desde a ciclagem de nutrientes, até a geografia atual da Terra, como as praias mais longas ou mais curtas e até a composição dos relevos. “A importância do oceano é básica, a gente não consegue imaginar o nosso planeta sem o oceano como ele é hoje”, afirma.

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Quando se trata da relação entre oceano e planeta, uma das questões de maior relevância é a climatização. Segundo a pesquisadora, existe uma função do oceano chamada sumidouro de carbono. “A gente tem o carbono na nossa atmosfera, que é um tipo de gás do efeito estufa. Este fenômeno é essencial para a vida no planeta, caso não houvesse, a Terra seria muito gelada e não conseguiríamos viver”. Carla explica que a problemática que envolve o efeito estufa, na verdade, se trata da intensificação desse processo, que traz prejuízos.

A partir disto, a especialista aponta que é possível notar um aquecimento forçado, a partir do excesso de gases, dentro de um sistema que antes funcionava bem. “O oceano é um sumidouro de carbono. Até certo ponto é possível absorver o carbono e segurá-lo. Mas é possível que o oceano não consiga mais absorvê-lo, como se ele ficasse saturado. Estamos chegando nesse ponto, em que  o oceano em si está ficando mais quente”. Deste modo, Carla diz que existem épocas do ano em que a temperatura na superfície do mar aumenta e “afeta completamente” a vida nos oceanos.

Branqueamento de corais

Por conta dessas mudanças climáticas, a oceanógrafa conta que o padrão de vida de diversos animais aquáticos mudam, inclusive de peixes, corais, e até mesmo microorganismos, como plâncton. “Os recifes de corais são formados por corais e outros organismos construtores. Os corais vivem numa relação bem equilibrada de temperatura e acidez no oceano, mas com as mudanças climáticas, eles passam por um processo chamado branqueamento, em que perdem sua coloração e, com isso, podem morrer”.

Além disso, a pesquisadora afirma que existem estudos que mostram a possibilidade de migração de espécies. Regiões onde habitualmente tinham determinados tipos de peixes, agora podem não ter mais, uma vez que os animais estão buscando locais com águas mais frias. Desta forma, Carla explica que é possível entender que há uma relação entre ser humano e fauna, sendo que nessas regiões podem ter pescadores, que a partir da migração de espécies, não encontrarão mais os animais.

De acordo com a oceanógrafa, a pesca é uma forma de geração de empregos e oportunidade de renda, onde o homem usufrui dos recursos naturais em prol de alguma atividade econômica, assim como o turismo nas praias, atividades de extração mineral, de petróleo e gás. Além do transporte marítimo, que é “essencial” para a economia conhecida hoje. “São chamados de benefícios ecossistêmicos, que são vantagens que o ser humano tem, a partir do meio ambiente”, esclarece.

Para que as vidas aquáticas continuem em harmonia com o oceano, assim como a vida humana que também tem sua dependência dos mares, é necessário que haja a preservação do oceano, segundo Carla. Diversas instituições como a ONU tem levantado metas para que o meio ambiente aquático do planeta receba um maior cuidado. “Nós precisamos da sociedade mais conscientizada, que saiba da importância de fazer mudanças e que pressione os governos para que eles vejam que existe essa vontade popular de fazer as mudanças acontecerem”, orienta ela.

A pesquisadora Carla reforça que é importante ter uma data dedicada aos oceanos, para trazer uma mensagem de união. “Não conseguimos solucionar os problemas do oceano. Os problemas são complexos e as soluções também serão. Precisamos unir diferentes vozes, de lugares diferentes e de setores diferentes da sociedade civil”. Nesse sentido, a oceanógrafa diz que a interação da vida humana está ligada de forma direta e indireta às mudanças climáticas do oceano. “Por isso, precisamos ser guardiões do oceano, nesse sentido de preservação. Precisamos cuidar desse ambiente, que cuida tão bem da gente”, finaliza.

 

 

Uma operação da Polícia Militar Ambiental (PMAmb) de São Paulo apreendeu 684 animais em apenas dois dias no território paulista. O empenho das equipes policiais, na segunda-feira (14) e na terça-feira (15), cumpriu ordens judiciais e deteve nove pessoas em flagrante.

De acordo com a corporação, a operação foi a campo para combater os crimes de tráfico, caça e cativeiro ilegal dos animais. Além das ações para proteger a fauna silvestre, o empenho contribuiu para que iniciativas contra o desmatamento, as queimadas e à mineração clandestina fossem postas em vigência. Junto às espécies recolhidas, os policiais apreenderam 14 armas de fogo, munições de calibre restrito e flagrou um loteamento irregular que invadiu uma área de manancial.

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Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP), entre os meses de janeiro e novembro de 2020, a PMAmb fez mais de 117 mil intervenções policiais e registrou cerca de 19,8 autos de infração ambiental (AIA) em todo o estado. Além de outros crimes contra o meio ambiente, o período teve 16.411 animais apreendidos pelas equipes de segurança.

Fogo por toda parte, milhares de espécies de fauna e flora dizimadas pelas chamas fora de controle. Depois de outros desastres que impressionaram o mundo nos últimos anos, os incêndios vieram para nos assustar ainda mais, afetando países como Brasil, França, Estados Unidos e Austrália. Naturais ou criminosos, os eventos reacendem a discussão sobre medidas de preservação do meio-ambiente.

