Tópicos | John Galliano; designer; moda; Dior

Hoje (29) o designer de moda britânico  John Galliano, completa 62 anos de idade. Durante anos ele foi o responsável pelas criações da grife francesa Dior.  Ele compartilha muita semelhança com Christian Dior (1905-1957), pois ambos têm estilos românticos obstinados, um respeito profundo pela história e apreciam as possibilidades criativas da alta costura. 

Filho  de ai gibraltino e de uma mãe espanhola, John Galliano foi criado humildemente no sul de Londres. Antes de trabalhar na Dior, trabalhou na Givenchy alguns meses. Na época, era a primeira vez que um designer britânico possuía a direção de uma casa de alta-costura francesa.

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Desde a primeira coleção de Dior, em 1946, a etiqueta passou a ser conhecida por sua feminilidade e luxo simplificado. No entanto, esses elementos pouco conversavam com um estilista formado pelas criações da moda britânica, apesar de algumas similaridades, então, não muito visíveis. Ao iniciar uma das reformulações de marca mais radicais na história da moda, Galliano levou ao limite o respeito aos códigos exigidos pelas grandes etiquetas de luxo. Os elementos ainda estavam ali, só que reformulados, posicionados de cabeça para baixo. A icônica Bar Jacket, por exemplo, parte importante do arquivo de Dior, foi mantida engenhosamente temporada após temporada, em novas interpretações.  

Enquanto desenvolvia alguns dos maiores sucessos comerciais da década, Galliano empurrava proporções vaidosas. Com o seu prazer em subverter o romantismo com perversidade, o estilista quebrou os padrões da Dior, com grandes ideias e orçamentos ainda maiores. Os desfiles do britânico eram espetáculos ou experiências teatrais imersivas. Em sua primeira temporada de alta-costura, em 1997, o estilista apresentou uma coleção unissex, algo que hoje é chover no molhado, mas para a época foi uma grande inovação.

Embora as roupas nunca perdessem o primor, era sua criatividade combinada às habilidades dos ateliês da Dior. John não passava impune aos olhos dos críticos de moda, tanto que, na temporada de 2007, ele recebeu muitas críticas negativas, mas entre 1998 e 2005, as receitas de moda da Dior triplicaram, porque ele sabia de seus números de vendas.  

O processo criativo incluia, a cada temporada, viagens. Referenciar diferentes culturas e se aprofundar na história modificou as lentes de Galliano em relação à moda, resultando em apresentações geniais, às vezes problemáticas 20 anos depois. Ele desempenhava o papel de designer extravagante com entusiasmo. Suas aparições no fim dos desfiles eram muito aguardadas. Porém, em 2011, Galliano foi demitido da Dior, após a publicação de um vídeo em que aparecia, aparentemente, alcoolizado, proferindo dizeres racistas e antissemitas.

A sua saída marcou o fim de uma era não apenas para a marca, onde ele atuou desde 1996, mas também para a indústria como um todo. Após a polêmica, o grupo LVMH elegeu Raf Simons como sucessor. Depois, foi a vez de Maria Grazia Chiuri, primeira diretora criativa mulher da casa. 

A Dior reconhece a contribuição de Galliano e faz referências aos seus designs mais marcantes, como a estampa de jornais que apareceram no verão 2020 de Kim Jones e os novos modelos de bolsas Saddle. Após sua recuperação, retornou à moda. Seu trabalho na Dior, porém, continua como uma era controversa e impecável na história da moda. É porque ele foi o responsável por algumas das maiores campanhas, momentos e espetáculos que a moda já viu – e que, desde então, poucos se repetiram. Cada um de seus grandes feitos à frente da grife está devidamente ilustrado na nova publicação, em 2022. Seja o vestido de cetim azul, usado pela princesa Diana (1961-1997) no MET Gala de 1996 ou a icônica Saddle Bag, lançado em 1999. Lançamentos como estes comprovam que não se mensura uma era memorável até que ela se vá.  

Não que John Galliano não tenha sido reconhecido anos atrás, mas o olhar de fora, alguns anos depois, confere aos fatos toda uma outra camada de relevância. É constatar que aquele é um momento que não tem mais volta, embora ilustre que faria sentido no mercado de agora. O que resta dessas provocações são os looks inusitados – provavelmente usados por Kate Moss e Naomi Campbell – em constantes lembranças nas passarelas. Inusitados assim como a própria entrada do estilista da Dior.

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