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Em uma série de desabafos no Twitter, a ex-BBB Marcela Mc Gowan respondeu a algumas críticas que vem sofrendo após sua participação no reality sobre ‘feminismo seletivo’. Em uma das postagens a médica obstetra revelou ter sofrido abuso sexual e que não denunciou.

 “Eu sou feminista e já vivi uma relação abusiva, eu sou feminista e já fui embora chorando sem me defender quando um homem gritou comigo no trabalho, eu sou feminista e alguns anos atrás fui abusada sexualmente e não denunciei”, escreveu ela. 

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O desabafo veio após a vencedora do BBB 20, a médica anestesiologista Thelma Assis, fazer críticas ao feminismo de Marcela e dizer que ‘foi trocada pelo boy’ no jogo. Marcela respondeu o comentário e disse: "Eu sou feminista e me apaixonei em um jogo, com vínculos feitos há menos de um mês, em um contexto que exigia escolhas, e eu escolhi quem eu mais estava conectada (e sempre deixei claro que a prioridade máxima era Gi)”.  

E concluiu: “Sou feminista e erro, e ainda tenho muita coisa pra acrescentar no meu feminismo para que ele não seja RASO (o que mais tenho feito desde que saí da casa é escutar e ler sobre ). Não vou deixar que um movimento seja invalidado, nem aceitar que tudo que eu já fiz e faço perca seu valor”.

"Ela é louca." O diagnóstico duro, ouvido ao longo de sua trajetória, continha a frase machista que mais a impressionou. Não foram uma, duas, nem três vezes que ela recebeu um "parecer" assim. Perdeu até a conta. "Essa é a forma mais eficaz de desestabilizar a imagem de uma mulher", disse ao jornal O Estado de São Paulo a secretária da Cultura, Regina Duarte.

Convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para ingressar na equipe, Regina não relacionou a frase à sua decisão de ser a quarta titular da secretaria em um governo com pouco mais de um ano. A atriz que deu vida à revolucionária protagonista de "Malu Mulher" - mas já admitiu nunca ter sido feminista como a personagem - afirmou ficar impressionada até hoje com o preconceito enfrentado por mulheres. O sentimento independe de classe social, profissão e hierarquia. No Dia Internacional da Mulher, comemorado neste domingo, as mulheres no exercício do poder, seja em Brasília, nos Estados ou nos municípios, têm de enfrentar ambientes de trabalho masculinizados.

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No Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia e Rosa Weber são as únicas ministras entre os 11 integrantes da Corte. Cármen já reclamou até mesmo que os colegas homens interrompem seu raciocínio em plenário. Em abril de 2018, por exemplo, ela comandava uma sessão quando o colega Marco Aurélio Mello se irritou com sua decisão. O ministro a chamou de "toda poderosa". Ela não deixou passar: "Sou apenas presidente da Corte".

Na tese de mestrado apresentada por Cármen Lúcia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nos anos 1980, o machismo também ficou registrado. "A aluna mulher raciocina brilhantemente como homem, por isso a nota total", escreveu o professor. Ao Estado, a ministra fez questão de destacar que notas em teses nunca são justificadas. "A minha, naquele caso, foi", lamentou. O nome do professor só será revelado, diz ela, em suas memórias.

A diretora da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Elisa Bastos disse, por sua vez, que não é raro um homem se apropriar da ideia de uma mulher sem dar o devido crédito. "Não importa se você está em um cargo de liderança ou não. Enquanto não houver uma mudança cultural, acontecerá com todas, independentemente de ser a estagiária ou a presidente de uma multinacional."

Levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo com números do Ministério da Economia revela que, na máquina do governo federal, somente 38% dos 32 mil cargos de direção e funções gratificadas - com exigência de diploma universitário - são preenchidos por mulheres. É um índice em decréscimo desde 2006, quando elas ocupavam 41,5% dos postos.

A desigualdade fica visível quando se observam os dados do Censo Escolar. Há mais de duas décadas as mulheres passaram os homens nos cursos superiores do País. Hoje, 57% dos estudantes são do sexo feminino.

Um dos nomes mais populares da gestão Bolsonaro, a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) conta que o mais forte ato de machismo vivenciado por ela ocorreu em novembro de 2018. Damares estava em Belo Horizonte quando, após receber o título de cidadã honorária de Minas Gerais, leu na internet que tinha perdido a chance de fazer sexo com Jesus ao subir em um pé de goiaba. O post se referia ao vídeo em que ela contou ter visto Jesus numa goiabeira. Era um relato sobre o tempo de menina, que encontrou na fé a força para encarar os traumas da violência sexual cometida por um falso pastor.

Deputada licenciada pelo DEM, a ministra Tereza Cristina aponta o Congresso como o ambiente onde mais percebeu hostilidade. "Em toda minha carreira, onde eu vi mais machismo foi no Parlamento", relatou.

A entrada na política de Brasília, por meio do voto, também não é das mais fáceis. Em 130 anos de República, a Câmara e o Senado nunca foram comandados por mulheres. Das 594 cadeiras do Congresso, apenas 77 foram ocupadas por mulheres nas últimas eleições. No comando de negociações, as mulheres assertivas muitas vezes recebem o carimbo de bélicas e complicadas. Vanessa Canado, assessora especial do ministro da Economia, Paulo Guedes, não está imune. Ela é uma das principais negociadoras do governo no debate da reforma tributária. A assessora, de 39 anos, observa que a idade é outro obstáculo que pesa mais para as mulheres. Enquanto para os homens jovens colocados em destaque é dado o adjetivo de talentoso, para as mulheres, paira a dúvida sobre o conhecimento técnico.

No Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha é a primeira e única ministra desde a criação da Corte por d. João VI, em 1808. Em 2014, a magistrada era vice-presidente do tribunal quando o titular se aposentou. Naturalmente, ela ascenderia ao comando, mas dois ministros se movimentaram para mudar o regimento e impedi-la.

A maioria não aceitou a manobra. "Claro que aquilo era uma discriminação de gênero", diz Maria Elizabeth. Foi durante julgamento de uma tentativa de estupro que outro episódio de machismo a marcou. Um cabo do Exército era julgado por atacar sexualmente a mulher de um oficial. Uma parte do plenário entendia que o crime não passava de uma "importunação sexual". "Diziam que a condenação do rapaz que tentou estuprá-la deixaria marcas e comprometeria sua ficha corrida", afirmou.

Primeira mulher a comandar o Superior Tribunal de Justiça, a ministra Laurita Vaz diz que, entre os 33 integrantes da instituição, somente seis são do sexo feminino. "Quando se chega ao ápice da carreira jurídica, a disputa não depende mais de provas e títulos, mas de abertura política e de reconhecimento dos próprios pares, na maioria homens, que, muitas vezes, dificultam o acesso das mulheres."

Na semana passada, a prefeita de Ilhabela, Maria das Graças Ferreira, a Gracinha (PSD), precisou pedir providências à polícia para cessar ataques racistas. A casa onde mora, o corte de cabelo e até as roupas que veste foram usados como ofensas. "A cidade já teve vários prefeitos. Ninguém nunca se preocupou se eles se vestiam bem ou mal".

No Rio Grande do Sul, Leany Lemos, secretária de Planejamento, foi barrada recentemente num evento em que acompanhava o governador Eduardo Leite (PSDB). Tentava ingressar em uma sala repleta de homens engravatados para uma importante reunião. "Isso já aconteceu várias vezes. Na cabeça das pessoas, não é um lugar de mulheres. Ouço muito: ‘Você é secretária de qual secretário?’". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O machismo que marca a sociedade brasileira e causa diversos problemas às mulheres em seus cotidianos se faz presente também no meio político, causando um distanciamento feminino dos espaços de disputa direta de poder. Essa é uma realidade refletida em números: de acordo com dados da Câmara dos Deputados, a casa legislativa conta com apenas 77 mulheres em um total de 513 deputados. 

Neste 8 de março, data que marca a celebração do Dia Internacional da Mulher, o LeiaJá ouviu mulheres engajadas na política para entender quais são os obstáculos que se apresentam no caminho daquelas que trilham uma carreira na vida pública e o que é necessário para mudar esse quadro e aumentar a presença de mulheres em postos de comando do meio político. 

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Izabel Urquiza (PSC) disputou as eleições para a Prefeitura de Olinda mais de uma vez e no ano de 2016 chegou perto de passar para o segundo turno contra o candidato (e atual prefeito) Professor Lupércio. A política já está presente em sua família há bastante tempo: sua mãe, Jacilda Urquisa, foi a primeira prefeita eleita no município. Quando perguntada sobre as razões que distanciam as mulheres da política, Izabel aponta as obrigações com o trabalho doméstico, muitas vezes incompatíveis com a rotina de uma pessoa que está em campanha ou ocupa um cargo eletivo. 

“A política exige muito da pessoa no sentido de que você não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado, não tem noite, e isso para as mulheres é uma questão muito mais complicada, conciliar as atribuições políticas com as atribuições de casa e com as atribuições profissionais exige muito mais da mulher do que do homem. Apesar dos avanços, a gente ainda constata que as mulheres sempre tiveram mais atribuições, mas não se eximiram das tarefas de casa. Eu acho que isso faz com que muitas mulheres não tenham condições de entrar na política competindo em condições de igualdade”, declarou ela. 

