Tópicos | James Peebles

James Peebles ganhou o Prêmio Nobel de Física deste ano por ajudar a transformar o campo da cosmologia em uma ciência respeitada, mas se há um termo que ele odeia ouvir, é a "Teoria do Big Bang".

A principal explicação para o universo em seus primeiros períodos é dominante há décadas, com o trabalho inicial de Peebles que investigou a radiação cósmica de fundo ajudando a cimentar muitos dos detalhes.

Mas "a primeira coisa a entender sobre o meu campo é que o nome dele, Teoria do Big Bang, é bastante inapropriado", disse Peebles, de 84 anos, em um evento de homenagem aos vencedores do Prêmio Nobel dos EUA na Embaixada da Suécia em Washington na quarta-feira.

"Isso conota a noção de um evento e uma posição, os quais estão completamente errados", continuou, acrescentando que não há evidências concretas de uma explosão gigante.

O comitê do Nobel, no mês passado, homenageou Peebles por seu trabalho desde meados da década de 1960, que desenvolveu o atual quadro teórico predominante para o jovem universo.

Mas ele é cuidadoso ao notar que não sabe sobre o "começo".

"É muito lamentável que se pense no começo, quando, na verdade, não temos nenhuma boa teoria de algo como o começo", disse à AFP em entrevista.

Por outro lado, temos uma "bem testada teoria da evolução de um estado inicial" para o estado atual, começando com "os primeiros segundos de expansão" - literalmente os primeiros segundos de tempo, que deixaram assinaturas cosmológicas denominadas "fósseis".

Fósseis na paleontologia são os restos preservados de seres vivos de épocas geológicas anteriores. Os fósseis cosmológicos mais antigos são a criação do hélio e de outras partículas como resultado da nucleossíntese, quando o universo estava muito quente e muito denso.

Essas teorias são bem fundamentadas devido à preponderância de evidências e verificações, ao contrário das teorias da fase misteriosa anterior.

"Não temos uma prova forte do que aconteceu antes", disse Peebles, professor emérito de Princeton. "Temos teorias, mas não testadas".

- "Eu desisto" -

"Teorias e ideias são maravilhosas, mas para mim elas se estabelecem ao passar nos testes", continuou. "Teorias, é claro, qualquer físico brilhante pode inventar teorias. Elas podem não ter nada a ver com a realidade".

"Você descobre quais teorias estão próximas da realidade comparando-as com as experiências. Nós simplesmente não temos evidências experimentais do que aconteceu antes".

Uma dessas teorias é conhecida como "modelo da inflação", que sustenta que o universo primitivo se expandiu exponencialmente por uma minúscula fração de segundo antes da fase de expansão.

"É uma bela teoria", disse Peebles. "Muitas pessoas pensam que é tão bonita que certamente está certa. Mas a evidência disso é muito escassa".

Perguntado sobre qual termo ele preferiria ao "Big Bang", Peebles responde: "Desisti, uso Big Bang, não gosto".

"Mas, durante anos, alguns de nós tentaram convencer a comunidade a encontrar um termo melhor, sem sucesso. Então é 'Big Bang'. É lamentável, mas todos sabem esse nome. Então eu desisto".

Os estudos no campo do Cosmos de James Peebles, por um lado, e de Michel Mayor e Didier Queloz, por outro, foram premiados nesta terça-feira (8), em Estocolmo com o do Nobel da Física. Eles dividirão o prêmio equivalente a R$ 3,72 milhões. Peebles é canadense e os outros dois cientistas nasceram na Suíça.

Phillip James Edwin Peebles é um físico de 84 anos. Nascido no Canadá, tem também nacionalidade norte-americana. Michel Mayor é um astrônomo suíço de 77 anos. Em 1995, descobriu o primeiro planeta extra-solar, o 51 Pegasi.

##RECOMENDA##

Didier Queloz, que descobriu com Michel Mayor o Pegasi, tem 53 anos. Os astrônomos usaram o método de velocidade radial no Observatório de Genebra. Foi essa descoberta que deu aos três o Nobel de Física.

Nobel de Medicina sai para dois americanos e um inglês

O Prêmio Nobel de Medicina de 2019 foi concedido aos cientistas William G. Kaelin Jr., Sir Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza “pelas suas descobertas de como as células sentem e se adaptam à disponibilidade de oxigênio”. O anúncio foi feito ontem (7) em Estocolmo, na Suécia.

Na página oficial do Twitter, a organização do Nobel anuncia os três vencedores com um trabalho que “revela os mecanismos moleculares que demonstram como as células se adaptam às variações no fornecimento de oxigênio”.

Os vencedores são dois norte-americanos e um inglês. William Kaelin, nascido em 1957, em Nova Iorque, é especialista em medicina interna e oncologia. Gregg Semenza, também nascido em Nova Iorque, em 1955, é pediatra e o britânico Peter Ratcliffe, nascido em Lacashirem, em 1954, é perito em nefrologia.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando