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A Lava Jato deflagrou uma nova operação, na manhã desta terça-feira (9), para investigar repasses financeiros firmados a partir de contratos de telefonia e internet. De acordo com um documento do MPF, esse repasse, de R$ 132 milhões, foi realizado pelo grupo Oi/Telemar para empresas do grupo Gamecorp/Gol, que tem o Fábio Luis Lula da Silva, mais conhecido como Lulinha, como um dos controladores. 

Fábio é filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além dele, também controlam a Gamecorp/Gol Kalil Bittar, Fernando Bittar e Jonas Suassuna.

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Articulada em cooperação com o Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, a operação foi batizada de Mapa da Mina em referência a uma planilha descoberta durante a 24ª fase da Lava Jato, a Aletheia, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado, por autoridades, para depor, em condução coercitiva. No arquivo eletrônico, constariam indícios sobre as fontes de recursos da empresa de maior porte investigada.

Segundo informações do MPF, os pagamentos teriam sido efetuados "sem justificativa econômica plausível" entre 2004 e 2006. Na época, Lula era presidente e o grupo Oi/Telemar teria sido beneficiado por atos do governo.

Em documento encaminhado para a imprensa, o MPF observa que "evidências apontam que parte dos recursos foi utilizada para a aquisição do sítio de Atibaia no interesse do ex-Presidente Lula", mas não detalha quais evidências seriam essas. 

As investigações apontam que as empresas do grupo Gamecorp/Gol não possuíam mão de obra e ativos compatíveis com a efetiva prestação dos serviços para os quais foram contratadas pela Oi/Telemar.

O MPF também observa que “provas documentais colhidas, como contratos e notas fiscais, além de dados extraídos a partir do afastamento dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, indicam que as empresas do grupo Oi/Telemar investiram e contrataram o grupo Gamecorp/Gol sem a cotação de preços com outros fornecedores, fizeram pagamentos acima dos valores contratados e praticados no mercado, assim como realizaram pagamentos por serviços não executados”.

E destaca que um e-mail apreendido no curso das investigações, recebido por Fábio Luis Lula da Silva, Fernando Bittar e Jonas Suassuna do Diretor de Publicidade da Gamecorp, no qual é apresentado o resultado da empresa “nos últimos 12 meses” com a ressalva de que teriam sido “expurgados os números da Brasil Telecom [grupo Oi] que por ser uma verba política poderia distorcer os resultados”. Entre 2005 e 2016 o grupo Oi/Telemar foi responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp.

O Ministério Público ainda argumenta que “recaem suspeitas sobre repasses efetuados pelo grupo Oi/Telemar para a empresa R.T Serviços Especializados, a qual foi utilizada para o custeio de diversas despesas do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e de pessoas a ele relacionadas. Evidências apontam que José Dirceu também participou ativamente de interlocuções em favor do grupo Oi/Telemar com o Governo Federal”.

Os advogados de Jonas Leite Suassuna Filho, um dos alvos da 24ª etapa da Operação Lava Jato, protestaram na manhã desta sexta-feira, 4, contra o mandado de busca e apreensão cumprido na casa do empresário e na sede do Grupo Gol, que reúne editoras de material impresso e virtual, tecnologia da informação e criação de aplicativos.

Suassuna é um dos proprietários do sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Nos causou perplexidade e indignação a deslealdade processual do Ministério Público. Havia um depoimento (de Suassuna) agendado para ontem (quinta-feira, 3) que foi desmarcado na véspera pelo Ministério Público. Outro depoimento, marcado para a semana anterior, também foi desmarcado. Nós já franqueamos os sigilos (bancário, fiscal e telefônico do empresário), o que reafirmamos na quarta-feira. E agora ele é vítima desta medida coercitiva", afirmou Bergher sobre o mandado de busca e apreensão.

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Sócio de Bergher, o advogado Raphael Mattos disse que toda a documentação sobre o sítio já estava separada por Suassuna e seria levada ao Ministério Público Federal em Curitiba, onde o empresário seria ouvido. "Nós iríamos ontem (quinta) de manhã para Curitiba com toda a documentação que comprova a propriedade do sítio e os investimentos feitos na propriedade", afirmou.

Bergher e Mattos negaram que houvesse mandado de condução coercitiva de Jonas Suassuna. "Não houve esse mandado, estamos à disposição há mais de duas semanas", afirmou Bergher.

Segundo os advogados, Suassuna recebeu os agentes da Polícia Federal em casa, na manhã desta sexta-feira, 4. A Polícia Federal e o Ministério Público apuram se Lula é proprietário oculto do sítio e também investigam obras feitas no local por empreiteiras que têm contrato com a União.

O ex-presidente nega ser dono do sítio e diz que a compra foi uma "surpresa" de um grupo de amigos para que ele pudesse desfrutar da propriedade depois de que deixasse a presidência da República.

Agentes da Polícia Federal e da Receita Federal apreenderam telefones celulares, tablets e HDs de computadores pessoais de Suassuna e de sua mulher, Claudia Bueri, no apartamento onde o casal vive, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

O advogado Mauro Gomes de Mattos, que também atua na defesa do empresário, estranhou que objetos de Claudia tenham sido levados. Segundo ele, a mulher de Suassuna não era alvo do mandado de busca e apreensão. Dois carros, um da Polícia Federal e outro da Receita Federal, chegaram ao condomínio por volta as 6h desta sexta-feira e saíram em torno de 8h30.

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