Para além disso, Izabel também aponta dificuldades impostas pelas estruturas partidárias que, via de regra, beneficiam os homens em detrimento das candidaturas femininas. “As candidaturas masculinas conseguem uma articulação maior para financiamento da campanha, mesmo agora com a verba partidária, se analisar os recursos que são gastos com candidaturas masculinas, há uma disparidade muito grande. Há um movimento de mulheres compondo chapas majoritárias, mas sempre como vice. Uma mulher na cabeça de chapa é mais raro. A candidatura de Priscila Krause, por exemplo, foi uma dificuldade grande de conseguir um vice, na maioria das vezes eles querem ter o protagonismo e não colocar a mulher como protagonista”, afirmou Izabel. 

Quando questionada sobre o que falta para que as mulheres tenham mais espaço, mais recursos em suas campanhas e apoio do eleitorado feminino, Izabel aponta para a necessidade de maior estruturação das candidaturas femininas dentro das estruturas partidárias. “A gente quando vai entrar numa campanha política tem que ter a disposição da pessoa. Ninguém é candidato de si mesmo, então tem que ter o reconhecimento e a musculatura política de partidos e de pessoas envolvidas que estejam acreditando naquela candidatura, e tem também o aporte financeiro”, disse a ex-candidata. 

Izabel continua, afirmando que a falta de visibilidade para as candidaturas de mulheres diminui o conhecimento das eleitoras a respeito das ideias dessas mulheres e, consequentemente, as chances de sucesso eleitoral. 

“Quando vai para a mídia, sempre vão candidaturas masculinas. Não acho que a mulher não vota em mulher, as pessoas votam naquilo que elas veem. Se ela não vê mulheres na política, se não tem oportunidade de avaliar que aquelas mulheres defendem causas em que elas acreditam, vai votar fazendo uma política muito clientelista”, declarou Izabel. 

A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) tentou viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado de Pernambuco no último pleito, mas já nos últimos momentos uma movimentação interna do partido decidiu pela retirada de sua candidatura e apoio à reeleição do atual governador Paulo Câmara (PSB). Membro de uma família com tradição na política do Estado e com anos de carreira política no currículo, a deputada não hesita ao afirmar que o machismo do meio político teve peso na decisão da cúpula de seu partido. “Sem dúvida foi um episódio extremamente machista. Se fosse um homem no meu lugar no mínimo teria tido um tratamento diferente. É injusto dizer que as mulheres não querem estar na política, existem vários fatores.”, declarou a deputada.

Quando perguntada sobre as razões que levam ao distanciamento feminino dos espaços de disputa de poder e representação política, Marília faz uma análise da maneira desigual como a sociedade cria homens e mulheres desde a infância. “A sociedade faz as mulheres acharem que só serão felizes se casarem, mantiverem o casamento, forem bonitas, gera diferenças de anseios. Para o homem ser bem-sucedido a sociedade acha que ele tem que ter dinheiro, mulheres. Para a mulher, ela pode ter uma carreira, mas se o casamento acaba ou fica pouco com os filhos apontam que não foi bem-sucedida”, afirma a deputada. 

Além disso, Marília também aponta para uma hostilidade do mundo político, majoritariamente masculino, em relação às mulheres. “Quando comecei meu primeiro mandato nem mesmo tinha banheiro feminino na câmara. E na câmara federal temos dificuldade de nos integrar nas atividades mesmo eleitas com mais votos porque é de fato um ambiente masculino”, disse ela. A deputada segue o raciocínio contando que passa por situações de preconceito político no exercício do mandato frequentemente. 

“A gente passa todos os dias. Desde ser barrada todo dia na câmara porque tem espaços que só deputados podem passar, e os seguranças discretamente liberam e depois veem se está com broche ou crachá e as mulheres primeiro barra para depois olhar. Até coisas mais sérias de dificuldades partidárias. Homens mais velhos de histórias consolidadas que não aceitam uma mulher com mais destaque e popularidade que eles e não as apoiam. Eu sou mulher jovem, apesar de privilegiada, mas em todas as esferas as mulheres sofrem preconceitos”, disse ela. 

Sheyla Lima, de 55 anos, trabalha há 36 anos no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e também é a primeira presidenta do Sindicato dos trabalhadores de TI em Pernambuco (SINDPD-PE). O que a motivou a entrar para o movimento sindical foi o fato de trabalhar em uma categoria majoritariamente masculina e “a necessidade de ter uma representação das mulheres, que geralmente por conta das triplas jornadas não têm condições e disponibilidade de fazer movimento de classe”, de acordo com ela. 

As lutas das trabalhadoras, de acordo com Sheyla, geraram muitos ganhos importantes ao longo dos anos e houve avanço na própria estrutura sindical do Brasil, mas ainda com muitas marcas do machismo. “Para sermos ouvidas foi e é muita luta diária, recebemos 25% a menos que os homens, mesmo com o nível de escolaridade das mulheres sendo maior. Para ter o respeito muitas vezes é preciso gritar. Para sermos ouvidas, ter nossas pautas respeitadas e abraçadas, por muitas vezes só através de grandes debates, discussões, votação e briga”, disse ela. 

Dani Portela é historiadora, advogada, militante feminista e concorreu nas últimas eleições ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PSOL. Filha de um ex-preso político da ditadura militar brasileira, ela conta que já tinha uma atuação política em outras frentes, não partidárias, mas que isso mudou a partir do ano de 2016. 

“Meu pai falece aos 86 anos sofrendo de insônia e se repetia um pesadelo que tinha vindo de uma vivência real, de gritos de uma mulher. Ele escutou isso ao longo de uma noite toda e no final ele escutou o choro de uma criança. Essa mulher e essa criança morreram e quem estava nessa prisão era o Coronel Brilhante Ustra. Em 2016 meu pai contraiu Chikungunya e entrou em coma no dia da votação do impeachment da ex-presidenta Dilma. Me peguei sentindo um misto de alívio por meu pai ter desacordado justamente naquele momento sem ter assistido o então deputado Jair Messias Bolsonaro subir no plenário e reverenciar o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra que não foi só o pavor de Dilma Rousseff, foi o pavor na vida de muitas pessoas. Naquele leito de hospital prometi ao meu pai que eu tinha que mudar meu papel de atuação política, eu decido virar uma página e colocar o meu nome, o meu corpo, minha luta e a minha história nessa disputa”, contou ela. 

Dani aponta para dificuldades na estruturação e financiamento das campanhas das mulheres, apoio dos partidos e distribuição de tempo de TV, além do machismo estrutural da sociedade brasileira como razões que dificultam o acesso das mulheres aos espaços de poder e decisão política. Como consequência dessa lógica, segundo ela, há uma redução da atenção dos governantes para a criação de políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres. 

“Aqui no Recife, de 39 vereadores, você tem seis mulheres. Essa caneta precisa estar na nossa mão pela alternância de poder. As mulheres precisam ocupar espaços de poder e decisão não só na política, mas profissionalmente falando. A gente precisa pensar que o feminismo acima de tudo uma grande busca por igualdade, para que a gente possa pensar numa sociedade que seja mais justa, porque uma sociedade melhor para a mulher é melhor para todas as pessoas”, declarou ela. 

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Luciana Santos (PCdoB) foi prefeita de Olinda e atualmente é vice-governadora do Estado de Pernambuco. O interesse dela por política surgiu do convívio com seu pai, que foi preso político, e de sua participação no movimento estudantil durante a universidade, quando decidiu se filiar ao partido. “O ex-presidente do partido sugeriu que eu fosse candidata a vereadora em Olinda. Era uma candidatura para construir o partido, a gente não imaginava que eu pudesse me eleger, mas fiquei como primeira suplente, viram que eu tinha vocação e nunca mais saí”, contou ela. 

Em sua trajetória, Luciana já ter sofrido com machismo no meio político. “Nos primeiros momentos para ser escutada, respeitada, para escutarem suas opiniões na política no início não é fácil. Foi um processo, uma trajetória longa de afirmação das opiniões, das ideias ditas. Nada explícito, mas é natural que você perceba posições sendo ignoradas”, afirmou Luciana, que avalia essa situação como não sendo exclusiva do meio político. “Eu penso que não só na política isso acontece em todas as áreas a mulher tem que se esforçar em dobro”, disse ela. 

O problema, na avaliação da vice-governadora, também está presente nas organizações internas dos partidos e, por mais que exista uma lei que busca reduzir a desigualdade de gênero na política, Luciana avalia que essa iniciativa não tem bastado. “Instâncias partidárias e as instituições são feitas de gente, por mais avançado que seja o programa de um partido, o machismo é cultural e histórico. Quando se faz marcos legais para promover a participação das mulheres, na prática, em Pernambuco só tivemos cinco mulheres deputadas federais na história. Quando se formam as chapas, isso se rebate porque o machismo contamina essas instituições. Passou a ser obrigatória a participação, o fundo eleitoral, o tempo de tv, mas há uma dificuldade para tirar do papel essa legislação. Essa política afirmativa tem sido insuficiente”, afirmou ela. 

De acordo com a cientista política Priscila Lapa, o distanciamento das mulheres do meio político se dá, em grande parte, por uma questão cultural fortemente estabelecida de um processo histórico de definição de papéis. “Política é um espaço de exercício de poder, é como se esse papel fosse naturalmente atribuído aos homens, isso não fomentou nos quadros políticos a participação das mulheres. Isso se reflete não só no número de candidaturas, mas no número de mulheres que chefiam mulheres. Tem um viés de cultura comportamental. A gente não passa a imagem de que as mulheres podem ter carreiras de chefia, de poder. Essa é uma das principais barreiras, se você não forma pessoas para uma tarefa elas não vão se ver ali”, explicou ela. 

