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A direção do Festival de Cinema de Gramado usou as redes sociais para fazer um comunicado especial. Os organizadores informaram aos internautas que Marcos Palmeira, o José Leôncio da novela Pantanal, será o grande homenageado da 50ª edição do evento.

De acordo com a publicação, Marcos vai marcar presença no festival para receber pessoalmente o troféu Oscarito. O sobrinho de Chico Anysio já recebeu em Gramado dois Kikitos de Ouro nas categorias Melhor Ator Coadjuvante por Barrela - Escola de Crimes, de Marco Cury, e Melhor Ator por Dedé Mamata, do diretor Rodolfo Brandão.

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Marcos Palmeira também eternizou outros personagens em grandes obras do cinema como Leila Diniz, Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, Villa-Lobos – Uma Vida de Paixão, O Homem que Desafiou o Diabo, E aí, Comeu, Os Homens são de Marte... e É pra lá que Eu Vou e Minha Vida em Marte. A 50ª edição do Festival de Cinema de Gramado será realizada de 12 a 20 de agosto.

Vencedor da última edição do Festival de Gramado-RS, o longa metragem Como nossos pais é a mais nova estreia desta semana em todo Brasil. Entre muitas questões pertinentes, o filme aborda em especial a vida de Rosa, personagem vivida pela atriz Maria Ribeiro, e seus conflintos pessoais e geracionais de uma mulher comum que precisa conciliar os diversos papéis assumidos na sociedade contemporânea: mãe, esposa, filha, profissional, entre outros. 

Para contar um pouco sobre o desenvolvimento dessa produção tão premiada, o crítico de cinema, Rodrigo Rigaud, esteve com Laís Bodanzky, diretora responsável pelo longa. A cinesta também é reconhecida por outros filmes como o Bicho de Sete Cabeças

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Confira a entrevista abaixo:

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Mais uma produção pernambucana ganha destaque. Desta vez, a animação ‘Ex-Mágico’ foi selecionada para a 44ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que acontece de 26 de agosto a 3 de setembro, no Rio Grande do Sul. O trabalho concorre com mais 13 produções que foram selecionadas pela curadoria de 2016.

O curta foi um dos contemplados da 11ª edição do concurso Ary Severo / Firmo Neto e é uma adaptação do conto "O ex-mágico da taberna minhota", de Murilo Rubião. O trabalho contou com a direção de Olímpio Costa, cenários de Ricardo Cavani Rosas e direção de animação de Mauricio Nunes.

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A animação retrata a história de um mágico que vê no funcionalismo público uma maneira de morrer aos poucos. Com misteriosos poderes, o ex-mágico, aparentemente sem passado e sem paciência com o mundo, vai em busca de uma maneira de libertar-se das angústias que seus dons mágicos e o mundo causaram em sua vida.


Chega ao fim, neste sábado (16), a  42ª edição do Festival de Gramado na Serra do Rio Grande do Sul. Ao todo, foram 8 dias de exibições e debates, totalizando 68 filmes projetados, sendo 44 curtas e longas-metragens, nacionais e estrangeiros, dentro da mostra competitiva. O cantor e compositor gaúcho Nei Lisboa fará o show de encerramento do evento.

A cerimônia de premiação será às 21h, no Palácio dos Festivais, e serão distribuídos 37 prêmios, entre kikitos e menções especiais. Nesta edição, a organização do evento concederá uma premiação em dinheiro para os vencedores que ganharem o Kikito. Essa premição em dinheiro busca incentivar a produção cinematográfica.

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Todos os filmes da mostra competitiva

Longa-metragem nacional

"A despedida" (2014), de Marcelo Galvão (SP)

"A estrada 47" (2014), de Vicente Ferraz (RJ)

"A luneta do tempo" (2014), de Alceu Valença (RJ)

"Esse viver ninguém me tira" (2014), de Caco Ciocler (DF)

"Infância" (2014), de Domingos Oliveira (RJ)

"O segredo dos diamantes" (2014), de Helvécio Ratton (MG)

"Os senhores da guerra" (2014), de Tabajara Ruas (RS)

"Sinfonia da necrópole" (2014), de Juliana Rojas (SP)

Longa-metragem estrangeiro

"Algunos dias sin musica" (2013), de Matías Rojo (Argentina/Brasil)

'El critico" (2014), de Hernán Guerschuny (Argentina)

"El lugar del hijo" (2013), de Manuel Nieto (Uruguai)

"Esclavo de dios" (2013), de Joel Novoa (Venezuela)

"Las analfabetas" (2013), de Moisés Sepúlveda (Chile)

Curta-metragem nacional

"A pequena vendedora de fósforos" (2014), de Kyoko Yamashita (RS)

"Brasil" (2014), de Aly Muritiba (PR)

"Carranca" (2014), de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira (BA)

"Carta a uma jovem cineasta" (2014), de Luiz Rosemberg Filho (SC)

"Compêndio" (2014), de Eugênio Puppo e Ricardo Carioba (SP)

"Contínuo" (2013), de Carlos Ebert e Odécio Antônio (PB)

"História natural" (2014), de Júlio Cavani (PE)

"La llamada" (2014), de Gustavo Vinagre (SP)

"Max Uber' (2014), de André Amparo (MG)

"O clube" (2014), de Allan Ribeiro (RJ)

"O coração do príncipe" (2014), de Caio Ryuichi Yossimi (SP)

"O que fica" (2014), de Daniella Saba (SP)

"Se essa lua fosse minha" (2013), de Larissa Lewandowski (RS)

"Sem Título #1: Dance of Leitfossil" (2014), de Carlos Adriano (SP)

Há um momento de A Luneta do Tempo em que Cauby Peixoto canta no rádio, no filme de Alceu Valença. Depois, nos créditos, estão listadas 57 músicas na trilha que ele próprio criou, mas não aparece o nome do ídolo da música romântica. Na coletiva, Valença não precisou nem explicar. Ele cantou exatamente como Cauby no filme. Letra, música e voz são dele. Não é a menor das surpresas de A Luneta do Tempo. Um pouco influenciado por Glauber Rocha, e por Sérgio Ricardo - o compositor de Deus e o Diabo na Terra do Sol, que o dirigiu em A Noite do Espantalho -, Valença viaja na brasilidade.

É um barroco. E um louco que fala compulsivamente. Há método na sua ‘loucura’, como na de Glauber. Explicou que A Luneta foi o filme que quis fazer por 14 anos. Há 10, decidido de que deveria dirigir, começou a estudar cinema. Na quarta-feira à noite, 13, ao apresentar seu filme, ele disse, no palco do Palácio dos Festivais, que tinha uma boa e uma má notícia. Começou pela má, a morte do presidenciável Eduardo Campos, a quem apoiava. Saudou o homem, o político, o administrador como exemplares. A boa nova foi que, finalmente, estava mostrando A Luneta.

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O filme tem uma primeira parte deslumbrante. Lampião e Maria Bonita, Irandhyr Santos e Hermila Guedes. O mito do cangaço, ação, perseguições, tiroteios e uma música de ópera. Só que Valença não é nem quer ser Sergio Leone, que esticava as cenas ao som da música de Ennio Morricone. Quando o espectador começa a viajar na beleza visual e sonora, ele corta. As cenas não duram tanto quanto talvez devessem, para o deleite estético. É estilo, mas essa descontinuidade - que se cria - não deixa de remeter a Glauber. Valença soma o circo, o cordel, e cria um universo mágico - uma nova caravana Rólidei - permitindo que seu filho Ceceu, como dono do circo, roube a cena. Impossível, dirá o leitor. Ninguém rouba a cena de Irandhyr Santos. Espere para ver e depois a gente conversa.

O 42.º Festival de Cinema Brasileiro e Latino encaminha-se para o final. Nesta sexta-feira, 15, serão exibidos os últimos longas concorrentes. Neste sábado, 16, à noite, ocorrerá a premiação. Temos tido bons filmes brasileiros, bons filmes latinos, os ‘estrangeiros’. Do Chile veio Las Analfabetas, de Moises Sepúlveda, com Paulina García, a Glória do filme de mesmo nome. As Analfabetas baseia-se numa peça que Paulina e Valentina Muhr representaram no teatro por mais de dois anos. O diretor não se importa que se diga que seu filme é teatral. Existem sutilezas dentro dos planos longos. Uma construção do olhar, uma maneira diferente de Paulina e Valentina se moverem e que é diferente do teatro.

Las Analfabetas não chega a ser bom como El Critico e Esclavo de Dios, os mais fortes concorrentes estrangeiros, até agora. Mas algo ali hay. Uma vontade de discutir carências. Uma mulher não sabe ler nem escrever. A outra, mais jovem, que pretende ensiná-la, é analfabeta afetiva. Tem sido um tema forte aqui em Gramado. A carência afetiva, como um espelho torto das relações no mundo (pós)moderno, que vive de aparências. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foram momentos de encantamento e horror na noite de segunda, 11, aqui no 42.º Festival de Cinema Brasileiro e Latino. O encantamento ficou por conta do concorrente argentino El Crítico/O Crítico, de Hernán Gerschuny, seguido pelo horror do documentário Janeiro 27, de Luiz Alberto Cassol e Paulo Nascimento. O horror não se refere à qualidade do longa. No ano passado, Gramado já recebera, para um abraço solidário, familiares e representantes da associação formada em Santa Maria para lutar pela preservação da memórias das vítimas da boate Kiss e pela responsabilização do crime. O terrível incêndio não ocorreu por acaso. Foi produto de uma série de fatores que incluem a negligência de autoridades que deveriam zelar pela segurança da população.

O documentário colhe depoimentos e busca ressonância em tragédias similares ocorridas na Argentina e nos EUA. A própria formação da associação é um ato de cidadania e um chamado à responsabilidade. O que chocou a maioria do público presente à sessão no Palácio dos Festivais foi uma reação em Santa Maria. Uma tenda-memorial montada no centro da cidade acirra os protestos de comerciantes e outras pessoas no documentário. Querem o fim da choradeira, acham que o movimento da associação baixa o astral. Em nome do desenvolvimento da cidade, querem que os mortos sejam enterrados no inconsciente coletivo - uma segunda morte. É duro - chocante?

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Já a ficção argentina é uma delícia de filme que desmonta os clichês de um gênero muito popular, a comédia romântica. Como se faz um filme com um personagem que é arrogante e mal-humorado? Aqui, no mundo real, fora do cinema, fala-se muito no embate entre público e crítica. Num debate sobre a crítica gaúcha dos anos 1960, o crítico do jornal O Estado de S.Paulo Luiz Zanin Oricchio invocou Lacan. Não existe essa entidade ‘a crítica’. Existem os críticos. O crítico do filme de Guerscuny acabou uma relação e mora de favor. Ele procura uma casa. Encontra essa mulher especial. Durante todo o tempo, nosso homem pensa em francês. É um cinéfilo. Sofre da ‘maladie du cinéma’, a doença do cinema.

