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Em evento de grupos israelitas neste domingo (29), para lembrar as seis milhões de mortes causadas no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial contra o povo judeu, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), condenaram os ataques terroristas do Hamas contra judeus no ano passado.

Nunes, que disputará a reeleição neste ano, afirmou que todas as lideranças políticas brasileiras devem se posicionar sobre o Hamas. "A grande missão de toda comunidade judaica é o 'nunca mais'. No dia 7 de outubro, tivemos esse ato gravíssimo. Aquelas pessoas que são lideranças políticas em nosso País precisam deixar claro quem apoia o Hamas e quem combate o Hamas. O Hamas é grupo terrorista", afirmou Nunes.

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"Quero reforçar e reiterar as falas ditas aqui. E deixar o respeito à comunidade judaica, nosso posicionamento claro e firme em favor de Israel. E que vocês podem contar comigo, com a nossa cidade, e possamos dizer nunca mais", disse o prefeito sobre o Holocausto e o momento atual, no evento promovido pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e pela Congregação Israelita Paulista (CIP).

Hoje, 136 pessoas estão ainda sob o domínio dos terroristas do Hamas. Os políticos pediram, ao lado de lideranças judaicas, a libertação dos reféns.

Durante o evento, um jovem da comunidade judaica de São Paulo afirmou que, atualmente, muitos deixaram de usar roupas e acessórios judaicos com receio de ataques. O governador Tarcísio afirmou que o Estado oferecerá segurança para comunidade judaica.

"Não podemos oferecer outra coisa a não ser o não. Não ao terror, não ao Hamas, não ao Hezbollah, não ao antissemitismo. Ninguém vai ter que esconder camiseta, ninguém vai precisar esconder que é judeu. Não vamos permitir. Vamos garantir a segurança da comunidade judaica em São Paulo", afirmou.

Parentes de reféns mantidos pelo Hamas em Gaza se juntaram ontem a um grupo de manifestantes na passagem de Kerem Shalom para impedir a entrada de ajuda humanitária em território palestino, exigindo que o envio de suprimentos seja cortado até que os sequestrados sejam libertados.

Não se sabe exatamente o impacto do protesto sobre a movimentação de ajuda na fronteira. Na quarta-feira, os manifestantes conseguiram impedir a passagem de mais de 100 caminhões, alguns dos quais acabaram sendo desviados para um ponto de entrada alternativo no Egito - na passagem de Rafah, a ajuda humanitária continua entrando na Faixa de Gaza.

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No dia 7 de outubro, terroristas do Hamas mataram 1,2 mil pessoas em Israel, além de terem levado 240 como reféns para Gaza. Desde então, mais de 100 foram libertados. Segundo o governo israelense, cerca de 130 continuam no enclave - entre os quais acredita-se que pelo menos 20 tenham morrido nos bombardeios.

Os parentes dos reféns estão cada vez mais ativos em protestos contra o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu. Nesta semana, eles invadiram uma sessão do Parlamento e protestaram em frente à casa do premiê, em Jerusalém. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Parentes dos reféns israelenses invadiram uma sessão do Parlamento de Israel nesta segunda-feira, 22, para exigir que o governo faça mais para assegurar a libertação dos sequestrados mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. Os seguranças do Parlamento de Israel não conseguiram impedir a entrada dos manifestantes, que exibiram fotos de seus parentes. "Vocês não vão ficar sentados aqui enquanto nossas crianças estão morrendo", disseram.

A manifestação é mais um ato de pressão sobre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. No domingo, 21, ele rejeitou os termos de um acordo oferecido pelos Hamas para libertar os reféns, que exigiam a retirada das tropas do território. "Só a vitória total garantirá a eliminação do Hamas e o regresso de todos os nossos reféns", disse o premiê.

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Os parentes afirmam que todos os dias descobrem que reféns foram mortos em Gaza. O parlamentar Moshe Gafni, que presidia a sessão no Parlamento, integra a coalizão de extrema direita de Netanyahu e disse que o governo está fazendo "de tudo" para libertar os reféns.

Os 240 reféns foram levados no dia 7 de outubro pelo grupo Hamas durante o ataque terrorista ao sul de Israel que deixou mais de 1,2 mil mortos. Desde a invasão, as forças israelenses conduzem uma ofensiva militar em Gaza com bombardeios aéreos e incursão terrestre que deixaram mais de 25 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.

Em novembro, Hamas e Israel chegaram a um acordo para a libertação de reféns em troca da soltura de prisioneiros palestinos, com a mediação de Catar, Egito e EUA. O acordo envolveu uma trégua de sete dias e a libertação de mais de 100 reféns. Tel-Aviv diz acreditar que o Hamas ainda mantém mais de 130 sequestrados. As Forças de Defesa de Israel confirmaram a morte de 28 israelenses cujos corpos ainda estão sob poder do Hamas.

O Wall Street Journal apontou que EUA, Catar e Egito estão pressionando Israel e Hamas a concordarem com um pacto no qual todos os reféns seriam libertados antes de uma eventual retirada total das forças de Israel.

Na semana passada, um acordo envolvendo a entrega de medicamentos vitais a reféns israelenses foi feito com a mediação do Catar e da França.

Netanyahu se encontrou com alguns parentes ontem e disse que uma "proposta real" de negociação estaria em discussão, sem dar detalhes.

Impopular

A pressão das famílias dos reféns sobre o governo Netanyahu tem aumentado com possíveis impactos políticos. Além dos protestos durante uma sessão do Parlamento, as famílias realizam manifestações na frente da casa do primeiro-ministro e bloquearam o trânsito de uma importante avenida em Tel-Aviv, no domingo.

À frente de Israel por mais tempo do que qualquer outro primeiro-ministro, Bibi é visto internamente como o responsável pela política de segurança que vigorava no país no momento do ataque e, portanto, o principal culpado por suas falhas.

A última pesquisa de opinião realizada pelo Canal 13, divulgada no fim de semana, mostrou que o primeiro-ministro perderia uma possível eleição hoje, e seu partido, o Likud, veria suas cadeiras no Parlamento serem reduzidas à metade.

Se as eleições fossem hoje, o ministro da Defesa Benny Gantz, do partido de centro-direita Unidade Nacional, venceria a disputa com 37 assentos, bem acima dos atuais 12, enquanto o Likud ficaria com 16, metade dos 32 atuais.

Segundo a pesquisa, a atual coligação de governo, liderada por Netanyahu com seus parceiros de extrema direita e ultraortodoxos, não somaria mais de 46 assentos, muito abaixo dos atuais 64 e insuficientes para governar em um Parlamento de 120 deputados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Hamas reportou, nesta segunda-feira (15), mais de 24 mil mortes na Faixa de Gaza desde o início da guerra com Israel desencadeada após o ataque de 7 de outubro do movimento islamista palestino, um conflito que provocou uma onda de choque em toda a região.

A violência aumentou na Cisjordânia ocupada e na fronteira Israel-Líbano.

Os bombardeios dos Estados Unidos contra os rebeldes huthis, aliados do Irã, no Iêmen, devido aos seus ataques no Mar Vermelho, também aumentaram os receios de uma escalada do conflito para além da Faixa de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense, onde morreram cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 132 permanecem cativas em Gaza, segundo as autoridades israelenses.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder no enclave, e desde então tem bombardeado o território sem cessar, sob um cerco apertado. Cerca de 24.100 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram, segundo informou o Ministério da Saúde do movimento nesta segunda-feira.

- Viver "em um inferno" -

"Mais de 60 mártires e dezenas de feridos nos novos massacres cometidos esta noite e nas primeiras horas da manhã pelas forças de ocupação", afirmou a assessoria de imprensa do governo do Hamas, mencionando os bombardeios "intensos" na Faixa.