Na Austrália, incêndios florestais que começaram em dezembro de 2019 destruíram quase 20 milhões de hectares. Nos Estados Unidos, o estado da Califórnia já teve uma área de mais de 1,2 milhão de hectares incendiada. Aqui no Brasil, a Amazônia registrou recentemente diversos focos de incêndio, mas o que impressiona é o Pantanal, celeiro de grande diversidade biológica, que já perdeu mais 10% de sua cobertura vegetal apenas em 2020. A seca na região contribui para o aumento dos focos, mas a Polícia Federal trabalha com a hipótese de ação criminosa e investiga propriedades locais. Se comprovado o crime, é preciso haver punição exemplar.

Desde a década de 1930, com a promulgação do primeiro Código Florestal, o Brasil foi evoluindo na questão da preservação ambiental e chegou a ganhar papel de liderança em fóruns internacionais, como na Convenção da Diversidade Biológica que foi assinada durante a ECO-92. Apesar de todos os esforços e melhorias, as políticas públicas ainda não eram capazes de combater as queimadas criminosas, nem mesmo os incêndios espontâneos decorrentes do calor e da seca – estes, sazonais.

Nos últimos dois anos, no entanto, o Ministério do Meio Ambiente perdeu atribuições, reduziu participação da sociedade civil e flexibilizou a fiscalização ambiental. O reflexo é sentido agora: milhões de animais e plantas carbonizados, perda irreparável para o bioma. As suspeitas de que alguns focos tenham começado por iniciativa criminosa acende uma luz de alerta, ressaltando a importância do controle da atividade agropecuária de forma que economia e meio ambiente se desenvolvam concomitantemente. É preciso agir. Os esforços públicos existem, é verdade, mas ainda aquém do necessário – devemos reconhecer que não é fácil controlar uma crise sanitária e uma ambiental ao mesmo tempo.

O agronegócio brasileiro é um dos setores mais fortes de nossa economia e, como tal, deve ser valorizado e desenvolvido. O que não significa, na contramão, destruir a natureza. Por vezes, a ganância imediatista turva uma visão de futuro, de que precisamos deixar um Brasil sustentável para as próximas gerações. Técnicas de manejo sustentável, com legislações fortes e fiscalização bem feita se fazem, cada vez mais, condições para que possamos manter um país “bonito por natureza”, como canta Ben Jor. Queimar a mata é queimar nosso futuro.

Os crimes relacionados à vida selvagem e à exploração da natureza aumentam o risco de transmissão de doenças como o novo coronavírus, causado por patógenos que se espalham de animais para seres humanos, de acordo com um relatório do UNODC divulgado na sexta-feira.

"Sem a interferência humana do desmatamento, captura, abate, tráfico e consumo de animais selvagens, a evolução e a transmissão do coronavírus seriam altamente improváveis", diz o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) em seu relatório anual sobre crimes.

Os pangolins, identificados como possíveis vetores do coronavírus, são os mamíferos selvagens mais ameaçados pelos caçadores furtivos, segundo o relatório. As suas apreensões de suas escamas se multiplicaram por dez entre 2014 e 2018.

A atual pandemia pode levar ao aumento do tráfego, alerta o UNODC, pois os produtos derivados da fauna e da flora podem ser apresentados como "remédios" para o coronavírus, em particular a bile de urso, usada na medicina tradicional chinesa.

O relatório também observa que o comércio ilegal de marfim africano e chifre de rinoceronte está "em declínio", enquanto a demanda por madeira exótica, por outro lado, "aumentou significativamente nas últimas duas décadas".

O UNODC baseia suas descobertas nas 180.000 apreensões feitas em quase 150 países, indicando que entre 1999 e 2019 mais de 6.000 espécies diferentes de mamíferos, répteis, corais, peixes e aves foram apreendidas.

Nenhuma espécie é responsável por mais de 5% das apreensões e nenhum país foi identificado como fonte de mais de 9% do número total de apreensões de acordo com a agência das Nações Unidas, pois as redes criminosas diversificaram os recursos que exploram.

A agência instou os governos a fortalecerem sua legislação e melhorarem a cooperação internacional.

Um tamanduá-bandeira, capturado pela Polícia Militar (PM) Ambiental e pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo após ter sido vítima de atropelamento, foi devolvido ao habitat natural.

O animal, ameaçado de extinção na fauna brasileira, foi salvo no último dia 18 de abril em uma estrada vicinal que corta regiões de mata do município de Monte Alto (357 km da capital paulista).

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De acordo com a PM, o animal foi levado para uma clínica veterinária e permaneceu sob cuidados por 30 dias. O tamanduá-bandeira teve que passar por cirurgia e se reabilitou após o longo período de tratamento. A própria corporação ficou responsável por devolver o bicho em uma reserva ambiental da cidade.