Para a sobrinha, ele decodifica os códigos da comédia romântica, e são os mesmos que o diretor vai usar, criticamente, em seu filme. O filme - que deve estrear em novembro, após o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo - não seria tão bom sem o aporte dos protagonistas. Rafael Spregelburd como Teller, o crítico, e Dolores Fonzi, como seu objeto de desejo, são excepcionais. Ele é um grande ator de teatro, além de dramaturgo. Ela é mulher (na vida) de Gael García Bernal.

Spregelburd é consciente, racional, no próprio métier. Dolores é espontânea, vive o instante. Poderia ter dado tudo errado. Deu certíssimo. A química funcionou. "Para um filme desses, é preciso que o público seja cúmplice do desejo do protagonista masculino, cujo ponto de vista compartilha", esclarece o diretor. O resultado é realmente charmoso, e encantador.

O festival tem exibido à tarde uma mostra de filmes gaúchos. Só Janeiro 27, por sua relevância social, ganhou sessão à noite. Na segunda, passou Mamaliga Blues, de Celso Tolpolar, que teria feito bela figura no recente Festival de Cinema Judaico de São Paulo. Um homem deixa o Rio Grande do Sul e atravessa o Atlântico para buscar na Europa, mais exatamente, na Moldávia, um túmulo. Uma fotografia é sua única referência. Por meio dessa foto ele busca reconstituir a história de sua família, vítima da diáspora dos progroms antissemitas e, depois, da barbárie nazista. É um belo filme, com uma pegada amadorística, ao mesmo tempo pessoal e universal. Discute a identidade judaica, e o cinema.

Nessa terça-feira, 12, foi a vez de O Mercado de Notícias, de Jorge Furtado, já em cartaz nos cinemas, mas que ganhou espaço no festival para ampliar a discussão sobre a imprensa, principalmente política, e num ano de eleições. O clima tem andado quente - nas projeções e debates. Em termos de temperatura, anda úmido, chuvoso até, e muito frio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Helvécio Ratton confessa que já se incomodou muito com o rótulo de cineasta de filmes infanto-juvenis. Como um Steven Spielberg brasileiro, ele fez filmes de temática adulta - Amor & Co, Batismo de Sangue - para se afirmar. Hoje, convive bem com seus filmes para jovens, até porque no debate sobre O Segredo dos Diamantes, aqui em Gramado, ficou claro que o filme é para jovens de 5 a....

Quantos anos? Muito quarentão lembrou-se dos filmes de aventuras de sua infância a propósito de O Segredo dos Diamantes. Monteiro Lobato encontra Humberto Mauro.

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Um garoto, de certa forma, refaz a trajetória do pai - e do tio -, tentando encontrar diamantes escondidos numa cidade do interior de Minas, e o faz até como forma de salvar o pai em coma. Os caminhos do acaso - esse filho faz tudo para salvar seu pai (ele quer o dinheiro dos diamantes para pagar a cirurgia que pode salvar o ‘velho’), e sua história passou no Festival de Cinema Brasileiro e Latino justamente no Dia dos Pais.

O Segredo dos Diamantes possui um encanto todo particular, mas cabe ressaltar que algo está se passando nesta edição (a 42.ª) do Festival de Gramado e no próprio cinema brasileiro. O Segredo do Diamantes é o segundo filme que terá lançamento simultâneo em games. O primeiro, o terror Isolados, chega aos cinemas em 18 de setembro e o game chega ao mercado pouco antes. O Segredo estreia em dezembro, e o game deve ser lançado antes, até porque tem inserções preparatórias do filme. Num filme, e num festival de cinema, os críticos (e o público) discutem a mise-en-scène. No game é diferente.

Trata-se de outra plataforma, e privilegia a imagem - o movimento. Um filme como O Segredo propicia a passagem (das plataformas). Arthur Furtado, da D2RStudios, assina os efeitos da produção e é um dos criadores do game. O cinema brasileiro equipa-se para os desafios do mercado. O jogo está por vir. Fiquem atentos. O filme existe, e é delicioso. Depois de Dança dos Bonecos e Menino Maluquinho (o 1), Ratton conseguiu - de novo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A estrela todo mundo conhecia, Juliana Paes, uma das mulheres mais lindas do Brasil e do mundo. A atriz consolidou-se no 42º Festival de Gramado. O que a bela Juliana mais ouviu na serra gaúcha é que A Despedida, de Marcelo Galvão, é um divisor na sua carreira. O diretor contou, na apresentação do filme, que se inspirou na figura de seu avô de 92 anos, que quis se despedir da vida concedendo-se uma última noite com a amante jovem. O velho tem problemas de locomoção, sofre de incontinência urinária. Não importa. Morena, a amante, vai fazer de tudo para levantar, literalmente, seu homem.

É a mais improvável das histórias de amor. Nelson Xavier, que faz Almirante, tem outro fulgurante momento da trajetória que já o levou a receber o Troféu Kikito em Gramado. Mas é o despudor com que Juliana vive sua personagem e a trilha com Esses Moços, de Lupicínio Rodrigues, que fazem a diferença.

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Gramado, nos primeiros dias, tem contado histórias viscerais como a de Almirante e Morena. Tem mostrado filmes de gênero - Isolados, de Tomás Portella, que passou como homenagem ao ator José Wilker, que morreu em abril (e fazia com Rubens Ewald Filho e Marcos Santuária a curadoria do evento).