Dois hospitais, uma escola e "dezenas" de casas foram atingidos, acrescentou.

O Exército israelense afirmou que suas forças atacaram "dois terroristas que portavam armas em um veículo" em Khan Yunis, a principal cidade do sul de Gaza, e "um centro de comando do Hamas".

Segundo um comunicado do Hamas, os bombardeios ocorreram em Khan Yunis e Rafah, no extremo sul do território, onde o Exército israelense concentra agora a sua ofensiva.

Depois de mais de três meses de conflito, o pequeno território vive em condições extremas, com escassez de alimentos, medicamentos e combustível. Segundo a ONU, 1,9 milhões dos 2,4 milhões de habitantes tiveram que abandonar as suas casas.

"Não há comida, nem água, nem calefação. Estamos morrendo de frio", diz Mohammad Kahil, um deslocado do norte do enclave agora estabelecido em Rafah.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a população de Gaza vive "no inferno".

A Unicef, o Programa Mundial de Alimentos e a OMS alertaram em uma declaração conjunta sobre o "risco de fome" e "epidemias de doenças mortais" na Faixa de Gaza, e apelaram a "mudanças fundamentais" na prestação de ajuda humanitária, incluindo a abertura de novos pontos de entrada "mais seguros e rápidos".

- Míssil derrubado no Mar Vermelho -

O conflito teve repercussões na região, como resultado das ações de grupos armados que apoiam o Hamas.

No norte de Israel, na fronteira com o Líbano, há trocas de disparos diárias com o movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã.

O Hezbollah informou no domingo que realizou seis ataques em solo israelense, um dos quais matou dois civis, segundo as autoridades locais.

A tensão também aumentou no Mar Vermelho, por onde passa 12% do comércio mundial. Os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, atacam navios vinculados a Israel em solidariedade com os palestinos de Gaza. Os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam posições dos insurgentes na semana passada.

O Exército dos Estados Unidos afirmou, no domingo, que derrubou um míssil de cruzeiro direcionado a um de seus navios de guerra na costa do Iêmen, lançado de áreas controladas pelos huthis.

Na Turquia, clara defensora da causa palestina, dois jogadores de futebol israelenses que jogam em clubes da primeira divisão estão no centro de uma polêmica por terem mostrado mensagens de apoio aos reféns em Gaza.

Sagiv Jehezkel, de 28 anos, jogador do Antalya, foi libertado nesta segunda-feira enquanto aguardava julgamento, depois de ter sido detido na véspera sob a acusação de "incitamento ao ódio", após ter mostrado uma pulseira no punho que dizia "100 dias. 07/10" ao lado de uma estrela de Davi.

Outro jogador israelense no campeonato turco, Eden Karzev, de 23 anos, foi punido por seu clube, o Basaksehir, por publicar no Instagram uma imagem que dizia em inglês: "100 – Devolva-os para casa AGORA", em referência aos reféns.

Milhares de pessoas protestaram neste sábado, 13, em grandes cidades do globo, como Paris, Londres, Roma, Milão e Dublin, contra a guerra no Oriente Médio entre Israel o grupo Hamas, que tem grande impacto na Faixa de Gaza. Os manifestantes agitaram bandeiras palestinas, seguraram cartazes criticando os governos irlandês, norte-americano e israelense e gritavam por uma "Palestina livre".

Em post no X (antigo Twitter), o presidente da França, Emmanuel Macron, falou sobre os 100 dias do conflito e instigou pelo retorno às negociações para a liberação de reféns feitos pelo grupo extremista Hamas.

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Centenas de manifestantes reuniram-se na Praça da República, em Paris, para iniciar uma marcha apelando ao cessar-fogo imediato, ao fim da guerra, ao levantamento do bloqueio a Gaza e à imposição de sanções a Israel.

Os manifestantes em marcha agitavam a bandeira palestina e erguiam cartazes e faixas.

Em Roma, centenas de manifestantes desceram numa avenida perto do Coliseu, alguns carregando cartazes que pediu a interrupção do genocídio em Gaza.

Um manifestante agitou a bandeira da África do Sul. A nação fez uma acusação contra Israel, o que levou o Tribunal Internacional de Justiça de Haia a assumir o caso.

*Com informações da Associated Press

Necrotérios com famílias aos prantos, uma população civil exausta e aterrorizada, bairros reduzidos a escombros e um sistema de saúde sobrecarregado: depois de cem dias, a Faixa de Gaza foi devastada pela guerra entre Israel e o Hamas.

"São apenas cem dias, mas temos a impressão de que se passaram cem anos", confidencia Abdul Aziz Saadat, que como a grande maioria dos habitantes de Gaza teve de fugir da sua casa e vive em um acampamento de refugiados em Rafah, no sul da Faixa.

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Este enclave costeiro superlotado mudou muito nos últimos meses. O que antes eram bairros com ruas cheias de gente e engarrafamentos, agora são pilhas de ruínas.

"Alguns se abrigam em escolas, outros nas ruas, no chão ou em bancos. A guerra afetou a todos", descreve Saadat. Cerca de 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 80% da população da Faixa, tiveram que deixar suas casas, segundo a ONU.

- "Morte e desespero" -

A Faixa de Gaza tornou-se "inabitável" e "um lugar de morte e desespero", como resumiu o coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths.

Os 2,4 milhões de habitantes de Gaza sobrevivem como podem, e são muito poucos, apenas algumas centenas, os que conseguiram abandonar o território, que está sob um cerco feroz desde pouco depois do início dos bombardeios israelenses.

Estes começaram em 7 de outubro, como uma resposta imediata aos ataques surpresa lançados nesse mesmo dia, um feriado religioso judaico, pelo movimento islamista palestino Hamas.

Os milicianos, que invadiram casas e atacaram principalmente civis, mas também policiais e militares em diversas partes do sul de Israel, deixaram cerca de 1.140 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes israelenses.

Após uma campanha de bombardeios implacável, as tropas israelenses lançaram uma invasão terrestre em 27 de outubro para "aniquilar" o Hamas e libertar os reféns capturados.

Mais de 23 mil pessoas, a maioria civis, morreram na Faixa e quase 60 mil ficaram feridas, segundo o Hamas, que governa o território.

Os acampamentos de refugiados, as estradas e as passagens de fronteira estão repletas de crateras. Escolas, universidades e locais de culto também não escaparam aos ataques.

Israel acusa o Hamas de usar a população civil como escudo humano e de realizar as suas operações a partir de mesquitas, escolas e até hospitais. Essas acusações são rejeitadas pelo Hamas, movimento classificado como terrorista por Israel, União Europeia e Estados Unidos.

- Destruição em massa -

Com base em imagens de satélite, dois professores americanos, Jamon Van Den Hoek e Corey Scher, estimaram que até 5 de janeiro, entre 45% e 56% dos edifícios do enclave haviam sido destruídos ou danificados.

A destruição foi "muito extensa e muito rápida", segundo Van Den Hoek. A extensão dos danos "é comparável às áreas mais afetadas na Ucrânia", acrescenta Corey Scher.

O fim dos combates não significará, portanto, que os habitantes de Gaza poderão voltar às suas casas. A reconstrução é anunciada como titânica e a memória dos falecidos estará por toda parte.

Devido à falta de espaço nos cemitérios, foram cavadas valas comuns em pomares, pátios de hospitais e até em um campo de futebol, observaram jornalistas da AFP.

A cena se repete todos os dias: homens e mulheres, chorando, precisam identificar os corpos envoltos em mortalhas brancas. Os nomes foram registrados com caneta.

