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O presidente da França Emmanuel Macron usou sua conta no Twitter, neste sábado, 3, para confirmar a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Paris. "Parceiros de todo o mundo, salvem a data de 22 e 23 de junho em Paris. O mundo precisa de uma economia verde que não deixe ninguém para trás. Juntos podemos criar um novo pacto financeiro.", afirmou o francês. "Que bom tê-lo conosco, querido presidente Lula. Até daqui 19 dias!", disse em complemento a primeira postagem.

Em resposta a Macron, Lula agradeceu o convite em postagem na mesma rede. "O Brasil tem se reintegrado ao mundo, dialogando e construindo parcerias, em busca das melhores oportunidades para o nosso País, e um mundo com mais cooperação e desenvolvimento sustentável. Obrigado pelo convite, amigo", disse. Será a 11ª viagem internacional do petista desde que tomou posse em janeiro. Na mesma data, Lula avalia visitar o Papa Francisco, no Vaticano.

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Quatro jovens brasileiros foram presos na França, no início deste mês, durante a escala de um cruzeiro a bordo de um navio de luxo na cidade de Marselha, na costa do Mediterrâneo. As três mulheres e um homem levavam 95 quilos de cocaína avaliadas em 5 milhões de euros, equivalentes a R$ 26,7 milhões, segundo as autoridades francesas.

Em depoimento, eles admitiram que tinham sido cooptados como "mulas" para o transporte da droga pela facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).

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Os brasileiros, com idades entre 26 e 31 anos, que não tiveram os nomes divulgados, viajavam como turistas e influencers em redes sociais. Eles estavam a bordo do navio Costa Favolosa, que deixou o Brasil no dia 18 de abril.

A prisão aconteceu no dia 2 de maio, quando o navio fazia uma escala na cidade portuária do sul da França. Conforme a imprensa francesa, a polícia desconfiou do comportamento de um casal de brasileiros que se passavam por namorados.

Eles deixaram o navio com uma mala grande quando se depararam com policiais e voltaram para a embarcação. Uma hora depois, a jovem fez nova tentativa de desembarque levando apenas uma mochila. Ao ser abordada, jogou a mochila no mar.

Os policiais a recolheram e acharam 8,4 kg de cocaína. Na revista à cabine ocupada pela brasileira foi encontrado o recibo da reserva de um segundo quarto, onde os policiais localizaram o suposto namorado e malas com 86,4 kg de cocaína debaixo da cama.

A cabine estava em nome de outras duas brasileiras que já haviam desembarcado. A polícia esperou que retornassem ao navio e as prendeu. Após quatro dias de custódia, elas confessaram que tinham sido recrutadas em São Paulo, capital, para o transporte da droga, com todas as despesas pagas. Também disseram que duas malas tinham sido levadas para um apartamento alugado em Marselha, através da plataforma AirBnb.

A polícia francesa não encontrou essa droga e ainda tenta apurar quem teria retirado as malas do apartamento. O porto de Marselha é considerado porta de entrada de drogas procedentes da América do Sul, México e Estados Unidos e distribuídas na Europa e norte da África.

Nos últimos anos, as autoridades francesas reforçaram a vigilância, equipando a polícia portuária com sensores e cães treinados para farejar drogas.

Em abril do ano passado, um casal de Santa Catarina foi preso em Marselha ao desembarcar de um navio de cruzeiro com uma mala contendo 12 quilos de cocaína, avaliados em R$ 2,5 milhões. A dupla, procedente de Balneário Camboriú, litoral norte catarinense, tinha embarcado no Rio de Janeiro, no navio MSC Seaside. A droga foi descoberta por cães farejadores.

A Costa Cruzeiros não se manifestou. O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), por meio do Consulado-Geral em Marselha, informou ter conhecimento do caso e que permanece à disposição para prestar assistência consular aos brasileiros. Disse ainda que, em observância ao direito à privacidade, não pode fornecer dados específicos sobre a assistência a esses brasileiros.

A França investiga, desde dezembro, possíveis práticas da Apple para limitar a vida útil de seus produtos, em particular de seus smartphones, informou o Ministério Público, nesta segunda-feira (15), em Paris.

A denúncia foi apresentada pela associação HOP, por supostas práticas comerciais enganosas e de "obsolescência programada".

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A investigação está a cargo da Direção-Geral da Concorrência, do Consumo e da Repressão de Fraudes (DGCCRF), esclareceu o Ministério Público, confirmando um relatório da HOP (Basta à Obsolescência Programada, por sua sigla em francês).

Essa associação indicou, em um comunicado, a sua expectativa de que a investigação permita "punir e demonstrar o caráter criminoso das práticas de serielização" da empresa do logo da maçã.

A serielização consiste em "associar os números de série dos componentes de um produto ao de um smartphone, por meio, em particular, de microchips", explica a HOP.

Desse modo, o fabricante pode "limitar a reparação de seus dispositivos por parte de reparadores não autorizados e, inclusive, estragar um smartphone com componentes 'genéricos' à distância", acrescenta.

A AFP não conseguiu, até o momento, entrar em contato com a Apple França para obter uma reação a essas informações.

Em fevereiro de 2020, a Apple aceitou pagar na França uma multa de 25 milhões de euros (R$ 133,7 milhões) por práticas comerciais enganosas.

Essa investigação, aberta em janeiro de 2018 a pedido de uma associação que contava com mais de 15.000 depoimentos, estava relacionada à restrição de funções dos modelos antigos de iPhone.

Durante a partida entre Catalans Dragons e St Helens pela Superliga de rúgbi da França, um touro invadiu o campo e perseguiu jogadores que estavam uniformizados de vermelho, cor que costuma atrair o animal.  O "invasor" participava de um desfile organizado pelo Dragons, que seria realizado no início do jogo.

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A iniciativa foi de Bernard Guasch, que é dono da equipe e presidente de uma empresa local de processamento de carnes, como uma maneira de celebrar a qualidade da carne da região. 

Apesar do susto, os atletas conseguiram se esquivar do Touro e ninguém ficou ferido. O time perseguido, Catalans Dragons, venceu o St Helens por 24 a 12.

A França vive, nesta segunda-feira, um 1º de maio de protestos multitudinários contra a reforma da Previdência em um contexto de inquietação com a inflação, que tem provocado greves e protestos em todo o mundo nos últimos meses.

"É um grande 1º de maio. Não é o fim da luta, é o protesto do mundo do trabalho contra esta reforma", disse o líder do sindicato CFDT, Laurent Berger, no começo do protesto, em Paris, por ocasião do Dia Internacional do Trabalhador.