O filme mostra o que ocorre com casal, Bruno Gagliasso e Regiane Alves, numa casa isolada. Na mata ao redor, estão soltos dois assassinos e estupradores armados de facão. Existem de verdade? A roteirista é filha de Wilker com Renée de Vielmond. O filme toma O Iluminado, de Stanley Kubrick, como referência para mergulhar no mundo das mentes enfermas. A cena inicial é um plano-sequência filmado com steadycam (e que resume a obra toda). O restante não é tão bom. Vale tudo para provocar medo. Isolados estreia em 18 de setembro. O projeto, visando o público jovem, é acoplado a dois games.

Outra homenagem foi o Troféu Cidade de Gramado, outorgado a Rodrigo Santoro. O mais internacional dos astros brasileiros foi assediado por fãs e se emocionou duplamente, na coletiva e no palco do palácio do festival. Ele lembrou encontros com outros artistas e filmes importantes - como Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky, e Abril Despedaçado, de Walter Salles, entre outros. E falou - pouquinho - do filme que vai fazer para a HBO norte-americana. Westworld baseia-se na fantasia homônima de Michael Crichton, que no Brasil se chamou Onde Ninguém Tem Alma. Yul Brynner estrelava o filme antigo. Anthony Hopkins estará no novo com Rodrigo.

Outro longa do fim de semana provocou acirrada polêmica, Os Senhores da Guerra. Tabajara Ruas é um dublê de escritor e cineasta que publicou livros de ambientação moderna (e urbana). Como diretor, cultiva o épico, até como forma de refletir sobre a formação das civilizações.

É um tema de John Ford, e Ruas ama os westerns. Seu novo filme baseia-se no romance do jornalista José Antônio Severo. Conta a história de dois irmãos, Júlio e Carlos Bozano, colocados em campos opostos das ideias nos movimentos de 1923 e 24, que racharam o Rio Grande (e repercutiram na história do Brasil até 1964). Maragatos versus chimangos. Federalistas contra republicanos.

Mesmo fiel a um tema fordiano - a grandeza dos derrotados -, a alma de cinéfilo do autor o faz beber na fonte do filho pródigo de Ford, Sam Peckinpah, em filmes como Juramento de Vingança e Pat Garret e Billy the Kid. Embora mutilados pelos produtores, são belíssimos, assim como Os Senhores da Guerra também é o mais bem encenado filme de Ruas, com grandes momentos de musicalidade e narração.

Os irmãos, e Júlio, na magnífica interpretação de Rafael Cardoso, são personagens trágicos. A captação, por motivos burocráticos, foi feita para dois filmes, fundidos num só. Houve réplica e tréplica no debate sobre excesso de personagens e falta de contextualização histórica. O filme seria confuso. Não para quem o vir com paixão de cinéfilo, mas o gosto do diretor pelo passado - e pela história do Rio Grande - pode dificultar a aceitação fora do Estado. Mesmo lá, Ruas está longe de ser unanimidade. Mas ele sabe filmar, e como.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na coletiva de lançamento da edição deste ano do Festival de Gramado - no mês passado, em Porto Alegre -, Rubens Ewald Filho, o mais conhecido do trio de curadores do evento (os outros são Marcos Santuário e Eva Piwowarski), não deixou por menos. Disse que o cinema brasileiro está batendo um bolão e a consequência foi que a curadoria conseguiu fazer a melhor seleção dos últimos anos. "Fomos muito rigorosos em nossos critérios de avaliação, mas, se tivéssemos espaço, teríamos mais quatro ou cinco filmes em competição, sem comprometer a qualidade", acrescentou. A partir desta sexta-feira, 8, e até o sábado da semana que vem - dia 16 -, será possível comprovar (espera-se) o que garante Ewald Filho.

Foram quase 800 inscritos para as mostras competitivas, e deles foram selecionados oito longas brasileiros, cinco latinos, 15 curtas nacionais e 17 gaúchos que concorrem ao Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema. A novidade desse 42.º Festival de Gramado é que, a par dos tradicionais Kikitos, os vencedores vão receber também prêmios em dinheiro, no valor de R$ 275 mil. Só para efeito de comparação, o recente Festival de Paulínia distribuiu R$ 800 mil em prêmios, o mesmo valor que terá a premiação de Brasília, no mês que vem.

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O festival começa com uma homenagem a seu ex-curador, o ator José Wilker (substituído pela argentina Eva Piwowarski no triunvirato que faz a seleção). O longa de abertura, Isolados, um suspense de Tomas Portella, traz o ator em sua última interpretação, como psiquiatra, ao lado de Bruno Gagliasso e Regiane Alves. Na sequência, hoje mesmo, começa a competição brasileira com A Despedida, de Marcelo Galvão, com Nelson Xavier como idoso que se dá de presente uma noite de amor com mulher mais jovem, a deslumbrante Juliana Paes.

Gramado, que nunca negligenciou o valor do tapete vermelho para atrair público, terá dois primeiros dias bem intensos. Depois da bela Juliana, sábado será a vez do mais internacional dos astros brasileiros, Rodrigo Santoro, receber o Troféu Cidade de Gramado.

