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A França tem nesta terça-feira (7) o terceiro dia de protestos convocado pelos sindicatos contra a reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, em uma tentativa de aumentar a pressão durante a análise do projeto impopular pelo Parlamento.

"Estamos diante de um presidente que, por um ego inflado, quer demonstrar que é capaz de aprovar uma reforma independentemente da opinião pública, algo perigoso", advertiu o líder do sindicato CGT, Philippe Martinez, à rádio RTL.

Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e ao aumento de 42 para 43 anos do tempo de contribuição a partir de 2027 para obter o direito a receber à pensão completa, como propõe o governo.

E, apoiados por esta rejeição, os sindicatos lideram uma ofensiva com greves e protestos pacíficos que em 31 de janeiro resultaram na maior manifestação contra uma reforma social em três décadas (entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas nas ruas).

A terceira jornada de greve geral começou nesta terça-feira com o serviço de trens e os transportes públicos de Paris "prejudicados", mas com menos intensidade que nas duas paralisações anteriores, e com 20% dos voos cancelados no aeroporto de Orly.

"Eu saio de casa muito mais cedo. É um verdadeiro planejamento, quase uma hora e meia mais cedo para ter um trem. É a terceira vez em poucos dias e já começamos a saber o que fazer", afirmou Sydsa Diallo, 36 anos, em uma estação da região de Paris.

A CGT apontou uma queda de 4.500 MW na produção de energia, o equivalente a mais de quatro reatores nucleares, com as paralisações no setor, assim como uma greve de 75% e 100% nas refinarias da Total Energies (56% segundo a direção da empresa).

A continuidade do apoio e da mobilização é crucial para os sindicatos. As autoridades calculam que as passeatas previstas para terça-feira devem reunir entre 900.000 e 1,1 milhão de pessoas. O governo anunciou a mobilização de 11.000 policiais e gendarmes.

Laurent Berger, líder do sindicato CFDT, fez um apelo ao governo no jornal La Croix e pediu que o Executivo escute os manifestantes: "Qual seria a perspectiva se não respondesse? Precisamos da indignação, da violência e da raiva para sermos ouvidos?", questiona.

- "A reforma ou a falência" -

Os apelos não foram ouvidos no Parlamento até o momento. Na segunda-feira, no primeiro dia de debates no plenário da Assembleia (câmara baixa), 292 deputados votaram contra e 243 a favor de uma moção da esquerda que pedia retirada da reforma.

"É a reforma ou a falência do sistema", afirmou o ministro das Contas Públicas, Gabriel Attal. Os cofres da Previdência devem registrar déficit de 14,6 bilhões de dólares em 2030, segundo o governo.

A reforma é uma promessa de campanha de Macron, mas analistas consideram que sua reeleição em 2022 foi motivada em grande parte pelo desejo dos eleitores de evitar a vitória de sua rival no segundo turno, a política de extrema-direita Marine Le Pen.

Poucas semanas depois da eleição presidencial, o governo perdeu a maioria absoluta na Assembleia. Agora busca os votos da oposição de direita do partido Os Republicanos (LR) para aprovar a reforma, diante dos votos contrários do grupo de Le Pen e da esquerda.

Em uma concessão de última hora, a primeira-ministra Elisabeth Borne anunciou que as pessoas que começaram a trabalhar entre 20 e 21 anos poderão solicitar a aposentadoria com 63 anos, mas isto não foi suficiente para convencer todos os deputados do LR.

O governo optou, no entanto, por um procedimento parlamentar que limita o tempo de debate nas duas câmaras do Parlamento e permite aplicar a reforma caso ambas não se pronunciem até 26 de março.

Com a contagem regressiva ativada, o tempo é curto para a oposição. Os sindicatos apostam em aumentar a pressão sobre os deputados com os protestos nas ruas e convocaram um dia de protestos para sábado.

Pelo menos três alpinistas franceses desapareceram depois que uma avalanche atingiu a área do Nepal onde eles estavam, perto do Monte Everest, segundo informações de grupos de montanhismo neste domingo (31).

Os alpinistas estavam tentando escalar um pico de aproximadamente 6.000 metros (19.700 pés), relatou o The Himalayan Times.

“Ainda não temos informações claras sobre o número de pessoas desaparecidas”, disse à AFP o presidente da Associação Nacional de Guias de Montanha do Nepal, Ang Norbu Sherpa.

"Enviamos uma equipe muito experiente de cinco guias de montanha. Eles estão a caminho e iniciarão a operação de busca a partir de amanhã (segunda-feira) de manhã."

De acordo com a Federação Francesa de Clubes de Alpes e Montanhas (FFCAM), uma equipe de oito alpinistas deixou a França rumo ao Nepal no final de setembro em busca de alcançar vários picos ao sul de Ama Dablam, de 6.812 metros, na região do Everest.

Três deles deixaram a equipe em 24 de outubro para escalar um pico perto de Ama Dablam, mas não dão notícias desde 26 de outubro, disse o grupo em um comunicado divulgado neste domingo.

Um helicóptero enviado pelo FFCAM para procurá-los "avistou trilhas de escalada e também detritos de uma avalanche de grande escala". Segundo a nota, "hoje um helicóptero com uma equipe de resgate correu para o local para tentar encontrar possíveis sobreviventes".

Stephane Benoist, do organizador da expedição GEAN, afirmou ao jornal francês Dauphine Libere que estava "em choque, devastado" pelo desaparecimento de Thomas Arfi, Louis Pachoud e Gabriel Miloche.

Um funcionário do departamento de turismo do Nepal disse ao Himalayan Times que os alpinistas não obtiveram permissão das autoridades para escalar a montanha.

Apesar das restrições impostas para as pessoas não imunizadas, muitos franceses continuam resistindo à vacinação contra a Covid-19, e alguns recorrem ao mercado clandestino que floresce nas redes sociais para procurar certificados sanitários falsos.

Coralie, que tem 20 anos e trabalha como cabeleireira em Paris, encontrou com apenas alguns cliques no Snapchat um vendedor disposto a fornecer este comprovante falso. "Paguei 300 euros (cerca de 350 dólares), mas pelo menos agora estou tranquila", disse.

