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O juiz federal Sérgio Moro condenou nesta sexta-feira, 20, o operador de propinas do PMDB Jorge Luz a 13 anos e oito meses de prisão pelos crimes de corrupção e de lavagem na Operação Lava Jato. O magistrado imputou lavagem de dinheiro a Bruno Luz, filho de Jorge, e seis anos e oito meses de reclusão.

Na sentença, Moro mandou prender o ex-gerente executivo da área Internacional da estatal Luis Carlos Moreira - alvo de nova operação da PF nesta sexta.

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A denúncia do Ministério Público Federal, do Paraná, apontou que pai e filho "atuaram como representantes dos interesses de parlamentares e funcionários públicos da Petrobrás corrompidos para recebimento de propina em contratos de aquisição e operação de navios-sonda da Área Internacional" da estatal. Segundo a acusação, houve propina de US$ 15 milhões, no contrato celebrado entre a Petrobrás e a Samsung Heavy Industries em 14 de julho de 2006, para fornecimento do Navio-sonda Petrobrás 10.000, e vantagem indevida de US$ 20 milhões no contrato celebrado entre a estatal e a Samsung Heavy Industries em 9 de março de 2007 para fornecimento do Navio-sonda Vitória 10.000.

Moro condenou Luiz Carlos Moreira a 12 anos de prisão, por corrupção e lavagem, Demarco Epifânio a seis anos, sete meses e dez dias de reclusão, por corrupção, Agosthilde Monaco a três anos e seis meses de reclusão - teve extinta a punibilidade - por lavagem, e os empresários Fernando Schahin a nove anos e nove meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, e Milton Schahin a seis anos, quatro meses e quinze dias de prisão, ambos por lavagem.

Na sentença, Moro aponta que dos crimes atribuídos a Jorge Luz "está prescrita, mas não todos". "Se transitadas em julgado as penas para a acusação, a fixação das penas deve ser revista", afirma.

Ao condenar Jorge Luz, o magistrado afirmou que o operador "faz do crime de corrupção e de lavagem a sua profissão, visando seu próprio enriquecimento ilícito e de terceiros".

"Em síntese, intermediaria vantagem indevida a agentes públicos ou políticos como meio de vida", anotou.

"A prática dos crimes corrupção envolveu propinas de pelo menos US$ 15 milhões no contrato de fornecimento do Navio-Sonda Petrobrás 10.000, um valor muito expressivo. Mesmo considerando a parte intermediada para os agentes políticos, de onze milhões de reais, o valor também é expressivo. Também o acerto de corrupção envolvendo a contratação da Schahin para operar o Navio-Sonda Vitória 10.000 envolveu valores expressivos, com a quitação fraudulenta de empréstimo de cerca de R$ 12 milhões, além de vantagem de US$ 2,5 milhões."

Sérgio Moro anotou que "além do custo da propinas ser embutido usualmente no preço dos contratos, a estatal arcou com prejuízos com a contratação de Navios-sondas sem processo competitivo e sem a demonstração de sua efetiva necessidade, o mesmo ocorrendo na contratação da operadora do Navio-sonda Vitória 10.000".

"Isso sem olvidar que, no processo, parte da propina foi destinada a agentes políticos. O direcionamento de propinas a agentes políticos, com a corrupção da democracia, é uma consequência bastante grave. A corrupção com pagamento de propina de milhões de dólares e de reais e tendo por consequência prejuízo equivalente aos cofres públicos e envolvendo corrupção de agentes políticos merece reprovação especial", destacou o juiz da Lava Jato.

O lobista Jorge Luz, apontado como operador financeiro ligado ao PMDB, entregou ao juiz federal Sérgio Moro nomes de supostos beneficiários de parte dos repasses que fez por meio do uso de offshores no exterior. Em uma planilha juntada aos autos da ação em que é réu na Lava Jato por sua defesa, ele identifica US$ 418 mil dos R$ 11,5 milhões em propinas que disse ter intermediado a políticos peemedebistas.

Entre os destinatários dos repasses, de acordo com relato de Luz a Moro em 19 de julho, estão os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e ao deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE). Luz é acusado de operar propinas de R$ 15 milhões a políticos do PMDB oriundas da contratação de um navio-sonda da Petrobras.

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Os repasses teriam ocorrido em contrapartida ao suposto apoio dos políticos para "fortalecer" os ex-diretores Nestor Cerveró (Internacional) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) na estatal. Em 2005, Luz teria sido informado por outro operador do PMDB, que os dois executivos estariam "balançando" em seus cargos, e, para mantê-los em seus cargos, teria pedido ajuda aos parlamentares.

