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Um pedido de vista coletivo adiou a votação do relatório do deputado Ricardo Salles (PL-SP) na Comissão Parlamentar de Inquérito do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST). A discussão e votação do parecer ficou para terça-feira (26).

Após a leitura do relatório e o pedido de vista, o presidente do colegiado, tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), rapidamente encerrou a sessão, sem que houvesse tempo para os deputados se manifestarem.

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Na reunião desta quinta-feira (21), Salles apresentou um resumo do relatório no qual acusa o movimento, que reivindica a reforma agrária e é favorável à agricultura familiar, de uma série de irregularidades, como práticas de abusos contra assentados e privilégios de dirigentes. Além disso, o relator acusa o MST de se apropriar de recursos públicos. 

O relator também afirma não haver a necessidade de, ao menos nesse momento, se aumentar as áreas destinadas à reforma agrária. Na avaliação de Salles, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) “é o maior latifundiário improdutivo do país”.

O deputado prometeu apresentar anexos ao relatório detalhando o que, na sua visão, seriam crimes praticados por integrantes do movimento.

Salles pede ainda o indiciamento de 11 pessoas. Entre elas, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e José Rainha, líder da Frente de Luta Campo e Cidade.

O deputado sugeriu ainda que o presidente do  Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Messias Silva, seja indiciado.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), demarcou uma área de aproximadamente 135 hectares pertencente a Comunidade Remanescente de Quilombo Fonseca, no município de Manaíra, no Sertão da Paraíba. A medida foi publicada no Diário Oficial da União na última terça-feira (12).

Atualmente, a localidade abriga 280 pessoas que estão divididas em 49 famílias quilombolas. Esses moradores se autodeclaram descendentes de pessoas escravizadas, que foram obrigadas a trabalharem nas plantações de algodão da região e que escolheram a área para manter as suas tradições e culturas vivas.

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Em 2009, a Fundação Cultural Palmares, reconheceu e certificou a região como remanescente de quilombo. Esse título, possibilitou que, em 2011, os procedimentos de regularização e titulação fossem iniciados junto ao Incra.

Os limites e fronteiras do território da comunidade já estão descritos na portaria do Incra. A planta e o memorial descritivo da área estão podem ser acessados pelo site do instituto.

A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife recebeu, na manhã desta terça-feira (18), cerca de 400 famílias agricultoras posseiras, que reivindicam o direito pelas terras que habitam há mais de 50 anos. Elas foram acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do estado de Pernambuco (Fetape).

De acordo com a CPT, as famílias reivindicam a desapropriação imediata de todas as áreas das usinas falidas que têm débito fiscal com o estado e com a União, e que têm débito trabalhista.

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Os grupos também pedem que sejam reativados a Comissão Estadual de Acompanhamento aos Conflitos Agrários de Pernambuco (CEACA/PE) e o Programa de Prevenção de Conflitos Agrários Coletivos (PPCAC), que estão suspensos desde o início do governo de Raquel Lyra. Os órgãos funcionavam como meios para garantir a segurança e a aquisição de terras de maneira pacífica.

A expectativa das famílias é de serem atendidas pelo superintendente do Incra Pernambuco, Givaldo Cavalcanti Ferreira, que foi noemado oficialmente na última sexta-feira (14), e que retornem para suas comunidades com a garantia de medidas que lhes permitam seguir produzindo alimentos saudáveis no campo, com dignidade e justiça social.

Cerca de 1,5 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e de outros movimentos sociais ocuparam, nesta segunda-feira (10), a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió. A liderança do grupo pede a exoneração do atual superintendente do Incra-AL, Cesar Lira, considerado um "bolsonarista raiz". Para o comando do Incra no estado, as organizações defendem a indicação do engenheiro José Ubiratan Rezende Santana.

A ação é liderada pelo MST em conjunto com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre (TL).

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Segundo o MST, a ação foi tomada diante da morosidade do governo federal e do Ministério do Desenvolvimento Agrário em tomar medidas administrativas para substituir o superintendente do órgão no estado, além de retomar a pauta da reforma agrária.

“É inaceitável a continuidade de uma gestão bolsonarista. Por que o governo Lula mantém por tanto tempo (mais de cem dias de governo) um superintendente inimigo da Reforma Agrária e com um histórico de violência junto a lideranças e comunidades?”, questionam as organizações em nota conjunta. "Entendemos que o Incra é um órgão estratégico e deve ser um mecanismo na colaboração para retirar o país do mapa da fome", destacam as entidades.

A ação faz parte do Abril Vermelho, mês no qual o MST relembra o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996. Naquele ano, no dia 17 de abril, 19 trabalhadores sem terra foram mortos em uma ação da Polícia Militar no município localizado no sudeste do Pará. Outras 79 pessoas ficaram feridas, duas das quais acabaram morrendo no hospital. 