Basta escrever "Certificado sanitário", ou "Vacina covid", para encontrar dezenas de ofertas nesta rede social, popular entre os mais jovens. Os preços oscilam entre 150 e 350 euros (180 e 410 dólares).

Coralie mostrou à AFP uma captura de tela da breve comunicação que teve com o vendedor por meio do Signal, um aplicativo de troca de mensagens ultrasseguro.

"Ele pediu meu nome completo, número de seguro social e e-mail", conta. Menos de 24 horas depois, recebeu seu passaporte sanitário.

Este comprovante, que pode ser baixado no telefone ou apresentado impresso, é obrigatório na França para entrar em restaurantes, bares e cinemas, viajar de trem a longa distância, ou pegar voos domésticos.

Quase 63% dos franceses já vacinados com as duas doses de uma vacina anticovid têm o certificado (cerca de 42 milhões de pessoas), além daqueles que foram infectados com o vírus nos últimos seis meses. O restante deve fazer, regularmente, um teste de diagnóstico, ou renunciar às atividades de lazer.

Quem compra o certificado falso pode pegar até três anos de prisão. Para os vendedores, a pena é de até cinco anos de reclusão e pagamento de uma multa de 150.000 euros (176.000 dólares).

Desde que o certificado sanitário foi decretado por lei para restaurantes e bares no início de agosto, a demanda de testes disparou em toda França. Na semana passada, o país registrou seis milhões de testes - um recorde.

Com o objetivo de incentivar mais pessoas a se vacinarem, os testes de diagnóstico, que custam milhões de euros por semana ao Estado francês, deixarão de ser gratuitos a partir de meados de outubro.

Os franceses deverão pagar de seu próprio bolso 48,89 euros (57 dólares) para fazer um teste PCR, e 25 euros (29 dólares) para um teste de antígenos, exceto se for prescrito por algum médico, ou se a pessoa estiver em contato direto com algum paciente com covid-19.

Pelo quarto fim de semana consecutivo, opositores das medidas de controle da covid-19 na França manifestaram-se em dezenas de cidades do país.

Cerca de 240 mil manifestantes participaram das marchas convocadas em mais de 150 cidades, incluindo 17 mil em Paris, de acordo com a contagem do Ministério do Interior, um número que ultrapassa os 204 mil do sábado anterior e é significativamente alto para meados do verão.

As passeatas acontecem dois dias após a entrada em vigor de grande parte das restrições e coincidem com uma nova mensagem do presidente Emmanuel Macron, incentivando a vacinação.

A partir de segunda-feira, será necessário apresentar certificado de vacinação, teste PCR negativo ou atestado de recuperação da doença para ter acesso a cafés e restaurantes, salas de espetáculo e feiras profissionais, ou para fazer uma viagem longa de avião, trem ou ônibus.

O presidente propôs essas medidas visando acelerar a campanha de vacinação, que neste sábado alcançava 44 milhões de pessoas (quase 66% da população) com pelo menos uma dose.

Mas, embora a epidemia esteja voltando a se espalhar, muitos franceses veem essas medidas como um ataque às liberdades civis.

“Macron, não quero teu passe” ou “Macron, não queremos nem te ver” foram alguns dos gritos ouvidos em Paris, onde o protesto contou com a presença de "coletes amarelos".

“O problema do passe sanitário é que nos está sendo imposto”, lamentou Alexandre Fourez, um profissional de marketing de 34 anos.

Na região de Provença-Alpes-Costa Azul, na costa mediterrânea, pelo menos 37 mil pessoas se manifestaram em cidades como Toulon, Nice e Marselha.

Nesta última, a educadora aposentada Geneviève Zamponi descreveu o passe como "humilhante e discriminatório", apesar de ser favorável à vacinação.

A maioria das manifestações foi pacífica, mas em Lyon sete participantes foram detidos por lançarem projéteis. No total, o Ministério do Interior deu conta de 35 detidos e sete agentes feridos.

Em cidades da Itália houve protestos contra a introdução de um certificado de saúde semelhante ao francês. Mais de mil pessoas se concentraram na Piazza del Popolo de Roma e em Milão. O documento é obrigatório desde ontem para entrar em cinemas, museus e restaurantes.

Funcionários de escolas e universidades, bem como os universitários, também terão que apresentar o certificado, que será necessário para embarcar em voos domésticos e trens de longa distância a partir do mês que vem.

Comer na área externa de um restaurante, visitar um museu ou ir ao cinema: os franceses recuperaram nesta quarta-feira (19) parte da liberdade perdida, um alívio após mais de seis meses de medidas estritas para conter a propagação da Covid-19 no país.

Com mais de 108.000 mortes, a França é um dos países europeus mais afetados pelo coronavírus, mas a situação de saúde melhorou após meses de restrições e da aceleração da campanha de vacinação.

Embora tenha feito um apelo para que os franceses permaneçam "atentos" diante das "variantes" do coronavírus, o porta-voz do governo, Gabriel Attal, se mostrou otimista sobre o retorno a uma "vida cada vez mais normal", com a retomada "progressiva e prudente" da atividade econômica.

Apesar da chuva e da temperatura abaixo da média para o mês de maio, os cafés, bares e restaurantes voltaram a abrir suas áreas externas, com limitação de seis pessoas por mesa e capacidade reduzida a 50%.

Um dos primeiros a aproveitar a oportunidade foi o presidente Emmanuel Macron, que tomou um café com o primeiro-ministro, Jean Castex, em um estabelecimento próximo ao Palácio do Eliseu.

Este café é "um pequeno momento de liberdade recuperada, fruto de nossos esforços coletivos", disse o chefe de Estado.

Sem a grande cobertura da imprensa, mas sem dúvida mais agradável foi o café da manhã de Jean, um aposentado parisiense que aproveitou um café com leite acompanhado de um croissant na área externa de uma cafeteria.

