Tópicos | Jaider Esbell

O artista plástico Jaider Esbell, um dos exponentes da arte indígena contemporânea e cujas obras estão em exposição na Bienal de São Paulo, foi encontrado morto nesta terça-feira (2) em sua residência na capital paulista, informaram as autoridades.

A surpreendente morte de Esbell, de 41 anos, foi confirmada por distintas fontes, entre elas o governo do estado de Roraima, sua terra natal. No entanto, a causa do falecimento não foi revelada.

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O artista, que pertencia à etnia makuxi, assentada na reserva indígena Raposa Serra do Sol, também se destacava como escritor, ativista e educador.

"Com clareza e generosidade, [Jaider Esbell] tornou-se um dos principais porta-vozes dos artistas de povos originários, estabelecendo pontes e trocando saberes com o circuito institucional da arte contemporânea", diz um comunicado dos organizadores da Bienal de São Paulo.

Uma obra de Esbell intitulada "Entidades", duas esculturas infláveis em forma de serpentes, está à mostra em um dos lagos do Parque Ibirapuera, junto ao edifício onde acontece a Bienal, que ficará em cartaz até 5 de dezembro.

Outras duas obras de sua autoria, "Carta ao Velho Mundo" (2018-2019) e "Na Terra Sem Males" (2021), foram adquiridas no fim de outubro pelo Centro Georges Pompidou, em Paris, na França.

"Minha melhor obra é política, não esses desenhos coloridos, nem a cobra dentro do lago; estes são elementos para atrair a atenção para discutir questões como o aquecimento global e a urgência ecológica", disse Esbell à AFP em setembro, durante a abertura da Bienal.

Ganhador do prêmio PIPA em 2016, um dos mais importantes da arte contemporânea brasileira, Esbell lutava por justiça social e pela visibilidade dos povos originários da Amazônia, ameaçados por invasões e pela extração ilegal de seus recursos.

Francesco Stocchi, curador italiano da Bienal, destacou para a AFP o "compromisso" das obras de Esbell e considerou sua morte "completamente inesperada, especialmente considerando o seu temperamento e a sua posição como catalizador de energias".

Aos 18 anos, Esbell deixou sua aldeia e se mudou para Boa Vista, a capital de Roraima. O artista trabalhava, durante o dia, como funcionário da estatal Eletrobras e, durante a noite, em uma biblioteca pública. Com o tempo, seus trabalhos no mundo da cultura foram se consolidando, sobretudo a partir de 2013, quando se tornou uma referência da arte indígena contemporânea.

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