O "operador" do PMDB, segundo investigações da força-tarefa da Lava Jato, disse ser o controlador da offshore Pentagram, apontada pelo Ministério Público Federal como a titular de uma conta na Suíça que teria sido utilizada para os repasses aos parlamentares do partido e lavagem de dinheiro.

Contas

Segundo Luz, Aníbal Gomes indicou a conta Headliner Limited, em Lugano, na Suíça, para o recebimento das propinas. Em petição a Moro, a defesa de Luz apresentou um comprovante de pagamento da conta da Pentagram, no banco Credit Suisse, de US$ 185 mil, à Headliner, em benefício de "Renan/Jader/Silas/Anibal".

Outros cinco pagamentos, cuja conta presente em extratos ainda não foi identificada, indicam o pagamento de outros US$ 233 mil também a "políticos". Ainda, os peticionários se comprometem a acrescentar novos dados ao fluxograma com eventuais novos pagamentos e recebimentos, na medida em que tiverem acesso a demais extratos de contas no exterior de titularidade de Jorge Luz", afirmaram os advogados do lobista. Todos os comprovantes dos pagamentos já estavam em posse do Ministério Público Federal. Nesta petição, Luz discriminou os supostos beneficiários das offshores que receberam os repasses.

'Blackout'

Jorge e Bruno Luz, pai e filho, respectivamente, foram presos em 24 de fevereiro deste ano, em Miami, nos Estados Unidos, depois que a Interpol colocou seus nomes na lista vermelha de procurados. Os lobistas haviam sido alvo da Operação Blackout, 38.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia anterior.

De acordo com o procurador da República Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato, "agentes políticos do PMDB" foram beneficiários de parte dos US$ 40 milhões de propina supostamente repassados pelos operadores. Pai e filho, afirmou o investigador, tiveram uma "atuação de longa data’ no esquema de corrupção instalado na Petrobrás, segundo o procurador.

"Há estimativas da Procuradoria-Geral da República de que essas pessoas (Jorge e Bruno Luz) movimentaram em torno de US$ 40 milhões em pagamentos indevidos", afirmou o procurador da República. A defesa de Jorge e Bruno Luz informou que os dois colaboram com as investigações.

Defesas

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou que "não vê Jorge Luz há 20 anos". "Não tenho lobista, nunca tive contas no exterior e não recebi dinheiro ilegal. Portanto, a chance dessas planilhas que me citam serem verdadeiras é zero."

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) também declarou que "nunca teve conta na Suíça e que cabe a Jorge Luz provar os depósitos, o número da conta e as datas".

O deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e o ex-ministro Silas Rondeau não responderam à reportagem até a conclusão desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em depoimento ontem ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, o lobista Jorge Luz afirmou que os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA), o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e o ex-ministro Silas Rondeau (governo Luiz Inácio Lula da Silva) receberam propina de R$ 11,5 milhões. As vantagens indevidas foram pagas, conforme o lobista, aos peemedebistas em troca de apoio para fortalecer os ex-diretores da área internacional Nestor Cerveró e de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

Luz foi preso em fevereiro deste ano na Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato. Segundo ele, os repasses foram feitos por meio de uma conta na Suíça - a Headliner no Credit Suisse, na cidade de Lugano. "O senhor sabe de quem é essa conta?", perguntou Moro. "Essa conta era do PMDB, pra mim do Aníbal, Renan, Jader", respondeu.

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O lobista contou ao juiz que foi informado por Fernando Soares, o Fernando Baiano, também apontado como operador do PMDB, que os dois ex-diretores estariam "balançando" em seus cargos por volta de 2005. Em troca de apoio político, Luz disse que os três parlamentares pediram propina. Rondeau, também do PMDB, comandava na época ministério ao qual a Petrobras é subordinada.

Luz é réu na Lava Jato sob a acusação de intermediar pagamentos de propina de R$ 2,5 milhões de executivos da empreiteira Schahin para funcionários da Petrobras em contratos da estatal. Ele e seu filho, Bruno Luz, também são investigados neste processo por intermediar valores indevidos a peemedebistas.

A Moro, o lobista afirmou que conhecia Jader e Renan "desde os anos 1980" e que voltou a contatá-los após ter recebido um pedido de ajuda de Fernando Baiano. De acordo com o lobista, ele chegou a entrar primeiro em contato com Aníbal Gomes, "muito ligado ao Renan". O deputado teria tido uma primeira conversa com Jader, Renan e Rondeau. Com a resposta positiva dos peemedebistas a ajudar Cerveró e Costa, teriam "começado as negociações".