A Agência Brasil busca contato com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra e atualizará esta reportagem assim que tiver retorno.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) decidiu terceirizar o trabalho de vistoria local e de checagem de dados com a justificativa de que isso pode acelerar o processo de regularização de terras. O objetivo é firmar acordos com municípios de todo o País, que ficarão responsáveis por indicar técnicos que poderão executar o trabalho.

O funcionário de cada município passará por um treinamento online dado pelo Incra, para ser credenciado como representante do órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. Ele poderá ser servidor do município ou até mesmo contratado externamente pela prefeitura, que deverá arcar com seus custos. Uma vez habilitado, ele passa a atuar como funcionário terceirizado do Incra, fazendo vistorias locais a imóveis, checando informações e enviando dados à central do Incra, em Brasília. Confirmada a regularidade da terra, o imóvel vai receber a escritura.

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"Sabemos das limitações de infraestrutura, de pessoal e de orçamento que o Incra vive. Por outro lado, o governo e as prefeituras têm todo o interesse em resolver as situações fundiárias. Então, com esse funcionário credenciado, a gente vai regionalizar a atuação", disse o secretário especial de assuntos fundiários do ministério, Luiz Antonio Nabhan Garcia.

O Incra já realiza parcerias com municípios, mas, segundo Nabhan, o processo atual é burocrático e lento, porque exige que seja aberto um processo para cada município que adere à iniciativa. "Agora é um processo nacional, para todos. Vamos publicar um edital de chamamento para todos, para que os municípios interessados possam aderir", disse.

O programa "Titula Brasil" teve a sua portaria publicada ontem no Diário Oficial da União. A proposta prevê a criação do Núcleo Municipal de Regularização Fundiária (NMRF), que vai integrar terceirizados contratados aos servidores do Incra, em Brasília e regionais.

Nos próximos dias, deve ser publicado o chamamento público aos municípios interessados. Em até 60 dias, será divulgado o "Regulamento Operacional e o Manual de Planejamento e Fiscalização" do programa.

No alvo da medida estão regularizações que se enquadrem nos parâmetros definidos pela Lei da Terra Legal. Trata-se da Lei 11.952, que foi editada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009 e prevê a regularização de unidades de até 2.500 hectares, com necessidade de vistoria local no processo. A mesma lei permite que propriedades menores, de até quatro módulos fiscais (aproximadamente, 280 hectares), possam ser regularizadas por meio de sensoriamento remoto, com checagem à distância.

"Com esse programa, um técnico do Incra de Manaus, por exemplo, não vai mais precisar fazer uma viagem de mais de 2 mil quilômetros para chegar no município de Boca do Acre, porque terá um funcionário credenciado do Incra por lá", disse Nabhan. O secretário descartou a ideia de transformar o Incra em uma agência, como chegou a ser apontado em estudos realizados pela equipe do vice-presidente Hamilton Mourão. "O Incra é uma autarquia e continuará a ser, como já afirmou o presidente Bolsonaro."

Grilagem

Para a Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra (Cnasi), a decisão deixa de lado a necessidade de se estruturar a autarquia, além de ter potencial de pressionar terras indígenas e quilombolas em processo de demarcação nos municípios.

"Com essa decisão, toda a grilagem de terras do Brasil vai ser regularizada em pouco tempo. Isso vai impedir novos projetos de assentamento da reforma agrária, novas regularização de territórios quilombolas, novas áreas indígenas e novas áreas de preservação ambiental", disse o diretor da Cnasi, Reginaldo Marcos Félix de Aguiar. "É uma decisão inconsequente e desastrosa para democratização de acesso à terra e para o meio ambiente", afirmou.

Ele lembra que o Incra, órgão que completou 50 anos em julho, teve, este ano, 66,6% do valor que recebeu em 2000. O repasse foi reduzido de R$ 1,09 bilhão para R$ 725,6 milhões, sem considerar a correção inflacionária do período. Se considerada, os recursos para 2020 chegariam a R$ 3,6 bilhões, cinco vezes o orçamento deste ano.

Para Aguiar, a terceirização também pode encontrar impedimentos legais. "Vejo que há problemas de legalidade na decisão, pois retira atribuições constitucionais do Incra e repassa às prefeituras, que certamente não tem pessoal, instrumentos, orçamentos e gestão qualificada pra fazer regularização fundiária", disse. "Com isso, vai ocorrer é regularização de grilagem, beneficiando os mais ricos do município."

Medida Provisória publicada na noite desta terça-feira (28) pelo governo federal autoriza a prorrogação de contratos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) até 2023. Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República esclarece que a medida auxilia o processo de regularização fundiária em áreas rurais na Amazônia Legal.

Serão prorrogados 27 contratos até o dia 28 de julho de 2023. Essa extensão do prazo é aplicável aos contratos firmados a partir de 2 de julho de 2014, vigentes até hoje.