Centenas de milhares de pessoas voltaram às ruas de várias cidades francesas para protestar contra o adiamento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos em 2030, que o presidente Emmanuel Macron aprovou por decreto e quer adotar a partir de setembro.

Desde o começo do conflito social, em janeiro, a segunda economia da União Europeia (UE) tornou-se o centro das atenções do mundo. Nesta segunda, representantes sindicais de Coreia, Turquia, Colômbia e Espanha, entre outros, estavam presentes em Paris.

"Não se trata de preservar as aposentadorias na França, mas em todo o mundo. As pessoas deveriam poder se aposentar dignamente", disse David Huerta, de 56 anos, representante do sindicato americano do setor de serviços SEIU-USWW.

A reforma da Previdência na França pôs em questão a importância do trabalho na vida dos cidadãos, após a pandemia de covid-19 e os confinamentos decorrentes da crise sanitária, e em plena inquietação com o aquecimento global e suas consequências.

"A covid foi uma espécie de revelação e crise do trabalho, um questionamento ético sobre o peso do mesmo", resumiu o sociólogo Marc Loriol à rádio France Inter, em janeiro, dias depois do início dos protestos na França.

Nesta segunda, ambientalistas atiraram tinta na fachada da Fundação Louis Vuitton e na sede do ministério da Justiça francês, na célebre praça Vendôme, para denunciar, neste último caso, uma "lei [da Previdência] 'climaticida'".

Mas a isto somaram-se as preocupações em nível global com a perda do poder aquisitivo, diante do aumento de preços dos alimentos e da energia, provocado pela invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.

O Reino Unido, onde a inflação passa dos 10%, vive, por exemplo, uma onda de mobilizações sociais pedindo aumento de salários, tanto nos serviços públicos quanto no setor privado.

Esta reivindicação também esteve presente nas manifestações celebradas na Europa, de Portugal à Grécia, após já ter motivado manifestações ou greves setoriais nos últimos meses em vários países, entre eles Canadá e Argentina.

"Mesmo com 5% [de aumento salarial], é complicado. Se os preços estivessem nesse nível, talvez seria possível continuar vivendo, mas subiram muito mais", disse Runold Jacobskötter, um aposentado de 67 anos, durante protesto, nesta segunda, em Berlim.

- Convite ao diálogo -

Na França, os sindicatos estão decididos a prosseguir a luta contra uma reforma "injusta" que, avaliam, penaliza as mulheres que interromperam suas carreiras para cuidar dos filhos e aqueles que começaram a trabalhar muito jovens.

Embora os protestos de 1º de maio tenham sido os mais numerosos neste feriado em anos, não parecem ter alcançado o nível de mobilização do começo de março. As marchas registraram confrontos com policiais em Paris, Nantes e outras cidades.

A saída para a crise parece difícil. Os sindicatos esperam que o Conselho Constitucional valide na quarta-feira um pedido da oposição de esquerda para organizar um referendo que limite a idade da aposentadoria a 62 anos, após a rejeição a uma proposta similar.

Macron, que defende a reforma como uma forma de evitar um futuro déficit no caixa previdenciário, busca, por sua vez, relançar seu segundo mandato, até 2027. Mas em suas viagens pela França é recebido com panelaços e vaias.

Um dos pontos de seu plano para superar o conflito é negociar uma melhora nas condições de trabalho, mas os sindicatos ainda não decidiram se vão participar juntos da reunião que a primeira-ministra, Élisabeth Borne, vai propor em breve.

A imposição da reforma deteriorou a confiança dos franceses em Macron e nas instituições, uma situação que, segundo pesquisas, beneficia a deputada de extrema direita Marine Le Pen.

A decisão da Justiça francesa pela absolvição da fabricante Airbus e da companhia aérea Air France pelo acidente do voo AF447 foi recebida com surpresa por familiares das vítimas. Ao Estadão, Nelson Faria Marinho, diretor da Associação das Vítimas do Voo 447, afirmou que o legado deixado com a absolvição desta segunda-feira, 17, é de "destruição".

O avião fazia a rota Rio-Paris no dia 1º de junho de 2009 e caiu durante à noite, no Oceano Atlântico, vitimando 228 pessoas - entre elas 58 brasileiros. A investigação concluiu que vários fatores contribuíram para a tragédia, como erro do piloto e congelamento dos sensores externos da aeronave. A Justiça francesa absolveu as duas empresas da acusação de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) por considerar que não foi possível demonstrar "nenhuma relação de causalidade" segura com o acidente.

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Quando os juízes leram a decisão no tribunal de Paris, foi possível ouvir soluços entre os familiares das vítimas presentes na corte.

Para Marinho, há "parcialidade" na decisão em razão de o julgamento ocorrer em território francês, uma vez que a fabricante e a companhia aérea têm a França como país de origem.

"Não esperava essa decisão. A gente sempre tem aquela esperança de que a coisa vai caminhar diferente. Eu devolvo à França a frase Charles de Gaulle, ex-presidente da França, de que o Brasil não era um país sério. A França não é séria. Esperava que eles fossem condenados. A Air France por não ter a decência de manter regularmente a manutenção no avião, e a Airbus por ter fabricado um avião assassino e continuar voando", afirma Marinho.

Na tragédia, o representante da associação de vítimas perdeu o filho Nelson Marinho Filho, na época com 40 anos. Pelos familiares, a decisão da Justiça francesa é encarada como uma não conclusão da história. "O legado que eles deixaram foi de destruição, não só financeira, mas emocional. Você me fazendo essa pergunta hoje, parece que o acidente foi ontem. Isso vai se arrastar para o resto da vida. Eu já perdi pai, mãe, irmãos, mas a perda do filho não consigo traduzir em palavras", afirma.

Marinho compara a decisão da Justiça francesa com a da Justiça americana, que condenou a fabricante norte-americana Boeing a pagar US$ 12 milhões aos familiares das 157 vítimas de um acidente com a aeronave 737 Max, em 2019. "Eu esperava que eles se espelhassem nessa decisão do caso da Boeing", diz.

De acordo com o representante dos familiares, a expectativa era de que a Justiça reconhecesse possíveis problemas técnicos na aeronave, e não no piloto. Ele afirma que, enquanto esteve na França, conversou com profissionais da área, e que o que ouviu foi que o avião é "problemático". "Vem uma decisão que o avião estava tudo correto. Não estava. Eu posso lembrar daquela noite, em que todas as companhias aéreas desviaram daquela rota, e a Air France foi. Se fala muito no congelamento das sondas de velocidade Pitot, mas quem deu defeito primeiro foi o radar, que não detectou a tempestade, e o avião foi para o chão."

O aposentado ainda afirma: "Nenhum piloto no mundo daria jeito, por mais que experiente que fosse".