Não é novidade que a fauna australiana desperta curiosidades. A região conta com inúmeras espécies de animais que chamam atenção de cientistas, profissionais da área biológica e veterinária. Porém, algumas evoluções foram notadas nessas três espécies:

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O demônio da Tasmânia

O nome faz lembrar do personagem Taz, dos "Looney Toones". O animal da mesma espécie é um marsupial que sofreu um câncer raro, um tumor facial  agressivo, que exterminou parte da população de demônios nos anos 1990. Os cientistas previram que esse fenômeno agressivo seria fundamental para acelerar os processos evolutivos da espécie e a seleção natural agiu rápido. Há evidências cientificas que provam que o sistema imunológico desses animais está aprendendo a combater a doença, visto que a taxa de mortalidade desses mamíferos está caindo.

 

O lagarto australiano

A espécie batizada Saiphos Equalis também apresentou uma certa desordem na hora de conceber os filhotes. Foi observado que o lagarto produziu um lote de ovos, como todo réptil ovíparo, onde os novos filhotes se desenvolveram dentro do ovo que foi chocado e nasceram, tudo dentro do convencional. Porém, apenas três semanas depois a mesma fêmea que chocou esses ovos teve outro filhote, só que dessa vez por parto normal, sem ovos. É a primeira vez que isso é observado por cientistas em uma espécie vertebrada. A gravidez desse lagarto é irregular.

 

Crocodilo de água salgada

Esse animal assustador para o homem poderia ser considerado improvável, se a bizarrice não fosse regra na fauna australiana. O crocodilo marinho ou crocodilo de água salgada é o único de sua espécie a não habitar os mais profundos rios de água doce. Ele também é o maior réptil do mundo, chegando a atingir 5,2 metros de comprimento e estimativa de vida de 70 anos.

O resíduo escuro que contamina o litoral do nordeste desde o início de setembro é estrangeiro, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). O material já se espalhou por 46 municípios em oito estados e segue matando a fauna marinha.

A investigação revela que o produto tem a mesma origem e, de acordo com a Petrobras, trata-se de óleo cru - material não produzido no país - apontou o G1. Sete tartarugas, além de peixes e aves, já foram encontradas mortas próximas às praias.

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A entidade recomenda que banhistas e pescadores evitem contato com o resíduo e acionem órgãos ambientais. O material surgiu no mar e praias após um vazamento de óleo da Refinaria Abreu e Lima, entretanto, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) já havia negado envolvimento entre as ocorrências. Anteriormente o órgão investigou e garantiu que tratava-se de piche.

LeiaJá também:

-->Material que polui praias do Recife é piche, diz CPRH

-->Refinaria Abreu e Lima segue operando mesmo após vazamento

-->Vazamento de óleo em refinaria da Petrobras atinge mangue

Diante de todo o cenário caótico que o meio ambiente (de forma geral) está vivendo - principalmente por conta dos distratos causados por quem tanto depende dele -, encontrar algum ser humano que esteja disposto a abdicar da própria vida urbana e se entregar de corpo e alma para a proteção da fauna e flora atualmente é algo que também está ficando escasso. 

No entanto, como ‘no fim do túnel sempre há uma luz’, no meio do manguezal nossa equipe de reportagem encontrou o proclamado ‘Tarzan Pernambucano’. Ao longo de seus 68 anos, 33 deles seu Amaro Tibúrcio entregou para a proteção do mangue e dos animais que dependem desse habitat. Morando numa ilha no meio do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, Tarzan recebe pela sua dedicação a beleza de um manguezal preservado. 

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Engana-se quem pensa que esse senhor de 68 anos está cansado de lutar. Todos os dias ao acordar, Amaro tem como visão os rios Pirapama e Jaboatão, cursos de água que cortam a sua humilde cabana. “A minha vida aqui é não deixar que as pessoas cortem as madeiras e façam o que não podem fazer. Se o pau estiver podre e você quer fazer um fogo, tudo bem, mas se estiver verde, não leva”, explica Amaro

Mesmo tendo morado em Ponte dos Carvalhos, bairro do Cabo, maior parte de sua vida, Tarzan diz que não se adaptou com “as pessoas do centro”. Sem essa adaptação e passando por uma situação difícil depois do fim de um relacionamento, juntou o útil ao agradável e resolveu viver com as muriçocas, peixes, siris, mariscos e sem energia elétrica na pequena ilha que só é encontrada por quem estiver em algum transporte marítimo. 

“Eu aqui sobrevivo com a ajuda das pessoas, com o que pesco e não quero riqueza. Mas, não era nada de mais que uma secretaria me posicionasse aqui dentro com algo que me rendesse dinheiro pelo que estou fazendo aqui. Porque não vá pensando que chega qualquer um aqui pra sair cortando, não (sic)”, desabafa Amaro.

Tarzan não tem renda fixa e alguns ‘trocados’ que consegue vem de suas confecções de placas, faixas, adesivos e camisas. Por isso, em cima de seu pequeno barco precisa ir algumas vezes da semana até as áreas mais movimentadas da cidade para conseguir alguns trabalhos. Além disso, algumas das poucas idas de Tarzan à cidade se dava quando ele trabalhava como locutor em algumas rádios locais, mas há 1 ano e 8 meses muita coisa na vida desse protetor do mangue mudou: “eu aceitei Jesus”, revela. Por isso, quando indagado por que estava usando ‘tanta roupa’, rapidamente Amaro Tiburcio justifica que agora sua vida tem um novo plano espiritual.

A fama do Tarzan ao longo desses 33 anos vem crescendo exponencialmente nas cidades do Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes. Um homem que está doando maior parte de sua vida para a proteção, pelo menos, do mangue que está ao seu redor. Tibúrcio diz ter consciência da importância da preservação do mangue, de suas limitações, mas acredita piamente que exerce um trabalho importante e não pretende ‘arredar’ o pé do local onde mora: “só saio daqui quando eu morrer”, pontua. 

Confira a entrevista exclusiva

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Era o penúltimo dia de uma expedição de 15 dias pela região entre os Rios Roosevelt, Guariba e Aripuanã, na fronteira entre os Estados do Amazonas e Mato Grosso, quando um grupo de macaquinhos com longa cauda avermelhada resolveu aparecer para as lentes do fotógrafo Adriano Gambarini. Era 2013, a espécie tinha sido vista pela primeira vez em 2010, mas faltava um registro fotográfico do primata e mais detalhes sobre ele.

Apelidados de zogue-zogue rabo de fogo, os animais comiam frutas de ingá, embaúba e cacauí. A expedição, organizada pelo WWF-Brasil, havia conseguido chegar até eles pela vocalização que fazem em campo, especialmente pela manhã e na estação chuvosa. Estava claro para o grupo - encabeçado pelo pesquisador Julio César Dalponte, o primeiro a ver o bicho ainda em 2010 - que se tratava de uma nova espécie.

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A descrição, porém, só viria em 2014, num trabalho ao qual se juntou o pesquisador José de Sousa e Silva Júnior, o Cazuza, do Museu Paraense Emílio Goeldi. Inicialmente batizado como Callicebus miltoni, foi depois renomeado para o gênero Plecturocebus, para diferenciar do gênero Callicebus, específico para os macacos desse tipo que ocorrem na Mata Atlântica.

O rabo de fogo foi descrito dentro de um mega esforço de identificação de espécies promovido pelo Goeldi e que acrescentou, em apenas quatro anos (de 2014 a 2018), 301 novas espécies para a ciência. O balanço, que será divulgado nesta semana, foi passado com exclusividade para o jornal O Estado de São Paulo.

A realização de mais estudos de campo, aliados ao desenvolvimento de tecnologias de informática e de análise de laboratório foram fundamentais para o rápido avanço. Desde o início do século, o museu identificou 587 espécies - mais da metade só nos últimos quatro anos. Entre os achados, a maior parte (183) é de invertebrados - com destaque para os aracnídeos (141). Há também 20 peixes, 18 anfíbios, 14 répteis e 3 mamíferos, 5 fungos e 58 plantas.

'Muitas espécies podem estar desaparecendo antes mesmo de serem conhecidas'

"O número impressiona, mas a verdade é que a Amazônia ainda é muito desconhecida, e é importante conhecê-la o mais rápido possível, porque a região está sofrendo com uma rápida dinâmica de desmatamento e muitas espécies podem estar desaparecendo antes mesmo de serem conhecidas", afirma Ana Albernaz, diretora do museu. "Saber isso contribui para políticas públicas que possam minimizar as perdas, como a criação de unidades de conservação."

Foi quase o que aconteceu com um outro tipo de macaco zogue-zogue. A espécie intrigava Cazuza pelo menos desde 1995, quando ele coletou um exemplar em Alta Floresta, no norte de Mato Grosso. "Eu percebia que era diferente de outros animais, mas era sutil, não muito convincente", conta. Só quando outros pesquisadores encontraram mais exemplares e foi feita uma investigação genética, além da morfológica, que se concluiu que se tratava de uma nova espécie.

Quando a descrição do Plecturocebus grovesi foi, enfim, publicada, no final do ano passado, já foi acompanhada de uma previsão dramática. Se a região de Alta Floresta continuar sofrendo com os índices de desmatamento dos últimos anos, até 2042 poderá ocorrer uma perda de 86% do hábitat do animal. "A distribuição da espécie ficará fragmentada e extremamente reduzida, com alta possibilidade de inviabilizar a manutenção das populações na natureza", explica o pesquisador.

A lista também encanta pela diversidade da Amazônia. É o caso das aranhas que se parecem com formigas, como a Myrmecium nogueirai. "É uma vantagem evolutiva, uma vez que as formigas tem poucos predadores. Além disso, as formigas são muito numerosas, então, alguém parecido com elas se mistura na multidão e tem menos chance de ser predado", conta o biólogo do Goeldi Alexandre Bonaldo.

Ao longo dos últimos quatro anos, o gênero dessa espécie foi revisto e passou a incluir 38 espécies, sendo 28 delas propostas como novas para a ciência.

Segundo o pesquisador, o grupo dos aracnídeos foi o que mais teve descobertas por causa da participação do Brasil em um projeto internacional realizado entre 2008 e 2014 que teve como objetivo investigar a família Oonopidae em todo o planeta e envolveu cientistas dos Estados Unidos, da Europa, da África do Sul, da China, da Austrália, da Argentina e do Brasil.