"Esperava com ansiedade por este dia! Antes do fechamento, eu vinha todas as manhãs, tomava um ou dois cafés e lia o jornal, era meu ritual antes de começar o dia", declarou à AFP o morador do bairro histórico de Saint-Germain, que prometeu "não baixar a guarda", apesar de ter recebido as duas doses da vacina Pfizer-BioNTech.

Nem todos os estabelecimentos abriram as portas nesta quarta-feira. Alguns pretendem aguardar até a terceira fase da flexibilização, prevista para 9 de junho, para retomar as atividades, pois consideram que não é rentável retornar antes.

O toque de recolher noturno começará duas horas mais tarde a partir desta quarta-feira, às 21H00 e não mais às 19H00.

"O modelo econômico não funciona com 50% da capacidade e fechamento às 21H00, minha estrutura não permite, não funciona", lamentou o célebre chef francês Philippe Etchebest, que dirige a cozinha do restaurante Quatrième Mur, na cidade de Bordeaux.

- Cinemas, museus e teatros -

Após 203 dias de fechamento, período em que o setor cultural dependeu principalmente da ajuda estatal, os franceses também retornam aos museus, cinemas e teatros.

"Nos fez muita falta. Queria estar aqui no primeiro horário", disse Tom, 25 anos, enquanto aguardava ao lado de 20 pessoas pela abertura do museu do Louvre, o mais visitado do mundo.

Além da limitação de uma pessoa para cada oito metros quadrados, para garantir uma visita em ótimas condições, o público deve agendar um horário com antecedência e o uso de máscara é obrigatório.

"Reservamos há uma semana", contou Théa, de 18 anos, que visitou o museu com mãe Aurore. "É ainda melhor que em um período normal porque quase não há turistas", completou a jovem, que conseguiu observar a Mona Lisa, famosa pintura de Leonardo da Vinci, praticamente sem fila.

Privado dos turistas estrangeiros, especialmente americanos, chineses, japoneses e brasileiros, que representam habitualmente 75% dos ingressos, o museu espera um aumento dos visitantes nacionais, sedentos de cultura.

Os fãs de cinema também compareceram cedo às salas para acabar com a saudade.

"Viemos no primeiro horário porque temos um programa previsto para o dia", explicou Valérie, 66 anos, ao lado da irmã Albertine, 65, antes de comprar ingresso para o filme "Adieu les cons" de Albert Dupontel, em uma sala às margens do rio Sena.

A série de reaberturas marca a segunda etapa do plano de quatro fases anunciado no fim de abril por Emmanuel Macron. O plano deve prosseguir em 9 de junho com a reabertura das áreas internas de cafés e restaurantes, capacidades maiores e o toque de recolher a partir de 23H00, que deve acabar completamente em 30 de junho, caso a situação permita.

Os franceses recuperaram nesta terça-feira (2) a liberdade de viajar a qualquer ponto do país sem a necessidade de justificativa e de frequentar bares e restaurantes, mas com a muita prudência ante um vírus que provocou quase 30.000 mortes no país e paralisou grande parte da economia.

O governo francês decidiu iniciar a fase 2 da flexibilização do confinamento, que representa praticamente o retorno à normalidade, após a queda do número de contágios registrada desde o início da primeira etapa em 11 de maio.

Isto significa o fim da proibição de deslocamentos a mais de 100 km do domicílio, uma medida muito aguardada pelos moradores das grandes cidades ou pelas famílias separadas durante mais de dois meses.

"É possível que no próximo fim de semana eu consiga ver meus netos em Nantes", disse Linda Espallargas em Paris. "Mas vou no meu carro para ficar bem isolada porque tenho mais de 65 anos e não confio", completa.

Após a reabertura de parques e jardins no sábado, as praias, museus, monumentos, zoos e até os teatros serão liberados nesta terça-feira, mas com o respeito ao distanciamento e o uso obrigatório de máscara.

Os cinemas só devem reabrir as portas na fase 3, em 22 de junho.

Os cafés, bares e restaurantes, fechados por mais de dois meses, da região de Paris só poderão utilizar as áreas externas para receber clientes.

- "Otimismo" -

"O otimismo reina hoje", disse Hervé Becam, vice-presidente da União de Indústrias da Hotelaria (Umih).

Mas alguns estabelecimentos não devem retomar as atividades imediatamente, já que o cenário é muito complicado ou pouco rentável.

Nas zonas laranja (Île de France - onde fica Paris - Guyane, Mayotte) ainda sob vigilância pelo coronavírus, apenas as áreas externas estão habilitadas. Nas zonas verdes, no interior do país, os estabelecimentos poderão receber no máximo 10 clientes por mesa. Além disso, as mesas precisam ter uma distância de um metro.

No ensino, todos os colégios e institutos da França devem retomar as aulas progressivamente. Na zona verde, todos os alunos poderão retornar aos centros de educação, mas na zona laranja os estabelecimentos receberão prioritariamente os estudantes do 6º e 5º ano.

"Nosso objetivo é que todos os alunos do ensino fundamental, inclusive na zona laranja, tenham contato físico com a escola novamente, para entrevistas individuais, antes das férias", disse o ministro Jean-Michel Blanquer na semana passada.

Mas as rígidas medidas de saúde podem prejudicar os bons propósitos.

A reabertura dos institutos será "progressiva" nas zonas verdes, com uma atenção "por nível", prometeu o ministro da Educação. Em Île de France, os alunos serão recebidos em "pequenos grupos" ou com "entrevistas individuais" que permitirão, de acordo com as necessidades, fazer um balanço de sua situação.

- StopCovid -

A epidemia matou 28.883 pessoas na França, de acordo com o balanço atualizado divulgado na segunda-feira (31 a mais que na véspera). O número de pacientes no CTI (1.302) permanece em queda (-17).

Mas o vírus continua circulando e as autoridades de saúde estão em alerta para detectar o mínimo sinal de aumento da epidemia para combater qualquer foco.

O aplicativo de rastreamento StopCovid, destinado a ajudar o controle da propagação do vírus, estará disponível a partir desta terça-feira. Os donos de smartphones podem instalar o programa de maneira voluntária.

"Precisamos que o maior número possível de pessoas tenham o aplicativo", afirmou o secretário de Estado para a Tecnologia Digital, Cédric O.