Além disso, o modo como se formam não somente as chapas e lideranças políticas também tem interferência nesse processo. “A formação dos partidos tem clãs, famílias, isso causa esvaziamento ideológico e acaba não dando espaço às mulheres. Geralmente quando a mulher tá na política é como herança de um homem na família, mas o acesso das mulheres não é pela mesma via dos homens, de ocupar os espaços. Não é algo que é conquistado com essa mesma naturalidade”, explicou a cientista política. 

A associação da figura feminina com assuntos ligados ao cuidado e não a uma posição de liderança é outra questão que, na visão de Priscila, gera o preconceito no ambiente político, uma vez que além de ser dominada por homens, a disputa política exige da mulher características que a sociedade enxerga como tipicamente masculinas. 

“Normalmente a mulher vai cuidar da saúde, educação, assistência social. Desenvolvimento, infraestrutura, são áreas vistas como masculinas em que as mulheres não se saem bem. As mulheres tão se tornando candidatas competitivas mesmo com problemas. É como se ela tivesse que provar competência duas vezes, conseguir ser racional, falar grosso, firme. Quando se tem essa presunção de que não vai dar certo, se acha que ela vai ser engolida. Os papéis que tem que ser exercidos na política tem que corresponder aos papéis que precisam ser exercidos na sociedade”, declarou a especialista. 

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Em 2018, 3.529 mulheres foram vítimas de feminicídio em 15 países da América Latina e do Caribe, segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). O homicídio de mulheres com 15 anos ou mais, mortas por razão de gênero, vem ocorrendo de maneira assustadora na região: uma vítima foi morta a cada duas horas na América Latina e Caribe apenas pelo fato de ser mulher.

A luta contra o feminicídio faz parte da pauta de grupos feministas latino-americanos que retomam sua agenda de protestos a partir de hoje, Dia Internacional da Mulher. "Todos os anos, as mulheres comemoram esse dia e, dessa vez, é um ano de movimentação social. É um momento importante para denunciar muitas coisas", afirma Marcela Betancourt, chilena de 48 anos, do movimento Las Tesis Senior, de mulheres com mais de 40 anos que replicaram a coreografia Um Violador em seu Caminho, em um vídeo que viralizou na internet.

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No Chile, o grupo Las Tesis ganhou notoriedade no ano passado, quando rompeu as fronteiras e chegou à Europa. Mas a história começou em Valparaíso como um grupo de artes cênicas. "A

transformação social não tem incluído o feminismo, o direito das mulheres. Então, as meninas de Valparaíso fizeram uma performance para passar a mensagem de como somos abusadas e tratadas como culpadas por esse abuso. E elas fizeram algo que já há muito sabemos, falaram do Estado como cúmplice porque não fornece cuidados com o bem-estar da mulher", disse Marcela.

Muitos outros grupos feministas traduziram a letra para seus idiomas e a coreografia Um Violador em seu Caminho escapou das ruas chilenas e ganhou o mundo. No Brasil, no ano passado, a interpretação foi feita no Rio de Janeiro e em São Paulo. "Em todo mundo, as mulheres têm medo de caminhar sozinhas, de pegar um Uber à noite, de ficar por último no trabalho. Muitas sofrem abusos dentro do próprio relacionamento. Essa explosão é assim porque temos um elemento em comum: o medo de caminhar sozinhas", resume Marcela, que convocou a realização da performance no ano passado em frente ao Estádio Nacional, em Santiago.

"O Estádio Nacional foi um centro de abuso durante a ditadura. Nossa performance foi uma homenagem a essas mulheres assassinadas lá. Fizemos o convite e cerca de 10 mil mulheres participaram", lembra a ativista.

No Chile, uma decisão do Senado, na semana passada, foi vista como uma vitória para esses grupos: a aprovação, por 28 votos a favor, 6 contra e 4 abstenções do projeto de lei que "garante a paridade de gênero nas candidaturas que podem vir a integrar a nova Constituinte". Agora, a lei deve ser promulgada pelo presidente, Sebastián Piñera.

A Constituinte escreverá uma nova Carta Magna para substituir a escrita ainda na ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), uma das demandas mais presentes nas manifestações sociais do ano passado. Um plebiscito sobre o tema será realizado no dia 26 de abril.

"Nunca tivemos uma Constituição cidadã, sempre a mesma oligarquia que decide e muitos direitos não são respeitados. Agora, é um momento histórico para mudar a Constituição com paridade de gênero. A mulher tem de ficar dentro dessa transformação. Não podemos ficar segregadas novamente", afirma a ativista.

Vizinhança. No México, grupos feministas também convocaram marchas para hoje e uma paralisação para amanhã denominada #Undíasinnosotras (#UmDiaSemNós). Recentemente, dois feminicídios na Cidade do México - o de uma jovem de 25 anos, esfaqueada por seu parceiro, e o de uma menina de 7 anos, vítima de abuso sexual - abalaram o país e impulsionaram os movimentos.

O protesto contra a violência de gênero chegou até as igrejas. Situada em um bairro da capital, a Igreja de São Cosme e São Damião decidiu retomar a tradição católica de cobrir na Quaresma todas as imagens e esculturas religiosas com mantos roxos. Neste ano, porém, foram recobertas apenas as figuras femininas.

Enquanto grupos feministas exigem do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador políticas públicas para combater a violência contra as mulheres, o mesmo se repete no Peru, onde o número de feminicídios, em 2019, foi o mais alto em uma década: 168 casos. Grupos feministas peruanos também convocaram marchas para o Dia Internacional da Mulher.

Na Argentina, os protestos de movimentos feministas coincidem com a retomada da discussão sobre a despenalização do aborto. Nesta semana, o presidente argentino, Alberto Fernández, apresentará um projeto de legalização da prática ao Congresso.

Usando bandanas verdes, as ativistas em favor da legalização do aborto devem fazer uma greve de mulheres e uma marcha até o Congresso argentino amanhã. Hoje, será realizada uma missa na Basílica de Luján, a 75 quilômetros de Buenos Aires, com o lema "Sim às mulheres, sim à vida", organizada pelos grupos contrários à legalização do aborto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O dia 8 de março marca no calendário a celebração do Dia Internacional da Mulher. Comumente lembrado por desejos de parabéns, mensagens em tom de homenagem e pelo recebimento de flores, esse dia vem sendo reivindicado para o resgate de seu sentido original, de luta pelos direitos das mulheres, uma pauta feminista. Desconhecido por alguns, visto com receio por outros, o feminismo vem conquistando espaço na esfera de debates públicos e redes sociais nos últimos anos, influenciando pessoas e pautando questões políticas. 

Neste dia 8 de março, o LeiaJá preparou uma reportagem ouvindo pesquisadoras e militantes feministas para explicar o que é o feminismo e como ele influencia mulheres, homens, debates públicos, projetos de lei e o pensamento social como um todo, pela perspectiva de quem tem o protagonismo desse movimento e está no centro da questão: as mulheres.

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Nas palavras de Liana Lewis, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que está desenvolvendo pesquisas sobre autoritarismo com recortes de raça, gênero e classe social, o feminismo pode ser entendido como “um movimento e escola de pensamento que denunciam que as relações de gênero são relações de poder e não são naturais, ou seja, são construídas e reproduzidas social e historicamente”. 

Ela continua explicando que o feminismo “denuncia e luta contra as formas de opressão que mantém as mulheres em lugar de subalternidade em relação aos homens” e que a principal ideia do feminismo é opressão de gênero como ponto central de denúncia e formulação de sua teoria e ações. Entre as principais premissas do feminismo, segundo a professora, estão as ideias do protagonismo feminino através do lugar de fala e a sororidade, que é definida como uma “união de mulheres que compartilham os mesmos ideais e propósitos, caracterizada pelo apoio mútuo evidenciado entre essas mulheres”, segundo o dicionário online Dicio. 

“Importante também é o lugar de fala que implica que nossas ideias e posições no mundo são determinados pelas maneiras como somos construídos socialmente (gênero, raça, sexualidade, classe, religião, etc). Sororidade é um conceito que funciona como modo de coesão através da empatia e identificação. Aqui é colocada a necessidade de compreendermos as várias formas de opressão a que as mulheres estão submetidas com o intuito de construir estratégias coletivas de libertação”, afirma Liana. 

Origem e expansão do movimento

De acordo com a professora e pesquisadora, a origem do feminismo está nos Estados Unidos do século XIX, quando mulheres operárias começam a fazer reivindicações por melhores condições de trabalho e tratamento igualitário em relação aos colegas de trabalho do sexo masculino. “Neste início então aconteceu uma forte articulação entre a questão de classe e gênero. A questão do sufrágio (voto) universal também acompanhou estas primeiras discussões, pois nesta época, o direito de voto na maioria dos países ocidentais era restrito aos homens brancos”, explica a professora Liana. 

A partir daí, o movimento ganhou força e se espalhou tanto pelos Estados Unidos como por outros países da Europa, América Latina, Ásia e África. Nesse processo de expansão, as ideias e formas de agir do movimento também foram passando por mudanças e transformações ao longo do tempo.

“O feminismo, nos seus primórdios, se restringiu à questão de gênero, tomando este conceito como universal, ou seja, partiu do princípio de que todas as mulheres eram submetidas a formas semelhantes de dominação. Ao longo dos anos, especialmente a partir das demandas das mulheres negras, existe uma compreensão de que gênero se articula com outras categorias tornando esta opressão ainda mais violenta e profunda”, explana a especialista.

Transformações e correntes de pensamento

Com essas transformações, surgiram novas linhas de pensamento e correntes dentro do feminismo. “Temos, por exemplo, o feminismo socialista, o feminismo negro, o feminismo africano, o feminismo queer, que articula a questão de gênero com sexualidade. Ou seja, ele se complexifica e se torna plural à medida em que os grupos identificam formas diversas de opressão de gênero”, afirma. 