"O projeto trouxe tecnologias da chamada cybertaxonomy para acelerar a descrição das espécies e torná-las comparáveis em todo o globo. Uma plataforma web, com tecnologias de geração de descrições automáticas, nos permitiu descrever aranhas sul-americanas em moldes comparáveis com as que estavam sendo descritas na China, por exemplo", explica. Até 2008, quando projeto começou, 500 espécies tinham sido descobertas em 200 anos. No final, já havia mais de 3000 espécies conhecidas da família. Mesmo após concluído, as tecnologias adotadas na plataforma continuaram sendo usadas em mestrados e doutorados orientados por Bonaldo.

Espécies homenageiam primatologistas

Os dois novos macacos descritos na lista do Goeldi fazem homenagens a grandes primatologistas. O Plecturocebus miltoni é uma honra ao professor Milton Thiago de Mello, da Universidade de Brasília, responsável pela formação da maioria dos primatólogos na ativa. Aos 103 anos, ele continua participando de eventos científicos. O P. grovesi lembra o inglês Colin Groves, morto no ano passado, responsável por compilações e atualizações sobre taxonomia de primatas. E Cazuza também já viu seu nome em uma espécie. Ele faz parte da coleção do Goeldi, mas foi descrito por uma americana, por isso não compõe a lista do museu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pesquisadores e ambientalistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) soltaramhoje (20), na mata próxima ao Centro de Visitantes Paineiras, no setor Serra da Carioca do Parque, oito cutias da espécie Dasyprocta leporina. O objetivo é a reconstrução da fauna em processo de extinção no Parque Nacional da Floresta da Tijuca.

A espécie foi escolhida por ser um importante dispersor de sementes, ao enterrá-las para consumir depois, o que favorece a restauração florestal. A operação durou cerca de duas horas e a ação estava inserida no Projeto Refauna, que vem reconstruindo a fauna do parque com a reintrodução das espécies animais nativas. Antes de serem soltos, metade dos roedores ficou em um viveiro de aclimatação.

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Segundo o ICMBio, além das cutias, o Projeto Refauna iniciou em 2015 a reintrodução do bugio-ruivo (Alouatta guariba) e está programando para 2019 soltar na área do Parque Nacional o jabuti-tinga (Chelonoidis denticulatus) e o pássaro trinca-ferro (Saltator similis).

O projeto Refauna começou em 2010, com os primeiros grupos de cutias reintroduzidos no Setor Floresta da Tijuca. Até 2014, 31 cutias foram soltas no Parque Nacional da Tijuca. Em 2017, a população foi estimada em 30 cutias, todas nascidas na floresta, numa área de 133 hectares no entorno da área de soltura.

O Parque Nacional

Por sua topografia compartimentada, o Parque Nacional da Tijuca pode ser visitado por diferentes pontos da cidade, da zona norte à zona sul. Os interessados em conhecer o Setor Floresta da Tijuca, devem utilizar o acesso principal, localizado na Praça Afonso Vizeu, no Alto da Boa Vista.

O Parque funciona diariamente, das 8h às 17h, e até 18h no verão (exceto o Corcovado). Suas muitas estradas permitem visitá-lo a pé, de bicicleta, motocicleta, auto e ônibus. Para conhecer a Estátua do Cristo Redentor e o Mirante do Corcovado, é oferecida também a opção do trem, com percurso pela Estrada de Ferro Corcovado, que se inicia na estação localizada na Rua Cosme Velho. Diversas empresas de turismo fazem circuitos no Parque em veículos especiais. Também de helicóptero, o Parque Nacional pode ser observado, sendo possível contratar um voo panorâmico na área do Mirante Dona Marta.

Inicialmente conhecido como Parque Nacional do Rio de Janeiro, o Parque Nacional da Tijuca com 33 km², passou a ser assim chamado a partir de 8 de fevereiro de 1967, por meio do Decreto Federal. Em 4 de julho de 2004, um outro decreto federal ampliou os limites do Parque em 39,51 km², incorporando locais como o Parque Lage, por exemplo. Através de doação, realizada em julho de 2011 por conta dos 50 anos de sua criação, a Unidade ampliou seus limites em 3 hectares em área que agora integra o setor Floresta da Tijuca.

É polêmico. Falar de criação de pássaros em ambientes domésticos costuma ser um tema que divide opiniões. Vez por outra, o assunto coloca frente a frente criadores apaixonados e quem defende a liberdade para os animais. Por isso, quando um torneio reúne diversos donos de passarinhos de várias espécies, é natural esperar que parte do público fique imediatamente contrário. Em meio ao debate, o presidente do Clube de Criadores de Pássaros Nativos de Pernambuco (CCPN) ressalta o trato com os animais.

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"Na verdade esses pássaros levam uma qualidade de vida muito boa. Têm espaços grandes, comida especial, tomam banho de sol e a água é trocada com cuidado. Todos são limpos, então é uma qualidade de vida para o animal até melhor do que seria na natureza", conta Joaquim Torres, 46, que é técnico de informática e organiza os eventos da CCPN.