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"A prorrogação de 27 contratos vai garantir a continuidade das ações e esforços do Incra para mitigar o passivo de regularizações pendentes, razão pela qual se torna necessário o adiamento desses acordos, por tempo determinado, até 28 de julho de 2023. Estima-se com esse ato impacto orçamentário-financeiro de aproximadamente R$ 6,7 milhões para o período", diz a nota da Secretaria-Geral.

Ainda de acordo com a nota, "com mais de 60 mil ocupações rurais georreferenciadas na região, o Incra tem uma demanda de aproximadamente 26 mil interessados por regularização de terras, o que aumentou significativamente o volume de trabalho do Instituto".

O ator e produtor rural Marcos Palmeira gravou um vídeo em defesa das famílias que vivem no assentamento Luiz Beltrame, em Gália, no interior de São Paulo. Uma decisão judicial deu 120 dias para que famílias deixem o local, prazo que vai se encerrar em agosto.

"Eles estão assentados ali há muitos anos, trabalhando com agrofloresta. Recuperaram uma área degradada, fazendo um trabalho que é bom para todo mundo", disse Marcos Palmeira. "Anos depois surge um juiz dizendo que a terra deve voltar ao antigo dono, que é um grande produtor, um grande empresário, é tudo mundo confuso", complementa o ator.

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Segundo uma carta escrita pelo assentamento, 18 famílias de uma das duas fazendas do assentamento correm o risco de serem desalojadas. "Podemos comprovar em números e imagens que nestes cinco anos houve total reversão de uma área completamente improdutiva em de alta produtividade, por parte das famílias, mesmo sem ter tido o apoio em financiamentos por parte do Estado", diz a carta. Ao todo, o assentamento abriga 77 famílias, de acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que coordena o local.

O MST calcula, com base nas estimativas da safra de 2018, que o assentamento produziu e comercializou 10,5 toneladas de mandioca, 100 cabeças de gado, 300 toneladas de mandioca pré-cozida, 5 mil caixas de maracujá, 200 toneladas de saco de feijão orgânico, 50 mil dúzias de milho verde, 2 mil caixas de quiabo, 8 mil toneladas de manga, entre outros produtos.

Jorge Ivan Cassaro é o empresário que busca a posse da fazenda. Ele é dono de uma empresa que fabrica embalagens de plástico. Já foi candidato a deputado federal em 2014 e a prefeito de Jaú em 2016 pelo PEN - nessa última tentativa teve sua candidatura impugnada por abuso de poder econômico. Na época, ele declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de mais de R$ 20 milhões, com 10 terrenos em Jaú; três fazendas, incluindo a que está em disputa judicial; empresas; aplicações financeiras; participação em propriedade de imóveis; e uma casa.

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Nesta terça-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estreitou a relação com o Centrão e nomeou um ex-assessor do Partido Liberal (PL) para a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Pernambuco.

O Incra de Pernambuco será comandado pelo publicitário Thiago Angelus Conceição Brandão, sem aparente experiência em questões agrárias. Ele já foi presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, antes de se tornar assessor parlamentar do PL em 2019.

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Em mais um aceno ao Centrão, Bolsonaro aproveitou a mudança em Pernambuco e também mexeu em uma administração federal do Centro-Oeste. Ele nomeou Roberto Postiglione de Assis Ferreira Júnior para uma das diretorias da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).

No breve governo de Michel Temer, Roberto Postiglione exerceu o cargo de planejamento e avaliação do órgão. Na época, ele foi indicado pelo então deputado federal Alberto Fraga (DEM). O democrata avaliava uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que poderia afastar Temer do cargo.

Antes um dos principais críticos da "velha política do toma lá, da cá", a instabilidade sobre a Presidência e a pressão do Congresso pelo início do impeachment fez Jair Bolsonaro deixar de lado seu antigo viés. Após unir-se aos partidos do Centrão e entregar órgão federais aos novos aliados, a expectativa é que o processo que poderia culminar no seu afastamento seja arrefecido. 

Com a sede em São Paulo fechada desde setembro do ano passado por decisão da Justiça, a superintendência paulista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) acumula cerca de 2 mil processos de regularização fundiária atrasados. A situação prejudica de produtores rurais a pequenos assentados de áreas agrícolas.

Parte dos servidores do órgão está em casa, trabalhando remotamente, enquanto outros ocupam, provisoriamente, a sede do Fundacentro, órgão federal voltado a pesquisas sobre a segurança do trabalho, na zona oeste da cidade. No bairro de Santa Cecília, no centro, onde fica a sede, há um setor de protocolos, no térreo, que funciona até as 15h, em meio às obras de readequação do prédio. Os demais andares estão vazios.

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O Incra reconheceu o acúmulo de processos e afirmou que uma força-tarefa formada no mês passado atua para dar conta da demanda acumulada. Os 20 servidores dessa equipe estão no prédio da zona oeste da capital.