Há, ainda, o feminismo interseccional, que busca formular uma luta conjunta, atendendo às particularidades de cada grupo de mulheres em seus contextos sociais e pautas específicas. Laeticia Jalil é professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), trabalha com temas ligados à Sociologia Rural, Feminismo e Agroecologia e na sua visão, a busca por um feminismo que contemple a diversidade feminina e não apenas uma hegemonia branca de classe média é um ponto positivo para o movimento. 

“O conflito não deve ser evitado pois somos plurais, há relações de poder, a gente tem que ter atenção para não reproduzir o modus operandi de quem nos oprime. É legítimo que indígenas não se sintam representadas só por brancas. O mesmo para as negras. Eu vejo isso como um amadurecimento do movimento, como capacidade de incorporar críticas e ampliar sua ação. Na prática, as mulheres se reconhecem como feministas num processo coletivo, mesmo com as particularidades de cada mulher”, diz a professora. 

Patriarcado, machismo e suas consequências

Laeticia também pontuou que a sociedade é pautada na cultura patriarcal, e o machismo é uma das expressões dessa característica. Questionada sobre como o machismo se expressa, ela informa que diversas questões que perpassam a criação de homens e mulheres criam desigualdades nas relações de gênero. 

“Nas expressões de poder, a menina aprende que ela é feita para cuidar, de rosa, casinha, panelinha. O menino é acostumado a ser agressivo, ir para a rua jogar bola, e isso vai se naturalizando na construção desses sujeitos e ocupamos o mundo de um jeito totalmente diferente dos homens. Hoje, quando olhamos para espaços de poder, no congresso, quanto por cento das legisladoras são mulheres? Os números de feminicídio têm aumentado, homens acham que têm o direito de mandar na mulher e isso se coloca desde o menino até o adulto”, explica a especialista.

A maior consequência dessa lógica social machista, para Laeticia, é a falta de acesso das mulheres a direitos básicos. “As mulheres são mais pobres, têm menos acesso à moradia digna, escolha da maternidade, (não têm) direito ao aborto seguro e legal. As mulheres são as mais pobres da sociedade num sentido não só de recursos financeiros mas de acesso a direitos”, diz ela. Questionada sobre a importância do dia 8 de março para o movimento feminista, a professora Laeticia indica que a data marca uma ação política para mobilizar a sociedade sobre os diversos temas que marcam as vidas das mulheres. 

“O 8 de março vem reafirmar que as mulheres são diversas, que temos que ir para as ruas e queremos um mundo justo a partir das mulheres para todo mundo. Ele tem uma função lúdica, de beleza, de cor, música, o feminismo ousa nas formas de diálogo, mas a sociedade reage porque as pautas são questionadoras da ordem vigente. O 8 de março é importante para confraternizar, se fortalecer e construir alternativas a partir das diferentes realidades”, explica a docente.

Ativistas pela vida das mulheres

Para entender o feminismo de forma ampla, tão importante quanto entender quais são as suas pautas e princípios é conhecer o dia a dia de quem está na militância pelos direitos das mulheres e em busca do patriarcado na sociedade, ouvindo as mulheres que participam ativamente de coletivos e movimentos sociais pautados no feminismo. Dani Portela é advogada, historiadora e foi candidata ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PSOL nas últimas eleições. Ela conta que suas primeiras indignações começaram no ambiente familiar. 

“Quando se reuniam, a minha família se dividia. Homens de uma lado, conversando, bebendo, e as mulheres ficavam preparando a comida, o que servir, conversando sobre filhos, casa, novela, assuntos que nunca me interessaram muito. Eu era aquela menina que estava me interessando pelo assunto dos homens, que geralmente falavam em política”, diz.

Seu contato com o feminismo começou através de leituras feitas em sua adolescência e se aprofundou a partir dos 18 anos de idade, na universidade de história, ao entrar em grupos de estudo de gênero. “Começo a estudar questões de gênero, violência e poder. Fiz isso na história, na pré-história quando fui para a arqueologia e segui fazendo isso quando no futuro me tornei advogada, estudando a perspectiva da Lei Maria da Penha, pensando em outra lógica quando o feminismo busca no direito uma solução para essas desigualdades”, relembra.

Tornar-se mãe foi o que fez, segundo Dani, o seu feminismo ganhar corpo, especialmente por ter tido uma menina. “No primeiro ano da minha filha eu fiquei impactada com a quantidade de panela, vassoura, cozinha, brinquedos considerados de menina que ela recebeu”, recorda. As dificuldades enfrentadas para retornar ao trabalho após ser mãe também trouxeram uma nova perspectiva para Dani sobre as desigualdades de oportunidades. 

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Carmem Silvia Maria da Silva tem 55 anos, é educadora, socióloga e trabalha no SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia. Ela também é militante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, movimento local da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). Sua trajetória de militante começou cedo, ainda aos 14 anos no movimento contra a carestia (inflação) e seguiu para o movimento estudantil quando ela entrou na universidade. Foi nesse momento, através de bibliografias às quais teve acesso durante seu curso, que ela começou a ter contato com as ideias feministas. 

“Só vim me reconhecer mesmo como feminista na medida em que eu tive participação ativa no movimento, que é cerca de uns 15 anos atrás, ao entrar no Fórum de Mulheres de Pernambuco e passar a atuar como feminista. Até então eu dizia ‘eu gosto do feminismo, eu compreendo o feminismo, leio sobre o feminismo’, mas quando a gente passa a atuar coletivamente no movimento como feminista, aí é que realmente a gente passa a se reconhecer. A militância no movimento feminista foi fundamental para esse reconhecimento”, conta Carmem. 

Questionada sobre as razões de muitas mulheres ainda não se reconhecerem como feministas ou terem resistência ao termo, Carmem aponta o desconhecimento e preconceitos como principais motivos. “Por muito tempo foi disseminado um preconceito contra mulheres feministas, colocadas como mulheres que querem dominar os homens, que não se cuidam no sentido de se adaptar ao padrão de beleza. Tem aumentado o número de feministas, você vê hoje muitas jovens, adolescentes feministas. Isso se deve ao crescimento do movimento, ao crescimento do debate na internet. Quando um movimento é contra o sistema, logicamente o sistema faz tudo contra ele e faz tudo para que mais mulheres não cheguem nele, enquanto a gente faz tudo para que mais mulheres se engajem nas nossas lutas”, afirma.

Na visão de Carmem, o machismo é uma atitude preconceituosa que oprime as mulheres em um sistema de dominação patriarcal, capitalista e racista. “A nós é imposto o trabalho doméstico, de cuidados, e os homens são liberados disso. No mercado de trabalho nós temos menos direitos e salários menores. A nós é imputada uma condição de vulnerabilidade na vida urbana. O Estado Brasileiro define que não podemos interromper uma gravidez indesejada, isso é um controle sobre o corpo. A violência, a divisão do trabalho, o controle sobre nosso corpo e a determinação de que mulheres não devem ocupar espaços de poder são os principais problemas aos quais nós mulheres estamos submetidas nesse sistema”, defende.

Carmem explica que, em sua visão, a definição de quais sãos as pautas mais urgentes para as mulheres depende de onde elas vivem e o que mais as afeta. Já a nível nacional, ela afirma que “a gente tem uma luta grande por mais mulheres nos espaços de poder na esfera da organização do poder de Estado e no Legislativo". "A gente tem uma luta grande pela legalização do aborto, que hoje é crime e a luta contra a violência é sempre atual”, acrescenta.

A importância de levar as ideias feministas às ruas e lutar pelas pautas coletivamente, de forma organizada, foi destacada por Carmem como sendo um meio necessário para alcançar mudanças sociais efetivas. “Feminismo não é um estado de espírito, um modo de se vestir nem é como você conversa no bar. Pode te dar uma filosofia que ajude a te definir, mas é fundamentalmente um projeto social que luta coletivamente. É importante não se deixar dominar por esse individualismo do neoliberalismo próprio do ‘cada um por si e as deusas por todas’, a gente precisa estar em movimento, lutando juntas para confrontar os poderes que causam nas nossas vidas”, acredita Carmem.

Mônica Oliveira tem 51 anos e é assessora parlamentar do mandato coletiva Juntas (PSOL) na Assembleia Legislativa de Pernambuco, bem como é assessora de finanças da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco. Sua militância começou aos 15 anos de idade, no grupo de jovens da ala progressistas da pastoral da juventude da igreja católica e no conselho de moradores do Alto de Santa Terezinha, no Recife, passando depois pelo movimento de cristãos universitários, pela filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e chegando ao movimento negro. A militância feminista começou no final dos anos 90 e início dos 2000, por meio de um grupo de trabalho chamado Omnira, que é uma palavra Iorubá para mulher.

“Nos anos 70 e 80, até nos anos 90, as mulheres negras faziam grandes enfrentamentos dentro do movimento feminista clássico, porque nesse período o feminismo mantinha um discurso de que as mulheres eram todas iguais e vivenciavam as mesmas opressões. As mulheres negras afirmavam que nós não éramos iguais, porque o fato de as mulheres negras enfrentarem o patriarcado, o sexismo e as desigualdades de classe, enfrentarem também o racismo. Isso tensionava muito o movimento feminista, eram confrontos bastante difíceis que as mulheres negras enfrentavam”, conta ela. Mônica explicou que, além dos enfrentamentos dentro do feminismo, no âmbito do movimento negro também havia luta pelo reconhecimento das pautas das mulheres contra o patriarcado. 