Neste domingo (22), ocorreu a segunda etapa do Campeonato Pernambucano do chamado 'canto fibra' para os criadores de azulão, bicudo, canário da terra, curió e trinca-ferro, espécies da região. "A ideia é uma brincadeira saudável para incentivar a criação em ambiente doméstico. É mostrar a seleção genética, entrando com espécies nativas, todos da nossa região. Os pássaros são legalizados pelo Ibama, têm suas anilhas e registro. E o espaço é liberado pelo CPRH. Fazemos uma solicitação, avisando detalhes dos eventos", disse.

No caso, cabe à Agência Estadual de Meio Ambiente o controle e fiscalização de criadores e torneios do tipo. Algo que deixa os criadores mais tranquilos para participar. "A gestão sobre essa atividade é com o CPRH. Todos os pássaros tem anilhas e estão registrados em uma lista do Sispass, que é o sistema de passeriformes. Para participar de um torneio como esse é necessário apresentar todos esses ítens. O clube realizador precisa ter um veterinário responsável justamente para verificar as boas condiões da ave em cada disputa", afirma o arquiteto, com especialização em gestão ambiental, Bruno Câmara.

O criador lembra que tudo é pensado de forma a deixar o animal o mais confortável possível. Para que não apenas os donos se divirtam. "A disputa entre os pássaros é natural. Eles delimitam território através do canto. Não fazemos mais do que trazer isso para o ambiente doméstico, o que eles fazem na natureza. É algo bem natural", garantiu.

Preservação e legalidade

O outro grande ponto que destacam os criadores está no intuito de trazer pessoas que mantêm animais ilegais escondidos para dentro das normas. Joaquim conta que para estar regularizado, é preciso cumprir normas impostas pela agência e reforça que, para algumas espécies, o papel de preservação é incentivada pelos órgãos responsáveis.

"Muita gente tem pássaros em casa e, sabendo que não tem autorização, sequer sai com eles. Esse tipo de evento também serve para que as pessoas entendam a importância que tem, o dono irregular, levar os animais ao CPRH e poder cumprir com as normas. Em alguns países, é o próprio governo que pede aos criadores para terem os exemplares para garantir a preservação de uma espécie nativa. Então, a criação, responsável, também tem o seu papel", destacou.

Nem um único bater de asas no aviário de Seropédica, perto do Rio de Janeiro. A razão: araras e outros papagaios estão aqui para "treinar". Devem reaprender a voar, depois de terem sido resgatados das garras de contrabandistas de aves.

Ao lado, macacos, tartarugas, jiboias e até mesmo jacarés se recuperam em um centro de tratamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). O organismo estatal tem, entre outras missões, a de tratar de animais selvagens que foram caçados, feridos, ou domesticados, e colocá-los em condições para que retornem a seu hábitat natural.

Entre os papagaios, alguns carregam as cicatrizes de maus-tratos, outros dizem "Olá" - sinal de que foram domesticados. Para fortificar suas asas atrofiadas por anos de vida em gaiolas, Taciana Sherlock, veterinária do centro, faz com que se exercitem, colocando-os em seu braço e sacudindo-os de baixo para cima.

A bela arara azul e amarela abre suas frágeis asas, cujas penas foram cortadas no cativeiro para limitar sua mobilidade, mas ainda não parece pronta para decolar. As aves também são incentivadas a voar por dois poleiros distantes um do outro, com comida em ambos os lados.

"Aqui é a escola para reaprender a voar! Nós os treinamos para que estejam prontos para a vida em liberdade. Também devemos prepará-los para que possam identificar predadores e encontrar comida", explica a veterinário do centro.

Cortar as asas

Aos poucos, a equipe do Ibama, que recebe cerca de 7.000 animais por ano, espaça os contatos com as aves até que se desacostumem com os seres humanos. Em seguida, serão levados e libertados em sua região de origem - muitas vezes em florestas de outros estados, como, por exemplo, na Amazônia.

"É cruel o que eles têm que suportar e é terrível vê-los chegar em tal estado, mas a recompensa é vê-los partir para a liberdade. Na semana passada, nós libertamos 20 araras e tucanos que conseguiam voar no estado de Goiás!", comemora.

A venda de animais silvestres é proibida, mas amplamente praticada no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, onde a maior floresta urbana do mundo está localizada. As espécies nativas ainda vivem na região e, por vezes, na cidade. Em alguns mercados, é fácil encontrar tucanos, cobras, macacos.

O Ibama estima que cerca de 38 milhões de animais sejam capturados na natureza a cada ano. Desses, quatro milhões são revendidos. Este comércio geraria cerca de 2,2 bilhões de euros por ano.

O negócio mais lucrativo é o de pequenos pássaros, especialmente aqueles que cantam. Ter um pássaro em uma gaiola em casa é quase uma tradição nos bairros populares do Rio, e as competições de canto são organizadas clandestinamente.

A fim de vendê-los mais facilmente para uso doméstico, alguns traficantes não hesitam em cortar-lhes algumas asas, ou quebrar seus ossos: o sofrimento os paralisa e os torna mais "doces".

Mais de 300 dessas aves foram trazidas em meados de julho para o centro de recuperação por um grupo de policiais especializados em meio ambiente. Roched Seba, fundador da ONG Instituto Vida Livre (que trabalha em parceria com o Ibama), mostra as dezenas de pequenas gaiolas no chão.