O presidente francês, Emmanuel Macron, promulgou, na madrugada deste sábado (15), sua impopular reforma da Previdência, uma "provocação" para os sindicatos e para a oposição, após três meses de um conflito social que deve continuar. "Uma lei promulgada à noite, como os ladrões", reagiu o líder comunista, Fabien Roussel.

"Que provocação! Nova fanfarrice de Emmanuel Macron em um momento em que o país nunca esteve tão fraturado", tuitou Marine Tondelier, dos Verdes.

Em uma "lógica de apaziguamento", o presidente vai discursar à nação na noite de segunda-feira às 20h (15h de Brasília), para fazer um "balanço" dos três meses de crise, informou à emissora TF1 o porta-voz do governo, Olivier Véran.

As tensões permanecem desde a sexta-feira, quando o Conselho Constitucional validou o adiamento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e a antecipação para 2027 da exigência de contribuição por 43 anos - e não 42, como é agora -, para se ter direito à aposentadoria integral.

Várias cidades registraram protestos e alguns terminaram em distúrbios, como em Rennes (oeste), onde um grupo destruiu neste sábado uma agência nacária e a entrada de um hotel quatro estrelas, além de incendiar e danificar carros de luxo.

"A melhor resposta que se pode dar a Emmanuel Macron é esta agitação popular permanente", disse a deputada de esquerda Danielle Obono, antes de uma manifestação de 300 pessoas que percorreu o nordeste de Paris.

Os sindicatos, ponta de lança da contestação desde janeiro, convocaram uma "mobilização excepcional" para 1º de maio, por ocasião do Dia Internacional dos Trabalhadores, para protestar contra a reforma.

Mas outros atos estão previstos antes disso. A central CGT convocou novos dias de protestos em 20 e 21 de abril, e as centrais representativas da empresa ferroviária SNCF anunciaram um dia de "ira" para a quinta-feira.

- "Vitória de Pirro" -

Embora a decisão do Conselho Constitucional tenha sido uma "vitória legal" para o presidente liberal, de 45 anos, a imprensa considerou, de forma unânime, neste sábado, que se trata de uma "vitória de Pirro" e de "um desastre para a nação", especialmente em meio à rejeição da maioria dos franceses.

Os sindicatos advertiram que a França vive uma "crise democrática", depois que o presidente decidiu, em meados de março, adotar por decreto sua impopular lei, temendo perder a votação no Parlamento. Macron não tem maioria absoluta no Legislativo.

Essa decisão radicalizou os protestos e, com sua rápida promulgação, Macron "parece gostar de colocar lenha na fogueira", afirmou o líder do sindicato UNSA, Laurent Escure, para quem "nada de bom sairá disso".

Embora o conflito social permaneça incrustado, o governo pretende virar a página rapidamente com novas medidas, em um momento de forte preocupação da população com o aumento dos preços.

"Queremos construir uma França de pleno emprego", "garantir a igualdade de oportunidades" e "agir" para melhorar a saúde e a educação, afirmou, neste sábado, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, que se disse disposta a "acelerar" as reformas.

Mas, com quem? Os sindicatos e recusam a se reunir com o governo antes de 1º de maio, e Borne assegurou que, no Parlamento, "não é hora de coalizões", mas de "maiorias possíveis para cada projeto".

- "Revolução" ou "populismo" -

Um referendo para limitar a idade da aposentadoria a 62 anos, como a esquerda propõe, poderia reduzir o conflito. Em 3 de maio, o Conselho Constitucional deve se pronunciar sobre este pedido, após rejeitar uma demanda similar na sexta-feira.

Em abril de 2022, Macron foi reeleito com 58,5% dos votos ante Marine Le Pen, da extrema direita. Ciente de que sua vitória se devia em parte ao cordão sanitário contra sua adversária, prometeu governar de maneira diferente e unir o país.

Mas, o episódio da reforma da Previdência mostrou o contrário. A lei foi aprovada por meio de polêmicos mecanismos que limitaram o debate no Parlamento e sem ouvir a rejeição da maioria da população e dos sindicatos. A popularidade do chefe de Estado caiu para menos de 30% nas pesquisas.

“Há uma arrogância em Emmanuel Macron que se alimenta de uma ignorância social”, disse o historiador Pierre Rosanvallon ao jornal Libération, para quem “o tempo das revoluções”, ou do “populismo de extrema direita”, pode agora voltar.

As pesquisas de opinião mostram, por enquanto, uma deterioração da confiança dos franceses nas instituições e uma progressão na intenção de voto em Marine Le Pen, ainda que sua oposição à reforma tenha sido menos ativa do que a da esquerda.

"Com sua política, [Macron] estende o tapete vermelho" à extrema direita, assegurou a líder da CGT, Sophie Binet, à imprensa regional.

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Ao menos oito pessoas estavam desaparecidas após o desabamento de um edifício no centro de Marselha neste domingo (9), devido a uma explosão de causas desconhecidas. O incidente também deixou cinco feridos, indicaram autoridades francesas.

"Temos oito pessoas que não conseguimos contactar (...) Não temos nenhuma notícia delas", disse em uma coletiva de imprensa à tarde Dominique Laurens, procurador da República em Marselha, no sudeste da França.

O desabamento do edifício no centro da segunda cidade mais populosa da França aconteceu na madrugada deste domingo.

"Nesta noite, a 0h40, ocorreu o desabamento de um edifício no número 17 da rua Tivoli, causando a queda de uma parte (dos edifícios) 15 e 17 da rua Tivoli", declarou à imprensa Benoît Payan, prefeito da cidade portuária.

"Temos que estar preparados para que haja vítimas dessa terrível tragédia", disse Payan após a queda do edifício de quatro andares, acrescentando que foram contabilizadas cinco pessoas feridas até o momento, nenhuma delas em estado grave.

Segundo a procuradoria, que mencionou uma possível nona pessoa desaparecida, conseguiram identificar os desaparecidos, entre os quais não há crianças nem menores de idade, devido à impossibilidade de seus familiares para contactá-los.

O procurador de Marselha reconheceu que "até agora é impossível conhecer as causas da explosão", que devastou o edifício e que aconteceu às 00:46 (19:46 do sábado), segundo registraram as câmeras de vigilância. "O gás é, evidentemente, uma das pistas" que as autoridades seguem, acrescentou.

"Foi enorme, como uma explosão", declarou à AFP Gilles, um homem que preferiu não dar seu sobrenome e que vive em uma rua perpendicular ao edifício derrubado.

Desde a madrugada, bombeiros tentam apagar o incêndio, que impede que os socorristas e cachorros rastreadores busquem os desaparecidos entre os escombros. Um fotógrafo da AFP constatou que ainda havia fumaça nesta tarde.

O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou sua "emoção" por este incidente trágico.

A queda de dois edifícios da rua Aubagne, também no centro de Marselha, em novembro de 2018, deixou oito mortos. Esses edifícios se encontravam em um grave estado de deterioração.

O grupo Nestlé anunciou nesta quinta-feira (30) o encerramento definitivo de uma fábrica de produtos da marca Buitoni em Caudry (norte), um ano depois de pizzas contaminadas terem causado a morte de dois menores e dezenas de intoxicações.

A Nestlé justificou o encerramento pela queda das vendas e afirmou que vai lançar um processo para tentar encontrar um comprador para a fábrica, a sua "prioridade nos próximos meses", informou em nota enviada à AFP.

"Nenhuma demissão será notificada antes de 31 de dezembro de 2023", disse a gigante suíça, que prometeu oferecer ao quadro de 140 funcionários permanentes "uma oportunidade de realocação interna".

A fábrica produzia pizzas congeladas Buitoni Fraîch'Up, que podem ter causado a morte de duas crianças e a intoxicação de dezenas de outros consumidores pela bactéria Escherichia coli.

O caso remonta a fevereiro de 2022, quando a inspeção sanitária francesa (SPF) e a diretoria de combate à fraude (DGCCRF) foram alertadas sobre o ressurgimento de casos de insuficiência renal em crianças devido à contaminação por E. coli.

Em 18 de março de 2022, a Nestlé retirou as pizzas do mercado e interrompeu a produção. A prefeitura proibiu qualquer atividade na fábrica depois que as autoridades de saúde estabeleceram um vínculo entre o consumo de pizzas e vários casos graves de intoxicação.

O Ministério Público de Paris abriu uma investigação de homicídio culposo em relação às duas mortes e a ferimentos involuntários em outras 14 pessoas, segundo uma fonte judicial.

O grupo afirmou que a "contaminação da farinha" seria a explicação "mais provável" para a presença da bactéria nas suas pizzas, mas segundo a prefeitura, a inspeção sanitária revelou a "presença de roedores" e uma "falta de manutenção e limpeza nas áreas de produção".

"Vou me reorientar, mas tenho 50 anos. Na fábrica já somos mais velhos, vai ser muito difícil", lamentou Christophe Dumez, auxiliar de cozinha há 30 anos no estabelecimento, que se reuniu nesta quinta-feira com outros trabalhadores em frente à fábrica.

A França tem nesta terça-feira (28) a 10ª jornada de protestos contra a reforma da Previdência adotada pelo governo do presidente liberal Emmanuel Macron, que busca uma solução para o cada vez mais violento conflito social, mas sem cogitar a retirada da lei impopular.

As manifestações de quinta-feira da semana passada terminaram com 457 detidos e 441 policiais e agentes das forças de segurança feridos, em sua maioria nos distúrbios que aconteceram após as passeatas que reuniram mais de um milhão de pessoas em todo o país, segundo as autoridades.

No cenário de tensão cada vez maior, Macron e a primeira-ministra, Élisabeth Borne, anunciaram que "estendem a mão" para os sindicatos, que lideram os protestos desde janeiro, mas sem ceder na reivindicação para que o governo desista da reforma.

Laurent Berger, líder do sindicato CFDT, afirmou que aceitaria negociar, mas apenas se o governo deixar a reforma de lado, em particular o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.

Ele pediu nesta terça-feira a criação de um "processo de mediação" para encontrar uma "via de saída" para a crise.

As centrais sindicais pedem a retirada da reforma, que aumenta a idade de aposentadoria a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42 como atualmente) para que o trabalhador tenha direito a uma pensão integral.

Desde 19 de janeiro, data da primeira manifestação, os manifestantes conseguiram mobilizar centenas de milhares de pessoas (3,5 milhões em 7 e 23 de março, segundo o sindicato CGT) em grandes protestos pacíficas, mas sem sucesso para convencer o governo.

- 13.000 agentes -

Para esta terça-feira, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou um "dispositivo de segurança inédito" de 13.000 agentes no país e advertiu para a presença em Paris de "mais de 1.000 radicais, alguns procedentes do exterior".

As autoridades esperam "de 650.000 a 900.000" manifestantes". Fontes policiais acreditam que presença de jovens nas passeatas deve "dobrar ou triplicar".

"Queremos mostrar nosso descontentamento e dizer que, apesar de sermos adolescentes (...) temos o direito de dizer que somos contrários", declarou na segunda-feira uma jovem identificada apenas como Selma, enquanto bloqueava sua escola do Ensino Médio em Montreuil, leste de Paris.

Os trens circulavam com atraso em todo país. Na capital, o transporte público registrava "perturbações", segundo a operadora RATP.

Em Lille (norte), Yasmine Mounib, uma estudante de 19 anos, disse que concorda com as reivindicações, mas que nos transportes "ao menos poderiam permitir os trens da manhã". Ela disse que acordou às 4h00 para uma aula quatro horas depois, que mesmo assim não conseguirá assistir.

"Isto vai prejudicar meus estudos", lamentou.

Os protestos assumiram várias formas nas últimas semanas: milhares de toneladas de lixo acumuladas nas ruas de Paris, bloqueios de depósitos e refinarias que deixaram 15% dos postos de gasolina sem combustível, entre outros.

A decisão de Macron de adotar o projeto por decreto, por temer uma derrota durante a votação no Parlamento, e sua recusa a voltar atrás provocaram a radicalização dos protestos, com distúrbios registrados desde 16 de março.

"O sentimento de injustiça e de não ser ouvido alimenta a emoção", afirma uma pesquisa do instituto Odoxa, na qual Macron Borne tem o apoio de apenas 30% e 28% da população, respectivamente.

- Situação explosiva -

À espera da decisão do Conselho Constitucional sobre a validade da reforma, o governo tenta virar a página para outras prioridades, como saúde e educação, e a tentativa de garantir uma maioria estável no Parlamento.

Os sindicatos já haviam alertado Macron há algumas semanas para a situação explosiva que seria registrada se o governo não considerasse o mal-estar provocado pela reforma, rejeitada por mais de dois terços dos franceses, de acordo com as pesquisas.

A adoção definitiva da legislação, em 20 de março, aumentou a intensidade dos protestos. A repressão por parte da polícia provocou alertas das ONGs de direitos humanos, advogados, magistrados e até do Conselho da Europa.

As imagens de uma batalha campal voltaram a ter destaque no sábado, durante os protestos contra uma barragem agrícola destinada ao agronegócio em Sainte-Soline (centro-oeste). O confronto deixou dois manifestantes em coma.

