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Camponeses registraram Boletim de Ocorrência na Delegacia de Jaqueira. (CPT/Cortesia)

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Por volta das 9h desta quinta (22), os moradores da comunidade de Barro Branco, localizada na cidade de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, foram surpreendidos pela invasão de 14 homens encapuzados às áreas de plantação em que trabalham, disparando tiros e ameaçando os camponeses. Os trabalhadores afirmam que o grupo é composto pela segurança privada da Agropecuária Mata Sul S/A, com a qual vivem em situação de conflito fundiário.

“Teve rifle, revólver e cachorro na frente. A gente correu, por isso não conseguiram pegar. Eles estavam atirando, ninguém sabe se era pra cima, tiro para tudo quanto é lado. Só tinha oito cidadãos plantando, as donas de casa em casa. Eles chamaram a gente de ‘veado’, ladrão’ e as mulheres de ‘arrombadas’. Disseram que iriam voltar, queimar tudo e atirar na cara da gente, para ninguém reconhecer”, relata um dos agricultores que testemunharam a ação.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que presta auxílio à comunidade, os seguranças chegaram a apontar armas para a cabeça e para o tórax de alguns trabalhadores, que plantavam milho e feijão no entorno de suas casas. Apesar disso, ninguém ficou ferido. Após o ocorrido, os moradores da comunidade também observaram a presença de drones fotografando e vigiando os quintais de suas residências.

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Boletim de Ocorrência

Um grupo de cerca de vinte agricultores de Barro Branco registrou o caso em Boletim de Ocorrência, na Delegacia de Jaqueira. Secretaria de Defesa Social (SDS), Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos e Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PEPDDH) já tinham sido notificados sobre as investidas da Agropecuária Mata Sul S/A contra os trabalhadores. À CPT, foi informado que uma equipe composta por integrantes da ouvidoria da SDS e do PEPDDH realizará uma visita à comunidade na próxima sexta (23), para apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis.

Conflito

Em 2017, a empresa Negócio Imobiliária S/A- que posteriormente mudou seu nome para Agropecuária Mata Sul S/A- tornou-se cessionária de arrendamento de parte da desativada Usina Frei Caneca. A área compreende cinco mil hectares, que correspondem a 60% de todo o município de Jaqueira. Neste perímetro, vivem cerca de 1.200 famílias camponesas, distribuídas nas comunidades rurais de Caixa D’água, Barro Branco, Laranjeira, Fervedouro, Várzea Velha, dentre outras. Esta população vive no local há pelo menos 70 anos e reivindica a regularização de suas posses junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo camponeses, Guilherme Petribú já circulou pelas terras, apresentando-se como dono da empresa arrendatária. (Cortesia)

Segundo os trabalhadores, o empresário Guilherme Cavalcanti Petribú Albuquerque se intitula dono da Agropecuária Mata Sul S/A. Membro de uma tradicional família do estado, Guilherme é irmão de Marcello Maranhão (PSB), prefeito de Ribeirão, vizinha a Jaqueira. Desde a chegada da empresa na região, as comunidades que vivem nas áreas arrendadas denunciam uma série de violações, a exemplo de atropelamentos de camponeses, chuvas de agrotóxicos sobre as lavouras, vigilância constante com drones, emboscadas à mão armada, destruição de fontes d'água, ameaças e perseguições, além de esbulho de suas posses, por meio do cercamento das terras. Em agosto do ano passado, passou a circular uma lista com os nomes de dez camponeses marcados para morrer.

O LeiaJá apurou, por meio de consulta à Certidão Narrativa de Débitos Fiscais da empresa que deve R$ 62.522.544,58 à Fazenda Estadual. Já junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 6 Região (TRT6), foi possível constatar que a empresa está envolvida em 121 ações trabalhistas. Assessores jurídicos da CPT informam que existe ainda uma dívida com o governo federal, de mais de R$ 92 milhões. Assim, camponeses reivindicam a desapropriação das terras. 

A reportagem já havia levado esta demanda para o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), que garantiu que a dívida da usina com o Estado está sendo cobrada pelo Governo de Pernambuco, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), a partir de 16 ações de execução fiscal, as quais tramitam na Justiça. O Instituto informa que os processos são físicos e que já há, inclusive, penhora de engenhos para possibilitar o pagamento da dívida.