"Às vezes, colocam três por minicompartimento. Por isso, inevitavelmente, alguns sequer sobrevivem ao transporte quando os caçadores os trazem da floresta para a cidade", lamenta.

Guaxinim cego

"No Brasil, temos a maior biodiversidade do planeta, mas as pessoas não conhecem os animais e querem domesticar animais selvagens. Temos que mudar mentalidades através da melhoria da informação", afirma esse ambientalista de 31 anos.

Roched Seba abraçou a missão de libertar todos esses animais silvestres que vivem em cativeiro. Ele vai regularmente ao centro veterinário de Seropédica com Taciana e, quase sempre, leva algum animal encontrado no Rio.

CO dia em que o centro recebeu a equipe da AFP, ele chegou com um guaxinim cego encontrado em uma favela, provavelmente nativo da floresta tropical do Rio. O animal está assustado, ferido e quase completamente cego: jamais terá condições de retornar à natureza, de acordo Roched.

O guaxinim não vai ser o único a permanecer em cativeiro para o resto de sua vida. Alguns animais não serão libertados. Já muito acostumados à presença humana, eles correriam o risco de buscarem o contato a todo custo com humanos e de serem capturados novamente.

Um pequeno pássaro tropical todo verde acompanha os veterinários o tempo todo. "Ele reaprendeu a voar aqui. É livre para partir, mas permanece conosco. Se tornou o mascote aqui!", afirma Roched.

Com colaboração de Renato Torres

A cidade de Salvador, na Bahia, tem vivido um fenômeno incomum nas últimas semanas. No centro histórico da cidade, a população vem sendo atacada por morcegos -  mais de 30 pessoas foram mordidas. As causas dos ataques ainda estão sendo investigadas. Entretanto, os indícios apontam que há intervenção humana no ocorrido.

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Para o doutor em Biologia e professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Enrico Bernard, é possível inferir a participação humana no desequilíbrio. Uma pesquisa recente realizada por Bernard no Parque Nacional do Catimbau, caatinga de Pernambuco, revelou que a espécie de morcego Diphylla ecaudata, popularmente conhecida como morcego-vampiro-de-pernas-peludas, passou a se alimentar de sangue humano – antes, a  alimentação do animal era exclusivamente de aves.

Apesar das diferenças nos casos de Salvador e Pernambuco, Bernard visualiza a provável influência do homem em ambas. “No caso de Catimbau, essa redução de presas [as aves] se deu muito pela caça e pela alteração do ambiente natural. No caso de Salvador, as cidades estão ocupando os espaços naturais e várias dessas construções oferecem abrigo para morcego”, explica o professor.

Para o biólogo, é preciso que a discussão sobre a intervenção no meio ambiente seja mais presente. “Todas essas questões precisam ser discutidas, a perda da área natural e como isso afeta os humanos. Tem que se discutir como interagir com a fauna, como conviver com os animais”, complementa. 

A equipe do LeiaJá.com foi até Salvador conhecer de perto o problema. No vídeo abaixo, a Prefeitura de Salvador comenta a campanha que tem sido feita para a vacinação de animais e o que acontece com os morcegos capturados. A reportagem também foi à Rua dos Ossos, no centro histórico, o local onde mais ataques foram registrados.

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Recife

Enrico Bernard visualiza uma intervenção descontrolada no espaço natural no Recife e em Pernambuco. Entretanto, reforça que não há motivos para a população entrar em pânico e começar a temer os morcegos.

“O que aconteceu em Salvador não quer dizer que vai acontecer aqui, pode ser algo de um bairro só ou de uma área dentro de um bairro”, justifica. O especialista destaca também que Recife ainda tem muitas áreas verdes e animais de tração, que acabam sendo preferência dos morcegos.

Ele ainda acrescenta que há espécies que são beneficiadas com a urbanização. “Você tem uma fauna de morcegos que é capaz de sobreviver dentro de cidades e algumas espécies são favorecidas, por exemplo, pela iluminação pública, que atrai insetos. Também existe grande número de espécies que não toleram urbanização. Você tem dois lados: favorecidas pela urbanização e prejudicadas”, disse Bernard. 

Deixar a população em pânico pode se reverter em grandes prejuízos. A avaliação do professor é que a primeira consequência quando ocorrem casos como o de Salvador é que a população começa a matar os animais. O Coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Salvador, Aroldo Carneiro, diz não ter recebido informações do tipo na capital baiana, mas o centro já foi acionado nas últimas semanas por causa de animais encontrados mortos.

Segundo Enrico Bernard, isso é muito ruim porque "os morcegos prestam serviços ambientais super importantes para a gente e para um grupo rico de espécies. Existem mais de 180 espécies de morcego no Brasil e só três se alimentam de sangue, sendo que duas são raras e praticamente não ocorrem dentro de cidades. Todo um conjunto de espécies acaba pagando pelo descontrole de uma espécie". 

Os morcegos participam da polinização de plantas utilizadas na produção de bebidas como tequila e marguerita – por isso o símbolo da Bacardi é um morcego. O mamífero também poliniza a planta da castanha do baru e há várias espécies de cacto na caatinga que são exclusivamente polinizadas por tais animais. 