Nos dois casos "há um uso desproporcional da força que já havíamos denunciado durante (o protesto social em 2018 e 2019) os coletes amarelos", afirmou à AFP Jean-Claude Samouiller, da ONG Anistia Internacional.

A França largou muito bem nas Eliminatórias da Eurocopa de 2024. Em um Stade de France completamente lotado, a vice-campeã do mundo precisou de somente 21 minutos para abrir enorme vantagem e encaminhar seu primeiro triunfo pelo Grupo B. Com gols de Griezmann, Upamecano e dois do astro Mbappé, fez 4 a 0 sobre a Holanda. Antes de a bola rolar em Saint-Denis, os franceses fizeram um emocionante minuto de silêncio em homenagem ao ídolo Justin Fontaine e também ao ex-presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Claude Simonet.

Após a comoção geral das arquibancadas pela lembrança de Fontaine, morto no começo do mês e que teve a imagem exibida no telão, a bola rolou e a seleção da casa saiu com tudo ao ataque. Com somente dois minutos os franceses já abriram o marcador. Griezmann roubou a bola no meio e correu de braço erguido para a área. Mbappé recebeu na esquerda de Muani e viu e companheiro pedindo, livre. Em passe preciso, encontrou o atacante que, de primeira, desencantou após 14 meses ou 16 jogos sem gols pela vice-campeã do mundo.

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Cinco minutos mais tarde e lá estavam os franceses novamente comemorando. Griezmann cobrou falta com curva, Cillessen não segurou e Upamecano aproveitou o rebote do goleiro para ampliar. Os comandados de Didier Deschamps não diminuíram a pressão e a todo momento rondavam a área holandesa. Coman quase ampliou após cruzamento de Muani. Aké deu carrinho perigoso para salvar seu time.

A grande chance dos visitantes foi desperdiçada logo depois por Wijnaldum, com furada impressionante na grande área, sem marcação. O jogador ainda finalizou nas mãos do goleiro após boa tabela. Falhar diante de um rival empolgado acabou sendo fatal e o terceiro veio de imediato.

Aos 21 minutos, Tchouaméni lançou Muani, que tirou a perna e deixou a bola passar, confundindo os marcadores. A bola sobrou livre para Mbappé bater rasteiro e ampliar. O astro ainda olhou para o auxiliar para ver se não estava impedido do lance. Mas partiu de trás. Cillessen ainda fez milagre em cabeçada de Kounaté antes do intervalo em um massacre no Stade de France.

O segundo tempo começou da mesma maneira que os 45 minutos iniciais. Com a Holanda administrando a posse de bola e a França, em alta velocidade, chegando sempre ao ataque. Mbappé assustou duas vezes em 10 minutos. Uma cobrança de falta espalmada por Maignan evitou gol dos visitantes.

Sem muita força ofensiva, a Holanda se protegeu melhor para tentar evitar largada nas Eliminatórias com goleada. Mesmo assim, ainda foi vazada no fim. Logo após Diaby ter um gol anulado por impedimento, o agora capitão Mbappé transformou a vitória em goleada com batida forte de dentro da área. No último lance, a seleção visitante teve um pênalti anotado após toque de mão de Upamecano. Depay bateu para defesa de Maignan, perdendo a chance do gol de honra, e festa completa dos franceses.

Pelo mesmo Grupo B, a Grécia visitou Gibraltar e conquistou os três pontos também com vitória tranquila. A seleção visitante anotou 3 a 0 com gols de Masouras, Slopis e Bakasetas.

BÉLGICA E REPÚBLICA CHECA LARGAM BEM

Sempre entre as favoritas na Europa, mesmo com sua geração envelhecida, a Bélgica mostrou que segue forte. Pelo Grupo F, foi até a Suécia e celebrou o triunfo por 3 a 0 com um hat-trick do artilheiro Lukaku. Ainda pela chave, a Áustria goleou o Azerbaijão por 4 a 1.

A República Checa não tomou conhecimento da Polônia de Lewandowski e ganhou por 3 a 1 no Grupo E. Com três minutos, o time da casa já tinha 2 a 0 no placar, com gols de Krejcl e Cvancara. Kuchta ampliou na fase final e Szymanski anotou o de honra no fim. Já Moldávia e Ilhas Faroe ficaram no 1 a 1. Por fim, pelo Grupo G, a Bulgária levou 1 a 0 em casa de Montenegro e a Sérvia fez 2 a 0 na Lituânia.

O governo francês proibiu nesta sexta-feira (24) a instalação e o uso de aplicativos de "lazer", como a rede social TikTok ou a plataforma americana Netflix, nos telefones profissionais de 2,5 milhões de agentes do serviço público do Estado.

Estes aplicativos apresentam “riscos em termos de cibersegurança e proteção de dados para os agentes públicos e para a administração”, afirmaram fontes próximas do ministro da Administração Pública francês, Stanislas Guerini.

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Uma fonte do ministério disse que a proibição incluiria "aplicativos de jogos como Candy Crush, aplicativos de streaming como a Netflix e 'de lazer' como o TikTok".

A decisão das autoridades francesas segue os passos de vários governos e instituições ocidentais que baniram ou limitaram o uso da plataforma de vídeos em dispositivos profissionais, temendo problemas de espionagem.

Entre eles, a Comissão Europeia — braço executivo da União Europeia —, e os governos da Holanda, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia.

A plataforma de vídeos curtos, que tem mais de um bilhão de usuários ativos atualmente, insistiu que o governo chinês não tem controle ou acesso aos dados pessoais dos usuários.

No entanto, a ByteDance já havia reconhecido em novembro de 2022 que alguns funcionários na China poderiam ter acesso aos dados de usuários europeus. No mês seguinte, explicou que vários colaboradores utilizaram dados para espionar jornalistas.

Autoridades do país mais populoso do mundo ressaltaram nesta sexta-feira que não pedem às empresas que forneçam dados obtidos no exterior.

Pequim "nunca pediu e não pedirá a empresas ou indivíduos que coletem ou entreguem dados de países estrangeiros de uma forma que viole a lei local", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em entrevista coletiva.

O atacante Kylian Mbappé foi escolhido pelo técnico Didier Deschamps como novo capitão da França. Durante os últimos dez anos, a faixa esteve a maior parte do tempo no braço do goleiro Hugo Lloris, que se aposentou da seleção francesa após o vice-campeonato da Copa do Mundo do Catar, no final do ano passado. Lloris disputou quatro Mundiais e é o jogador com mais partidas por sua nação.

A escolha de Mbappé para vestir a braçadeira já vinha sendo especulada pela imprensa francesa, mas só foi confirmada publicamente por Deschamps nesta terça-feira, em entrevista ao canal de televisão TF1. "Kylian atende a todos os critérios para ter essa responsabilidade. Tanto dentro do campo quanto na convivência com o grupo, por ser um elemento um elemento aglutinador entre os jogadores", disse.

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O treinador também afirmou que Antoine Griezmann será a segunda opção para a função. O atacante do Atlético de Madrid foi capitão recentemente em setembro do ano passado, na ausência de Lloris e do zagueiro Raphael Varane, que também anunciou a aposentadoria da seleção após o Mundial.

Aos 24 anos, Mbappé já teve a experiência de ser capitão vestindo a camisa do Paris Saint-Germain, pois é o segundo na hierarquia do treinador Christophe Galtier. O dono da braçadeira no clube francês é o zagueiro Marquinhos, da seleção brasileira.

Em seu primeiro jogo desde a derrota para a Argentina na final da Copa do Catar, a França enfrenta a Holanda às 16h45 (de Brasília) desta sexta-feira, pela primeira rodada das eliminatórias da Eurocopa. Na próxima segunda, encara a Irlanda.

A batalha contra a reforma da previdência de Emmanuel Macron na França se intensificou nesta sexta-feira, 17, com o aumento dos protestos e a apresentação de duas moções de censura contra o governo da premiê Élisabeth Borne. O presidente decidiu, no dia anterior, elevar por decreto a idade de aposentadoria sem votação no Parlamento.

O decreto intensificou o confronto com os sindicatos, que prometeram mais greves, e com manifestantes cada vez mais furiosos, que retornaram às ruas de Paris e de outras cidades ontem para pressionar os legisladores a derrubar o governo.

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Os garis estenderam sua greve de 12 dias, deixando pilhas de lixo por toda a capital, bloqueando o maior local de incineração da Europa. A prefeitura de Paris informou que 10 mil toneladas de lixo já se acumularam nas ruas da cidade, uma das mais visitadas do mundo.

A decisão do presidente, anunciada pela premiê na quinta-feira, 16, durante discurso no plenário da Assembleia Nacional, enfureceu os oponentes do projeto de lei, que já havia sido aprovado pelo Senado.

Manobra

De acordo com as regras da Constituição francesa, o projeto das aposentadorias se tornará lei, a menos que uma moção de desconfiança contra o governo seja bem-sucedida na Assembleia Nacional.

Vários grupos de oposição disseram ontem que concordaram em apoiar uma moção de desconfiança, que teve uma proposta apresentada uma pelo grupo parlamentar independente LIOT, de oposição, e outra pela extrema direita. Se aprovada, ela pode derrubar Borne e, por sua vez, a reforma.

A França tem um sistema semipresidencialista, no qual o presidente eleito "divide" o governo com seu primeiro-ministro, mas é a autoridade máxima da vida política do país.

Mal-estar

Com as estradas de Paris bloqueadas, escolas fechadas, lixo acumulado na capital e a invasão das vias férreas em várias cidades, o mal-estar dos franceses tomou múltiplas formas.

"Este anúncio (do governo) é um insulto. Há semanas que não somos escutados. Isso provocou muita indignação", declarou Philippe Melaine, professor de uma escola de Rennes, onde mais de 2 mil pessoas se manifestaram ontem.

Macron decidiu adotar a reforma sem submetê-la ao voto dos deputados, temendo uma derrota no Parlamento, ao recorrer a um mecanismo controverso: o artigo 49.3 da Constituição. Seu objetivo é aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adiantar para 2027 a exigência de contribuição de 43 anos (e não 42 como agora) para solicitar uma aposentadoria completa. Dois a cada três franceses se opõem às mudanças, segundo as pesquisas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As forças de segurança prenderam 310 pessoas na quinta-feira (17) na França durante os protestos que explodiram depois que o governo decidiu adotar a impopular reforma da Previdência sem o voto dos deputados, anunciaram as autoridades.

"A oposição é legítima, as manifestações são legítimas, a desordem não", afirmou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, em entrevista à rádio RTL, antes de advertir que o governo não permitirá o surgimento de "manifestações espontâneas".

Em Paris, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes reunidos na 'Place de la Concorde', próxima da Assembleia Nacional (câmara baixa), após a decisão do governo.

O ministro afirmou que até 10.000 pessoas se reuniram no local e 258 foram detidas. Outras 24 cidades da França também registraram manifestações, que reuniram o total 52.000 pessoas, segundo um balanço da polícia.

As cidades de Rennes (oeste), Nantes (oeste) e Lyon (este) também registraram incidentes. Cinquenta e quatro policiais ficaram feridos.

A decisão do governo de usar o polêmico artigo 49.3 da Constituição para adotar o aumento da idade de aposentadoria de 62 a 64 anos sem submeter a medida ao voto dos deputados, pelo medo de perder a votação, alimentou os protestos na quinta-feira.

Na manhã desta sexta-feira, quase 200 manifestantes bloquearam o anel viário de Paris por meia hora, observou um jornalista da AFP.

O governo está sob pressão e aguarda o resultado do voto de desconfiança anunciado contra o Executivo da primeira-ministra Élisabeth Borne. A votação deve acontecer no início da próxima semana e se a moção de censura for adotada, isto também derrubaria a reforma.

A imprensa francesa é unânime em criticar o presidente Emmanuel Macron por ter usado o polêmico mecanismo para adotar seu projeto. Os jornais consideram que o recurso demonstra o "fracasso" e a "fraqueza" do governante.

O uso do 49.3 "não é um fracasso", disse o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt. "Nossa vocação é continuar governando", afirmou o porta-voz do governo, Olivier Véran.

A impopular reforma da Previdência do presidente liberal francês Emmanuel Macron recebeu nesta quinta-feira (16) a primeira aprovação do Parlamento, mas persiste a incerteza se a medida receberá votos suficientes dos deputados durante a tarde, após várias semanas de protestos nas ruas.

O Senado iniciou o dia crucial para o restante do mandato de Macron, que vai até 2027, com a aprovação da reforma graças aos votos dos governistas e da oposição de direita do partido Os Republicanos (LR), que controla a Câmara Alta.

"O Senado acaba de aprovar a reforma da Previdência (...) Estaremos durante a tarde na Assembleia Nacional com a mesma vontade de que esta reforma essencial siga adiante", tuitou o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt.

Com 193 votos a favor e 114 contra, a aprovação no Senado era considerada certa.

O governo quer elevar a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42 como atualmente) para que o trabalhador tenha direito à pensão integral. Dois em cada três franceses são contrários à reforma, segundo as pesquisas.