“Esses enfrentamentos foram fundamentais para que o movimento feminista hoje se afirme como um movimento anti racista, levou alguns anos para que as mulheres negras conseguissem afirmar sua posição em torno disso. Existe uma teórica chamada Bell Hooks que dizia que o que nos une não é que nós sofremos as mesmas pressões, o que nos une é a luta contra as opressões. O que nos une enquanto mulheres, negras e brancas”, afirma.

Quando questionada sobre qual é, hoje, a situação da mulher negra brasileira, Mônica destaca os indicadores sociais que mostram, por meio de dados, que as mulheres negras são o segmento social mais marginalizado no país. “Estamos nas piores condições do ponto de vista da renda, do ponto de vista do emprego, somos maioria nas ocupações precárias, nos empregos informais, não tem direito trabalhista, não tem direito a salário digno. Ocupamos os piores índices no ponto de vista da saúde se você pega indicadores como mortalidade materna, mais de 60% são mulheres negras”, exemplifica.

Segundo Mônica, o feminismo negro tem questões que são particularmente importantes para o contexto em que vivem essas mulheres. “Sem sombra de dúvida o enfrentamento à violência contra a mulher é uma pauta fundamental para as mulheres negras, pois somos as que mais sofrem violência doméstica, feminicídio e violência sexual. As políticas de segurança públicas são uma agenda fundamental. A política de segurança do Brasil tem determinado aquilo que a gente chama de genocídio da juventude negra, a atuação policial é altamente marcada pelo racismo, isso afeta a vida das mulheres negras pois são nossos filhos, maridos, irmãos, que são assassinados. A guerra às drogas é uma pauta importante para nós pois as autoridades ao invés de desbaratar o tráfico, continuam prendendo pequenas pessoas que não têm grande significado”, destaca.

Mônica continua citando a luta contra o empobrecimento, o desemprego e desmonte dos programas sociais que, segundo ela, “afeta diretamente a população mais pobre, a população negra, e aí as mulheres são afetadas porque elas sustentam suas famílias, mais da metade das famílias sustentadas por mulheres no Brasil são sustentadas por mulheres negras”.     

Liana Cirne é advogada, professora da Faculdade de Direito do Recife, da UFPE, militante feminista e pré-candidata à vereadora do Recife. Seu processo de reconhecimento como feminista começou na infância, crescendo em uma família muito machista e começando a se indignar com situações que lhe eram negadas por ser menina. 

O primeiro contato com ideias feministas veio através de livros que ela escolhia na biblioteca que frequentava. “As pessoas tinham uma visão equivocada e preconceituosa do feminismo e por muito tempo eu era a única feminista do grupo e as outras tinham preconceito. Foi muito importante e libertador. O feminismo definiu muito quem eu sou, eu não seria quem sou nem estaria onde estou se não fosse o feminismo”, acredita.

Tornar-se militante foi um processo orgânico, segundo Liana, através de sua atuação como professora universitária. “A posição de professora nos demanda várias mãos e as alunas chegam com muitas dificuldades, seja por ser mãe, por falta de estímulo da família. Em pleno séc XXI há gente que quer que as filhas não estudem. Para muitas mulheres, estudar é um ato de insubordinação”, revela.

A militância de Liana se conectou com a política após sua participação em alguns movimentos sociais e, nessa trajetória, os direitos das mulheres são uma bandeira de reivindicação. “O feminismo me acompanha, pois como em todos os espaços em que a mulher está, o machismo impera na política. E também é um espaço privilegiado para buscar mudar isso e minar o machismo que ainda impera. Isso não é possível sem a participação de mulheres comprometidas com o feminismo interseccional. Temos que pensar em mulheres diversas. Isso vale para a professora, empregada, balconista, dona de casa, para todas”, comenta.

Os espaços de educação, em especial as universidades, são citadas por muitas mulheres como um meio através do qual o conhecimento sobre o que é o feminismo e sua importância chegou em suas vidas. Liana, que tem 23 anos de carreira como professora, enxerga a maior escolarização das mulheres e o acesso às universidades como uma ferramenta de empoderamento feminino. 

“A universidade permite que a gente se reinvente. Quando a mulher vem para a universidade em uma área que ela escolheu, tem o direito de sonhar em ser uma profissional bem sucedida, uma mulher independente. A dependência econômica muitas vezes é a principal causa de prisão da mulher a uma relação tóxica por não ter dinheiro para sair de casa, manter os filhos. Esse movimento de romper um relacionamento tóxico sem independência é muito mais difícil. Quando ela vem para a universidade, abre-se para ela a oportunidade de sonhar com um futuro melhor”, finaliza professora.

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Neste domingo (8) é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e nesta data é celebrada a luta pela igualdade de direitos e em favor do voto feminino. Além disso, é uma data marcada pelo empoderamento feminino, expressada no fortalecimento das mulheres na luta e desenvolvimento da equidade de gênero.

Como homenagem, o LeiaJá resolveu listar alguns filmes que abordam a temática do empoderamento feminino. Confira:

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As Sufragista (2015)

O filme aborda a realidade da época em que as mulheres não tinha voz em questões políticas ou de sua própria educação. Situado na Londres do século XX, retrata o início do movimento feminista e a luta pelo voto feminino. Vale ressaltar, que no Brasil o direito ao voto foi conquistado apenas em 1932.

Estrelas além do tempo (2017)

O filme é baseado em fatos reais e conta a história de três mulheres negras que trabalhavam na Nasa, em 1961, durante a Guerra Fria. Além de focar no preconceito racial vivenciado, o filme retrata a invisibilidade das mulheres em um ambiente de trabalho exclusivamente masculino.

Joy: Um nome de Sucesso (2016)

Baseado em fatos reais, a história de Joy Mangano retrata a luta diária de mães solos que precisam passar por diversos obstáculos para criar e sustentar os filhos. A história se passa na década de 90 e conta como Joy ficou milionária ao vender suas criações de equipamentos de limpeza inventados por ela, após um acidente doméstico.

Frida (2003)

O filme retrata as adversidades e lutas enfrentadas pela Pintora mexicana Frida Kahlo. O destaque do filme é a força e obstinação de Frida que mesmo passando por diversas turbulências em seu casamento e os problemas de saúde, além do acidente que a deixou gravemente debilitada, manteve sua produção de arte e viveu intensamente como queriam fora dos padrões de sua época e se transformando num ícone do empoderamento feminino.

Histórias Cruzadas (2012)

Retratado no Mississipi dos anos 60, o filme conta a história de uma aspirante a escritora que começa a entrevistar mulheres negras que deixavam suas famílias e filhos para trabalhar como empregadas cuidando dos filhos da elite branca, o que acaba desagradando toda a alta sociedade.

Malala (2015)

O filme aborda o ataque e a perseguição do Talibã, sofrida pela jovem paquistanesa Malala Yousafzai por expor a suas ideias sobre educação feminina e após seu discurso na ONU. Malala se tornou ativista e foi a pessoa mais nova a ser laureada com um Prêmio Nobel.

O Sorriso de Mona Lisa (2004)

O filme se passa em uma escola tradicional feminina nos Estados Unidos, durante os anos 50, onde ensinavam as mulheres a serem boas esposas e mães. E incomodada com o conservadorismo do ensino e da sociedade local, uma das professoras tenta passar uma nova visão as suas alunas sobre o direito que elas possuem de trabalhar.

Coco Antes de Chanel (2009)

Na França do século XX uma mulher pobre luta para vencer os obstáculos de sua vida iniciando uma carreira no mundo da moda. Quebrando paradigmas da época, Coco Chanel se torna uma revolucionária por suas ideias e criações, que a levaram a construir um império e ser considerada uma das pessoas mais importantes da história daquele século.

No mês em que é celebrado o Dia da Mulher, uma campanha contra o sexismo na moda começa a tomar vulto. Idealizada pela Hering, o movimento pede pelo fim do uso do termo 'tomara que caia' para peças femininas que não têm alças. A hashtag #blusasemalça foi criada para a campanha e a revista Harper's Bazaar engrossou o coro colocando a atriz Mariana Ximenez levantando essa bandeira em sua capa. 

No site da Hering, a campanha é explicada da seguinte maneira: "Tomara que caia é um termo sexista que precisa ser extinto do mundo da moda, das notícias e do nosso vocabulário. Esse movimento começou para valorizar e reconhecer as causas das mulheres". Além disso, cada peça sem alças comprada no site da marca terá sua renda revertida para o Programa Bem Querer Mulher, que ajuda mulheres vítimas de violência. 

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--> 16 frases nachistas repetidas ao redor do mundo

Engrossando a campanha, a revista Harper's Bazaar colocou a atriz Mariana Ximenez em sua capa com uma blusa sem alças no qual está escrito: "Isso não é um tomara que caia". No Instagram, Mariana falou sobre a importância da campanha: "Um orgulho estar nessa edição da Bazzar nessa campanha tão importante de respeito a mulher. Como a minha querida @patriciacarta disse, tomara que caia de uma vez por todas, e o quanto antes, qualquer juízo de valor sobre as nossas escolhas". 

 

As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço e garantido seu lugar de fala na sociedade derrubando estigmas e preconceitos arraigados há gerações no comportamento de todo o mundo.  A luta feminista, no entanto, é constante e feroz, uma vez que os princípios patriarcais e machistas estão impregnados no cotidiano, muitas vezes de forma velada. 

Até mesmo expressões linguísticas corriqueiras, ditas e repetidas - por homens e até mesmo mulheres - carregam consigo níveis de machismo e preconceito que, às vezes, nem são percebidos devido à sua banalização. O aplicativo de idiomas Babbel convocou linguistas de 12 diferentes países para analisar os termos mais falados, nesse sentido, em seus idiomas, e montar uma lista de frases machistas que são proferidas em larga escala, diariamente, ao redor do planeta.