No caso de uma segunda onda de infecção, o governo já advertiu que pode adotar novamente medidas de confinamento, em particular restrições à circulação.

Mas um novo confinamento seria um duro golpe para a economia. O governo calcula que o PIB do país pode cair até 11% em 2020.

"O país vai ter que lutar contra o impacto de uma recessão histórica", alertou o primeiro-ministro Edouard Philippe.

Professores, advogados, médicos e funcionários ferroviários saem às ruas nesta quinta-feira (9) na França para pressionar o presidente Emmanuel Macron a recuar em sua controversa reforma previdenciária após mais de um mês de greves e mobilizações.

Com a promessa de criar um sistema "mais justo" em que cada euro cotado gere os mesmos direitos para todos, o presidente francês quer unificar o sistema de aposentadoria do país, onde coexistem atualmente 42 regimes diferentes.

Também pretende aumentar a idade para receber aposentadoria integral, de 62 para 64 anos, uma "linha vermelha" para os sindicatos, que consideram essa medida "injusta e injustificada".

Em 5 de dezembro, no primeiro dia da greve nacional contra a reforma, mais de 800.000 pessoas foram às ruas em todo país em rejeição ao projeto. Essa nova convocação, a quarta em pouco mais de um mês, será crucial.

Depois de mais de um mês de manifestações e greves, principalmente nos transportes, o apoio à mobilização começou a cair.

Segundo uma pesquisa, pouco mais de 60% da população francesa continua apoiando os manifestantes, 5 pontos a menos do que em meados de dezembro.

A questão da Previdência é delicada na França, que tem um sistema considerado, até agora, um dos mais protetores do mundo.

- Trens, metrôs e voos afetados -

A companhia ferroviária nacional, SNCF, pediu aos moradores da região de Paris que optem por outros meios de locomoção nesta quinta-feira. Apenas um em cada três trens suburbanos funcionará, e uma afluência significativa nas estações pode ser "perigosa".

"Para a segurança de todos, e na medida do possível, a SNCF recomenda não ir às estações e usar outras soluções de transporte, como o compartilhamento de carros", afirmou a empresa.

Também estão previstas fortes perturbações nos trens de longa distância que conectam as principais cidades da França: nos Thalys, que conectam Paris à Bélgica, à Holanda e à Alemanha; e no Eurostar, que vai a Londres.

A maioria das linhas do metrô de Paris opera apenas nos horários de pico, assim como os ônibus.

Na falta de transporte público, muitos parisienses têm optado por ir para seus locais de trabalho, ou estudar, de bicicleta, ou a pé.

Após 36 dias de greve ininterrupta, a paralisação nos transportes bate recordes. É a mais longa desde a criação da companhia ferroviária francesa em 1938.

Também são esperados distúrbios na aviação, bem como nas refinarias, várias das quais votaram a favor de uma greve até o final da semana, provocando temores de falta de combustível.

Muitas escolas também amanheceram fechadas. A Torre Eiffel, um dos monumentos mais visitados do mundo, não abrirá suas portas ao público, porque uma parte de seus trabalhadores está em greve.

Os advogados, que com o projeto Macron perderão seu regime de aposentadoria autônomo, também estarão mobilizados. Desde segunda-feira, 70.000 aderiram à greve em todo país.

As negociações entre o governo e os sindicatos estão estagnadas.

Na terça-feira, dia em que as discussões foram retomadas após as festas de final de ano, ambas as partes permaneceram firmes em suas posições.

Novas negociações foram marcadas para sexta-feira (10).

Cinco jovens franceses, com entre 18 e 19 anos, foram denunciados nesta quinta-feira (8) pelo suposto estupro coletivo de uma norueguesa de 20 anos em Benidorm, na Espanha. Após serem ouvidos por um juiz de instrução, três dos denunciados foram colocados sob prisão provisória e dois, libertados.

Os cinco foram detidos na manhã de quarta-feira (7), em um apartamento de Benidorm, onde passavam as férias, revelou a Guarda Civil. O alerta contra o grupo foi emitido às 2h, a partir do hospital que atendeu a jovem norueguesa.

A jovem e uma amiga, também norueguesa, conheceram os franceses através de um aplicativo e após encontrarem o grupo, foram para o apartamento dos rapazes. Uma das norueguesas saiu do apartamento durante a noite, deixando a amiga só com os cinco franceses, que a estupraram, segundo a denúncia.

A advogado de um dos denunciados, Frédéric David, assinalou que seu cliente admite ter mantido "uma relação sexual" com a denunciante, mas foi "consentida e não grupal".

"Os fatos ocorreram em um contexto de uso de muito álcool por ambas as partes", destacou David, recordando a situação "particular de Benidorm", um local turístico "de festa para os jovens" e o "caráter muito explícito do aplicativo de encontros Tinder", através do qual se conheceram.

A adolescente sueca militante da luta contra as mudanças climáticas, Greta Thunberg, respondeu nesta terça-feira (23) aos ataques que recebeu por falar sobre o aquecimento global, durante visita ao parlamento francês.

Vários deputados de direita e extrema direita boicotaram o discurso de Thunberg na Assembleia Nacional, e a chamaram de "guru do apocalipse" ou "profetisa de short".

"Não contem comigo para aplaudir uma profetisa de short, Prêmio Nobel do Medo", tuitou Julian Aubert, candidato a líder do partido conservador LR, enquanto o deputado ultradireitista Sébastien Chenu se recusou a "aplaudir o Justin Bieber da ecologia".

Mas Thunberg, de 16 anos, respondeu às críticas afirmando que tudo o que estava fazendo era expor os riscos aos quais o mundo, e especialmente as gerações futuras, enfrentam com o aquecimento global.

"Alguns decidiram não vir hoje, alguns optaram por não nos ouvir. Muito bem. Não são obrigados, afinal somos apenas crianças. Mas eles devem escutar a ciência. É tudo o que pedimos", frisou.

Acusou a políticos, líderes empresariais e jornalistas de não comunicarem a verdade científica e deixarem essa responsabilidade nas mãos dos jovens.