O fechamento, em setembro, foi resultado de uma ação civil apresentada à Justiça pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado de São Paulo (Sindsef-SP), que alegava falta de segurança. O prédio não contava com sistemas adequados de combate a incêndio e tinha instalações elétricas desprotegidas, com infiltrações e ambientes favoráveis à proliferação de doenças, segundo laudo anexado ao processo.

O Ministério Público se posicionou contra o fechamento da unidade, mas, diante de informações repassadas pelo Corpo de Bombeiros - que esteve no local -, a Justiça optou pelo fechamento até a realização das reformas. As obras foram iniciadas apenas em janeiro e devem terminar em abril. Foram orçadas em cerca de R$ 800 mil.

Cadastro

O Incra é o órgão responsável pela emissão do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, documento que atesta a propriedade de qualquer área fora de centros urbanos do País, cujo cadastro serve de cálculo para o Imposto Territorial Rural. "Sem o cadastro, o proprietário de terra não consegue vender sua fazenda", disse o advogado Renato Guilherme Goes, presidente da Comissão de Regularização Fundiária da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo (OAB-SP). "É grave o fechamento da sede do Incra em São Paulo", afirmou.

Produtores que precisam atestar a posse de suas terras têm de fazer o georreferenciamento da área, processo que, depois, é validado pelo Incra. Segundo o advogado, mesmo antes do fechamento, já havia morosidade no processo. "Por ausência de estrutura, isso demora", afirmou, citando carências que vão de pessoal a carros. "Em São Paulo, o atendimento já era muito ruim antes do fechamento. O atendimento não era o dia inteiro, havia dois funcionários, e, se você perguntava uma coisa, era outro, que não estava lá, quem sabia o que dizer."

O vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Francisco de Godoy Bueno, relatou um caso. "Tem um cliente meu que tem uma pequena propriedade em Barretos, que já foi vendida e ele até já recebeu parte do pagamento, mas espera, desde setembro, a emissão do certificado", afirmou Bueno.

No ano passado, o governo Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória da Regularização Fundiária, que determinou que caberá ao órgão validar os processos em que os proprietários enviam declarações sobre a posse de suas terras. Por outro lado, serviços prestados à população alvo de ações de reforma agrária deixaram de ser prestados. Isso provocou protestos de entidades ligadas à defesa da reforma agrária.

No caso dos pequenos produtores rurais, o atraso na conclusão de processos administrativos do Incra deixa cidadãos expostos à miserabilidade, de acordo com a presidente da Frente Parlamentar da Reforma Agrária da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputada Márcia Lia (PT).

"Há vários processos de reconhecimento (da posse de terras) parados", disse a deputada, citando assentamentos rurais e comunidades quilombolas.

Fila

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária afirmou que está atuando para reduzir o atraso na análise dos processos. O órgão informou que "toda demanda protocolada junto à Superintendência de São Paulo é distribuída às divisões responsáveis para tratamento e atendimento".

A assessoria de imprensa do órgão admitiu que há acúmulo de processos. "De setembro de 2019 a janeiro de 2020 trabalhamos de forma precária, devido à redução do quadro de pessoal por conta da decisão judicial", disse o Incra, referindo-se à ordem da Justiça para desocupar e reformar sua sede.

"A partir de fevereiro de 2020, foi possível estruturar força-tarefa com 20 servidores em espaço cedido pela Fundacentro. Ou seja, estamos envidando os esforços necessários para sanear o passivo existente", acrescentou. O Incra afirmou ainda que, com a força-tarefa, "esse passivo certamente estará solucionado em curto prazo".

O pedido de reintegração de posse do Centro Paulo Freire, espaço de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em Caruaru, Agreste de Pernambuco, foi suspenso na noite dessa terça-feira (15) pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Em seu despacho, o desembargador Manoel de Oliveira Erhardt defende a possibilidade de conciliação entre o Assentamento Normandia e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), autor do pedido de despejo. 

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A ordem de reintegração de posse foi emitida em setembro e deveria ser cumprida até a última quinta-feira (10), mas uma nova decisão judicial adiou por mais 30 dias o despejo, agora suspenso pelo desembargador.

Na sentença, Erhardt ressaltou que há a efetiva utilização da área comunitária do Assentamento Normandia, que gere o centro de formação, com atuação em diversas áreas de interesse social. O desembargador destacou a formação acadêmica e a produção da associação dos trabalhadores do assentamento (Atranor).

O Incra pediu a reintegração em 2008, após um desacordo envolvendo quatro famílias assentadas a respeito do uso da área. No entanto, segundo o MST, passados 11 anos, a divergência deixou de existir.