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O objetivo é apontar as 'falhas' nessas sentenças alertando para questões semânticas que influenciam na formação cultural de cada sociedade, perpetuando o machismo e até mesmo, o naturalizando. Confira. 

Brasil

Como uma mulher tão bonita como você está solteira?

Obviamente, essa frase implica que apenas mulheres feias ficam solteiras – como se a opinião dos homens sobre estética feminina tivesse o poder de decidir seu status civil. Nem os próprios homens saem ganhando com esta frase, já que ela comunica que eles são tão fúteis ao ponto de basearem suas escolhas apenas em aparências.

Mulher tem de se dar ao respeito

Esta afirmação significa que mulher que se preze tem de se portar e se vestir de uma certa maneira para ser respeitada por homens. Caso contrário, ela corre o risco de ser considerada vulgar e não digna de respeito – o que acaba justificando assédios e até estupros. “A frase é muito usada para tentar transferir a culpa de ações como essas, inclusive as criminosas, minimizando a responsabilidade de quem realmente cometeu a agressão. É bom lembrar que essa cultura de culpabilização da mulher é tão forte que também é reproduzida por mulheres”, diz Camila Rocha Irmer, linguista brasileira da Babbel.

Comporte-se como uma mocinha

Esta frase geralmente é usada para ensinar "boas maneiras" a meninas. “Comportar-se como uma mocinha” significa ser obediente, quieta e graciosa, implicando que qualquer outro comportamento fora desse escopo não é adequado e deve ser condenado.

Mal-amada

O termo, que é usado apenas para mulheres, pretende “descrever” a atitude de uma mulher usando uma suposta causa – falta de afeto masculino. Contudo, quando o mal-humorado é um homem, ele é o dono do próprio estado emocional/ atitude – e nunca um mal-amado. Já a expressão “mal-amada” sugere que um homem, ou a falta dele, teria o poder de moldar a personalidade feminina.

Mulher de malandro

A expressão normaliza a violência doméstica ao subestimar um assunto sério. Usar o termo, que se refere à mulher que apanha mas não larga o marido, é colocar na vítima a responsabilidade pela violência sofrida, absolvendo o agressor. Chamar alguém de "mulher de malandro" é ignorar os motivos que a fazem ficar em uma relação abusiva: falta de condições econômicas para criar as crianças sozinha, falta de apoio das pessoas ao redor, medo de ser assassinada pelo marido, etc. Quando está presa em uma relação abusiva, muitas vezes nunca consegue se libertar porque o abusador a humilha e a diminui até aniquilar a força e a autoestima necessárias para que consigam sair da relação.

Argentina

Sabes cocinar, ahora ya te podes casar (significado: sabe cozinhar, agora já pode se casar).

Apesar de já estarmos em 2020, esta frase remonta à primeira metade do século passado, quando as mulheres eram majoritariamente donas de casa. Contudo, ela continua sendo repetida não só na Argentina, mas no Brasil e em muitos outros países.

Chile

Con ese carácter, nadie te va a aguantar (significado: com essa personalidade, ninguém vai te aguentar)

Esta frase tem a ver com o termo “mal-amada” em português. Mais uma vez, mulheres que apresentam opiniões fortes e não são sempre “doces” acabam sendo vistas como desagradáveis – o que supostamente as impediriam de ter um parceiro.

Colômbia

Eso fue que se lo dio al jefe (significado: ela deve ter dormido com o chefe)

Apesar de o mercado de trabalho estar cada vez mais igualitário, esta frase, que ainda é muito proferida, denuncia o longo caminho que ainda é preciso percorrer. “Eso fue que se lo dio al jefe” supõe que uma mulher só chega a ser bem-sucedida se dormir com seu próprio chefe. “A verdade é que a persistência da desigualdade salarial e o abuso generalizado de mulheres dentro e fora do trabalho destacam desigualdades profundamente enraizadas – tanto na sociedade quanto na linguagem” comenta David Marín, linguista colombiano da Babbel.

Espanha

A los hombres se les conquista por el estómago (significado: homem se conquista pelo estômago)

Esta frase remonta à argentina Sabes cocinar, ahora ya te podes casar. As duas impõem a ideia de que mulheres precisam cuidar dos homens. Do contrário, não são “boas mulheres”.

Itália

Tanto a voi basta aprire le gambe (significado: você só precisa abrir as pernas)

No mesmo sentido da colombiana Eso fue que se lo dio al jefe, esta frase, ainda muito usada na Itália, anula a capacidade profissional e intelectual das mulheres em alcançar seus objetivos.

França

C'est une affaire d'homme (significado: isso é negócio de homem)

Geralmente usada para excluir mulheres de assuntos intelectuais ou sobre negócios. Um exemplo é quando uma mulher tenta participar de uma conversa, mas é bloqueada com esta frase. Esse “não é da sua conta” subestima, mais uma vez, a capacidade intelectual da mulher, além de cancelar sua opinião sobre certo tema.

Alemanha

Bis du heiratest ist das weg (significado: quando casar passa)

Também na Alemanha, quando uma garotinha se machuca ainda dizem “quando casar passa” – como se o casamento fosse eliminar todas as dores de sua vida. 

Reino Unido

Man up (significado: seja homem!)

Esse imperativo é usado para exigir que alguém se endureça e enfrente as coisas de frente. A frase implica que só através da masculinidade é possível vencer desafios.

Estados Unidos

Bubbly (tradução literal: espumante/ com gás)

O termo é usado para descrever um suposto traço de personalidade feminina extrovertida, que é feliz, bobo, comunicativo, mas sem conteúdo. O fato de bubbly não ser usado para homens, por si só, já denuncia o problema.

Austrália

Don't be such a girl (significado: não seja um mariquinha)

Frase frequentemente dita a meninos, comunicando que sensibilidade e tristeza são traços de fraqueza reservados a meninas. 

Nova Zelândia

 

Cook the man some (fucking) eggs (tradução literal: cozinhe alguns ovos para o homem!)

Esta é uma frase de um filme da Nova Zelândia chamado Once were warriors. Nele, um personagem masculino ordena sua esposa a cozinhar alguns ovos para o amigo dele. Ela se recusa e o marido a agride violentamente. Desde então, é usado na popularmente com o significado "faça algo por mim". Contudo, seu uso como piada minimiza a gravidade da violência doméstica.

*Com informações da assessoria

A antropóloga e professora brasileira Débora Diniz recebeu, nessa quarta-feira (12), o prêmio Dan David, que reconhece pessoas que tenham se destacado nas áreas da ciência, tecnologia, cultura e assistência social. A pesquisadora teve que deixar o Brasil em 2018, após sofrer ameaças de morte de grupos conservadores.

Além de Débora Diniz, outra mulher foi honrada com o prêmio. A professora indiana Gita Sen que trabalha com causas que incentivam o empoderamento da mulher. As duas estudiosas dividirão 1 milhão de dólares por terem contribuído em prol das igualdades de gênero. 

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O ativismo de Débora Diniz em defesa dos direitos reprodutivos das mulheres, em especial, a da descriminalização do aborto, foi criticado por conservadores da extrema direita que perseguiram a antropóloga, passando a ameaçá-la por telefone e redes sociais. Ela se mudou para os Estados Unidos com a família em 2018 para fugir das ameaças de morte.

“Acabo de receber o prestigioso prêmio Dan David Prize pela atuação na igualdade de gênero. É alentador saber que a luta pelo aborto no Brasil é central à igualdade no mundo”, pronunciou a professora da Universidade de Brasília (UnB) em seu Twitter.

O deputado estadual Jessé Lopes (PSL-SC) publicou um texto em sua página no Facebook, nesse domingo (12), no qual hostiliza a campanha feminista contra o assédio no carnaval. Em um dos trechos da publicação, o parlamentar diz que toda mulher gosta de ser assediada e que a prática “massageia o ego”.

“Não sejamos hipócritas! Quem, seja homem ou mulher, não gosta de ser “assediado(a)” ?? Massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude”, afirmou. 

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Em outra parte, Jessé Lopes compara o movimento feminista com o Movimento Sem Terra (MST), ao dizer que “Sempre que conquistam algo, irão procurar outra causa para defender, pois o movimento não pode parar, já que ele é um braço da revolução cultural socialista”.

Segundo o deputado do PSL, as mulheres já conquistaram “todos os direitos necessários” e em muitos casos, até mais que os homens. A luta contra o assédio constante sofrido por mulheres, principalmente nas festas carnavalescas, foi classificada pelo deputado como “retirada de direitos” de a mulher ser “paquerada” e “elogiada”. 

“Parece até inveja de mulheres frustradas por não serem assediadas nem em frente a uma construção civil”, provocou.  As críticas ao feminismo e a relativização do assédio não pararam por aí. No final da postagem, Jessé Lopes incita as pessoas a não colaborarem com o movimento que ele chama de “segregador”. 

“Toda mulher sabe lidar com assédio. Obviamente estou falando do ASSÉDIO no sentido que o próprio movimento GENERALIZA (dar em cima), e não de atos AGRESSIVOS e perturbante. Neste carnaval, não colabore com este movimento segregador, não use essa tatuagem ineficiente!”, concluiu.

Nos comentários, o deputado recebeu inúmeras críticas, mas ironizou algumas. Em resposta a um comentário de uma mulher, o político expõe, indevidamente, uma foto da uma internauta, a quem ele dispara provocações. 

