Tópicos | Hospital de Bonsucesso

Uma mulher de 61 anos que havia sido transferida do Hospital Federal de Bonsucesso para o CER Leblon após o incêndio ocorrido na unidade hospitalar na semana passada morreu na noite de domingo (1º). Com isso, chega a oito o total de pacientes mortos desde o incêndio. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a mulher já havia dado entrada na unidade municipal no dia 27 em estado muito grave e instável, com uso de respirador. Dentre os mortos após o incêndio, foi o quarto caso de paciente internado na rede municipal.

Na noite de sábado (31), um bebê de um ano morreu no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, da UFRJ, para onde havia sido levado na quarta-feira passada, um dia após o incêndio. No domingo (1º), um idoso de 93 anos, também transferido em decorrência do incêndio e levado para o Hospital de Campanha do Riocentro, morreu.

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O Hospital de Bonsucesso está fechado desde o dia 27, apesar de o fogo ter atingido apenas um dos prédios que compõem o complexo. O Prédio 1 foi interditado pela Defesa Civil do município, que constatou risco de comprometimento da estrutura. Os demais prédios não foram atingidos pelas chamas e deverão voltar a funcionar normalmente nesta quarta-feira (4).

As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas pela Polícia Federal. O que se sabe é que ele atingiu o almoxarifado do Prédio 1, que abrigava também a enfermaria o Centro de Terapia Intensiva.

Um relatório produzido em abril de 2019 por uma equipe de engenheiros, a pedido do Ministério da Saúde, constatou diversos problemas na estrutura de combate a incêndios do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na zona norte do Rio. Um ano e meio depois, nada foi feito e nesta terça-feira, 27, o hospital pegou fogo, matando pelo menos três pacientes.

Questionado nesta terça sobre a falta de providências para sanar o risco de incêndio no hospital, o Ministério da Saúde não se manifestou - limitou-se a lamentar o incêndio e a morte de uma paciente, em nota. Em setembro de 2019, de posse desse relatório, a Defensoria Pública da União cobrou providências da direção do HFB para ajustar o hospital às normas de segurança e solicitou ao Corpo de Bombeiros que fizesse uma vistoria na unidade de saúde.

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"Depois disso, a Defensoria fez seu papel de reforçar reiteradamente a necessidade de providência urgente aos órgãos competentes", informou, em nota, a Defensoria. "Sobre as razões de as demandas não terem sido atendidas, não temos como responder. Sugerimos que as perguntas sejam encaminhadas aos responsáveis pela gestão do HFB"

Terceira vítima

O Ministério da Saúde confirmou, na noite dessa terça-feira, 27, a morte da terceira vítima do incêndio do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro. A pasta não forneceu informações sobre o paciente morto.

"O Ministério da Saúde comunica com profundo pesar a morte do terceiro paciente após o incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso", informou o Ministério. "A pasta se solidariza com as famílias e não vai medir esforços para garantir a segurança e saúde dos pacientes, profissionais de saúde e funcionários da instituição", conclui a nota.

As duas primeiras vítimas foram mulheres de 42 e 83 anos, ambas internadas com Covid-19.

Um incêndio atingiu na manhã desta terça-feira, 27, o Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio e fez duas vítimas fatais até o momento. Por volta das 13h, um porta-voz do hospital confirmou a morte de uma mulher de 42 anos que, segundo ele, estava em estado grave com covid-19 e morreu durante o processo de evacuação. A morte ocorreu na ambulância a caminho do hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari.

O fogo começou no prédio 1 da unidade, no qual se localizam as enfermarias e o CTI. Os Bombeiros foram acionados por volta das 9h50 e estão no local com equipes de 12 quartéis diferentes.

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Segundo os Bombeiros, os pacientes foram retirados do local e levados ao prédio 2 e a outras unidades de Saúde. A maior parte foi para o próprio hospital, enquanto outros tiveram que ser transferidos com o auxílio do Samu. 162 pacientes no total saíram do prédio 1, sendo 66 removidos pra outras unidades. Havia oito vítimas de covid - que se deslocaram para o Leblon, na zona sul, e Acari, na zona norte. Entre eles, estava a paciente que morreu.

O porta-voz dos Bombeiros, coronel Lauro Botto, afirmou que há indícios de que o incêndio tenha começado num almoxarifado no subsolo do prédio, onde havia um estoque de fraldas. Isso, contudo, só será confirmado com mais apurações.

O secretário de Defesa Civil, Leandro Monteiro, afirmou que o hospital funcionava de modo inadequado. Havia duas notificações e dois autos de infrações no Corpo de Bombeiros que versavam sobre as más condições da unidade. "É muito difícil, quase impossível, interditar um hospital com quase 600 leitos", disse.

O governador em exercício do Estado, Cláudio Castro (PSC), afirmou nesta terça-feira, 27, que uma vez controlado o fogo, o próximo passo é investigar as causas. "O que me chegou (até agora) é que foram todos socorridos e que também conseguimos salvar equipamentos", disse em conversa com jornalistas na saída do Palácio do Planalto, em Brasília. "O próximo passo então é a Polícia Civil, que já está no local, entrar para fazer toda a questão de perícia para aí começar a investigação e passar para o Ministério Público entender se foi uma causa acidental ou uma causa criminosa."

O Hospital de Bonsucesso é considerado o principal dos seis federais do Rio. No início da pandemia, chegou a receber a visita do ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A unidade fica em posição estratégica, na Avenida Brasil, o que facilita o atendimento a pacientes de outros municípios, como os da Baixada Fluminense.

Referência em serviços de média e alta complexidade, faz cerca de 15 mil consultas ambulatoriais todo mês, além de 1.300 internações, 1.200 atendimentos de emergência, 120 mil exames laboratoriais e 5 mil exames de imagem.

O Estadão procurou o Ministério da Saúde e a Defensoria Pública da União para falar sobre o incêndio. Em nota, o ministério afirmou que "lamenta profundamente a perda de uma paciente durante a transferência" e diz que "acompanha o trabalho das equipes de resgate para garantir a segurança dos pacientes e profissionais que estavam presentes no local."

A professora Rosália Pires, de 42 anos, esperava havia três meses por um exame de mamografia. Quando chegou à unidade, se deparou com o incêndio. "Já fomos informados de que o hospital não vai funcionar hoje. Agora é mais uma espera", disse.

A paciente Ana Diniz, de 22 anos, estava na maternidade com o filho de quatro dias e precisou sair do hospital. A sensação, diz, foi de desespero. "A gente estava lá ouvindo os boatos, até que avisaram para nós. Muita correria", afirmou ela, que temeu pela vida da criança. (Colaborou Emilly Behnke)

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