Na decisão, Erhardt alertou para a gravidade do despejo. “Há fundado perigo de produção de danos irreparáveis na imediata reintegração de posse, sendo recomendável a prévia tentativa de resolução amigável do conflito”, registrou, afirmando ainda que, “em caso de insucesso na via conciliatória”, o Incra poderá recorrer.

A área de 15 hectares onde se encontra o Centro de Formação Paulo Freire está há 20 anos sob gestão da associação de assentados de Normandia, nome da antiga Fazenda Normandia, que foi ocupada pelos trabalhadores rurais em 1º de maio de 1993.

Após um longo período de resistência, houve, em 1998, a desapropriação para fins de reforma agrária e indenização ao antigo proprietário. 

Na área, vivem 41 famílias, que têm como espaço coletivo o centro de capacitação, três agroindústrias, 52 alojamentos, salas de aula, auditório para 700 pessoas, centro comunitário, quadra esportiva, academia pública para atividades físicas, creche e refeitório.

Do Brasil de Fato

O Ministério da Agricultura nomeou mais dois novos superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), desta vez para os Estados do Pará e do Paraná. Para a unidade do Pará, foi nomeado Neil Duarte de Souza. Já no Paraná, o governo designou Walter Nerival Pozzobom para o posto. Na quinta-feira, a pasta já havia nomeado titulares para a Paraíba e para o município de Santarém (PA).

No Ministério da Saúde, também houve nomeações para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) nos Estados do Pará e de Rondônia. Celio Lopes de Araujo Junior será o superintendente estadual em Rondônia e Mauro Rodrigues Bastos, no Pará.

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As nomeações estão publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 19, que também traz a exoneração de Cláudio André Neves do cargo de superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), vinculado ao Ministério da Infraestrutura.

Nos primeiros cem dias de governo do presidente Jair Bolsonaro, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) registrou só uma ocupação de terra no País. Situação bem diferente da registrada no mesmo período de 2018, quando ocorreram 43 invasões de propriedades. O discurso de Bolsonaro pela "criminalização" de movimentos tem solapado as iniciativas de ocupação de terra. Mas não é só isso.

O movimento está mais fraco também pela falta de financiamento do setor público, feito por meio de convênios, de entidades e organizações não governamentais, algo que não ocorria nos governos do PT. Neste mês, que devia ser o marco da mobilização pelo País, os sem-terra nem sequer aparecem nos relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Os dados são usados pelo governo para antever protestos. As atividades dos sem-terra já estavam em ligeiro declínio de 2015 para cá, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e acabaram ainda mais esvaziadas neste primeiro trimestre.

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Marcado para começar na quarta-feira, o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária terá atos limitados a marchas, comercialização de produtos agrícolas e plenárias de debates. O abrandamento é uma decisão do Movimentação Sem-Terra (MST), cuja direção nacional quer evitar conflitos com forças de segurança nos Estados e com a ala mais radical dos bolsonaristas. "Temos de esperar diminuir o tensionamento das eleições", disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. "Temos de ser cautelosos."

A facilitação da posse de armas, uma das primeiras medidas de Bolsonaro, e a atuação de milícias armadas no campo preocupam os militantes. "A criminalização dos movimentos fez com que recuassem", explica a coordenadora executiva nacional da CPT, Isolete Wichinieski. "Para ter uma luta mais efetiva, você precisa ter um número maior de pessoas num local e dar segurança para elas. Há em muitos lugares milícias formadas e consórcios de fazendeiros que estão se juntando contra as comunidades."

Ela observa que a Justiça também tem sido mais rigorosa com os movimentos: "Você não pode ocupar uma terra e ficar porque ela não vai ser desapropriada, há outros mecanismos e leis". Políticos de oposição com acesso ao MST também avaliam que a inflexão dos movimentos sociais deve-se ao atual contexto repressivo, somado à poda de recursos públicos.

A única invasão de terra registrada pelo Incra nem foi promovida pelo Movimento Sem-Terra. Em janeiro, cerca de 70 integrantes da União Nacional Camponesa (UNC) permaneceram três dias na Fazenda Novo Mundo, em Itupiranga, no sudeste paraense. No governo Bolsonaro, um grupo de mulheres ligadas ao MST chegou a entrar numa fazenda do médium João de Deus, em março, na cidade goiana de Anápolis, Goiás. A invasão não entrou nas estatísticas oficiais e foi classificado pelo movimento como um ato político em protesto ao abuso sexual, crime pelo qual o líder espiritual é acusado. Numa ação anterior, em janeiro, mulheres do movimento bloquearam uma estrada de ferro da Vale próxima a Brumadinho, Minas Gerais, onde uma barragem rompeu, matando mais de 200 pessoas.

Bolsonaro é notório opositor do MST. Na campanha, o então candidato defendeu tipificar as invasões no campo como "terrorismo" e disse que os ruralistas e latifundiários deviam reagir a bala aos invasores de terra: "Invadiu, chumbo", afirmou. No seu governo, o Incra chegou a publicar memorando orientando unidades regionais a não receber entidades que não possuam personalidade jurídica, o que na prática representava o fim do diálogo com o MST. Diante da repercussão, a medida foi anulada um mês depois.