"Nesta foto, não parece que você está muito preocupada com assédio", criticou o parlamentar na foto de uma mulher. 

No início da noite desta sexta-feira (29), dezenas de manifestantes saíram em passeata pela Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife, pedindo pelo fim da violência contra as mulheres. A ação foi organizada pelo Fórum de Mulheres de Pernambuco para “reforçar a necessidade de dar visibilidade às violências contra as mulheres e lembrar de cada mulher que teve a sua vida interrompida, que foi assediada, ferida ou humilhada pelo machismo”.

Na tentativa de chamar a atenção da sociedade, as manifestantes chegaram a interromper o tráfego dos veículos e mostraram as faixas, cartazes e gritaram palavras de ordem contra o machismo que, segundo as manifestantes, “é o viagra da violência contra as mulheres”. A interdição foi parcial e os protestantes seguiram tomando uma faixa da avenida. 

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“Estamos em vigília porque a violência contra as mulheres também é racista. Enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras teve crescimento de 1,6%, a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu quase 30%”, pontua as organizadoras.

E se o destino das princesas não se resumisse em casar com o Príncipe Encantado e viver feliz para sempre? Em "Lute como uma princesa", Vita Murrow e Julia Bereciartu ousaram criar um mundo de princesas poderosas. O livro estará à venda a partir da próxima quarta (4).

A educadora Vita Murrow e a ilustradora Julia Bereciartu lançam em dezembro a coletânea em que 15 contos de fadas são recontados para uma nova geração de crianças. Bela é uma destemida detetive e se aventura sem medo pela Floresta Proibida, Rapunzel torna-se uma renomada arquiteta que usa suas habilidades para mudar a realidade de sua comunidade e Cinderela é uma líder trabalhista em busca de justiça para todos.

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Essas novas histórias focadas em autoestima, empatia, representatividade e defesa de minorias redefinem o que significa ser uma princesa. A ideia das autoras é mostrar que uma princesa é alguém que está aberta para aprender coisas novas e que busca formas para dar mais sentido à vida daqueles que vivem perto delas.

Com tradução de Dani Gutfreund e edição de Thaisa Burani, o livro tem 96 páginas e sai pelo selo Boitatá da Boitempo.

Redescubra as suas princesas nos contos:

•    Branca de Neve — criadora do concurso de beleza interior

•    Bela Adormecida — especialista em distúrbios do sono

•    Polegarzinha — produtora musical

•    Rapunzel — arquiteta de renome mundial

•    Bela, a corajosa — agente secreta

•    Isabel — estilista

•    Cinderela—primeira-ministra e empresária

•    Estrela — dançarina

•    A menina dos gansos — comediante

•    A princesa e a ervilha — fundadora do Serviço de Encontros Românticos

•    A Rainha das Neves — treinadora de esportes de inverno

•    A pequena sereia — ambientalista

•    Zade — contadora de histórias e empresária

•    Evangelina — bióloga e exploradora

•    A chapeuzinho vermelho — guarda-florestal e Amiga Fiel da Floresta

Com informações de assessoria

Na última quinta-feira (31), o Baile das Bruxas reuniu diversos famosos, em São Paulo, para celebrar o Halloween. O baile de gala teve como tema o empoderamento feminino e as mulheres presentes, além de curtirem a noite, também reservaram um tempo para falar da importância do feminismo. 

O Baile das Bruxas foi promovido pelas revistas Marie Claire e Quem e reuniu diversas celebridades, como Isis Valverde, Paolla Oliveira, Ludmilla, Camila Pitanga, Cleo, Mariana Ximenes, Sophia Abrahão e Luciana Gimenez, entre outras. Com fantasias que foram do ousado ao luxuoso, elas se divertiram e ressaltaram a temática da noite. 

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Antes de cair na balada, algumas dessas mulheres falaram à revista Quem sobre a importância do feminismo tanto em suas vidas como na sociedade em geral. A atriz Mariana Ximenez revelou estudar bastante sobre o assunto: "Participo de reuniões para estudar sobre o feminismo. Quando nos encontramos falamos sobre Angela Davis e Conceição Evaristo e cada uma das mulheres começa a contar suas experiências, esse momento é poderoso para mim. Quando olho aquelas mulheres reunidas, fico comovida". 

Já a cantora e também atriz, Cleo, falou sobre o acolhimento que recebeu no movimento: "Eu acho que comecei a ser mais aberta e falar mais quando vi muitas mulheres ao meu redor também se colocando dessa forma (como feminista). Me senti representada, acolhida, para falar dessas questões". Sua irmã, Antonia Morais, revelou que o feminismo melhorou sua relação com suas iguais: "É algo extremamente necessário e importante. A sociedade como um todo ganha. Eu venho mudando a relação com minhas irmãs e amigas, a gente tem o machismo muito enraizado na sociedade e até em nós mulheres. Quando você tem acesso ao feminismo, você começa a entender. É uma conscientização". 

A atriz Mayana Neiva também falou sobre o assunto e celebrou o atual momento da sociedade: "Acho que a gente vive um levante feminista gigantesco no mundo, das vozes de todas as mulheres, de toda a diversidade e isso chega também no entretenimento. Mulheres no poder, aumentando a representatividade na política, além de diretoras, atrizes, papéis melhores, e o Me Too vêm na derrubada do machismo deste setor, que é gigantesco. E viva o matriarcado!".

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) tem sido atacada desde que, em meio à crise de seu partido, foi destituída da liderança do governo no Congresso Nacional. As ofensas vêm, inclusive, de antigos aliados. E estão sendo feitas justamente no ambiente que foi fundamental para que ela obtivesse votação recorde em 2018: as redes sociais. "Sofro ataques machistas e canalhas de um grupo do qual Eduardo e Carlos Bolsonaro fazem parte", afirma.

A parlamentar diz estar enfrentando o machismo pela primeira vez agora e acrescenta que se trata de algo tão "cafona" quanto o feminismo. "Eu vejo o feminismo como um machismo de sinal contrário", diz. "A veia boa do início do feminismo foi distorcida demais."

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Deputada mais votada da história do País, com mais de 1 milhão de votos, Joice pode deixar a Câmara Federal em breve. Ela é pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSL. "Eu só declinaria da candidatura à Prefeitura para algo maior. Algumas pessoas do meu partido já estão me procurando com essa intenção", revela.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

A senhora é uma mulher que se posiciona, que sempre trabalhou fora, que se diz pai e mãe dos filhos. Com esse papel de força, por que não defende o feminismo?

Eu vejo o feminismo como um machismo de sinal contrário. Como eu acho o machismo cafona, eu acho o feminismo cafona. A veia boa do início do feminismo foi distorcida demais, acabou virando um jogo de mulheres contra homens. Eu sou contra isso. A gente não tem de ser contra ninguém: é chegar, ocupar nosso espaço, pronto e acabou. Acho que a gente precisa refundar o movimento feminino no mundo todo, não só no Brasil, para conseguir valorizar o que a mulher tem de fato. Se houver uma 'refundação', posso até entrar nisso, mas para ser um movimento feminino. E não uma guerrinha de sexos.

A senhora falou que o feminismo perdeu a veia boa. Qual seria essa veia?

Lá atrás, houve vitórias como a conquista do voto, por exemplo. Mas isso não pode ser atribuído ao movimento feminista. E sim ao movimento de mulheres. Não havia naquele grupo só feministas. Estavam ali também donas de casa, que queriam cuidar do marido e dos filhos. Hoje, no entanto, vejo mulheres sendo criticadas porque querem se dedicar ao papel de mãe. Ou seja, o movimento feminista acaba ridicularizando mulheres que não optam por esse lado mais duro. Não conheço mulher mais dura e firme do que eu. Mas tenho de mesmo de ser feminista? Não, porque eu sou liberal e não quero impor nada para ninguém.

A senhora considera que já sofreu ataques machistas?

Nunca tinha sofrido nenhum ataque machista. Nunca houve um único caso, uma única gracinha na Câmara. Por quê? Porque eu cheguei com a alma preparada para enfrentar o que der e vier. As ofensas começaram agora. Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro fazem parte do grupo que me ataca nas redes sociais. São mais do que ataques machistas, são canalhas. Emojis de porco, postagens me associando à (personagem de desenho animado) Peppa Pig, montagens.

Considera que o presidente Bolsonaro e seus filhos são machistas?

Não vi nenhuma manifestação pública do Flávio, por enquanto. Internamente, é outra coisa. O presidente também não falou nada. Prefiro dar a ele o benefício da dúvida de que é contra tudo isso que está acontecendo.

Apenas 15% dos cargos em disputa nas eleições do ano passado foram conquistados por mulheres. Como avalia a situação?

Quando você faz um comparativo, as mulheres são mais preparadas do que os homens em relação a estudo. Porém, ainda falta para algumas delas o preparo de alma. O preparo de coração, de vontade, de querer entrar na guerra, ir à luta e ganhar. Então, essa questão de cota me incomoda um pouco. Para mim, o mais importante é convencer a mulher de que ela deve entrar na política porque quer, para entregar algo para o País. Sou a prova viva de que não é preciso ter cotas. Fiz minha carreira sozinha no maior colégio eleitoral do País e trouxe mais quatro (deputados) comigo.

Como fazer para que mais mulheres ocupem espaço na política institucional? O que falta para que isso ocorra?

Financiamento é importante, mostrar a comunicação para mulher, o fazer campanha olho no olho. Por outro lado, nem acho que esse mundo (da política) seja tão masculino assim. Se eu estou em um lugar que tem cem homens e só eu de mulher, não me sinto intimidada. Por mim, tanto faz quanto tanto fez. Quebrar isso com o exemplo é o melhor caminho. Essa mulher que está aqui, brigando na Câmara, gosta de um batom, de unhas feitas, de um cabelinho escovado. É menina como todas elas. Mas que chegando aqui tem um papel de mulher forte.

Os últimos governos foram criticados pelo fato de contarem com poucas ministras. Qual a sua visão sobre o tema?

Não gosto dessa observação, como se você tivesse de ter uma cota. Mas os governantes precisam olhar um pouco mais para as qualificações das mulheres. Não venham me dizer que, para a formação de uma equipe ministerial, não há mulheres excepcionais no mercado. Nós temos mais tendência à conciliação, a conversar, a ouvir o contraditório, a não perder a paciência. A mulher pode usar na política a sensibilidade feminina e a força que tem para gerar e criar filhos.

Se existem mulheres conciliadoras e com currículo excepcional, por que não são escolhidas?

Você está perguntando para a pessoa errada. Precisa perguntar para quem nomeia. Particularmente, gosto de trabalhar com mulheres para algumas funções e não para outras. A questão do jeitinho da mulher e do jeitão do homem ajuda em alguns momentos. Para assessoria de comunicação, gosto de trabalhar com mulher, tem o jeitinho para falar com repórter. Mas meu motorista é homem.

Como é feita a articulação da bancada feminina, da esquerda à direita? Existe essa união?

A bancada feminina é organizada, é única, funciona bem quando as pautas não são polêmicas. Quando são, existe uma divisão até por causa da orientação partidária. Em temas de costumes, há divisão. Agora, em outras pautas a mulherada se junta. Define qualquer votação. São 77 mulheres. É maior do que qualquer bancada e consegue decidir o que quiser na Câmara.

A senhora tem um projeto de lei para endurecer a Lei Maria da Penha. Que outras pautas quer propor em prol das mulheres?

Não gosto de fazer pauta específica para mulheres, homens e crianças. A gente tem de pensar no Brasil. As minhas pautas são nacionais, como o combate à corrupção, a segurança pública… O meu projeto (PL 11/2019; a proposição está aguardando parecer na Comissão de Segurança Pública da Câmara) para mexer na Lei Maria da Penha não é uma pauta feminina. É pauta humana, em defesa das pessoas que estão sendo mortas no País. Há levantamentos mostrando que, após denunciarem a agressão, algumas mulheres são espancadas, violentadas e até mortas quando voltam para casa. E isso é feminicídio. Quero que o delegado possa analisar o caso e conceder medidas protetivas imediatamente.

A crise do PSL afeta seus planos de disputar a Prefeitura de São Paulo? A pré-candidatura está mantida?

Está totalmente mantida. A minha disputa pela Prefeitura de São Paulo é fundamental para barrar o plano da esquerda de voltar à Presidência. Está na hora de as paulistanas se orgulharem da mulher que comanda a Prefeitura. Eu só declinaria da candidatura por algo maior. Algumas pessoas do meu partido já estão me procurando com essa intenção.

O que seria algo maior?

Aí vocês interpretam da maneira como quiserem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o objetivo de mostrar a resistência das mulheres dentro da ciência e dos estudos, mesmo diante do machismo, Os Caras de Pau do Vestibular promove o aulão “Agora é que são Elas”, que consiste em uma aula preparatória para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) comandada apenas por professoras. O evento inédito será realizado no próximo dia 29 de setembro, das 8h30 às 17h30, no auditório da Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE), localizada no Centro do Recife.

Com a participação de dezoito educadoras, sendo uma delas travesti, o Agora é que são Elas conta com aulas de matemática, filosofia, sociologia, inglês, espanhol, química, física, biologia, literatura, gramática e redação.

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De acordo com a professora de linguagens e coordenadora do aulão, Lourdes Ribeiro, durante o evento os participantes terão a oportunidade de colocar em prática a conscientização e o aprendizado. “Cada matéria vai falar de uma mulher importante dentro da sua área e, a partir disto, os participantes irão resolver questões que passaram pelas edições anteriores do Enem que vão de encontro ao que ela representa”, explica.

Além da professora Lourdes, o evento também conta com a presença de educadoras como Cristiane Pantoja, Mari Pestana, Vitória Brandão e outros nomes. O valor do ingresso para participar do aulão custa R$ 10 para pessoas que comprarem com antecedência na sede dos Caras de Pau e R$ 15 para quem comprar na hora. Ao todo, o evento conta com 400 vagas disponíveis para o público em geral.

Serviço

Aulão Agora é que são Elas

29 de setembro | 8h30 às 17h30

FAFIRE ( Av. Conde da Boa Vista, 921 - Boa Vista, Recife)

A segunda edição do programa 'Aprenda com Elas', do Vai Cair no Enem, já está no ar. O projeto, que estreou no último dia 22 de julho, traz conteúdos atuais abordados através da ótica feminina. A atração foi idealizada por mulheres e é apresentada por Kimberly Neri,  da TV LeiaJá.

O tema deste programa é a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Kimberly conversa com Lorena Bravo, procuradora e vice-coordenadora da Coordigualdade, que faz parte do Ministério Público do Trabalho e visa promover a igualdade no ambiente de trabalho. Veja o vídeo, que está disponível também no IGTV do @vaicairnoenem e no canal do Youtube.

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Confira também a primeira edição do programa, que contou com a presença da professora de história, sociologia e filosofia, Cristiane Pantoja.

 

O deputado federal Carlos Jordy (PSL) é um crítico corriqueiro das pautas da esquerda e da bandeira do feminismo. Por vezes, em suas redes sociais, o parlamentar costuma tecer comentários negativos às temáticas defendidas pelas mulheres.

Neste sábado (10), através de seu perfil oficial no Twitter, Jordy disse sentir náuseas. “Já vi feminista tentar desconstruir o sexo masculino através do gênero, mas através do assassinato do português é de dar náuseas”, comentou.

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O parlamentar fez críticas às deputadas do PSOL. “Deputadas do PSOL agora não têm mais mandato, elas falam mandata. E não têm gabinete, elas têm gabineta. Já falei e vou repetir: feminismo é uma doença!”, disparou.

A postagem de Jordy rendeu comentários de seus seguidores em concordância com o que foi dito. Deputadas do PSOL com Talíria Petrone, Sâmia Bomfim e Luiza Erundina foram criticadas pelos internautas.

A apresentadora do programa Casos de Família, do SBT, Cristina Rocha, gerou revolta em parte do público, nesta sexta (2), por conta de uma de suas falas. Ao dizer ser contra o feminismo por gostar de homens, Cristina provocou parcela de sua audiência que não ficou nada feliz com a afirmação.

No programa desta sexta, Cristina recebeu alguns casais para debater o tema Falar que me ama é fácil, quero ver ter um filho meu. Eles levaram ao palco do SBT o dilema de mulheres que não desejam ter filhos em detrimento da vontade de seus companheiros. A certa altura das discussões, Cristina Rocha falou sobre feminismo e afirmou: "Não sou feminista, não, graças a Deus, eu adoro homem". A declaração, no entanto, gerou reação.

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Nas redes sociais, o público, sobretudo feminino, criticou a postura da apresentadora. "Desserviço da Cristina Rocha que costuma dar boas contribuições às mulheres"; "Gente, alguém explica como funciona o feminismo para a Cristina Rocha? Não significa que a mulher é feminista ela tem que gostar de mulher, não. Se você defende o direito da mulher você é feminista"; "Feminismo não é ser contra ou não gostar de homem, é apenas a luta pelos direitos iguais"; "Meu Deus, que ignorância". 

 

Alunas de uma escola particular de São Paulo realizam um abaixo assinado para pedir que livros escritos por mulheres sejam incluídos na lista da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável pela seleção da Universidade de São Paulo (USP). A meta é alcançar 5 mil assinaturas.

O coletivo, chamado “Eu não sou uma Gracinha”, existe desde 2014 e é composto por meninas dos ensinos fundamental II e médio, que buscam levar ao ambiente escolar temáticas relacionadas ao feminismo e empoderamento da mulher. Elas sentiram-se incomodadas por haver entre as nove obras cobradas para o vestibular, que é um dos maiores do Brasil, apenas um livro escrito por mulher e solicitam que essa escolha respeite a igualdade de gênero, valorizando grandes autoras brasileiras.

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Mais de 3 mil pessoas já assinaram a petição, que faz parte do programa “Elas Mudam o Mundo“, que trabalha na busca do empoderamento feminino. As estudantes do colégio de São Paulo conheceram histórias de mulheres que lideram campanhas e mobilizações por meio da plataforma change.org, utilizando-a como instrumento de transformação social.

Em entrevista dada à "Revista Claúdia", uma das participantes do coletivo, Alice Lauria, estudante do segundo ano do ensino médio, explicou que o objetivo é chamar a atenção da Fuvest e incentivar a busca dos jovens pelas autoras que fazem parte da nossa literatura. “As jovens precisam de escritoras mulheres nas quais elas possam se inspirar. Os livros que os jovens vestibulandos leem muitas vezes são só os de leitura obrigatória do vestibular e olhe lá! Não ter representatividade feminina nestas listas é não apresentar autoras mulheres para os jovens e, dessa forma, as escritoras serão sempre postas de lado”, disse.

Na escola, as estudantes trabalham em prol da quebra de atitudes machistas praticados no local e criaram na biblioteca uma estante intitulada “Maria Firmina dos Reis”, exclusivamente para livros das autoras. A homenageada foi uma autora que fez parte do romantismo, sendo considerada uma das primeiras representantes da escola literária no Brasil. Para assinar a petição, clique aqui.

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