Além do projeto, o presidente de 45 anos, reeleito há quase um ano com a promessa de aprovar reformas na segunda maior economia da União Europeia (UE), corre o risco de aplicar seu programa durante o segundo mandato e ameaçou dissolver a Assembleia em caso de derrota.

Desde quarta-feira, Macron participa em várias reuniões de crise para assegurar a maioria no Parlamento, o que evitaria ativar um polêmico procedimento parlamentar: o artigo 49.3 da Constituição.

O mecanismo permitiria a adoção da reforma sem a votação dos deputados, que só conseguiriam impedir a aplicação do projeto com um voto de desconfiança contra o governo da primeira-ministra Élisabeth Borne. Alguns parlamentares já anteciparam que pretende apresentar moções de censura.

Submeter a reforma à votação dos deputados e perder "travaria consideravelmente" o restante de seu mandato", mas recorrer ao artigo 49.3 "reforçaria a imagem de 'brutalidade' de seu poder e alimentaria a crise social", alertou o jornal liberal L'Opinion.

Diante do dilema, a deputada governista Aurore Bergé defendeu na rede CNews seguir para a votação e considerou que a dissolução mencionada na véspera por Macron em caso de revés, segundo os participantes de uma reunião, permitiria obter "um esclarecimento".

Mas convocar novas eleições legislativas, menos de um ano depois do pleito anterior, seria uma aposta arriscada, ainda mais quando o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, contrário à reforma, parece em boa posição nas pesquisas, segundo os analistas.

- Protestos -

Os olhares estão voltados para alguns deputados governistas que poderiam optar pela abstenção e para 20 parlamentares do LR que, segundo o senador de direita Bruno Retailleau, votariam contra a reforma.

Os sindicatos fizeram um apelo para que os parlamentares votem contra uma reforma que consideram injusta, depois de vários dias de protestos. Em 7 de março, entre 1,28 milhão e 3,5 milhões de pessoas participaram na maior manifestação contra uma reforma social no país nas últimas três décadas.

Os protestos, no entanto, perderam força, à medida que os franceses admitem que a reforma acabará sendo aprovada. E as greves em setores cruciais, como energia e transporte, também continuam, embora com menos força.

O governo também ordenou o retorno ao trabalho dos garis em Paris, para que retirem as 7.600 toneladas de lixo acumuladas na capital, ao final de uma disputa com a prefeita Anne Hidalgo, que apoia os grevistas.

Os opositores não jogam toalha e convocaram manifestações em Paris. "Não deixem que roubem dois anos de sua vida", tuitou na quarta-feira o deputado de esquerda Thomas Portes.

Em caso de aprovação da reforma, a oposição de esquerda deve apresentar um recurso ao Conselho Constitucional que adiaria a promulgação do texto e daria tempo aos críticos de Macron para utilizar seus últimos cartuchos, como um pedido de referendo.

Os sindicatos pretendem "paralisar a França" na terça-feira (7) com a retomada das grandes manifestações contra a reforma da Previdência do presidente liberal, Emmanuel Macron, acusado de "permanecer surdo" à rejeição popular.

"Convoco os trabalhadores, os cidadãos, os aposentados a protestar em grande número", afirmou nesta segunda-feira (6) Laurent Berger, líder do sindicato CFDT. "O presidente não pode permanecer surdo", acrescentou à rádio France Inter.

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Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao projeto de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuir por 43 anos (e não 42 como atualmente) para receber a pensão integral.

O governo afirma que ao elevar uma das menores idades de aposentadoria da Europa pretende evitar um déficit da Previdência. "Vamos cumprir o objetivo de um sistema equilibrado até 2030", disse o porta-voz do Executivo, Olivier Véran.

Desde a apresentação do projeto em janeiro, os sindicatos organizaram grandes mobilizações, incluindo a maior em três décadas no país, em 31 de janeiro - de 1,27 a 2,8 milhões de pessoas -, o que não foi suficiente para forçar um recuo do governo.

A partir de terça-feira, a mobilização "vai acelerar" diante de uma posição "cada vez mais dura" do governo, afirmou o líder da central CGT, Philippe Martinez, ao Le Journal du Dimanche.

Os serviços ferroviários na França e o transporte público de Paris, crucial para a economia da capital, devem ser muito prejudicados pela greve, que os sindicatos desejam prolongar por outros dias.

"Teremos dias difíceis. É provável que as coisas não acabem em 7 de março à noite ou na manhã de 8 de março", advertiu o ministro dos Transportes, Clément Beaune. O governo estimula o teletrabalho para os que têm a opção.

Os sindicatos também pediram o fechamento total das escolas. Obras paralisadas, lojas fechadas, pedágios abertos ou estradas bloqueadas também estão no programa de ações previstas.

Os caminhoneiros já iniciaram a greve e provocaram engarrafamentos em cidades como Lille (norte) ou Rouen (nordeste). Desde sexta-feira passada, trabalhadores do setor de energia provocaram reduções na produção em várias usinas nucleares.

Apesar do objetivo de bloquear a economia, o impacto das greves será "limitado", segundo os analistas do banco ING, que calculam, em caso de longas paralisações, uma queda de apenas 0,2 ponto percentual no PIB.

A última vez que os franceses conseguiram evitar uma reforma da Previdência aconteceu em 1995. Os sindicatos paralisaram os serviços de trens e metrô por três semanas e conseguiram manter um grande apoio da opinião pública.

A maioria dos franceses apoia atualmente o princípio de greves prorrogáveis (56%) e o objetivo sindical de "paralisar a França" (59%) para forçar o governo a recuar, de acordo com uma pesquisa da Elabe publicada nesta segunda-feira.

O projeto, no entanto, segue o trâmite parlamentar. Depois de passar pela Assembleia (câmara baixa), o plenário do Senado (câmara alta) debate desde quinta-feira as propostas, que avançam graças ao apoio da oposição de direita.

O governo optou por um polêmico procedimento parlamentar que limita o tempo de debate e permite aplicar as medidas caso as duas câmaras do Parlamento não aprovem o mesmo texto até 26 de março. A Assembleia não votou o projeto.

O Dia Internacional da Mulher, na quarta-feira, também pode registrar uma forte mobilização, em particular quando os opositores do projeto consideram que as mulheres são um dos grupos mais prejudicados pela reforma.

A sexta-feira não foi de boas notícias no futebol feminino da França. Pela manhã, a experiente capitã Wendie Renard soltou um comunicado dizendo que estava fora da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, agendada para julho, e que não defenderia mais a equipe nacional para "preservar a saúde mental." Logo depois, duas companheiras, Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto, se solidarizaram, e também abandonaram a seleção.