"Nós nos tornamos os errados que têm de contar às pessoas coisas que não são fáceis, porque nada querem fazer ou se atrevem a fazer", acrescentou Thunberg.

"Ou talvez não sejam suficientemente maduros para dizer as coisas como são", disse ainda em tom irônico.

Greta Thunberg deu cara a um movimento que se tornou mundial, com centenas de milhares de jovens que se reuniram em torno de seu nome em dezenas de países nas manifestações da chamada "Friday For Future" (Sexta Pelo Futuro).

No domingo, ela recebeu o Prêmio da Liberdade 2019 em Caen (noroeste da França), dedicado a quem se compromete com a luta pela liberdade em todo o mundo.

A jovem prometeu que entregará os 25.000 euros do prêmio a quatro organizações que trabalham "pela justiça climática e para ajudar às pessoas no sul do planeta afetadas pela emergência climática".

Três associações de fãs franceses de Michael Jackson vão levar na quinta-feira à justiça as testemunhas do documentário "Leaving Neverland", acusando-as de atacar "a memória de um homem morto".

No documentário, exibido pela HBO, Wade Robson e James Safechuck afirmam ter sido vítimas de agressões sexuais repetidas vezes pelo artista quando eram menores de idade, em sua mansão perto de Los Angeles.

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As acusações foram negadas pelo próprio cantor em vida. MJ nunca foi condenado por esses eventos.

Uma década após a morte da estrela, as acusações de pedofilia levaram várias estações de rádio, no Canadá, na Austrália ou na Nova Zelândia, a não tocar as canções de Michael Jackson.

Falando de um "linchamento", Emmanuel Ludot, o advogado dos fãs franceses, estima que os dois homens "são responsáveis por um dano grave e caracterizado contra a memória de um homem morto", segundo o texto de citação judicial consultado pela AFP.

"O ídolo é acusado de atos de pedofilia e de ter organizado um casamento com uma criança", continua o texto, que menciona "acusações gravíssimas" e uma violação da presunção de inocência.

"A imagem do falecido está danificada, assim como a de toda a comunidade de fãs de Michael Jackson", estima Ludot.

As três associações, Michael Jackson Community, MJ Street e On the line, reivindicam, cada uma, um euro simbólico perante a corte da cidade de Orleans, no centro do país, onde as associações se baseiam. A audiência está marcada para quinta-feira às 09H00 (04H00 de Brasília).

Os franceses Sabrina Kouider e Ouissem Medouni foram condenados nesta terça-feira (26) à prisão perpétua, com uma pena mínima de 30 anos, pelo assassinato, em Londres, da babá, também francesa, Sophie Lionnet.

As penas foram pronunciadas pela corte criminal de Old Bailey que, em 24 de maio, declarou o casal culpado pelo assassinato, em setembro de 2017, da jovem de 21 anos, que teve o corpo carbonizado encontrado no jardim da residência dos franceses.

"Por mais dura que seja, a sentença não pode refletir o valor da vida de Sophie Lionnet", afirmou o juiz Nicholas Hilliard, antes de completar que sua família "nunca se recuperará" da morte da jovem.

Kouider e Medouni também foram condenados a cinco anos e meio de prisão por obstrução da justiça, pela tentativa de ocultar o corpo de Sophie queimando o cadáver.

Antes de do anúncio da sentença, o magistrado levou em consideração os relatórios psiquiátricos do casal: os médicos concluíram que Sabrina Kouider sofria transtornos mentais e obsessões.

"Voltará imediatamente ao hospital", declarou o juiz.

Durante o julgamento, Medouni e Kouider se declararam inocentes da acusação de assassinato. Eles afirmaram que foi , afirmando que foi um acidente e assumindo a responsabilidade pelo outro, mas admitiram que queimaram o corpo da jovem, natural de Troyes, ao sudeste de Paris.

Segundo a acusação, o casal estava convencido de um complô criado por Sophie Lionnet com Mark Walton, um dos fundadores da boy band irlandesa Boyzone e pai de um dos filhos de Sabrina Kouider, para drogar e abusar sexualmente dos membros da família.

A conspiração era uma fantasia sem qualquer fundamento na qual os dois permaneceram presos, segundo o juiz.

O caso ressaltou a vulnerabilidade do trabalho das babás, geralmente mulheres jovens que, no caso do Reino Unido, chegam ao país para aprender inglês, enquanto cuidam de crianças em troca de comida e de um quarto, mas que muitas vezes se tornam vítimas de abusos.

Sophie Lionnet já havia expressado a sua mãe o desejo de voltar para a França um ano antes de ser assassinada.

"Se tivesse os recursos para comprar uma passagem e pegar um táxi, já teria feito", disse em uma mensagem.

A decisão de uma rede francesa de supermercados de oferecer um desconto de 70% no creme de avelã com cacau Nutella provocou uma verdadeira loucura em vários estabelecimentos, com direito à briga entre os clientes para tentar levar o maior número possível de potes.

"As pessoas correram, empurraram, quebraram coisas. Era como uma orgia", afirmou o funcionário de um supermercado Intermarché em Formach, nordeste da França. "Quase chamamos a polícia", disse.

A rede de supermercados pediu desculpas aos clientes e se declarou surpresa com a "magnitude dos eventos excepcionais". A rede de supermercados geralmente vende o pote de Nutella por 4,50 euros, mas com o desconto de 70% o preço caiu para 1,41 euro.

Nas redes sociais, vídeos mostram os clientes avançando sobre pilhas de potes de Nutella. Os internautas fizeram piadas com o furor provocado pelo desconto.

"Sério!!?? Tudo isso por Nutella?!", escreveu Kenny Le Bon (@KennyLeBon) no Twitter ao divulgar um vídeo de uma multidão correndo até uma prateleira.

"Eu pretendia comprar no domingo. Mas não quero morrer", tuitou Ruthii Trudie (@ruthii_rawr).

A Ferrero, empresa italiana que produz a Nutella, se desvinculou da iniciativa do Intermarché e lamentou que a promoção possa gerar "confusão e decepção" entre os consumidores.