De volta à competição brasileira, é integrada também por outros sete títulos - Infância, de Domingos Oliveira, com a grande Fernanda Montenegro como matriarca no Rio dos anos 1950; Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas, mistura de comédias, musical e terror (os dois filmes também haviam sido selecionados por Ewald Filho para Paulínia); Estrada 47, de Vicente Ferraz, com Daniel Oliveira, sobre a participação da FEB na guerra da Itália; A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, com Irandhy Santos e Hermila Guedes como Lampião e Maria Bonita; O Segredo dos Diamantes, aventura infantojuvenil de Helvécio Ratton; Os Senhores da Guerra, de Tabajara Ruas, adaptado do romance de José Antônio Severo; e o documentário Esse Viver Ninguém Me Tira, de Caco Ciocler, que resgata a história de Aracy Guimarães Rosa, única brasileira a ter seu nome no Jardim dos Justos, em Jerusalém, por seu trabalho no salvamento de judeus, durante o nazismo.

Gramado mantém a tradição e outorga três importantes prêmios de carreira - O Troféu Oscarito, para o ator e diretor Flávio Migliaccio; o Troféu Eduardo Abelim, para o fotógrafo e diretor Walter Carvalho; e o Kikito de Cristal, para uma personalidade atuante no cinema latino-americano e que vai destacar o ator franco-argentino Jean-Pierre Noher, atualmente no elenco da novela O Rebu. Os longas da competição latina são - Algunos Dias Sin Musica, de Matías Rojo, Argentina/Brasil; El Critico, de Hernán Guerschuny, Argentina; El Lugar del Hijo, de Manuel Nieto, Uruguai; Esclavo de Dios, de Joel Novoa, Venezuela; e Las Analfabetas, de Moisés Sepúlveda, Chile.

O júri dos longas brasileiros é integrado, entre outros, pelo crítico Enéas de Souza e o cineasta César Charlone. No júri dos latinos está o ator Antônio Pitanga, de obras viscerais do Cinema Novo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Houve um curta-documentário excepcional na segunda-feira (12), à noite - Sanã, do mineiro Marcos Pimentel. Talvez seja o filme mais rigoroso, independentemente de formato, já visto neste festival. O diretor acompanha um garoto albino numa ilha do Maranhão. Parecem os Lençóis. Vento, um areal que não tem fim. O espectador pode sentir certo estranhamento diante do personagem, mas o menino, com sua pele muito branca escalavrada pelo sol, move-se com facilidade nesse universo. É solitário, você poderia pensar num autista. Mas é um performático. O que ele faz, e a câmera o segue com rigor, é de uma beleza de cortar o fôlego. O documentário nos limites da ficção.

E logo vieram os longas - o documentário Repare Bem, de Maria de Medeiros, e a ficção A Bruta Flor do Querer, de Andradina Azevedo e Dida Andrade. O filme de Maria foi feito a pedido da Comissão de Justiça e Reparação. Uma ex-guerrilheira, Denise Crispim, presta depoimento doloroso sobre o horror que sofreu com a repressão da ditadura militar. Se o filme de Pimentel prescinde dos diálogos, mas não dos sons, o de Maria constrói-se na força da palavra. Ela disse que o filme foi feito com carência total de recursos, mas, se tivesse muito dinheiro, o faria do mesmo jeito, sem fricotes.

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Denise Crispim reconstitui toda a sua dor e, ao mesmo tempo, enquanto fala, o filme retrata toda a experiência humana de uma mulher. Amor, maternidade, morte, renascer. Maria, atriz e diretora portuguesa, foi criticada por haver feito - segundo alguns críticos - um filme chapa-branca. Eles detestam o desfecho, com o pedido de desculpas do representante do governo e do povo brasileiros a Eduarda, filha de Denise e do guerrilheiro Bacuri, barbaramente assassinado pelos militares. Difícil imaginar Repare Bem sem o desfecho. Preste atenção no título - repare no que está sendo dito e mostrado, sugere a diretora, mas a reparação também é de outra ordem. Um reconhecimento, um desejo de reconstrução. Eduarda, criada na Itália e falando um português italianado, assume sua identidade brasileira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dirigentes da associação de familiares das vítimas da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, vieram à serra gaúcha para receber o abraço do festival. Gramado anunciou uma ação formal de solidariedade. Ainda no segundo semestre, filme ou filmes do festival serão exibidos em Santa Maria. "É reconfortante receber esse acalanto no momento em que percebemos um movimento para garantir a impunidade no caso", disseram os representantes dos familiares, queixando-se do Ministério Público e da polícia, "que deveriam proteger os cidadãos, mas não o fazem".

O festival prosseguiu ontem com qualidade, mas não sem alguma polêmica. O filme argentino Venimos de Muy Lejos, de Ricardo Piterbarg, pretende ser uma homenagem aos imigrantes que ajudaram a forjar a nação. Baseia-se num espetáculo montado pelo grupo comunitário Catalinas Sur, de Buenos Aires, e faz dialogar cinema e teatro, ficção, documentário e realidade. Existem ecos de Ettore Scola - O Baile - na maneira como se constroem o tempo e o espaço do filme. O diretor confirmou que Scola é uma referência importante para o Catalinas Sur, mas a dele foi o Looking for Richard, de Al Pacino, que também se baseava no diálogo entre mídias.

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Na sequência, segunda à noite, 12, passou o documentário Revelando Sebastião Salgado, de Betse de Paula, a diretora de Vendo ou Alugo (que estreou sexta, 9). Betse foi criticada por não encarar um aspecto polêmico da arte do grande fotógrafo - ele já foi acusado de estetizar a miséria e de se apropriar das imagens dos outros. O próprio Sebastião reflete sobre a relação entre o fotógrafo e aquele que fotografa. Vindo da economia, ele revelou a base ‘econômica’ de seu trabalho. É um pensador marxista que pensa o mundo - e sua arte - a partir de relações de trabalho e poder.

