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O presidente da República, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, estão entre os "vencedores" da 30ª edição do prêmio Ig Nobel, que todo ano "premia" os fatos mais irrelevantes ou inusitados da ciência mundial.

No anúncio da noite desta quinta-feira (17), os dois líderes ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, do México, Andrés López Obrador, de Belarus, Aleksandr Lukashenko, do Turcomenistão, Gurbanguly Berdimuhammedow, e dos primeiros-ministros do Reino Unido, Boris Johnson, e da Índia, Narendra Modi, receberam o prêmio de "Educação Médica".

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Segundo os organizadores, eles tiveram um "efeito mais imediato sobre a vida e sobre a morte do que cientistas e médicos" na gestão da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Todos, em maior ou menor grau, tiveram posturas negacionista em relação à Covid-19 e, não por acaso, alguns dos países citados estão entre os que registram a maior quantidade de casos da doença no mundo: EUA, Brasil, Índia e Rússia.

O evento é organizado pela revista "Annals of Improbable Research", graças ao financiamento de diversas entidades, como os estudantes de Física da Universidade de Harvard, nos EUA. O anúncio é sempre feito no teatro da Universidade de Harvard, no Reino Unido, mas neste ano foi realizado de maneira online por conta da Covid-19.
    O "prêmio" para os vencedores é uma nota de 10 trilhões de dólares do Zimbábue e uma caixa de montagem com as instruções sobre como montar em um dos lados da peça.

- O prêmio: De acordo com a organização, o objetivo é "celebrar o incomum, homenagear a imaginação e estimular o interesse das pessoas na ciência". No ano passado, o grande vencedor foi um estudo sobre se a pizza feita na Itália ajuda a combater o câncer.

Na edição 2020, os demais prêmios seguiram a linha mais cômica da premiação.

Cientistas do Brasil, Itália, Escócia, Polônia, França, Colômbia, Chile e Austrália foram premiados na categoria "Economia" por tentarem fazer relação entre o tamanho do Produto Interno Bruto de um país e a quantidade de beijos na boca registrada nele.

Também com participação de pesquisadores italianos - ao lado de australianos, ucranianos, alemães, franceses, britânicos e sul-africanos - foi dado o prêmio "Física" por um estudo sobre o que acontece com o corpo de uma minhoca se ele for colocado para vibrar em alta frequência.

Já os governos da Índia e do Paquistão venceram a categoria "Paz" por permitirem que seus diplomatas tocassem as campainhas das casas uns dos outros no meio da noite e depois fugissem.

Outros prêmios foram dados para uma pesquisa que induziu uma fêmea de jacaré a soltar um ruído após cientistas a colocarem em uma sala repleta de gás hélio; o diagnóstico de um novo tipo de doença psiquiátrica, a misofonia, que são pessoas que sofrem ao ouvir outra pessoa mastigando; e o método canadense para descobrir se alguém é narcisista por conta do formato da sobrancelha.

Da Ansa

Pedras no rim podem ser expelidas mais rapidamente se o paciente der uma volta em uma montanha-russa gigante? O canibalismo é uma boa forma de ingerir calorias? Saliva humana funciona mesmo para limpar aquela sujeirinha que caiu na mesa?

Até parecem perguntas de crianças curiosas para entender o funcionamento do mundo, mas foram propostas por pesquisadores de verdade, que criaram metodologias para testá-las e resultaram em artigos publicados em revistas científicas. São pesquisas sérias, mas nem por isso deixam de ser hilárias. E acabam de ganhar o Nobel da ciência esdrúxula do ano - O Ig Nobel.

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A brincadeira, organizada pela revista "Anais da Ciência Improvável", celebra as pesquisas que "primeiro fazem rir e depois pensar". Os vencedores foram anunciados nesta quinta-feira, 13, no Teatro Sanders, na Universidade Harvard. Os prêmios foram entregues por verdadeiros Nobéis e recebidos com muito bom humor pelos autores.

Em sua 28ª edição, a paródia do Prêmio Nobel destacou dez estudos que à primeira vista parecem piada, mas que podem até ser bem úteis - como a investigação sobre as pedras no rim.

Premiados com o Ig Nobel de Medicina, os pesquisadores Marc Mitchell e David Wartinger, da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, desenvolveram um simulador renal, o encheram com urina, colocaram três cálculos suspensos no líquido e o levaram para dar 20 voltas na montanha-russa Big Thunder Mountain Railroad, na Disney World, em Orlando, Flórida. Descobriram que, de fato os cálculos se moviam dentro do modelo após o passeio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil ainda não ganhou um Nobel, mas acaba de ser agraciado com dois Ig Nobel, a paródia do conceituado prêmio que homenageia pesquisas que, apesar de parecerem esdrúxulas, são aquelas que "primeiro fazem rir e depois, pensar", como explicam os organizadores.