Nesta terça-feira (20), cerca de 50 pássaros, entre eles sabiá-laranjeira, papa-capim e sanhaçu-cinzento, ganharão a liberdade pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Após os animais passarem por um período de tratamento e reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas Tangara), localizado bairro da Guabiraba, a equipe da CPRH realizará a soltura dos bichos já reabilitados. 

De acordo com a CPRH, os animais viviam em cativeiro ou foram apreendidos em feiras livres nos seus ambientes de origem. As espécies comuns da Mata Atlântica serão destinadas aos remanescentes da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, unidade de conservação estadual, ou na região da Zona da Mata.

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Já os animais que ocorrem no bioma Caatinga ganham a liberdade em áreas com importante estágio de conservação, onde ocorre vegetação de caatinga arbórea, localizadas nos municípios sertanejos de Buíque, Serra Talhada, Salgueiro e Exu, no Sertão pernambucano.

O centro de recuperação que será inaugurado oficialmente no próximo sábado (24) foi batizado com o nome científico do pintor-verdadeiro, pássaro que só ocorre na mata atlântica nordestina e citado na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção. De acordo com dados do centro, só em 2016 já foram realizados o tratamento de cerca de 5 mil animais silvestres.

Desde 2014, a Agência CPRH realiza operações sistemáticas de fiscalização e apreensão de animais em atendimento a denúncias e em feiras livres. O objetivo é combater a criação ilegal, o tráfico e o comércio clandestino de espécies nativas. Uma média de 600 animais por mês, a maioria aves, chegam ao centro de triagem para receberem os cuidados necessários e retornam à vida livre.

Para a gestora do setor de fauna da CPRH, a bióloga Patrícia Tavares, a grande  importância da soltura destes animais é estar repondo na natureza o que foi e é retirado. “Dessa forma, podemos garantir que as populações de fauna tenham número suficiente para a manutenção das espécies, evitando ou revertendo o status (ou classificação) de ameaça de extinção”, enfatizou.

Com informações da assessoria

O estudo Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira, desenvolvido por 929 especialistas entre 2010 e 2014, mostra que atualmente 1.051 espécies de animais estão ameaçadas de extinção. Na primeira edição, de 2003, eram 627. "A situação não piorou. O universo analisado quintuplicou, daí o aumento da lista", afirmou o diretor de pesquisa, avaliação e monitoramento de biodiversidade do Instituto Chico Mendes, Marcelo Marcelino, responsável pela coordenação do trabalho.

Ao todo, foram avaliadas 7.647 espécies. Do total, 11 foram consideradas extintas, 121 tiveram sua situação agravada. A situação piorou, por exemplo, para o tatu-bola. "Seu habitat, a caatinga, vem sofrendo uma redução. Além disso, a espécie é muito vulnerável à caça", explicou Marcelino. Para outras 126, a ameaça foi reduzida, mas ainda persiste.

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O trabalho mostra que 77 espécies saíram da situação de risco - entre elas, a baleia Jubarte. Em 2012, foram contabilizados 15 mil indivíduos, quantidade significativamente maior do que os 9 mil encontrados em 2008. Duas espécies dos macacos uacaris e o peixe-grama também saíram da situação de perigo. Os números foram apresentados nesta quinta-feira, 22, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Além do balanço, ela anunciou um pacote de medidas para tentar preservar a fauna brasileira. Entre as ações, está a moratória da pesca e comercialização da piracatinga, por cinco anos.

A regra, que começa a valer a partir de janeiro de 2015, tem como objetivo proteger o boto vermelho e jacarés, que são usados como isca. "Vamos criar um grupo para tentar encontrar alternativas a essa prática", afirmou Izabella. A pesca acidental e comercialização de tubarão-martelo e lombo-preto também estão proibidas, a partir da agora. As duas medidas foram adotadas em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura.

Izabella anunciou também a criação de uma força-tarefa de fiscalização, formada pelo Ibama, ICMBio e Polícia Federal para combater a caça de fauna ameaçada, como peixe-boi da Amazônia, boto cor-de-rosa, arara azul de lear, onça pintada, tatu-bola, tubarões, arraias de água doce. A ministra também anunciou a extensão da bolsa verde para comunidades em situação de vulnerabilidade econômica em regiões consideradas relevantes para conservação de espécies ameaçadas de extinção. A bolsa será no valor de R$ 100 mensais.

Foi sancionada nesta terça-feira (7), pelo governador Eduardo Campos (PSB), a Lei de Nº 15.226 que institui o Código Estadual de Proteção aos Animais, prevendo medidas para proteger a fauna estadual, com penalidades para quem descumprir o que está estabelecido. O PL é de autoria da deputada Terezinha Nunes (PSDB).

A lei trata de assuntos como experimentos com animais, o uso como meio de transporte e trabalho, saúde, bem-estar, comercialização entre outros. O código prevê ainda penalidades com multas que variam de R$ 500 até R$ 10 mil, além de outras medidas como a proibição do transporte de tração animal em vias urbanas das grandes cidades do Estado.

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