Daí seus ciclos - Trabalhadores, Êxodos, Gênesis. O melhor do filme é a revelação da intimidade de Sebastião Salgado, sua relação com a mulher, os filhos, um deles downiano. Um bloco do filme é obra-prima. A construção/canibalização de um navio vira reflexão sobre os meios de produção, sobre o próprio capitalismo contemporâneo. O filme é simples, mas de uma simplicidade pensada, requintada. O bloco sobre Serra Pelada não é menos impressionante.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O filme pernambucano Tatuagem terá sua primeira exibição pública durante o 41º Festival de Gramado do Cinema Brasileiro neste domingo (11). O evento, que começa nesta sexta (9) e segue até o dia 17 de agosto, acontece no município de Gramado, em Porto Alegre, e tem como homenageada a atriz Glória Pires. 

Dirigido por Hilton Lacerda, o longa-metragem teve locações em Olinda e Recife e conta a história da companhia artística Chão de Estrelas, que atua em um teatro localizado na periferia entre duas cidades do Nordeste do Brasil. O grupo é composto por artistas que provocam o poder e a moral estabelecida com seus espetáculos e interferências públicas. 

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Além do diretor, estarão presentes durante a exibição no festival os atores Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa, Rodrigo Garcia e Sílvio Restiffe; a diretora de arte Renata Pinheiro; o diretor de fotografia, Ivo Lopes de Araújo; o autor da trilha sonora, DJ Dolores; o diretor assistente Marcelo Caetano e os produtores João Vieira Jr., Nara Aragão, Chico Ribeiro e Ofir Figueiredo, da REC Produtores Associados.

O FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa regressa a Lisboa, entre 3 e 10 de abril de 2013, para sua quarta edição. O Brasil volta a estar fortemente representado no festival, que exibirá 47 filmes de cineastas brasileiros, entre 16 longas e 31 curtas. Têm destaque as obras premiadas na mostra gaúcha da 40.ª edição do Festival de Gramado, tema de uma homenagem no 4.º FESTin. O cinema de Angola será também celebrado por meio de uma parceria com o Iacam - Instituto Angolano de Cinema Audiovisual e Multimédia. Uma maratona de documentários e uma mostra infanto-juvenil completam a programação do evento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acostumado a receber prêmios pelos seus filmes, o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho acaba de receber mais quatro honrarias no Festival de Cinema de Gramado. Os quatro Kikitos conquistados – entre eles o de melhor diretor – têm, porém, um significado diferente: foram concedidos ao primeiro longa-metragem de Kleber, O Som ao Redor. O filme já havia sido premiado em festivais internacionais e estreou no circuito brasileiro de festivais sendo extremamente bem recebido pelo público e pela crítica em Gramado. Kleber já havia recebido prêmios nacionais e internacionais por diferentes curtas-metragens, como Vinil Verde (2004), Eletrodoméstica (2005) e Recife Frio (2009).

Kleber Mendonça Filho é também jornalista e crítico de cinema, além de ser curador da programação do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco e do Festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Em conversa exclusiva com o LeiaJá, o cineasta fala dos prêmios, da dificuldade em se exibir filmes brasileiros independentes no circuito comercial e do cenário atual da produção audiovisual pernambucana. 

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Um dos prêmios do longa O Som ao Redor no Festival de Gramado foi o de melhor diretor. Como é para você receber este prêmio de um dos festivais mais representativos do Brasil já com o seu primeiro longa-metragem?

É uma honra. Houve uma reação excelente a O Som ao Redor em Gramado e esses quatro prêmios registraram isso de alguma maneira. E o prêmio de melhor diretor é bem especial porque é um prêmio de prestígio. Eu nunca espero o prêmio, na verdade, mas quando ele vem é sempre simpático e em alguns casos pode ser até importante.

Quais foram os principais desafios para conceber, filmar e finalizar O Som ao Redor?

O principal desafio é ser um filme bem grande feito com um orçamento relativamente pequeno. Claro que, para os meus padrões, é um orçamento bem grande, eu venho do curta-metragem e meu filme mais caro tinha sido Eletrodoméstica, de 2005, que custou R$ 90 mil. O longa teve um orçamento de R$ 1,8 milhão, o que pra mim é grande, mas para o filme é pequeno. O filme seria para oito semanas de gravação e a gente fez em seis, e conseguir fazer tudo sem deixar nenhuma cena foi o maior desafio. Mas depois eu entrei no meu esquema habitual de trabalho, na montagem eu tive o tempo que foi necessário, não me apressei nem ninguém me apressou. Foi um trabalho bem longo de montagem, um ano e quatro meses. O desafio foi continuar fazendo meus filmes, mas agora em outro formato, o longa-metragem.

Você já tem planos para um próximo longa-metragem?

Existem várias ideias. Ainda estou analisando o que vou fazer porque estou muito ocupado com esse filme, que está me tomando todo o tempo, com viagens, etc. E agora vem um grande desafio: lançar o filme no Brasil, que é sempre uma questão complicada porque o mercado está muito ruim. E é um filme talvez um pouco diferente do padrão, acho que essa parte vai exigir bastante trabalho. Só depois disso é que eu volto para trabalhar em cima do que já estava trabalhando.

O Som ao Redor recebeu, em Gramado, tanto o prêmio do Júri da Crítica quanto o do Júri Popular. O que você considera que há no filme para cativar tanto a crítica quanto o espectador comum, o aficionado por cinema?