A láurea de Biologia vai para a descoberta de um inusitado inseto de cavernas que tem o sexo trocado - machos têm vaginas e fêmeas, pênis. A de Nutrição vai para um trabalho que identificou que uma espécie rara de morcegos desenvolveu preferência por sangue humano.

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Parecem brincadeira, mas são pesquisas sérias. A dieta do morcego vampiro, por exemplo, trouxe à tona um cenário de desequilíbrio ambiental. O trabalho, publicado em dezembro de 2016 na revista Acta Chiropterologica por um trio da Universidade Federal de Pernambuco, foi o primeiro relato de sangue humano na alimentação da espécie Diphylla ecaudata.

O morcego de perna peluda era conhecido por se alimentar só do sangue de aves. Se ele passou a avançar sobre humanos é porque há algo errado na oferta natural de presas.

O biólogo Enrico Bernard, líder do grupo, admite que o resultado do trabalho, que envolve coletar fezes do morcego e fazer a análise de DNA das presas, é engraçado. Ele diz que ficou gargalhando o dia inteiro quando soube do prêmio. "Perguntei qual era a categoria e disseram Nutrição. Ri mais ainda", contou à reportagem. "Mas é uma descoberta que traz uma reflexão", pondera. "Esse animal só deveria consumir sangue de aves. E não encontramos DNA de nenhuma ave nativa, só de galinha, e de gente. É sinal de defaunação e antropização da Caatinga, onde ele vive", explica.

Com bom humor, Bernard diz que agora vai acrescentar na assinatura de seu e-mail que ele é um "orgulhoso ganhador do Ig Nobel". "Neste momento de crise financeira da ciência brasileira, estamos mesmo precisando de bom humor. Dois prêmios neste ano. Estamos lavando a égua", brinca.

Sexo trocado

A segunda láurea brazuca vai para o ecólogo Rodrigo Ferreira, da Universidade Federal de Lavras, que descobriu quatro espécies de inseto da ordem Psocodea, que vivem em caverna, cuja fêmea tem pênis e o macho tem vagina, algo que parece impensável em termos de Biologia. O trabalho foi publicado na revista Current Biology em 2014.

Para a pergunta imediata - "mas como vocês sabem que quem tem a vagina não é a fêmea e quem tem pênis é que é o macho?" -, o pesquisador explica com toda a paciência do mundo: "Em Biologia, e vale lembrar que várias espécies não têm genitália, se convencionou definir o gênero pelo tamanho do gameta (óvulos e espermatozoides). As fêmeas produzem os gametas maiores e os machos, os menores. É isso que separa gênero."

Ah, tá. Mas e como fica o sexo, então? "É a fêmea, com o órgão erétil, que penetra a vagina do macho e ele pressiona o esperma para dentro do pênis dela", conta Ferreira. "Houve uma inversão da seleção sexual aqui, temos os machos selecionando. Por que será que houve essa inversão? Que tipo de processo pode ter levado a isso", questiona o pesquisador.

Além dos dois prêmios, outros oito foram distribuídos nesta quinta-feira, 14, em concorrida cerimônia no Teatro Sanders, na Universidade Harvard. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, tornou ilegal o aplauso em público no fim do ano passado, logo após as palmas terem se tornado uma forma de protesto em seu país. Algumas semanas depois, a polícia de Estado não pensou duas vezes antes de prender um grupo que insistia em infringir as regras. Entre eles, um homem de um braço só. O feito ditatorial, e certamente motivo de risadas, foi laureado nesta quinta-feira, 11, com o prêmio máximo da ironia científica, o Ig Nobel.

A clássica brincadeira promovida há 23 anos é uma paródia do Nobel e destaca pesquisas que podem ser consideradas no mínimo esdrúxulas, em que não dá para acreditar que alguém perdeu tempo fazendo. Ou, como preferem os organizadores, são estudos que "primeiro fazem rir e depois pensar".

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Lukashenko e sua polícia foram contemplados com o Ig Nobel da Paz. Já o engenheiro norte-americano Gustano Pizzo, morto em 2006, recebeu o prêmio póstumo por uma patente que ele depositou em 1972 de um sistema eletromecânico para prender e ejetar sequestradores de avião.

Ao fim do evento, Marc Abrahams, editor dos "Anais da Pesquisa Improvável" concluiu com outra piadinha: "Se você não venceu o Ig Nobel nesta noite, e especialmente se você venceu, melhor sorte no próximo ano".

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