"O discurso do presidente na campanha não foi de repressão, mas de cumprir a lei", afirma o secretário especial de Assuntos Fundiários, Luiz Antonio Nabhan Garcia. Ele diz que o governo está determinado a não fazer vistorias de terras para reforma agrária que forem invadidas dois anos depois da desocupação, como estabeleceu uma Medida Provisória do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2000. "Não faremos reforma agrária na base do grito e da pressão."

O secretário afirma que o governo está "atento" a atividades do Abril Vermelho e a Justiça será logo acionada em casos de invasões de prédios públicos ou destruição de bens do Estado. "Esse governo fechou as torneiras. Não tem dinheiro para ONGs e invasores de propriedades. Não tem mais dinheiro para ser jogado na lata do lixo", diz. "Só vai ter dinheiro para quem quer trabalhar e produzir." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje (9), por meio de sua conta no Twitter, o nome do novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O nome escolhido pelo presidente foi o do general Jesus Corrêa.

“Tenho a satisfação de anunciar o General de Exército Jesus Corrêa como novo Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”, escreveu o presidente na rede social.

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Desde as mudanças promovidas pelo governo na estrutura ministerial com a Medida Provisória (MP) 870/19, o Incra, responsável por executar a reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário no país, passou ficar subordinado ao Ministério da Agricultura.

O novo presidente o Incra já ocupou as funções de comandante da 11ª Região Militar e de diretor de Controle de Efetivos e Movimentações do Exército.

CNH

O presidente também tuitou a respeito das declarações do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, de promover mudanças nos procedimentos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Entre as mudanças, estão a ampliação do prazo de validade das CNH e o fim da exigência de simuladores em autoescolas. O presidente disse que as medidas visam a reduzir a burocracia e gerar economia.

Em outra postagem no Twitter, o presidente postou um vídeo do jornalista Carlos Nascimento, do SBT. No vídeo, o jornalista comenta ter recebido uma ligação do presidente, após a fisioterapia. Nascimento afirmou que o presidente pareceu disposto e disse que pretende sair do hospital na terça-feira (12), desde que os médicos concordem.

No mesmo post, Bolsonaro mandou um abraço a todos os brasileiros, ministros, integrantes do governo e comandantes de Força. “Amanhã nos orgulharemos do que estamos fazendo hoje pelo nosso país”, escreveu.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, acolheu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou o arquivamento do inquérito que investiga o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, por suposta prática dos crimes de prevaricação ou advocacia administrativa.

"Acolho o pedido da Procuradora-Geral da República e, com fulcro no artigo 107, IV, do Código Penal, decreto a extinção da punibilidade dos crimes de prevaricação e advocacia administrativa investigados nos presentes autos, tendo em vista o decurso do prazo estabelecido no art. 109, V, c/c art. 115, ambos do Código Penal, e as penas abstratas cominadas aos tipos penais dos artigos 319 e 321 do Código Penal", escreveu Fux em sua decisão.

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O inquérito foi instaurado no início de outubro para apurar tratativas com a possível participação de Padilha para a pactuação de acordo extrajudicial celebrado com dirigentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para desapropriação do imóvel rural "Fazenda Estreito Ponte de Pedra", localizada nos municípios de Paraúna e Rio Verde (GO), com prejuízo ao erário.

Um mês depois de pedir a abertura do inquérito para investigar o ministro-chefe da Casa Civil, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao ministro-relator Luiz Fux o arquivamento do caso no início desta semana. Em seu parecer, a chefe do Ministério Público Federal diz que houve prescrição da pretensão punitiva estatal devido à idade do ministro. A solicitação de arquivamento do inquérito está em linha com o pedido feito pela defesa do ministro no final de outubro.

O prazo prescricional para os crimes de prevaricação ou advocacia administrativa, ambos com pena máxima fixada em abstrato um ano é de quatro anos. Os advogados alegaram que Padilha é maior de 70 anos, o que faz com que a pena para os dois supostos delitos caia pela metade, fixando-se em dois anos. "Considerando-se que o fato narrado teria ocorrido no dia 8 de setembro de 2016, concretizando o lapso temporal prescricional", afirmou a defesa.

"Eliseu Padilha nasceu em 23/12/1945 e, de acordo com o artigo 115 do Código Penal, o cálculo do prazo prescricional é reduzido pela metade em relação aos maiores de 70 anos", escreveu Raquel Dodge.

"Portanto, como os fatos em apuração ocorreram em oito de setembro de 2016 - data do suposto encontro reservado ocorrido no Palácio do Planalto entre o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o advogado Djalma Rezende para tratar da multicitada indenização -, mister reconhecer a ocorrência da prescrição pretensão punitiva do Estado em relação aos referidos tipos penais", concluiu.