Eu fiquei muito feliz com isso, porque é rara essa combinação, ou se ganha crítica ou júri popular, a combinação dos dois é mais difícil. O filme tem sido apontado como extremamente bem cuidado, bem narrado e, por falar de uma maneira muito direta sobre a vida numa cidade grande brasileira, acho que as pessoas têm se identificado muito com ele. Isso é o que eu ouvi das pessoas até na rua, que o filme é muito verdadeiro em relação à forma que a gente vive. E isso parou no extremo sul do país. Eu acho que as cidades brasileiras têm peculiaridades, mas são brasileiras, pertencem a uma mesma sociedade e, mesmo que Recife tenha peculiaridades, acho que várias questões são as mesmas em São Paulo, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre. Acho que é isso que pega as pessoas, o filme é muito brasileiro neste sentido, muito realista. E este realismo parece impactar as pessoas. Tudo isso é teoria, porque a melhor pessoa para falar é alguém que viu o filme, ou do público ou da crítica.

Pernambuco está vivendo um bom momento em volume e qualidade da sua produção cinematográfica. Ganhar quatro Kikitos em Gramado – um festival que teve problemas recentemente, mas ainda é dos mais importantes do Brasil – faz com que você se sinta representando um pouco essa produção? Ou para você não há necessariamente essa vinculação?

Já faz um tempo que há uma admiração muito grande pelo cinema pernambucano em curtas e longas-metragens. Podemos voltar a 1996, quando O Baile Perfumado estava no Festival de Brasília. Ali talvez tenha sido o início dessa nova fase. Claro que, de lá pra cá, nós não tivemos – principalmente no norte-nordeste – filmes todos os anos, mas se você olhar para 1996, vê que é o início de uma curva ascendente. Na década passada a curva foi ficando mais acentuada com uma série de filmes como O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas, Amarelo Manga, Cinema, Aspirinas e Urubus, Arido movie, meus curtas Vinil Verde, Eletrodoméstica, Recife Frio, os curtas de Camilo Cavalcanti, o pessoal da Símio Filmes começou a fazer seus filmes, os curtas de Tião, da Trincheira Filmes, o Praça Walt Disney, o Super Barroco, o Viajo porque Preciso Volto porque Te Amo, são todos filmes que, juntos, fazem uma massa de produção muito interessante no recife.

Então a gente chega em 2012 com O Som ao Redor, que estreou em Roterdã; em Cannes, na Quinzena dos Realizadores, teve Porcos Raivosos, de Leonardo Sette; agora em Locarno teve o Boa Sorte Meu Amor, de Daniel Aragão. No Festival de Brasília tem sete filmes pernambucanos, quatro longas e três curtas. Talvez 2012 seja o ponto mais alto desta curva ascendente. E é claro que eu faço parte disso, todo mundo faz parte disso e é incrível o que está acontecendo, mas é porque de fato existe um reservatório de talentos aqui e, para completar, estes talentos estão sendo incentivados pelo governo. É uma combinação incrível e está todo mundo falando disso, em Gramado se falava muito disso, é realmente notável este momento histórico. E daqui a um mês, quando o Festival de Brasília estiver rolando, acho que vai se falar muito mais disso. Além do mais, os filmes se comunicam entre si, embora sejam muito diferentes, são filmes que se dão os braços tematicamente e falam de coisas muito próximas. A coisa só faz melhorar porque não são só filmes atirando a esmo, mas obras que compartilham uma certa visão de mundo. Então é um momento muito particular, que vai ser muito estudado, tenho certeza, porque estamos muito dentro dele agora, mas quando as pessoas começarem a ligar os pontos vão ter estudos, matérias sobre isso, tenho certeza.



E o cinema pernambucano tem cativado o público, O Som ao redor teve uma sessão concorrida em Gramado...

Existem maneiras diferentes de medir o sucesso no cinema. Uma coisa que eu acho muito interessante no cinema pernambucano é que ninguém aqui tem a pretensão de fazer um sucesso de bilheteria. Os filmes são muito pessoais, não têm concessões. Vejo muitos projetos daqui que participam do edital da Fundarpe (Funcultura) e não conheço nenhum projeto que tenha intenção de ser um sucesso de bilheteria, usar um ator da Globo ou ter a Globo Filmes distribuindo ou divulgando o filme. São filmes muitos pessoais e autorais, os cineastas querem simplesmente fazer um filme. Eu acho que essa é a melhor receita para o sucesso, porque quando você começa a planejar e arquitetar um sucesso, ele muito provavelmente não vai acontecer. Esses filmes acontecem numa esfera de festivais importantes, da crítica, e essa é uma maneira de medir o sucesso. Se as pessoas usam o formato da bilheteria para medir o sucesso do cinema pernambucano eu diria que não é um cinema bem-sucedido, mas ainda bem que esse não é o padrão aplicado aqui, então para mim nem vale isso. Sobre essa aceitação de O Som ao Redor em Gramado, talvez seja cedo para afirmar que eu tenho um filme popular nas mãos, porque o mercado separa de maneira muito fácil o perfil dos filmes,  só poderia chamar o filme de sucesso popular daqui a uns seis meses, depois de ele ser lançado – se ele for. O cinema pernambucano chama e atrai muita atenção, mas eu ainda seria conservador para afirmar que é um cinema popular. Dez anos atrás Amarelo Manga fez 150 mil espectadores, o que foi excelente, mas eu não sei se ele faria hoje porque o mercado mudou muito.

O que precisa acontecer para se romper essa barreira do mercado e fazer com que esses filmes, que são bem vistos, ganham festivais, possam se integrar ao circuito comercial e passem a ser parte deste universo também?



É muito difícil responder essa pergunta, porque o mercado está na mão dos exibidores, que cobram ingressos muito caros e têm estruturas bem dispendiosas, então querem sempre filmes de sucesso. E os filmes de sucesso geralmente são filmes brasileiros divulgados pela Globo ou filmes americanos que já vêm com todos os carimbos de Hollywood. Os filmes brasileiros pequenos, em geral, não têm nenhuma oportunidade de acontecer, então é uma situação realmente difícil. Em linhas bem gerais esse é o cenário atual, que é meio deprimente. Talvez os filmes pequenos brasileiros estejam com o perfil um pouco para baixo ou talvez apenas estejam sendo relegados a um espaço menor, é muito complexa a situação. O mercado está extremamente viciado, antes mesmo de O Som ao Redor ter sido visto por seja lá quem fosse no Brasil, vários distribuidores já o encaixaram neste escaninho do “um filme brasileiro que ninguém vai ver”, e eles nem tinham visto, estão tão viciados que já colocam o filme dentro de uma caixa antes de vê-lo. Espero que agora, com essa repercussão e depois de alguém ter de fato visto o filme, ele tenha uma oportunidade melhor do que a que o mercado normalmente daria para ele.

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A 40a. edição do tradicional Festival de Gramado chegou ao fim na noite deste sábado com a entrega da premiação no Palácio dos Festivais. O Filme pernambucano O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, foi o grande vencedor da noite com quatro Kikitos, incluindo o de melhor filme pelo Juri popular e o de melhor diretor pelo juri oficial.

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O outro destaque da noite foi Colegas, de Marcelo Galvão, que ficou com três prêmios. O filme fala sobre coisas simples da vida através dos olhos de três jovens com síndrome de Down e foi o único filme desta edição do festival a ser aplauido de pé.

Confira a lista completa dos ganhadores da edição 2012 do Festival de Gramado:

Curtas-metragens

Melhor desenho de som- Gabriela Bervian / Casa Afogada

Melhor Trilha Musical - Marcos Azambuja / Funeral à Cigana

Melhor Direção de Arte - Iara Noemi e Gilka Vargas / Casa Afogada

Melhor Montagem - Di Melo – O Imorrível / Gustavo Forte Leitão

Melhor Fotografia - Bruno Polidoro / Casa Afogada

Melhor Roteiro - Marcelo Matos de Oliveira / Menino do Cinco

Melhor Atriz - Sabrina Greve / O Duplo

Melhor Ator - Thomas Vinícius de Oliveira / Menino do Cinco

Prêmio Especial do Júri - A mão que Afaga / Gabriela Amaral Almeida

Melhor Filme Júri Popular - Menino do Cinco / Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira

Melhor Diretor - Gilson Vargas / Casa Afogada

Melhor Filme - Menino do Cinco / Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira

 

Prêmio Canal Brasil

Melhor Filme - Menino do Cinco / Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira

 

Longa-metragem Estrangeiro

Melhor Fotografia - Boris Peters e Larry Peters/ Leontina

Melhor Roteiro - Eduardo del Llano Rodríguez / Vinci

Melhor Ator - Jorge Esmoris / Artigas, la Redota

Menção Especial - Artigas, la Redota / Direção de Arte de Daniel Fernández e Mariana Pereira e Vinci / Trilha Sonora de Ricardo Pérez

Melhor Filme Júri Popular - Artigas, la Redota / César Charlone

Melhor Diretor - César Charlone / Artigas, La Redota

Melhor Filme - Artigas, la Redota

 

Júri da Crítica

Melhor Curta-metragem - Menino do Cinco / Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira

Melhor Longa Estrangeiro - Artigas, la Redota / César Charlone

Melhor Longa Brasileiro - O som ao redor / Kleber Mendonça Filho

 

Longa-metragem brasileiro

Melhor Desenho de Som - Kleber Mendonça Filho e Pablo Lamar / O Som ao Redor

Melhor Trilha Musical - André Abujamra / Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now!

Melhor Direção de Arte - Zenor Ribas / Colegas

Melhor Montagem - Leyda Napole / Jorge Mautner – o filho do holocausto

Melhor Fotografia - Gustavo Hadba / Jorge Mautner – o filho do holocausto

Melhor Roteiro - Pedro Bial / Jorge Mautner – O Filho do Holocausto

Melhor Atriz - Fernanda Vianna / O Que Se Move

Melhor Ator - Marat Descartes / Super Nada

Prêmio Especial do Júri - Breno Viola, Rita Pokk e Ariel Goldenberg / Colegas

Melhor Filme Júri Popular - O Som ao Redor

Melhor Diretor - Kleber Mendonça Filho / O Som ao Redor

Melhor Filme - Colegas / Marcelo Galvão

O filme "360", de Fernando Meirelles, vai abrir o Festival de Gramado, que ocorre de 10 a 18 de agosto. Será a primeira exibição no País do longa e contará com a presença do diretor e dos atores brasileiros Maria Flor e Juliano Cazarré. Há 16 anos Meirelles não participa do festival. A estreia nacional do filme está marcada para 17 de agosto. Será o terceiro país onde o longa vai ser lançado, atrás da França e Inglaterra. Além do Festival de Gramado, "360" também abriu o festival de Londres e participou dos festivais de Toronto e Munique. O roteiro é assinado por Peter Morgan e conta nove histórias interconectadas de relacionamentos.

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