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Dois jornalistas franceses que rodam o mundo produzindo conteúdo para uma revista guianense cultural desembarcaram em Belém para a realização de uma ampla cobertura jornalística sobre a região. O público presente em palestra que ocorreu no ultimo dia 17, na Aliança Francesa, em Belém, pôde conferir o trabalho realizado pela equipe do periódico.

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A jornalista Marion Briswalter, que já atuou nas equipes dos principais jornais da França, como o Liberátion e Le Monde, disse como acontece o processo de produção. “Antes de vir para Belém, a gente colheu informações sobre as reportagens que queremos fazer, como a Cabanagem (revolução popular ocorrida no Pará no século XIX), as frutas amazônicas, tudo isso pela internet. Depois, em Belém, a gente entrou em contato com as pessoas, para fazer as reportagens’’, contou a jornalista.

O editor-chefe Pierre-Olivier Jay adiantou alguns pontos que a revista deve abordar em sua próxima edição: “Nós vamos nos concentrar em alguns temas que dizem respeito a aspectos históricos como a Cabanagem e também aspectos da imigração japonesa”.

A revista Une Saison en Guyane, cuja tradução livre é Uma temporada em Guyana, é distribuída internacionalmente. São nove mil exemplares mensais enviados para a França metropolitana e territórios ultramarinos, como Antilhas, Ilha da Reunião, Nova Caledônia e Polinésia Francesa. A edição número 20 abordará temas sobre a região pela terceira vez e deve ser publicada em fevereiro de 2018.

Por Ariela Motizuki (com apoio de Erick Fonseca).

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Uma escassez de manteiga disparou o alarme entre os franceses, que a compram onde quer que a encontrem e fazem buscas ansiosas no Google, revelando como estão ligados a este produto, que também ganhou espaço em outras mesas do mundo.

As causas dessa escassez são várias, e muitos profissionais argumentam que ela é fictícia, resultado de uma falta de compreensão entre distribuidores e grandes redes varejistas.

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Mas em um país cuja gastronomia é patrimônio imaterial da humanidade, a imagem das prateleiras vazias onde normalmente se viam ofertas de marcas de manteiga tornou-se um inédito costume desde setembro.

Entre 30 de outubro e 5 de novembro, as grandes redes não têm conseguido enfrentar mais de 47% da demanda, um aumento preocupante para cidadãos que consomem 8 quilos ao ano cada um, um recorde mundial.

- Manteiga caseira -

Linda Benhassan, que trabalha em um supermercado no centro de Paris, explicou que alguns levam dezenas de pacotes. "As pessoas têm medo de ficar sem, especialmente agora, com a proximidade do Natal".

A busca sobre "como fazer manteiga" disparou 928% entre setembro e outubro de 2017 no Google e o canal culinário francês Hervé Cuisine postou um vídeo no Youtube sobre como fabricá-la que teve mais de 82.000 visualizações em uma semana.

"Eu havia publicado a receita de um pastel, mas algumas pessoas me disseram que não encontravam manteiga" para o preparo", contou à AFP o responsável pelo canal, Hervé Palmieri. Com seu tutorial teve um sucesso de visualizações que "há tempo não registrava".

- Uma volta à infância -

"Os franceses mantêm uma relação muito afetuosa com a manteiga", explica Remy Lucas, sociólogo de alimentação.

"Por um lado é uma volta à infância, à doçura das comidas mais íntimas, isto é, ao café da manhã e ao lanche", em que a manteiga é passada no pão. "Por outro lado, ela está associada à cozinha tradicional", onde essa gordura animal é utilizada para fazer molhos e cozinhar os alimentos.

Com essa penúria, "notamos até que ponto a manteiga faz parte de nosso dia a dia. Embora possamos prescindir dela do ponto de vista nutricional e culinário (...) a ideia de que possa faltar é insuportável para nós", afirma.

Para alguns, a angústia é tanta que compram produtos profissionais.

No site Tompress, especialista em material culinário, a metade das vendas anuais de máquinas de fazer manteiga (50) e desnatadoras elétricas foram feitas em três semanas, disse à AFP o responsável de compras, Micaël Diancoff.

- Croissants na China -

Um dos fatores-chave para a escassez do produto é o aumento da demanda em muitos países devido a uma "reabilitação" da manteiga - desaconselhada durante décadas pelos nutricionistas-, assim como o sucesso crescente da confeitaria francesa, especialmente na China. A isso se soma uma produção de leite em baixa no mundo.

Consequentemente, os preços dispararam, de 2.500 euros a tonelada em abril de 2016 para 7.000 euros em meados deste ano. Os agricultores acusam as grandes redes varejistas de se negarem a pagar o preço justo, provocando a escassez nas prateleiras, que se acentua com as compras em massa dos consumidores angustiados.

- Manteiga congelada -

Um indício de que a penúria não seria real é que padarias e pastelarias continuam recebendo a manteiga que encomendam nos atacadistas, embora haja uma escalada dos preços.

A manteiga que há 15 meses custava 4,80 euros o quilo para Dominique Eury, proprietário de uma loja no oeste de Paris, agora sai por 8,50.

"Embora tenhamos subido um pouco os preços de nossos croissants, não podemos repassar totalmente (o aumento de custos para o consumudor)", diz o pandeiro.

Eury explica que com a proximidade do Natal, se armazenará um pouco mais que o habitual, como também faz seu colega Arnaud Delmontel, dono de quatro padarias em Paris.

Delmontel estima que "há quem esteja fazendo muito dinheiro" con essa situação e afirma que seu provedor recebe manteiga que perde água. "Isso quer dizer que ela foi congelada, que há gente que a retém para que os preços aumentem".

Mais de 270 mil pessoas assinaram uma petição contra um eventual status de primeira-dama para Brigitte Macron, mulher do presidente francês, cujo "papel público" a Presidência quer esclarecer e tornar mais transparente.

"Brigitte Macron desempenha um papel. Tem responsabilidades. Queremos transparência e delimitar os meios dos quais dispõe", tuitou o porta-voz do governo, Christophe Castaner, em meio à polêmica gerada pelo lançamento de um abaixo-assinado contra esse status oficial.