No caso dos feridos, aqueles que conseguem chegar a um hospital ainda em funcionamento (cerca de 15 de um total de 36) deparam-se com outro "campo de batalha", como afirma Rik Peeperkorn, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), nos Territórios Palestinos.

Nos hospitais que visitou, afirma ter visto situações de "caos" e "sangue no chão" e ouvido os gritos dos feridos que por vezes esperam vários dias antes de serem atendidos. Algumas salas cirúrgicas são mal iluminadas por lanternas de celulares, devido à falta de energia elétrica, e às vezes funcionam até mesmo sem anestesia.

"Há escassez de quase todos os suprimentos médicos", afirma este representante da OMS, que afirma nunca ter visto "tantas amputações" em toda a sua vida.

- À beira da fome -

"Perdemos a esperança", diz Ibrahim Saadat, deslocado em Rafah. "Como não há água, tomamos banho uma vez por mês, sofremos psicologicamente e as doenças se espalham por toda parte".

Segundo a Unicef, os casos de diarreia entre crianças passaram de 48 mil para 71 mil em uma semana no mês passado. Antes da guerra, havia 2.000 casos por mês.

"Em 30 anos não vi um déficit alimentar tão grande", observa Corinne Fleischer, diretora regional do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

"A produção de alimentos está completamente paralisada e as pessoas não podem ir para os seus acampamentos ou pescar no mar", disse à AFP.

O porto de Gaza, onde os pescadores chegavam com as suas capturas, também foi bombardeado. As terras agrícolas, conhecidas pelos seus morangos de inverno, são inacessíveis.

Muitas padarias foram atingidas nos ataques ou tiveram que fechar por falta de combustível. "As lojas estão vazias, não há nada para comprar para comer" e "as pessoas estão morrendo de fome", lamenta Fleischer.

Além do perigo, do sofrimento, do terror e das paisagens de destruição, Hadeel Shehata, de 23 anos, resume a desesperança da juventude de Gaza, onde metade da população é menor de idade.

"Algumas crianças iam para a escola, outras para a creche... nada disso adiantou, tudo se perdeu", lamenta. "Perdemos os nossos sonhos".

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) iniciou nesta quinta-feira, 11, o julgamento de Israel, acusado pela África do Sul de cometer genocídio em Gaza. O caso usa declarações de membros radicais do governo israelense que defenderam o extermínio de palestinos. Israel nega as acusações e seus advogados serão ouvidos hoje. Eles alegam que os discursos foram tirados de contexto e as operações no enclave respeitam o direito internacional.

É a primeira vez que Israel encara uma acusação de genocídio na CIJ. Embora uma decisão final possa levar anos, a África do Sul solicitou ao Tribunal de Haia algumas medidas cautelares, que variam desde a exigência de um cessar-fogo até a entrada de mais ajuda humanitária.

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A CIJ também pode decidir que há plausibilidade nas alegações da África do Sul, antes de julgar o caso. O nível de exigência para admitir a possibilidade de genocídio é muito mais baixo do que determinar que ele de fato ocorreu. Para Israel, a mera dúvida representa um risco para sua imagem e poderia dificultar o apoio dos EUA a um país que, segundo o Tribunal de Haia, poderia estar cometendo genocídio.

Argumentos

O caso montado pela África do Sul alega que Israel cometeu genocídio, incitação ao genocídio, tentativa de genocídio e falha em punir a incitação ao genocídio. O processo cita que 70% dos mortos em Gaza são mulheres e crianças e detalha os bombardeios israelenses com bombas não guiadas, além de restrições ao acesso a água, comida, luz e remédios.

Outro fator crucial no documento de 84 páginas apresentado pelo advogado sul-africano Tembeka Ngcukaitobi são as declarações extremistas de membros do governo de Israel. Em outubro, ao anunciar a segunda fase da guerra, o premiê, Binyamin Netanyahu, citou a Bíblia. "Lembre-se do que Amaleque fez com você", afirmou, em referência à ordem de Deus a Saul para destruir os amalequitas. "Matem homens e mulheres, crianças e bebês, gado e ovelhas, camelos e burros", diz o Livro de Samuel, no Velho Testamento.

Dois dias após o início da guerra, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, se referiu aos palestinos como "animais humanos". "O cerco é total. Não haverá eletricidade, comida, água, combustível. Israel está lutando contra animais humanos. Eliminaremos tudo."

Ngcukaitobi também citou o ministro do Patrimônio, Amihai Eliyahu, que sugeriu lançar uma bomba atômica em Gaza, além do ministro da Segurança, Itamar Ben-Gvir: "Quando dizemos que o Hamas deve ser destruído, significa que aqueles que comemoram, apoiam e distribuem doces, todos são terroristas e devem ser destruídos", afirmou Ben-Gvir.

Os advogados de Israel, liderados pelo britânico Malcom Shaw, apresentarão hoje a defesa. Ontem, o governo israelense acusou a África do Sul de atuar como "braço jurídico" do Hamas e se referiu aos advogados sul-africanos como "representantes" do grupo terrorista no Tribunal de Haia.

Risco

Os israelenses afirmam que as declarações de membros do governo foram tiradas de contexto - no mesmo discurso, por exemplo, Netanyahu deu garantias de que o Exército respeitaria o direito internacional. A defesa também citará os milhões de folhetos, ligações telefônicas e mensagens de texto pedindo aos civis que deixassem as áreas que seriam bombardeadas.

O caso será decidido por 15 juízes, alguns de democracias ocidentais, como França, Alemanha, Austrália, Japão e Brasil. Mas muitos magistrados vêm de autocracias, como Rússia, China, Marrocos, Somália e Uganda, o que pode complicar a situação de Israel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta quarta-feira, dia 10, subscrever a denúncia por genocídio contra o Estado de Israel, na Corte Internacional de Justiça, em Haia. Mais cedo, o presidente recebeu no Palácio do Planalto a visita do embaixador palestino em Brasília, Ibrahim Alzeben, que pediu o apoio brasileiro na corte internacional. A decisão é mais um gesto diplomático duro de repúdio do governo Lula a Israel e foi criticada pela comunidade judaica brasileira. O caso começará a ser julgado nesta quinta-feira, 11.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou o apoio brasileiro ao que chamou de ação "cínica e perversa, que visa impedir Israel de se defender dos seus inimigos genocidas". A nota afirma que a decisão "diverge da posição de equilíbrio e moderação da política externa brasileira". O texto segue dizendo que a África do Sul "inverte a realidade" e lembra que o conflitou foi desencadeado pelo ataque do Hamas.

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Já a nota divulgada pelo Itamaraty afirma que "à luz das flagrantes violações ao direito internacional humanitário, o presidente manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça para que determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio".

Lula já tinha dado diversas declarações controversas a respeito da resposta militar de Israel, o que provocou desgaste diplomático. O presidente já vinha usando a palavra "genocídio" para descrever a guerra em Gaza e chegou a comparar os ataques do Hamas às incursões e bombardeios promovidos pelas Forças de Defesa de Israel. Ao receber o primeiro grupo de brasileiros repatriados de Gaza, Lula acusou Israel de também praticar "terrorismo".

As declarações de Lula estremeceram a relação do governo com a comunidade judaica. Entidades como a Conib, o Instituto Brasil Israel e a ONG StandWithUs Brasil criticaram no ano passado as posições do petista sobre o conflito.

Após o encontro, o embaixador relatou o pedido a Lula, mas disse que o presidente não manifestara uma decisão durante a audiência. A denúncia sul-africana, protocolada em dezembro, já recebeu apoio de países como a Bolívia. Também participaram o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor especial Celso Amorim.

Segundo o embaixador, que se disse "muito satisfeito", os palestinos pediram também ajuda humanitária imediata a Gaza e Cisjordânia, e ainda solicitaram a defesa de um cessar-fogo.

