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No ano de 2013, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a data de 6 de abril como o Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e pela Paz. A celebração exalta a prática esportiva como uma das responsáveis pela quebra de barreiras culturais que permite a convivência pacífica entre os povos. Além disso, a comemoração também remete à importância da disciplina empregada nas modalidades atléticas para a formação cívica da população.

No Brasil, um exemplo de inclusão e solidariedade contribui para que o esporte transforme a vida de alguns atletas e suas famílias. Ex-jogador profissional de futebol, o professor de Educação Física Cleiton Monteiro, de 46 anos, abraçou uma causa e vários desafios após encerrar sua carreira nos campos em 2005. Desde então, Monteiro é técnico de futebol dos atletas com Síndrome de Down.

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"Começamos um projeto em uma parceria da Associação Paradesportiva JR com o Corinthians, onde estamos há 12 anos. A equipe conquistou espaço e virou referencia para o segmento Down no Brasil", explica. A parceria com um dos maiores clubes do país deu visibilidade à categoria. Em paralelo ao trabalho na JR/Corinthians, Monteiro também passou a auxiliar na estruturação da modalidade Futsal Down em outros clubes como o Santos F. C., em cidades como Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e até em países da América Latina como Peru e México.

Em 2011, o técnico ficou responsável por montar a seleção brasileira da modalidade e não decepcionou: levou a equipe ao título mundial da categoria no ano passado. "Tive a honra de ser o primeiro técnico da historia do Futsal Down e Deus me presenteou com o título mundial em 2019", lembra o treinador, que ressalta a importância de dar um tratamento normal aos atletas, independente da deficiência intelectual.

"O principal diferencial é não haver diferença nenhuma no trato, eles são tratados como esportistas, com respeito e cobrança por serem atletas", enfatiza Monteiro. Para o técnico, o desafio em sair do esporte convencional para trabalhar com atletas com deficiência intelectual foi difícil, mas nada comparado aos empecilhos criados pela falta de incentivo. Apesar de considerar que a modalidade evolui a cada dia, o professor ainda busca maior comprometimento das autoridades do esporte e interessados em investir na modalidade.

"No começo eu achava que por se tratar de pessoas com deficiência, nossos governantes teriam uma sensibilidade maior em ajudar, mas me enganei e tive que correr atrás, seguimos com apoio ou sem", declara. "Hoje temos equipes mais preparadas em termos técnicos, estrutura física para treinamentos, atletas mais qualificados, professores mais preparados, mas sem o apoio financeiro fica difícil manter um trabalho de excelência", avalia.

Mesmo com as costumeiras dificuldades que a maioria dos atletas precisam superar diariamente no Brasil, Monteiro deixa claro que o trabalho das confederações que cuidam das atividades atléticas para pessoas com deficiência intelectual é bem executado. "Hoje temos competições oficiais pela Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI), equipes competitivas, os clubes também acreditaram, assim temos uma seleção brasileira forte", ressalta.

Pelo bem da modalidade e dos seus comandados, o treinador não pensa em desistir. "O que me motiva a continuar é que devemos sempre acreditar, por eles, pelas famílias, pois cada conquista ou até mesmo a decepção nos fortalece", afirma Cleiton. "Me orgulho muito de não ter desistido, sabia que poderia dar certo e seguimos na luta sempre", finaliza.

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