Outro lado

Em nota, a defesa de Eliseu Padilha afirmou que a posição da PGR adotada pelo ministro-relator "demonstra o absoluto respeito aos ditames que regem nossa lei processual".

Cerca de cem famílias de trabalhadores rurais de diversas comunidades em situação de conflito no estado de Pernambuco estão ocupando nesta segunda-feira (1º) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no bairro dos Aflitos, na Zona Norte do Recife. Eles estão acompanhados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e reivindicam a desapropriação dos imóveis em que vivem há mais de setenta anos.

Segundo os ocupantes, as propriedades têm dívidas com os governos federal e estadual. Eles estariam sendo ameaçados de expulsão. Famílias residentes de engenhos de Maraial, Jaqueira e Palmares, na Zona da Mata Sul, e Moreno, no Grande Recife, fazem parte do grupo que ocupa a sede. Não há previsão para a ocupação acabar. O Incra informou que ainda nesta segunda-feira as famílias serão recebidas pelo órgão.

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O governo federal publicou no Diário Oficial da União uma resolução do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) revogando o ato normativo que previa a redução do território quilombola de Mesquita, localizado no município Cidade Ocidental, em Goiás. A entidade estudava a possibilidade de reduzir a área do quilombo de 4,2 mil para 971 hectares.

A decisão de revogar o ato foi do Conselho Diretor da autarquia, após o Ministério Público Federal ter recomendado a anulação da medida. A Procuradoria Federal de Goiás considerou que a redução do quilombo contraria os estudos antropológicos que já haviam definido a área, além de desrespeitar a Constituição Federal e ameaçar a preservação da identidade étnica da comunidade.

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O caso mobilizou lideranças de quilombos de 27 estados do país, que foram a Brasília, no Distrito Federal, para discutir o problema e apoiar a comunidade de Mesquita. O quilombo tem mais de 270 anos e abriga 785 famílias que aguardam a conclusão do processo de regularização da terra.

 

O Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segbunda-feira (20) em todo o país, em alguns estados, inclusive, com feriado, será de festa para 185 famílias da comunidade Mocambo, no município de Porto da Folha, em Sergipe.

Nesta segunda, portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, publicada no Diário Oficial da União, reconhece as famílias como pertencentes ao Território Quilombola Mocambo.

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De acordo com a portaria, o reconhecimento permite que elas tenham acesso às políticas do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), que prevê “melhor distribuição de terra mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável, aumento de produção e promoção social, conforme preconiza o PNRA”.

Após um dia de negociação, os membros de movimentos sociais que ocupam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foram avisados na noite dessa segunda-feira (22) pela Justiça que uma reintegração de posse deve ocorrer na manhã desta terça-feira (23). Para o Incra, os manifestantes decidiram suspender as negociações após o não cumprimento de uma das reivindicações, que não depende exclusivamente do órgão. Já os ocupantes do prédio em Brasília reclamam que nenhuma das demandas acertadas há 40 dias entre os dois lados foi cumprida.

Coordenador de comunicação da União Nacional Camponesa, Júlio César Chaves, argumenta que se o mandado de reintegração de posse for cumprido, haverá um “massacre” no local, que contém, segundo ele, cerca de 600 pessoas, “a maioria mulheres e crianças”, provenientes de 17 estados.

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“As pessoas que vieram a Brasília não vieram para brincar de acampar. Viemos por uma demanda que há muito tempo vêm prometendo e não cumprem. Viemos buscar uma resposta para o que a gente precisa. Teve uma reunião, mas não conseguimos avançar. Eles disseram que não conseguem atender à nossa demanda. No mandado está escrito que, se não abrirmos, é para quebrar a porta, então vai ter massacre porque as famílias não vão desocupar o prédio”, disse.

Incra

O ouvidor Agrário Nacional do Incra, Jorge Tadeu Jatobá, disse que, até que as pautas sejam atendidas, é necessário que os manifestantes deixem as instalações. Segundo ele, dos 12 pontos discutidos durante o dia de hoje, um foi considerado prioritário por eles: a participação do Incra no leilão de uma fazenda em Bauru (SP), na quinta-feira (25). O ouvidor disse que o Incra se comprometeu a apresentar uma proposta à Comarca de Bauru ainda nesta terça-feira (23) sobre o assunto.

“Durante todo o dia, a conversa com os líderes do movimento foi num tom bastante cordial. Eles com as reivindicações e nós com as nossas posições, num clima de bastante respeito e cordialidade. Eu não vejo porque transformar o fato da reintegração de posse, que é uma medida de praxe, que atinge a todos os movimentos sociais, num cenário de guerra. Não há discriminação quanto a este ou aquele movimento. [Não há porquê] por conta desta questão, vetar toda a pauta do movimento”, defendeu Jatobá.