"Solicitamos sim o apoio do Brasil a esta iniciativa da África do Sul que tem como objetivo por fim ao genocídio contra o povo Palestino e libertar tanto Israel deste episódio quanto a população palestina. Eles estão estudando. O Brasil está representando com o juiz Nemer Caldeira (Leonardo Nemer Caldeira Brant), que está lá (na Corte). A posição do Brasil está clara: condenar qualquer tipo de genocídio contra qualquer ser humano. A pior gestão é a que não se faz. Nós fazemos e apoiamos essa iniciativa. Nós somos quem paga o maior preço. O genocídio tem que parar de qualquer maneira, com apoio internacional. Chega. Já são 95 dias de genocídio, de bombardeio. A Faixa de Gaza ficou praticamente invivível", disse Alzeben.

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente disse ao embaixador que o Brasil condenou os ataques terroristas do Hamas, em 7 de outubro do ano passado. "Reiterou, contudo, que tais atos não justificam o uso indiscriminado, recorrente e desproporcional de força por Israel contra civis", afirmou o governo.

Em nota, citando os números divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas e não podem ser verificados de maneira independente, o governo brasileiro diz que a guerra deixou mais de 23 mil mortos - 70% deles mulheres e crianças - e que há 7 mil pessoas desaparecidas. "Mais de 80% da população foi objeto de transferência forçada e os sistemas de saúde, de fornecimento de água, energia e alimentos estão colapsados, o que caracteriza punição coletiva", disse o Ministério das Relações Exteriores.

O Itamaraty voltou a dizer que o Brasil apoia a solução de dois Estados "com um Estado Palestino economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital".

Entenda a Corte Internacional de Justiça

A Corte foi criada junto com a ONU, em 1945, e é tida como corpo judicial das Nações Unidas. Trata-se de uma instituição independente, que interpreta o direito internacional e arbitra os contenciosos entre países. Por ser sediada em Haia, na Holanda, é confundida com frequência com o Tribunal Penal Internacional (TPI), conhecido também como Tribunal de Haia. Esse último, no entanto, tem atribuição de processar pessoas e não Estados.

As audiências marcadas para quinta e sexta-feira vão discutir, no primeiro momento, o pedido por uma ordem emergencial para que Tel-Aviv interrompa os ataques que, segundo as alegações de Pretória, violam a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, de 1948.

Não há prazo para o veredito, mas a expectativa é que uma decisão temporária seja anunciada em breve. Só depois, os 15 juízes que compõem o tribunal vão analisar o mérito da acusação de genocídio, julgamento que costumar durar, em média, de cinco a dez anos.

Na ação de 84 páginas, a África do Sul - que tem uma posição de defesa dos palestinos - destaca o elevado número vítimas civis, em especial crianças, e o deslocamento forçado de palestinos na Faixa de Gaza. Segundo a alegação, a "intenção genocida" seria reforçada por declarações de integrantes do alto escalão do governo, inclusive o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Israel nega categoricamente. "Não há nada mais atroz e absurdo do que esta afirmação", contestou o presidente Isaac Herzog. "Na verdade, os nossos inimigos, o Hamas, na sua carta, apelam à destruição e aniquilação do Estado de Israel, o único Estado-nação do povo judeu", completou.

Wissam al-Tawil, uma das mais importantes autoridades militares do Hezbollah, morreu nesta segunda-feira (8) em um ataque de Israel no sul do Líbano. Tawil estava dentro de um SUV Honda, durante um bombardeio que matou outras seis pessoas na aldeia de Kherbet Selm, a cinco quilômetros da fronteira.

O líder militar desempenhava um papel importante na direção das operações militares no sul do Líbano e era comandante das Forças Radwan, de elite do Hezbollah. Os militares israelenses não comentaram o ataque, que ocorre em meio a alertas dos EUA e da Europa sobre o risco de a guerra em Gaza se espalhar para outros países do Oriente Médio.

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O risco aumentou ainda mais depois da morte do número dois do Hamas, Saleh al Arouri, durante um ataque com drone de Israel no subúrbio de Beirute, na semana passada. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, prometeu vingança e disse que o norte de Israel seria a primeira região a sentir o impacto da morte de Arouri.

No domingo, o Exército de Israel atingiu posições do Hezbollah no Líbano e estava pronto para atacar mais alvos do grupo xiita. Segundo o contra-almirante Daniel Hagari, os militares israelenses estão focados em destruir as Forças Radwan, que pretendem se infiltrar em Israel pela fronteira norte.

Realidade

O chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, o general Herzl Halevi, disse que manterá a pressão sobre o Hezbollah. Se esses esforços fracassassem, segundo ele, Israel está pronto para travar "outra guerra". "Vamos criar uma realidade completamente diferente, ou teremos uma outra guerra", afirmou Halevi.

Israel e Hezbollah parecem ter entrado em uma espiral de violência. Os ataques de domingo foram uma retaliação aos disparos do Hezbollah que danificaram uma base militar israelense no sábado. O grupo xiita libanês, apoiado pelo Irã, é um aliado do Hamas e vem realizando ataques de pequena escala na fronteira norte de Israel desde o início da guerra em Gaza, há três meses.

Nos últimos dias, o grupo intensificou os ataques a Israel em virtude da morte de Arouri em Beirute. O lançamento de foguetes contra a base israelense, a Unidade de Controle Aéreo do Norte, no Monte Meron, causou estragos significativos, segundo relatos da mídia israelense, mas ela ainda está operando "e foi reforçada com sistemas adicionais", segundo Hagari.

O risco é que a guerra em Gaza atraia para o conflito grupos aliados do Irã, como o Hezbollah, a milícia houthi, no Iêmen, e as facções xiitas que operam no Iraque, além do governo alauita da Síria, também aliado de Teerã.

Há algumas semanas, os houthis iniciaram uma campanha contra navios no Mar Vermelho e lançaram mísseis contra Israel. Os EUA atingiram alvos no Iraque, enquanto Israel vem realizando assassinatos direcionados na Síria e no Líbano.

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está no Oriente Médio para reduzir o risco de uma guerra expandida. Nos últimos dias, ele se reuniu com líderes de Turquia, Jordânia e Catar - e deve se encontrar ainda com diplomatas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Queda de braço

Ontem, Blinken disse que os palestinos "não deveriam ser pressionados a deixar Gaza". "Os civis devem voltar para casa assim que as condições permitirem", disse o secretário de Estado, no Catar. "Eles não podem e não devem ser pressionados a deixar Gaza."

A declaração é uma resposta a alguns ministros israelenses que recentemente se manifestaram em favor de "incentivar" os palestinos a saírem da Faixa de Gaza para que Israel possa restabelecer os assentamentos no enclave, embora essa não seja a política oficial do governo do premiê, Binyamin Netanyahu. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram neste domingo (7) que concluiu as operações no norte da Faixa de Gaza ao desmantelar a infraestrutura militar do grupo terrorista Hamas. Segundo o porta-voz das FDI, Daniel Hagari, o foco da operação militar será "construir sobre o que foi alcançado" na região e se concentrar nas áreas central e sul do enclave. Uma guerra contra o Hezbollah, na fronteira com o Líbano, também está no radar israelense.

O fim das operações no norte de Gaza foi anunciado nas vésperas da visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Israel. Blinken e outras autoridades do governo Joe Biden pressionam o país a reduzir a campanha aérea e terrestre na Faixa de Gaza e optar por ataques mais direcionados aos líderes do Hamas, com o objetivo de reduzir danos aos civis palestinos.