O problema seria uma relação conturbada entre o elenco e a atual treinadora, Corinne Diacre. Noël Le Graët havia prometido às jogadoras que haveria mudança na direção do time após a Eurocopa. Mas o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF)renunciou antes de cumprir sua promessa à capitã.

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Renard perdeu a faixa de capitã em 2017 após discussão com a treinadora, que chegou a acusá-la de não ter preparo suficiente para carregar a tarja. A defensora é apontada como uma das melhores do mundo na posição e recuperou a faixa somente quatro anos depois, mas jamais sem se entender com Corinne.

"Amo a França mais do que tudo, não sou perfeita, longe disso, mas não posso mais apoiar o sistema atual, que está longe dos requisitos do mais alto nível", escreveu Rennard em comunicado divulgado em suas redes sociais.

Ela foi além. "É um dia triste, mas necessário para preservar minha saúde mental. É com o coração pesado que venho informar minha decisão de deixar a seleção francesa. Infelizmente, não vou jogar nesta Copa do Mundo nessas condições. Meu rosto pode esconder a dor, mas meu coração está sofrendo... e não quero mais sofrer."

A defensora ganhou apoio de duas companheiras, as atacantes titulares Diani e Katoto, que também são destaques da seleção francesa e consideradas imprescindíveis no grupo.

"Após o comunicado de nossa capitã Wendie Renard e tendo em vista os recentes resultados e gestão da seleção francesa, anuncio que estou suspendendo minhas obrigações internacionais para focar na minha carreira no clube. Se finalmente chegarem as profundas mudanças necessárias, voltarei ao serviço com a camisa da seleção", afirmou a atacante Diani, em nota parecida com a da também atacante Katoto

"Os acontecimentos de 2019, a mágoa de 2022 e depois os acontecimentos recentes mostram-me que já não estou alinhado com a gestão da seleção francesa e com os valores transmitidos. Tomo, portanto, a decisão de suspender minha carreira internacional até que as mudanças necessárias sejam aplicadas", postou Katoto.

A Federação Francesa promete resolver o problema em reunião no dia 28. "A FFF tomou nota das declarações de Renard, Diani e Katoto. Nosso Comitê Executivo, que se reunirá em 28 de fevereiro, tratará do assunto na ocasião. A FFF gostaria de lembrar que nenhum indivíduo está acima da instituição Equipe da França", anunciou, sem ser específica se o problema são as atletas ou a treinadora.

O estudante de 16 anos preso por matar uma professora em Saint Jean-de-Luz, sudoeste da França, afirma que "ouviu uma voz", mas é criminalmente responsável, anunciou o promotor de Bayonne em entrevista coletiva nesta quinta-feira (23).

O promotor Jerome Bourrier disse que iniciará uma investigação na sexta-feira "sob a classificação de homicídio premeditado".

"Sob custódia, o acusado mencionou que ouviu uma voz de um ser que descreve como egoísta, manipulador (...), que o incita à prática do mal e que na véspera lhe sugeriu cometer homicídio", contou Bourrier, acrescentando que o adolescente está sob acompanhamento psiquiátrico.

"Sabemos também que ele ficou abalado por uma discussão que teve um dia antes com um amigo, sobre a qual fez declarações contraditórias ao médico encarregado de examinar suas condições psiquiátricas", explicou o promotor.

O estudante teria dito ainda que “queria cometer os fatos na presença desse rapaz com quem havia discutido, para castigá-lo de alguma forma”, acrescentou.

A professora de espanhol de 52 anos foi esfaqueada na quarta-feira no meio da aula no colégio católico Saint-Thomas d'Aquin, de cerca de 1.100 alunos.

Escolas de todo o país observaram um minuto de silêncio nesta quinta-feira em homenagem à vítima.

Segundo o promotor, o jovem também reconheceu que tinha "um certa animosidade em relação à professora e que seus resultados na matéria lecionada por ela não eram bons, ao contrário de outras aulas".

Considerado "muito bom aluno" por seus colegas, o adolescente obteve um título de honra no ano passado, segundo a autoridade de educação de Bordeaux.

É a primeira vez que um professor é assassinado no exercício de suas funções na França desde 16 de outubro de 2020.

Na ocasião, Samuel Paty foi decapitado na região de Paris por um jovem refugiado russo de origem chechena, que o acusou de mostrar caricaturas do profeta Maomé em suas aulas de história.

A França vive nesta quinta-feira (16) seu quinto dia de protestos contra a Reforma da Previdência a pedido dos sindicatos, enquanto aguarda a greve de 7 de março que pretende "paralisar" o país.

A nova manifestação busca aumentar a pressão sobre os deputados, que têm até sexta-feira para se pronunciar sobre a reforma, mas deve ser menos numerosa em meio às férias escolares de inverno em grande parte da França.

"Sejamos numerosos nas manifestações", pediu na véspera Laurent Berger, do sindicato CFDT, que junto com os demais dirigentes sindicais se manifestará em Albi (sul) para destacar a importante mobilização fora de Paris.

Seu objetivo é que o governo retire sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e de adiantar para 2027 a exigência de contribuir 43 anos (e não 42 como agora) para receber uma aposentadoria completa.

A maioria dos franceses - dois em cada três, de acordo com as pesquisas - se opõe à reforma. Em 31 de janeiro, foi registrada a maior manifestação contra uma reforma social em três décadas -- entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas.

Mas o presidente liberal Emmanuel Macron está determinado a continuar, argumentando que seu plano evitaria um déficit futuro no fundo de pensão e aproximaria a idade de aposentadoria de seus vizinhos europeus.

Nesta quinta-feira, a greve afeta em menor grau o serviço ferroviário e o transporte público de Paris, que funcionam quase normalmente. Mas o aeroporto parisiense de Orly cancelou 30% de seus voos.

A greve na empresa EDF provocou uma queda na produção de energia elétrica de mais de 3.000 MW, o equivalente a três reatores nucleares, embora não tenham acontecido cortes no fornecimento.

Todos os olhos estão voltados para a Assembleia (câmara baixa). Os sindicatos enviaram uma carta aos deputados, exceto os ultradireitistas, para pedir que rejeitem o adiamento da idade de aposentadoria.

Mas não é certo que o texto possa ser votado antes de sexta-feira, quando seguirá para o Senado. O governo optou por um procedimento polêmico que permite aplicar a reforma no final de março, caso as duas casas do Parlamento não se pronunciem.

Diante da situação, a ultradireitista Marine Le Pen anunciou uma moção de censura para que os deputados contrários à reforma se manifestem, o que não tem perspectivas de prosperar devido ao isolamento imposto pela esquerda ao grupo de extrema-direita.

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