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Na última terça (6), suspeitos invadiram uma loja, um açougue e os Correios do distrito de Mimoso, localizado na cidade de Pesqueira, no agreste pernambucano. Segundo a Polícia Militar, os bandidos chegaram aos estabelecimentos em um veículos e arrombaram os cadeados dos estabelecimentos invadidos.

Aos policiais, testemunhas informaram que os suspeitos estavam armados e fizeram barulho durante os roubos. Comerciantes locais registraram boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Pesqueira.

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Na madrugada da última sexta (7), criminosos invadiram a Escola Estadual Indígena Marechal Rondon, localizada no aldeamento do povo fulni-ô, em Águas Belas, no agreste de Pernambuco. Além de atear fogo na escola e em seu patrimônio, incluindo materiais didáticos, eles deixaram mensagens ofensivas nas paredes, a exemplo dos dizeres: “vão ‘tudo’ tomar no c*”.

Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que um boletim de ocorrência foi registrado no sábado (8), na Delegacia de Águas Belas. A instituição instaurou um inquérito e investiga o caso.

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Em um vídeo que circula na internet, é possível observar mesas e armários revirados, bem como uma fogueira formada pelo patrimônio da escola. Os fulni-ô destacam-se por ser o único povo indígena do nordeste brasileiro que conservou seu idioma próprio vivo, o Yaathe. Na unidade educacional vandalizada, as crianças da comunidade tinham o aprendizado da língua como rotina.

O deputado federal Daniel Silveira e o estadual Rodrigo Amorim entraram no Colégio Pedro II sem autorização e fizeram imagens de alunos e trabalhos escolares tidos pelos parlamentares como “produção de militância esquerdista” Sem autorização, os deputados Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, ambos membros do Partido Social Liberal (PSL), entraram no Campus São Cristóvão do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, instituição de natureza federal, para fazer o que chamaram de “vistoria”.

A ação criou confusão com a reitoria e motivou protestos e vaias dos alunos, que aparecem em um vídeo gritando palavras de ordem: “Por Marielle, quero justiça, não aceitamos deputado da milícia”. Os deputados são conhecidos por terem depredado uma placa com os dizeres “Rua Marielle Franco”, feita em homenagem à vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), assassinada no dia 14 de março de 2018. 

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Embora tenha chamado a Polícia Federal, a reitoria da escola ainda acompanhou os deputados em uma caminhada pela escola. Silveira e Amorim fotografaram e filmaram trabalhos escolares que consideraram “produção de militância esquerdista”, além de terem produzido imagens expondo os rostos dos estudantes que protestavam.

Em um vídeo publicado nas redes sociais do próprio deputado Daniel Silveira, o professor Oscar Halac, reitor do Colégio Pedro II reforça que a visita não pode ser feita sem aviso prévio se o gestor da instituição não está sob sindicância e afirma que levará o caso à Justiça Federal. “Todos os parlamentares serão sempre muito bem recebidos aqui no Colégio Pedro II e todos que vierem com uma segunda intenção de tentar achar aqui algum motivo para minorar a ação pedagógica e didática do estatuto do Colégio Pedro II irão sair daqui com a certeza de que tudo isso não passa de um movimento. Esse sim de hostilidade contra a maior e melhor escola pública da América Latina”, comenta Halac.

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Deputados da oposição usaram as redes sociais para manifestar apoio ao Colégio Pedro II e criticar a ação dos governistas. “Dois deputados que ficaram conhecidos por quebrar a placa em homenagem a Marielle invadiram o Colégio Pedro II para "fiscalizar" se havia algo com conteúdo político ali. Felizmente, a reação de estudantes e professores foi exemplar em rechaçar esse absurdo”, publicou a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol).

Em seu twitter, Daniel Silveira tentou justificar a ação: “Segundo o ‘campeoníssimo’ reitor, não podemos vistoriar SEM AVISAR. Acho que ele TEME que venhamos a intervir no seu conteúdo de produção de militância esquerdista”, comentou, marcando ainda o Ministro da Educação, Abraham Weintraub na publicação.

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