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O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, ressaltou ontem que o fim das operações no norte não significa que a guerra está terminada. Ele diz que o Hamas ainda não foi destruído e nem todos os reféns, resgatados. Há semanas, Israel concentra as operações no sul de Gaza, onde a maioria dos 2,3 milhões de palestinos se encontram.

Mortes no sul

Na cidade de Rafah, no sul, dois jornalistas foram mortos ontem em um ataque aéreo. Dentre as vítimas, está Hamza Dahdouh, filho mais velho de Wael Dahdouh, principal correspondente da emissora Al Jazeera em Gaza, segundo informou o canal e os médicos locais.

Dahdouh já havia perdido outros quatro parentes - sua esposa, dois filhos e um neto - em um ataque em 26 de outubro, e ele próprio foi ferido em outro ataque israelense no mês passado, que matou um colega. "O mundo está cego para o que está acontecendo na Faixa de Gaza", disse.

Em Khan Younis, pelo menos sete pessoas que estavam abrigadas em uma casa morreram após o local ser bombardeado. Autoridades do hospital Nasser, na cidade, também receberam os corpos de 18 pessoas, incluindo 12 crianças, mortos em outro ataque.

Hezbollah

Enquanto os ataques continuam no sul de Gaza, as preocupações na fronteira de Israel e do Líbano continuam devido aos combates entre os militares israelenses e os militantes do Hezbollah. Em conversa com autoridades americanas que estão na região para evitar uma escalada no conflito, as autoridades de Israel deixaram claro que podem lançar uma grande operação militar no país vizinho. "Preferimos o caminho de um acordo diplomático, mas estamos nos aproximando do ponto em que a ampulheta vai virar", disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, no dia 5.

Os americanos estão preocupados de que uma ofensiva no Líbano seja usada por Netanyahu para se manter no poder, em meio às críticas internas sobre o fracasso do governo em impedir o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Caso o conflito com o Hezbollah aumente, uma avaliação da espionagem americana indica que seria difícil para as FDI serem bem-sucedidas devido a ativos e recursos militares empregados na Faixa de Gaza.

Segundo as autoridades americanas, o Hezbollah não têm interesse em uma guerra na região. Em um discurso no dia 5, o líder do grupo, Hasan Nasrallah, prometeu uma resposta à ação de Israel que matou um líder do Hamas em Beirute, capital libanesa, mas deu a entender que estaria aberto a negociações.

Os EUA afirmam que uma escalada no Líbano poderia atrair o Irã, que apoia tanto o Hezbollah quanto o Hamas, e forçar os Estados Unidos a responder militarmente em nome de Israel. As autoridades temem que um conflito desse tipo supere o derramamento de sangue da guerra entre Israel e Líbano em 2006, que afetou mais de 500 mil pessoas, devido ao arsenal maior de armas de precisão e de longo alcance do Hezbollah. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou neste domingo (7) que dois jornalistas palestinos morreram em um bombardeio israelense na Faixa de Gaza.

Mustafa Thuria, cinegrafista independente que trabalhava para a AFP, e Hamza Wael Dahdouh, repórter da rede de TV Al-Jazeera, morreram quando viajavam em um veículo, informou o ministério, que condenou o "crime hediondo cometido pelo exército de ocupação israelense".

Em comunicado, a rede Al-Jazeera também condenou "energicamente o ataque realizado nesta manhã pelas forças de ocupação israelenses contra o veículo de jornalistas palestinos", após filmar o bombardeio a uma casa localizada em Rafah, sul de Gaza.

A AFP solicitou uma reação do Exército israelense e os militares responderam pedindo as "coordenadas" geográficas do local do ataque.

O pai de Hamza, Wael al Dahdouh, editor-chefe do escritório da Al Jazeera na Faixa de Gaza, havia perdido sua esposa e outros dois filhos em um ataque israelense nas primeiras semanas da guerra.

"Espero que o sangue do meu filho Hamza seja o último derramado pelos jornalistas e pelo povo da Faixa de Gaza", acrescentou Dahdouh, que foi visto em prantos enquanto abraçava o corpo de seu filho no hospital.

Thuria, de cerca de 30 anos, trabalhava como freelancer para a AFP desde 2019 e também colaborava com outros veículos de comunicação, incluindo AP, Reuters, Al-Jazeera e CNN, segundo colegas da AFP.

Phil Chetwynd, diretor de Informação da AFP, declarou que a agência estava "comovida" com a morte de Mustafa. "Condenamos energicamente todos os ataques contra jornalistas exercendo seu trabalho, e é essencial que tenhamos uma explicação clara sobre o que aconteceu."

"Aparentemente, um ataque israelense atingiu seu veículo. Definitivamente é um massacre sem fim", condenou o diretor-geral da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), Christophe Deloire.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro, após um ataque de combatentes do movimento islamista palestino em território israelense que deixou cerca de 1.140 mortos, segundo um registro da AFP baseado em números das autoridades israelenses.

A ofensiva que Israel lançou em Gaza em retaliação deixou até agora pelo menos 22.835 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Entre 7 de outubro e 31 de dezembro, pelo menos 77 jornalistas e trabalhadores da imprensa morreram - 70 palestinos, quatro israelenses e três libaneses -, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, sediado em Nova York.

A guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas entrou no seu quarto mês neste domingo (7) sem mostrar quaisquer sinais de trégua, com novos bombardeios israelenses em Gaza e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em viagem ao Oriente Médio para tentar evitar uma conflagração regional.

Israel prometeu destruir o Hamas após o ataque de 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos em território israelense, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses.

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Além disso, cerca de 132 reféns dos 250 sequestrados pelo Hamas, grupo classificado pela União Europeia e pelos Estados Unidos como "terrorista", permanecem cativos no território palestino.

A ofensiva que Israel lançou em Gaza em retaliação deixou até agora pelo menos 22.835 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder no enclave palestino.

Os bombardeios israelenses deixaram bairros inteiros de Gaza em ruínas, forçaram 85% dos habitantes de Gaza a abandonar as suas casas e causaram uma grave crise humanitária, segundo a ONU.

O Exército israelense realizou ataques aéreos durante toda a noite de sábado, incluindo pelo menos seis na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, segundo um correspondente da AFP. Pelo menos 64 pessoas morreram nestes ataques, segundo o Ministro da Saúde do Hamas.

Na manhã deste domingo, testemunhas relataram bombardeios em Khan Yunis, também no sul do território e novo epicentro dos combates.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou ainda que dois jornalistas palestinos, Mustafa Thuria, um cinegrafista freelancer que trabalhava para a agência AFP, e Hamza Wael Dahdouh, um repórter do canal Al Jazeera, morreram em um bombardeio israelense enquanto viajavam em um veículo.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou neste domingo que evacuou o seu pessoal de um hospital no centro de Gaza.

"A situação tornou-se tão perigosa que alguns membros da nossa equipe que vivem no bairro já não conseguiam sequer sair de casa devido às constantes ameaças de drones e francoatiradores", disse Carolina Lopez, membro da ONG.

Na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, seis palestinos morreram em Jenin em um ataque de tropas israelenses. Dois israelenses também foram mortos – um policial e um civil.

- Manifestação contra Netanyahu -

Na véspera, o Exército israelense anunciou que "concluiu o desmantelamento da estrutura militar do Hamas no norte" de Gaza e que a partir de agora se concentrará "no centro e no sul" do enclave.

O Hamas assumiu o poder em Gaza em 2007, dois anos após a retirada unilateral de Israel deste território. Posteriormente, Israel colocou o estreito território sob bloqueio durante 16 anos, antes de impor um cerco total desde 9 de outubro.

Apesar da pressão internacional e dos apelos a um cessar-fogo, Israel permanece inflexível.