Por volta das 22h30 dessa segunda, uma viatura da Polícia Militar permanecia no lado externo do prédio, distante dos manifestantes. De acordo com informações repassadas por pessoas que tiveram acesso à visita do oficial de Justiça, porém, os efetivos da PM e da Polícia Federal não vão comparecer ao local antes do dia amanhecer.

A reintegração ocorreria por volta das 12h. Em clima de aparente tranquilidade, os onze andares do prédio estão ocupados. No térreo, há cartazes pedindo Reforma Agrária. Participam da ocupação o Movimento Sem Terra Brasileiro (MSTB), a União Nacional Camponesa (UNC) e a Frente Revolucionária Mulheres de Luta (FRML).

Reivindicações

De acordo com o ouvidor do Incra, a maioria das demandas envolvem a obtenção de terras, que são os processos mais lentos do órgão, devido às inúmeras dificuldades e burocracias. “Não tem condições de dar resposta em menos de 60 dias a processos que são de uma natureza demorada”, disse. Segundo ele, após a reunião do último dia 12 de abril, que teve representantes de 15 superintendências, as unidades regionais passaram a elaborar planos de trabalho para atender às reivindicações.

Segundo os manifestantes, os movimentos não foram avisados sobre o andamento das demandas, em especial a do leilão em Bauru, que é a mais emergencial. Segundo Chaves, nenhum dos 151 itens acordados há mais de um mês, como vistoria de terras e entrega de cestas básicas, foi atendido. “Eles afirmaram que iam fazer parte desse leilão. E não fizeram. A gente ficou sabendo só hoje que eles não tinham feito a ação, porque a gente provocou. É aquela história: o [Incra] nacional jogou para [a unidade de] São Paulo e São Paulo jogou para cá. Essas famílias estão acampadas há mais de três anos na fazenda, esperando [alguma providência]”, disse.

O ouvidor explica que o Incra não conseguiu, nesse período, cumprir todos os requisitos para que a Justiça aceite a participação do órgão no leilão e informou que o superintendente regional de São Paulo, Alexandre Pereira da Silva, deve se reunir nesta terça-feira (23) com a juíza da Comarca de Bauru, para discutir o assunto.

De acordo com o representante da UNC, os movimentos podem aceitar a desocupação pacífica do prédio caso o encontro ocorra e o Incra participe do leilão. Enquanto isso, o mandado prevê o pagamento de multa a cada hora que a ação não for cumprida.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da União Nacional Camponesa (UNC) e da Frente Revolucionária Mulheres em Luta ocuparam, na madrugada hoje (22), o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Brasília.

De acordo com os organizadores, 650 pessoas participam do ato. O Incra informou que 200 trabalhadores participaram do ato. A Polícia Militar não informou o número de manifestantes. Desde as 11h, o grupo e representantes do Incra estão em negociação. O acesso ao prédio do instituto está bloqueado.

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Os manifestantes pedem intervenção imediata do governo no combate aos conflitos agrários. “Pela vida, a questão que o Incra entende como conflito agrário, para nós é massacre, morte, estupro, abuso contra mulher, criança, idoso dentro dos acampamentos que a gente tem no Brasil",  disse o líder da UNC, Júlio César Chaves. 

Uma das regiões mais críticas, conforme Chaves, é o estado do Pará, onde oito trabalhadores foram mortos este ano em acampamentos. No estado, Chaves disse que há ação de milícias e grande número de crimes de pistolagem. “Está virando um caso tão rotineiro que os outros estados estão sofrendo a mesma situação. Daqui a pouco, a gente está com um Brasil sangrento.”

O grupo argumenta ainda que o Incra não está cumprindo 191 itens acertados dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Com o acordo, os trabalhadores informaram que poderiam obter cestas básicas, lona, impressoras,  carros-pipas por meio de recursos distribuídos pelas superintendências regionais. “Esses recursos não chegam há anos e, se chegam, não vão até eles [os trabalhadores]”, disse Júlio Chaves.

O prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Brasília foi ocupado por manifestantes da União Camponesa e do Movimento Brasileiro Sem-Terra (MBST), na madrugada desta segunda-feira (22). Conforme o 3º Batalhão de Polícia Militar da capital federal, um grupo de cerca de 70 pessoas chegou ao local por volta das 3h e aproveitou um momento de distração de vigilantes para entrar no edifício. Eles chegaram à cidade em ônibus fretados.

A PM monitora a área, mas ressalta que a segurança do prédio do governo é de responsabilidade da Polícia Federal (PF). Não há registro de depredação no local. Os manifestantes alegam que querem ser recebidos por um representante do Incra para tratar da desapropriação de áreas para reforma agrária. A reportagem não havia conseguido, até às 7h30, contato com a assessoria de comunicação do Incra e nem com as entidades de trabalhadores rurais.

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