"Repare só o seguinte, juiz Moro, o que aconteceu: Quando foi ser tratado o apoio, para os políticos não importava de onde vinha (o dinheiro). Para eles, tanto faz. 'X' e pronto, R$ 11,5 milhões", afirmou Luz. "Havia um pedido alto para que houvesse esse apoio, o apoio se traduziria em ajuda financeira, e em uma oportunidade de que esses políticos pudessem participar de operações que viessem a surgir no decorrer do tempo."

Luz afirmou a Moro que ainda houve uma reunião para que os diretores da Petrobras tivessem certeza de quem seriam os beneficiários da propina. "Estávamos eu, o Cerveró o Paulo Roberto Costa, Aníbal, Jader. Eu não tenho certeza se o Renan estava", disse.

Houve também uma reunião de agradecimento de políticos e ex-diretores, na qual Jader teria dito, segundo o lobista: "Vocês cumpriram o papel de vocês, agora o problema é nosso". Ele foi questionado na audiência: "Dos agentes políticos que você foi o responsável pela intermediação sabe quem foram os contemplados?" Luz afirmou que sim. "Sei porque participei, inclusive, da reunião de agradecimento". Em seguida, o lobista citou os nomes. "Jader Fontenelle Barbalho, Renan Calheiros, Aníbal Gomes e Silas Rondeau são os agentes políticos."

Os pagamentos foram efetuados em 2007 e, segundo Luz, houve atrasos nos repasses.

'Não existe santo'

O lobista afirmou que nos esquemas de corrupção na Petrobras "não existe nenhum santo" e rechaçou as afirmações de réus confessos e delatores que disseram à Justiça que os desvios na estatal são "a regra do jogo". Questionado a respeito dos motivos que levaram as empresas a pagar propinas, ele disse que não daria a mesma resposta de outros acusados. "Eu tenho visto que o senhor fica muito zangado quando as pessoas vêm aqui e dizem: 'é a regra do jogo'. Não tem santo nessa história. Se há um cobrador, alguém está disposto a pagar", afirmou.

Os procuradores perguntaram se houve pagamento de propina na negociação dos navios-sonda Vitoria 10000 e Petrobras 10000. "Teve, teve", disse. Ele, contudo, afirmou que o repasse não foi por seu intermédio.

Defesas

Os parlamentas citados no depoimento do lobista Jorge Luz negaram que receberam propinas ou qualquer tipo de vantagem indevida. Procurado pelo Estado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por meio de sua assessoria, afirmou que a citação ao seu nome é "infundada".

"O senador Renan afirma que conheceu Jorge Luz há mais de 20 anos e desde então nunca mais o encontrou. Diz ainda que não conhece nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro como testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu nome é totalmente infundada".

Também por meio de sua assessoria, Jader Barbalho (PMDB-PA) afirmou "que nunca teve conta na Suíça e que cabe a Jorge Luz provar ao juiz os depósitos, o número da conta e as datas". O senador peemedebista admitiu que "conhece Jorge Luz, mas jamais teve algum tipo de negócio" com ele. "Isso é declaração de criminoso que deve ser investigada pela Justiça."

A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), mas não obteve resposta. O ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau não foi localizado. Procurado, o PMDB não havia se manifestado até a conclusão desta edição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os lobistas Jorge Luz e Bruno Luz, acusados de serem os maiores operadores de propinas do PMDB na Petrobrpas, desembarcam nesta quinta-feira (2) em Curitiba, a capital da Operação Lava Jato. Eles ficarão detidos na Custódia da Superintendência Regional da Polícia Federal.

Os dois operadores do PMDB - pai e filho - estavam detidos em Brasília desde sábado, 25. Os dois tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, como alvos centrais da 38ª fase da Lava Jato, batizada de Blackout, deflagrada no dia 23. Eles foram presos no sexta-feira, 24, nos Estados Unidos.

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A Polícia Federal vai ouvir os depoimentos de Jorge Luz e Bruno Luz, mas não há data ainda para o interrogatório. Os lobistas são suspeitos de terem movimentado pelo menos US$ 40 milhões em propinas em negócios na Petrobras, em especial, para agentes públicos e políticos do PMDB.

Os lobistas ficarão detidos na carceragem da PF, onde estão também o empresário Marcelo Bahia Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci, entre outros.

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