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A ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, declarou nesta segunda-feira (25), em uma audiência no Parlamento do Reino Unido, que publicar conteúdo de ódio "é a melhor maneira de crescer" na rede social, e pediu o endurecimento da legislação sobre as plataformas virtuais.

Segundo a delatora, que vazou estudos que mostram que o Facebook está a par dos aspectos nocivos de sua plataforma, a rede social sabe "indubitavelmente" que propaga o ódio online.

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Haugen, que também participou este mês de uma audiência semelhante no Congresso dos Estados Unidos, explicou que o Facebook utiliza um sistema que prioriza os conteúdos que geram mais interações, que são, precisamente, os que mais provocam divisão.

"O ódio e a ira são a forma mais fácil de crescer no Facebook", declarou a denunciante, que deixou a companhia em maio deste ano.

"Estou profundamente preocupada com o fato de que não seja possível fazer com que o Instagram seja seguro para os jovens de 14 anos e duvido sinceramente que algo possa ser feito para torná-lo seguro para alguém de 10 anos", assinalou Haugen.

Além disso, a ex-funcionária do Facebook defendeu a adoção de uma legislação "flexível" e atualizada, para poder "responsabilizar as empresas".

Por sua vez, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, rejeitou anteriormente as alegações de Haugen, dizendo que seus ataques à empresa estavam "deturpando" o trabalho da mesma, e destacando suas iniciativas para combater o ódio nas redes.

Em um texto direcionado aos funcionários do Facebook e republicado em sua própria página na rede social, o fundador e presidente da plataforma, Mark Zuckerberg, afirma que pesquisas internas que mostram danos que o Instagram causaria ao bem-estar de adolescentes foram retiradas de contexto para criar uma narrativa de que a empresa não se importa com o tema. O executivo também disse que não é verdade que o Facebook priorize o lucro em detrimento da segurança dos usuários, e que é "ilógico" afirmar que a companhia dê mais impulso a conteúdos que geram polarização política e social.

O texto vem a público em meio à mais recente crise de imagem do Facebook. Documentos internos da companhia obtidos pelo Wall Street Journal mostram que pesquisas do próprio Facebook constataram que o Instagram produziria danos à saúde mental de adolescentes, em especial meninas, e que a empresa resistiu a fazer mudanças em algoritmos que favoreciam a difusão de informações falsas.

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Nesta terça-feira (5), Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que foi a responsável por trazer as pesquisas a público, disse, em audiência no Senado americano, que o Facebook priorizou o crescimento e os lucros em detrimento da segurança dos usuários. Sem citá-la, Zuckerberg rebate a acusação.

"No coração dessas acusações está a ideia de que priorizamos o lucro em detrimento da segurança e do bem-estar (dos usuários). Isso simplesmente não é verdade", escreveu. O executivo usa como exemplo a mudança no feed de notícias do Facebook, anos atrás, que favoreceu conteúdos de amigos dos usuários, tirando espaço de vídeos virais e conteúdos de empresas. Segundo ele, a rede social fez a mudança mesmo sabendo que isso reduziria o tempo de uso do site.

Além disso, segundo Zuckerberg, é ilógico afirmar que o Facebook dá mais espaço a conteúdos polarizadores para aumentar o engajamento dos usuários. "Ganhamos dinheiro através de publicidade, e os anunciantes têm nos dito de forma constante que não querem seus anúncios próximos de conteúdos prejudiciais ou raivosos", disse ele. "E eu não conheço nenhuma empresa de tecnologia que parte para a construção de produtos que deixam as pessoas com raiva ou depressivas."

Zuckerberg afirmou que as pesquisas internas que vieram à público precisam ser visualizadas "com a foto completa", e que foram retiradas de contexto ao serem lidas individualmente. Ele defendeu que o Congresso americano atualize a regulamentação sobre plataformas de internet para aumentar a segurança dos usuários, em especial crianças e adolescentes, mas se disse preocupado com "os incentivos que estão sendo criados" a partir da divulgação dos documentos.

"Se atacarmos organizações que se esforçam para estudar seu impacto no mundo, estaremos efetivamente mandando a mensagem de que é mais seguro não olhar para este impacto, caso você encontre algo que poderia ser usado contra você", afirmou.

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