Eleito em maio, Macron já havia anunciado durante a campanha presidencial que desejava criar um "verdadeiro status" de primeira-dama para acabar com a "hipocrisia francesa".

"Terá um papel e não será escondida, porque compartilha minha vida e porque sua opinião é importante [...] Acredito que seja importante esclarecer esse papel", declarou ele antes de chegar à Presidência.

Em um momento de proibição da contratação de familiares por parte de ministros e de parlamentares, a vontade de tornar oficial o papel da esposa do chefe de Estado irrita uma parte da opinião pública.

Lançado há duas semanas, o abaixo-assinado "contra o status de primeira-dama para Brigitte Macron" contava na manhã desta terça com 270 mil assinaturas.

"Em um momento em que o governo quer economizar [...] não podemos apoiar a iniciativa de um status específico para a mulher" do presidente, afirma a petição, apresentada no site change.org por Thierry Paul Valette, que se apresenta como "pintor e autor" e "cidadão comprometido".

"Com esse status, a primeira-dama exercerá seu papel como melhor lhe parecer e ela terá reconhecida uma existência jurídica que permitirá gozar de um orçamento", alega o texto.

Em resposta, o gabinete de Macron anunciou ontem que o Palácio Eliseu especificará nos próximos dias qual será sua "função pública". Brigitte Macron não receberá uma remuneração e não se prevê qualquer modificação da Constituição, acrescentam as mesmas fontes.

No papel, não está definido o âmbito de ação do cônjuge do chefe de Estado, nem os meios de que dispõe. Na prática, há tempos já se conta com gabinete, colaboradores e um serviço de proteção subordinados ao orçamento do Eliseu.

O gabinete de Valérie Trierweiler, a ex-mulher de François Hollande, antecessor de Macron, teve 400.000 euros em 2013.

"A ideia é que os franceses possam saber quanto esse posto custa. É necessário que exista essa transparência", defendeu a porta-voz da maioria governista do Parlamento, Aurore Bergé, em entrevista nesta terça.

Sob a sombra do terrorismo, mais de 45 milhões de franceses serão convocados neste domingo (23) para o primeiro turno das eleições que definirão o próximo presidente do país. As urnas ficarão abertas entre 8h (horário local) e 19h, com exceção das grandes cidades, como Paris, Lyon, Lille, Cannes, Nice e Marselha, onde o fechamento pode ser postergado para as 20h, quando devem sair as primeiras projeções.

Os principais colégios eleitorais do país terão segurança reforçada por conta da ameaça do terrorismo, ainda mais depois da prisão de dois suspeitos que estariam planejando atentados durante a votação e do ataque que matou um policial na avenida Champs-Élysées, em Paris.

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O clima na França, alvo de diversas ações terroristas nos últimos dois anos, beira o pânico coletivo, como ficou claro em um incidente ocorrido neste sábado (22) na estação Gare du Nord, também em Paris. Durante a tarde, um homem se aproximou de policiais com uma faca na mão e provocou desespero entre os passageiros, que largaram suas malas no chão e fugiram correndo.

Os agentes conseguiram conter o indivíduo, que alegava temer pela própria vida e não opôs resistência, mas ainda assim foi preciso chamar um esquadrão antibombas para analisar todas as bagagens abandonadas no chão.

Segundo o jornal "Le Parisien", uma circular secreta dos serviços de inteligência define como "indispensável" a presença da Polícia nos colégios eleitorais mais vulneráveis e cita uma "ameaça jihadista constante e substancial". Além disso, as forças de segurança ainda estão preocupadas com possíveis atos de violência após a divulgação dos resultados, principalmente se os candidatos Marine Le Pen, de extrema direita, e Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda, avançarem ao segundo turno.

Contudo, o maior temor diz respeito à atuação dos chamados "lobos solitários", que fazem atentados de maneira quase rudimentar e poderiam mirar um dos milhares de locais de voto na França. As eleições também acontecerão sob estado de emergência, decretado após os atentados de 13 de novembro de 2015 e renovado diversas vezes desde então.

A disputa - A corrida pelo Palácio do Eliseu reúne 11 candidatos, sendo que quatro aparecem com chances concretas de chegar ao segundo turno: o ex-ministro das Finanças Emmanuel Macron (Em Marcha!), de centro; a eurodeputada Marine Le Pen (Frente Nacional), de extrema direita; o ex-primeiro-ministro François Fillon (Os Republicanos), de direita; e o também eurodeputado Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda.

A última pesquisa divulgada aponta Macron (24,5%) e Le Pen (23%) como favoritos, mas com pouca vantagem sobre Fillon e Mélenchon, cada um com 19%. A votação também pode sacramentar a derrocada do Partido Socialista, que paga o preço da impopularidade do presidente François Hollande - o primeiro na Quinta República a não tentar a reeleição - e vê seu candidato, o ex-ministro da Educação Benoît Hamon, com menos de 10% das intenções de voto.

No entanto, o fato de cerca de 30% da população ainda estar indecisa aumenta a incerteza em torno de uma disputa que tem se mostrado bastante acirrada até aqui. O ano começou com Fillon e Le Pen brigando ponto a ponto pela liderança nas pesquisas, mas as denúncias de que o candidato conservador teria colocado a esposa e os filhos em empregos fantasmas na Assembleia Nacional abriram espaço para Macron.

Dissidente socialista, o ex-ministro se apresenta como uma espécie de terceira via liberal e europeísta e conseguiu cativar o eleitorado com um discurso carismático, lembrando as ascensões de Tony Blair, no Reino Unido, e Matteo Renzi, na Itália.

Aos 39 anos, Macron pleiteia se tornar o mais jovem presidente da história da França e já foi chamado por seus adversários de "Justin Bieber" e "Beppe Grillo vestido de Giorgio Armani", em referência ao líder antissistema italiano.

Com um movimento criado há apenas um ano, o Em Marcha!, ele asusmiu a liderança nas pesquisas, que indicavam um cada vez mais certo segundo turno com Le Pen, a candidata que promete convocar um plebiscito para a saída da França da União Europeia.

Mas, nas últimas semanas, Fillon foi capaz de estancar sua queda nas sondagens, que ainda constataram a inesperada ascensão de Mélenchon. Também eurocético, o eurodeputado do movimento França Insubmissa é contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e admirador de Hugo Chávez e Fidel Castro.

Seu crescimento tem sido comparado ao de Bernie Sanders, que quase tirou a candidatura de Hillary Clinton pelo Partido Democrata, e ele conta com o apoio declarado da legenda antissistema espanhola Podemos, cujo líder, Pablo Iglesias, discursou em seu favor no último dia de campanha.

O novo presidente ainda terá de aguardar até 11 e 18 de junho, datas das eleições para a Assembleia Nacional, para saber se terá maioria no Parlamento. Devido à fragmentação política no país, existe a chance de, pela primeira vez em 15 anos, o chefe de Estado ter de nomear um primeiro-ministro de oposição.

Um jovem russo morreu ao se chocar com um imóvel em Chamonix, nos Alpes franceses, enquanto praticava o esporte radical 'wingsuit'.

A vítima, que não teve ainda a identidade revelada, se jogou de cima do Aiguille du Midi (3.842 metros) e, por um motivo desconhecido, seu paraquedas não abriu.

Nesse tipo de esporte, muito arriscado, a pessoa pode alcançar os 200 km/h em poucos segundos.

No correr de 2016, 35 pessoas morreram tentando este tipo de salto, segundo balanço da revista especializada Blinc.

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, disse que se chegar à presidência, as pessoas provenientes da França e outros países "comprometidos" pelo terrorismo serão objeto de controles extremos para entrar nos Estados Unidos. Em uma entrevista à emissora NBC transmitida neste domingo, Trump foi questionado sobre sua proposta de suspender a imigração aos Estados Unidos de cidadãos provenientes de países "comprometidos pelo terrorismo" até ter os mecanismos de verificação necessários. "Darei em poucas semanas um número de lugares", disse Trump, segundo um trecho da entrevista.

"Temos problemas na Alemanha e temos problemas na França", indicou. Ambos os países foram afetados recentemente por ataques fatais reivindicados pelo grupo Estados Islâmico. Chuck Todd, apresentador do programa "Meet the Press", perguntou a ele especificamente se sua proposta poderia limitar a migração de franceses alegando que seu país está "comprometido pelo terrorismo". "Estão com certeza", respondeu Trump, acrescentando: "E sabe por quê? O erro é deles porque permitiram que essa gente ingressasse em seu território".

Trump negou que irá dar um passo atrás em sua decisão de proibir temporariamente a migração muçulmana aos Estados Unidos se for eleito presidente em novembro. "Não acredito que realmente haverá uma redução (de muçulmanos). De fato, poderia-se dizer que há uma expansão". "Só lembre disso", acrescentou o magnata imobiliário durante a entrevista: "Nossa constituição é grandiosa, mas não necessariamente nos dá direito de nos suicidarmos".

O governo da França recebeu informações sobre um plano de atentado contra atletas franceses durante os Jogos Olímpicos do Rio - de acordo com o chefe dos Serviços de Inteligência militar, citado em um documento oficial.

O projeto foi relatado durante audiência do general Christophe Gomart, da Direção de Inteligência Militar (DRM, na sigla em francês), diante de uma comissão de investigação parlamentar sobre os atentados de 2015, em Paris, que deixaram 147 mortos.

No relatório dessa comissão, publicado ontem, aparece o resumo parcial de seu testemunho, em 26 de maio passado. Depois de um trecho censurado, o presidente da Comissão, Georges Fenech, pergunta ao general: "Eu não tinha ouvido falar desse cidadão brasileiro que se preparava para cometer atentados contra a delegação francesa nos Jogos Olímpicos. Como você pode saber disso?". O general Gomart responde, então, laconicamente: "por nossos parceiros".

O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência do Brasil, ao qual a agência de Inteligência (ABIN) é subordinada, disse à AFP que seus integrantes não receberam qualquer informação das autoridades francesas e que estão analisando o caso, do qual tomaram conhecimento através da imprensa.

A ABIN "não foi a fonte desta informação e também não foi informada oficialmente sobre o caso”, destacou a assessoria de imprensa do organismo. "Não pensamos que uma delegação represente maior risco que outra. Todas são nossa responsabilidade e para todas será dado o mesmo nível de tratamento, como se o risco fosse igual para todas", disse o chefe do Gabinete de Segurança, general Sérgio Etchegoyen.

Um ataque extremista no Rio de Janeiro durante os Jogos 2016 é uma "possibilidade", mas "não uma probabilidade", havia declarado no início de julho o ministro brasileiro da Justiça e da Cidadania, Alexandre de Moraes.

Cerca de 85.000 membros das forças de segurança - 47.000 policiais e 38.000 militares - serão mobilizados para garantir a segurança dos 10.500 atletas, além de oficiais, imprensa e turistas do mundo inteiro esperados para as Olimpíadas. Os Jogos acontecem de 5 a 21 de agosto.

Da Agência Lusa

A Procuradoria Federal da Bélgica confirmou hoje que dois dos autores dos atentados de Paris eram cidadãos franceses que residiam em Bruxelas e que dois automóveis utilizados nos ataques foram alugados na Bélgica.

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A Procuradoria informou ainda que os dois homens morreram no local dos ataques. Segundo o comunicado, “dois automóveis com matrícula belga”, encontrados pela polícia francesa em Paris, foram alugados “no início da semana na região de Bruxelas”.

De acordo com a Procuradoria, a operação policial iniciada no sábado, no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, levou à detenção de sete pessoas, cujo envolvimento nos ataques de Paris está sendo investigado.

Os atentados de sexta-feira à noite em Paris, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, deixaram 129 mortos e 352 feridos.

Os ataques foram executados por, pelo menos, sete terroristas, encontrados mortos nos locais, e tinham como alvo um estádio de futebol, uma sala de concertos e quatro cafés e restaurantes do centro de Paris.

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