Tópicos | influencers digitais

Pandemia, sustentabilidade, custos e poluição. Esses são alguns dos pontos discutidos sobre a ascensão de personalidades criadas para existirem apenas no mundo virtual. Com o avanço do coronavírus, essa ideia que já havia sido implantada ganha ainda mais força e impulso com o surgimento de novas necessidades. Ainda assim, se engana quem acha que este tópico é novo, como explica o professor Higor Gonçalves, especialista em gestão estratégica de marketing. Ele afirma que esse tipo de aplicação da Inteligência Artificial não se encontra no processo inicial.

"A adoção de influenciadores virtuais, criados via Inteligência Artificial, tem se tornado uma tática há alguns anos de marcas e empresas para atrair e para engajar o público, sobretudo por um motivo: ter o controle total sobre a imagem e sobre o relacionamento entre esses perfis e as suas bases de seguidores. Influenciadores digitais 'de carne e osso' têm um passado, que pode ser trazido à tona a qualquer momento: um post feito há alguns anos, por exemplo, pode ser 'ressuscitado' para expor incoerências e contradições’’, explica.

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Acompanhando os novos tempos, empresas de variados segmentos vêm apostando cada vez mais na inteligência artificial para racionalizar custos, agilizar processos de atendimento e aprimorar a interação com os clientes.

"O desenvolvimento da tecnologia tornará esses sistemas cada vez mais inteligentes. Um estudo elaborado pela agência de marketing digital iProspect constatou que, no Brasil, 49% dos usuários de smartphones já utilizam assistentes de voz. Empresas nacionais como Magazine Luiza e Bradesco, por exemplo, além, claro, de gigantes mundiais como  Google, Amazon e Apple, passaram a implementar assistentes virtuais cada vez mais eficientes, atendidos por vozes suaves, bem-humoradas, que jamais se zangam e estão sempre prontas para resolver as mais variadas dificuldades dos clientes. Tudo isso de forma sustentável’’, afirma.

Durante a pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também lançou seu avatar. Desde junho, Florence, a primeira trabalhadora da saúde virtual da OMS, esclarece mitos sobre a Covid-19 e ajuda internautas a parar de fumar – e pode, inclusive, montar um plano personalizado de combate ao vício.

Sobre a possibilidade já existente de os agentes virtuais invadirem áreas que ultrapassam o entretenimento, Higor comenta que "influenciadores virtuais despertam a curiosidade e sempre atraem algum interesse. São uma tendência instalada e que extrapola, inclusive, a indústria do entretenimento: a empresa Soul Machines, dos Estados Unidos, criou professores virtuais para interagir com alunos antes da pandemia. Já a companhia estatal chinesa Xinhua concebeu uma apresentadora de telejornal inteiramente digital. São dois exemplos concretos, dentre muitos outros. No entanto, não acredito que irão desbancar os influenciadores 'reais'. Pessoas são atraídas por pessoas. Somente um influencer humano, por exemplo, tem a capacidade de fazer recomendações par-a-par. No entanto, em virtude dos protocolos de distanciamento e isolamento social recomendados pelas autoridades da área saúde, penso que mais indivíduos têm buscado alternativas domésticas para o lazer. Nesse sentido, os influenciadores virtuais, criados via Inteligência Artificial, vêm proporcionando formas sedutoras de divertimento para quem está quarentenado e busca entretenimento, distração ou até mesmo interação social remota", analisa.

Através de pensamentos conspiratórios que automaticamente invadem a mente sobre influências de referências hi-tech, onde a criatura se vira contra o criador, o especialista discorre sobre a coexistência de um mundo real junto ao virtual, do qual, já ganha forma, e finaliza questionando: "o que é real num mundo instagramável? Eis aí um ótimo debate: é possível afirmar, por exemplo, que a foto de uma pessoa de carne e osso, alterada por meio de filtros, softwares ou aplicativos de tratamento de imagens, é real? Alexis Ohanian, cofundador do Reddit, tem uma frase excelente: ele diz que as mídias sociais têm sido dominadas por 'seres humanos reais sendo falsos'. Estou apenas fazendo uma provocação. O fato é que o real e o virtual coexistem. Online e offline não são mais aspectos distintos. São complementares. O mundo é all-line. Ou seja: on e off ao mesmo tempo. Tudo junto e misturado. Vivemos a era multitela e os meios não podem mais serem vistos de modo separado. As pessoas assistem TV, por exemplo, conectadas ao mesmo tempo às suas mídias sociais. Eis aí apenas um exemplo, dentre inúmeros outros, da coexistência", pondera. 

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