"A guerra não terminará até que tenhamos alcançado (os nossos objetivos, ndr)", que são "a eliminação do Hamas", o retorno dos reféns e que "Gaza não seja mais uma ameaça para Israel", declarou no sábado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Mas em Israel nem todos apoiam esta linha. À noite, manifestantes saíram às ruas de Tel Aviv para exigir a renúncia do governo e eleições antecipadas. "Estamos fartos!", disse Shachaf Netzer, 54 anos, à AFP.

"Precisamos de novas eleições. Precisamos de um novo governo. Precisamos de um novo líder", afirmou.

- Blinken no Oriente Médio -

Neste contexto, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cujo país é o principal aliado de Israel, realiza uma nova viagem pela região.

Neste domingo, encontrou-se com o rei Abdullah II da Jordânia, que, segundo um comunicado do Palácio, apelou aos Estados Unidos que pressionem Israel para um "cessar-fogo imediato" em Gaza, alertando para "repercussões catastróficas" se as hostilidades continuarem.

Blinken afirmou que era "imperativo maximizar a ajuda humanitária a Gaza". Ele também pediu para evitar uma conflagração regional e trabalhar para uma paz "duradoura" e "avançar para a criação de um Estado palestino".

Há receios de contágio regional devido aos disparos quase diários entre o Hezbollah libanês, um aliado do Hamas, e as forças israelenses na fronteira israelense-libanesa.

Além disso, na Síria e no Iraque, os ataques a bases militares dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, dispararam nas últimas semanas. Enquanto estavam no Iêmen, os rebeldes houthis apoiados pelo Irã multiplicaram os seus ataques a navios no mar Vermelho em "apoio" aos palestinos em Gaza.

Depois da Jordânia, Blinken viajará para o Catar, que mediou a trégua do final de novembro. Ele terminará o dia em Abu Dhabi, antes de seguir na segunda-feira para a Arábia Saudita e Israel, onde antecipou negociações que "não (serão) fáceis".

Israel alertou que a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza continuará "ao longo de" 2024, após uma véspera de Ano Novo marcada por incessantes agressões ao território palestino sitiado e lançamentos de foguetes em direção a Tel Aviv.

Quase três meses após o início da guerra, desencadeada pelo ataque lançado pelo movimento islamista palestino sobre solo israelense em 7 de outubro, que deixou 1.140 mortos — segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses —, o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, anunciou às tropas na noite de domingo (31) que alguns reservistas fariam uma pausa para se prepararem para "combates prolongados".

O Exército "deve planejar com antecedência, pois seremos solicitados a realizar tarefas e combates adicionais ao longo deste ano", declarou.

O grupo islamista também fez cerca de 250 reféns, a maioria dos quais permanece em Gaza, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta ao ataque, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva incessante sobre a Faixa de Gaza, que já deixou 21.978 mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo dados do Hamas, que governa o território palestino desde 2007.

Na véspera de Ano Novo, um correspondente da AFP relatou disparos de artilharia e ataques aéreos nas cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul de Gaza.

Pelo menos 24 pessoas foram mortas nestas ofensivas, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, que também comunicou que 15 corpos de uma mesma família foram recuperados nesta segunda-feira (1º) sob os escombros de uma casa bombardeada na noite anterior em Jabaliya, norte de Gaza.

Em várias partes de Israel, sirenes de ataque aéreo soaram no primeiro dia de 2024. Jornalistas da AFP em Tel Aviv testemunharam sistemas de defesa israelenses interceptando foguetes no céu.

"Estou apavorado, é a primeira vez que vejo mísseis", disse à AFP Gabriel Zemelman, um jovem de 26 anos que estava em um bar em Tel Aviv com seus amigos.

As Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas, assumiram a responsabilidade pelo ataque com foguetes M90 realizado em "resposta ao massacre de civis" perpetrado por Israel. O Exército israelense confirmou o ataque sem relatar quaisquer vítimas ou danos.

- "Pior ano da minha vida" -

Segundo a ONU, 85% da população de Gaza foi deslocada e a situação humanitária é crítica, enquanto os bombardeios continuam.

O Ministério da Saúde do Hamas relatou a morte de pelo menos 48 palestinos em bombardeios noturnos na cidade de Gaza, e outra agressão no campus da Universidade Al Aqsa deixou pelo menos 20 mortos, segundo a mesma fonte.

"O ano de 2023 foi o pior da minha vida", disse à AFP Ahmed al Baz, um homem de 33 anos que teve de deixar sua casa em Gaza e agora vive em um campo de refugiados improvisado em Rafah.

O cerco total imposto por Israel deixou os habitantes do território palestino com escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível, enquanto os caminhões de ajuda chegam a conta-gotas à região.

Mediadores internacionais continuam os esforços para alcançar uma nova pausa na guerra.

Uma delegação do Hamas visitou o Cairo na sexta-feira para discutir um plano egípcio para tréguas, libertação escalonada de reféns em troca da soltura de prisioneiros palestinos e o fim da guerra, disseram fontes próximas ao grupo.

Seus aliados da Jihad Islâmica afirmaram no sábado que os movimentos islamistas estão "no processo" de avaliação da proposta e responderão em breve.

O líder norte-coreano Kim Jong Un voltou a ameaçar com um ataque nuclear a Coreia do Sul e ordenou acelerar os preparativos militares em face de uma "guerra" que poderia "explodir a qualquer momento", informou neste domingo (31) a agência estatal KCNA.

Kim criticou duramente os Estados Unidos em um longo discurso, ao término de uma reunião de cinco dias do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, um encontro anual que define a direção estratégica do país.

Durante essa reunião, o partido governante anunciou o lançamento de três novos satélites espiões em 2024, a fabricação de drones e o desenvolvimento das capacidades de guerra eletrônica, informou a KCNA.

Pyongyang colocou em órbita um satélite militar espião em novembro e, desde então, afirma que o equipamento lhe proporcionou imagens de posições militares tanto americanas como sul-coreanos.

Neste ano, também realizou um número recorde de testes armamentistas, incluindo o lançamento de seu mais poderoso míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês).

Durante a reunião, Kim acusou os Estados Unidos de apresentarem "vários tipos de ameaça militar" e ordenou que seu Exército monitore de perto a situação de segurança na península e que "responda sempre com uma atitude arrasadora".

"Uma guerra pode explodir a qualquer momento na península devido aos movimentos temerários dos inimigos para nos invadir", disse Kim.

Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos intensificaram sua cooperação em matéria de defesa este ano, diante das crescentes ameaças nucleares e de mísseis por parte de Pyongyang, e ativaram recentemente um sistema para compartilhar dados em tempo real dos lançamentos de mísseis norte-coreanos.

No início de dezembro, um submarino americano de propulsão nuclear chegou ao porto sul-coreano de Busan, e Washington enviou bombardeiros de longo alcance para executar manobras com Seul e Tóquio.

Para Pyongyang, o envio de armas estratégicas, como os bombardeiros B-52, aos exercícios conjuntos na península coreana são "ações intencionalmente provocadoras dos Estados Unidos para uma guerra nuclear".

"Devemos responder rápido a uma possível crise nuclear e continuar acelerando os preparativos para pacificar o território inteiro da Coreia do Sul, mobilizando todos os meios físicos e forças, incluindo a nuclear, em caso de emergência", disse Kim.

- 'Situação de crise incontrolável' -

Na reunião, Kim disse que não continuaria buscando a reconciliação e a reunificação com a Coreia do Sul, ao destacar uma "persistente e incontrolável situação de crise" na península, que, segundo ele, foi desencadeada por Washington e Seul.

As relações entre as Coreias estão em um de seus piores momentos, depois que o Norte lançou um satélite espião que levou Seul a suspender parcialmente um acordo militar de 2018 destinado a reduzir as tensões na península.

"Acho que é um erro que não deveríamos seguir cometendo considerar as pessoas que nos declaram como seu 'principal inimigo' [...] como alguém com quem buscar reconciliação e reunificação", reportou a KCNA, citando Kim.

O líder norte-coreano ordenou a elaboração de políticas para reorganizar os departamentos que gerenciam os assuntos fronteiriços para "mudar radicalmente de rumo".

Leif Easley, professor de Relações Internacionais na Ewha University de Seul, afirmou que a ênfase que a Coreia do Norte coloca em suas "significativas capacidades nucleares" busca, na realidade, esconder os escassos êxitos econômicos que o país teve este ano.

"Muito do que publicam os veículos controlados pelo Estado é propaganda", disse Easley. "A retórica belicosa de Pyongyang sugere que suas medidas militares não têm a ver apenas com a dissuasão, mas também com sua política interna e a coerção internacional", acrescentou.

No ano passado, o Norte se declarou como uma potência nuclear "irreversível" e, posteriormente, incorporou o esse status à sua Constituição. Pyongyang assegura que seu programa nuclear é crucial para a sua sobrevivência.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou diversas resoluções instando a Coreia do Norte a deter seus programas balísticos e nucleares desde o seu primeiro teste nuclear em 2006.

Os recentes ataques de Israel à região central da Faixa de Gaza mataram pelo menos 35 palestinos até hoje, de acordo com autoridades de um hospital da região. As ofensivas acontecem em meio a declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que a guerra deve continuar "por muitos mais meses".

Os ataques se concentraram na segunda maior cidade de Gaza, Khan Younis, onde os militares israelenses disseram que líderes do Hamas estão escondidos. A ofensiva aérea e terrestre sem precedentes de Israel já matou mais de 21,6 mil palestinos e feriu outros 55 mil, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas.

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Fonte: Associated Press.

A Rússia lançou um novo ataque de drones à Ucrânia na noite de sábado (30) depois de prometer que os ataques na cidade fronteiriça russa de Belgorod no mesmo dia "não ficariam impunes".

A Força Aérea Ucraniana disse neste domingo (31) que abateu 21 dos 49 drones lançados pelas forças russas durante a noite.

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Vinte e oito pessoas ficaram feridas em um ataque na cidade de Kharkiv, no leste, disse o governador regional Oleh Syniehubov no domingo. Um hotel central, prédios de apartamentos, jardim de infância, lojas e prédios administrativos sofreram danos, segundo a procuradoria regional.

Na região de Kiev, que circunda a capital, um ataque de drone russo causou um incêndio em uma instalação de infraestrutura crítica, disseram autoridades locais. Eles não identificaram a instalação além disso.

Os ataques russos ocorreram depois que um bombardeio no centro da cidade fronteiriça russa de Belgorod no sábado matou 24 pessoas, incluindo três crianças.

Outras 108 pessoas ficaram feridas no ataque, disse o governador regional Vyacheslav Gladkov no domingo, tornando-o um dos ataques mais mortais em solo russo desde o início da invasão da Ucrânia por Moscou, há 22 meses.

As autoridades russas acusaram Kiev de realizar o ataque, que ocorreu um dia depois de um bombardeio aéreo russo de 18 horas em toda a Ucrânia ter matado pelo menos 41 civis.

O Ministério da Defesa da Rússia disse ter identificado a munição usada no ataque de Belgorod como foguetes Vampire de fabricação tcheca e mísseis Olkha equipados com ogivas de munição de fragmentação. O órgão não forneceu informações adicionais e a Associated Press não conseguiu verificar as suas afirmações.

"Este crime não ficará impune", afirmou o ministério em comunicado nas redes sociais.

Em uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU exigida pela Rússia no sábado à noite, o enviado Vasily Nebenzya acusou Kiev de um "ataque terrorista". Em comentários veiculados pela mídia estatal russa, Nebenzya afirmou que a Ucrânia havia lançado "um ato deliberado de terrorismo dirigido contra civis".

A Rússia pediu neste sábado (30) que o Conselho de Segurança da ONU se reúna, depois que ataques da Ucrânia deixaram pelo menos 14 mortos na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, Maria Zakharova, disse que a Grã-Bretanha e os Estados Unidos são culpados de encorajar Kiev a realizar o que ela descreveu como um "ataque terrorista". Ela também culpou os países da União Europeia que forneceram armas à Ucrânia.

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"O silêncio em resposta à barbárie desenfreada dos ucranianos e dos seus e cúmplices das 'democracias civilizadas' será semelhante à cumplicidade nos seus atos sangrentos", afirmou o ministério em um comunicado.

Em relação ao ataque em Belgorod, o governador da região Vyacheslav Gladkov descreveu neste sábado, nas redes sociais, que a situação atual como a pior que a cidade enfrentou desde que Moscou iniciou a invasão em grande escala na Ucrânia, há quase dois anos. Fonte:

Os combates voltaram a se intensificar neste sábado (30) na Faixa de Gaza, cujos habitantes, esgotados pelos deslocamentos e pela escassa ajuda humanitária, estão desesperados pelo fim da guerra entre Israel e o Hamas, que entra em sua 13ª semana.

No sul do território, fumaça era vista sobre a cidade de Khan Yunis neste sábado, enquanto em Rafah, na fronteira com o Egito, os habitantes continuavam se amontoando, tentando se salvar dos bombardeios incessantes de Israel.

Um correspondente da AFP reportou disparos de artilharia contínuos durante a noite em Rafah e Khan Yunis.

"Chega desta guerra! Estamos totalmente exaustos. Nos deslocamos constantemente de um lugar para outro com este frio", exclamou Um Louay Abu Khater, de 49 anos, em um acampamento de Rafah.

"Bombas caem em cima de nós dia e noite. Esperamos mísseis (a qualquer momento), enquanto outros se preparam para comemorar o Ano Novo", lamentou a mulher.

Apesar do repúdio internacional crescente, o exército israelense mantém sua ofensiva e informou sobre "intensos combates" e ataques aéreos no pequeno território palestino.

Em Beit Lahia, no norte de Gaza, "as tropas desmontaram dois complexos militares do Hamas", informou no sábado um comunicado militar, e dezenas de "terroristas" morreram na Cidade de Gaza.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou na sexta-feira seu apelo por "um cessar-fogo humanitário imediato" e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a ameaça crescente de doenças infecciosas.

- Disposto a negociar -

Israel iniciou em 7 de outubro uma devastadora campanha aérea e terrestre contra Gaza, que deixou aos menos 21.507 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde deste território, governada pelo Hamas.

A guerra em Gaza se seguiu aos sangrentos ataques do Hamas contra Israel naquela data, que deixaram 1.140 mortos, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em dados israelenses.

O movimento islamista palestino também fez cerca de 250 reféns, mais da metade dos quais são mantidos em Gaza.

Segundo o exército israelense, 168 de seus soldados morreram no território.

As forças armadas de Israel publicaram no sábado um vídeo de túneis do Hamas, equipados com eletricidade, sistemas de ventilação e inclusive salas de oração, que o exército israelense destruiu na sexta-feira.

Ahmed al-Baz, nascido em Gaza há 33 anos, afirmou que o ano que termina foi "o pior de [sua] vida".

"Foi um ano de destruição e devastação. Passamos pelo inferno e conhecemos a própria morte", relatou. "Só queremos o fim da guerra e começar o novo ano nas nossas casas, com uma trégua declarada".

Enquanto isso, os mediadores internacionais continuam se esforçando para conseguir uma nova pausa nos combates.

O veículo de comunicação americano Axios e o site israelense Ynet, citando funcionários israelenses que não se identificaram, informaram que, segundo os mediadores cataris, o Hamas estaria disposto a retomar os diálogos sobre novas libertações de reféns em troca de um cessar-fogo.

Na sexta-feira, uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para discutir um plano egípcio que contempla tréguas renováveis, a libertação escalonada de presos palestinos e, por último, o fim da guerra, segundo fontes próximas do movimento islamista.

Israel não comentou formalmente o projeto, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou na quinta-feira às famílias dos reféns que o governo está "em contato" com os mediadores egípcios e que trabalha "para trazer todos de volta".

Mia Shem, refém franco-israelense libertada no acordo de trégua de novembro, declarou à imprensa israelense que seu cativeiro foi marcado pelo "medo de ser estuprada, pelo medo de morrer".

- Venda emergencial de munições -

Segundo a ONU, mais de 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza deixaram suas casas e muitos passam fome e são obrigados a se abrigar das chuvas em barracas improvisadas.

Israel impôs um certo total ao território, que provocou escassez de comida, água potável, medicamentos e combustível. As caravanas de ajuda só chegam para mitigar esporadicamente a situação.

Segundo a OMS, cerca de 180.000 pessoas sofrem de infecções respiratórias e foram registrados 136.400 casos de diarreia, a metade entre menores de cinco anos.

Na sexta-feira, a África do Sul, que apoia longamente a causa palestina, solicitou à Corte Internacional de Justiça que iniciasse um processo contra Israel por "ações genocidas contra o povo palestino em Gaza". Israel repudiou estas acusações.

Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram na sexta a venda para Israel de munições explosivas de artilharia por 147,5 milhões de dólares (R$ 714 milhões, na cotação atual).

"É uma prova clara do apoio total da administração americana a esta guerra criminosa", denunciou o Hamas em um comunicado.

O conflito em Gaza também acentuou a violência no outro território palestino, a Cisjordânia ocupada, onde pelo menos 317 palestinos morreram desde 7 de outubro.

Neste sábado, soldados israelenses mataram perto de Hebron um palestino que teria atacado um posto militar com seu carro, segundo as forças armadas de Israel.

Além disso, a guerra intensificou as tensões na região.

Bombardeios aéreos "provavelmente israelenses" mataram 19 combatentes afins ao Irã e feriram cerca de 20 no leste da Síria, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Iman Al Masry está esgotada. Ao seu lado, sobre um colchão velho, estão três dos quadrigêmeos que pariu em plena guerra entre Hamas e Israel, depois de uma difícil viagem do norte ao centro da Faixa de Gaza.

A mãe e seus recém-nascidos Yaser, Tia e Lynn estão abrigados na sala de uma escola de Deir el Balah, no centro da Faixa de Gaza, com outras 50 famílias.

Seu quarto filho, Mohammad, está em observação em um hospital de Nuseirat, sete quilômetros ao norte.

Assim como outros 1,9 milhão de deslocados de Gaza, segundo dados da ONU, Iman Al Masry teve de fugir dos combates entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas, que governa o território.

Esta mulher de 29 anos precisou abandonar às pressas sua casa de Beit Hanun, no norte, no quinto dia da guerra que começou em 7 de outubro, pensando que retornaria em breve.

"Trouxe apenas umas peças de verão para as crianças. Pensei que a gerra não duraria mais que uma semana, ou duas, e que voltaríamos para casa", disse.

- Cansaço -

Grávida de seis meses, caminhou com outros três filhos pequenos os cinco quilômetros que separam sua casa do campo de Jabaliya, onde encontrou um meio de transporte para seguir até Deir el Balah.

"A distância me cansou e afetou a gravidez. Fui ao médico e ele me disse que eu apresentava sinais de que teria um parto prematuro", conta.

Aos oito meses de gestação, os médicos decidiram fazer uma cesárea. Os quadrigêmeos nasceram em 18 de dezembro, em meio à guerra deflagrada pelo ataque surpresa do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos segundo os últimos números oficiais.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva aérea e terrestre que, até o momento, deixou mais de 21.100 mortos em Gaza - a maioria mulheres e crianças, segundo o movimento islamista -, e uma situação humanitária desesperadora.

No tumulto da guerra, Iman Al Masry não teve tempo para se recuperar. Devido à falta de leitos, teve de sair e deixar seu filho Mohammad, que precisa de acompanhamento médico.

"O estado de saúde do quarto bebê é instável. Pesa apenas um quilo, pode não sobreviver", explica a jovem palestina. "Os outros três bebês nasceram saudáveis, louvado seja Deus".

- Escassez de fraldas -

Iman Al Masry não pôde ver Mohammad desde seu nascimento. "Estou preocupada com ele, mas o caminho é perigoso" para ir visitá-lo, explica. Para acompanhá-lo conta com um amigo de seu marido, que vive em Nuseirat.

A festa prevista para celebrar o nascimento de seus bebês também foi suspensa pelo conflito. Pensava em borrifar água de rosas nas crianças, "seguindo nosso costume". Mas, desde que nasceram há dez dias, "não conseguimos dar banho neles", lamentou.

Suas carências alimentares tampouco lhe permite amamentá-los suficientemente. Os produtos de higiene também são escassos.

"Utilizo fraldas com moderação. Em tempos normais, as trocaria a cada duas horas, mas a situação é difícil, assim troco só de manhã e à tarde".

Ante as dificuldades de sua família, seu marido, Ammar Al Masry, confessa que não sabe bem o que fazer.

"Me sinto impotente", disse este pai de 33 anos, instalado com seus seus filhos em uma sala de aula que cheira mal. "Temo pela vida de meus filhos e não sei como protegê-los", admite.

Sua filha prematura, Tia, padece de icterícia. "Necessita ser amamentada para amenizar a doença e minha mulher precisa se alimentar com proteínas. Mas não posso dar. Meus filhos precisam de leite e fraldas", enumera.

Ammar Al Masry passa seus dias tentando encontrar "qualquer coisa" para alimentar sua família e evita olhar nos olhos dos filhos para não "se sentir culpado".

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, instou seu partido a "acelerar" os preparativos de guerra, incluindo seu programa nuclear, informou a imprensa estatal nesta quinta-feira (28, noite de quarta em Brasília).

Os comentários de Kim chegam uma semana depois de ele advertir que seu país não hesitaria em lançar um ataque nuclear em caso de "provocação" com armas atômicas.

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Kim tratou do tema na reunião plenária do Partido dos Trabalhadores da Coreia, que governa o país, na qual são esperados anúncios de decisões políticas para 2024.

O herdeiro da dinastia comunista urgiu seu partido a "acelerar mais os preparativos de guerra" em diferentes setores, como o de armas nucleares e defesa civil, informou a agência de notícias oficial KCNA.

Kim garantiu que "a situação militar" na Península da Coreia se tornou "extrema" devido às ações "sem precedentes" de Washington.

Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos intensificaram a cooperação militar diante da onda de testes armamentistas dos norte-coreanos este ano, e ativaram um sistema para compartilhar informação em tempo real sobre os lançamentos de mísseis de Pyongyang.

Há algumas semanas, um submarino americano de propulsão nuclear chegou ao porto sul-coreano de Busan, e Washington enviou bombardeiros de longo alcance para executar manobras com Seul e Tóquio.

Para Pyongyang, o envio de armas estratégicas, como os bombardeiros B-52, para as manobras conjuntas na Península da Coreia são "ações intencionalmente provocadoras dos Estados Unidos para uma guerra nuclear".

O Norte lançou este ano um satélite-espião de reconhecimento, consagrou em sua constituição a condição de potência nuclear e testou seu míssil balístico intercontinental mais potente, o Hwasong-18.

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