Tópicos | Juan Ángel Napout

Uma semana depois do brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF, ser sentenciado a quatro anos de prisão, a Justiça dos Estados Unidos condenou nesta quarta-feira mais um dirigente sul-americano envolvido em crimes de corrupção que abalaram a Fifa em 2015. O paraguaio Juan Angel Napout, ex-mandatário da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) entre agosto de 2014 e dezembro de 2015, pegou nove anos de cadeia.

Além de uma multa de US$ 1 milhão (R$ 4,12 milhões), a juíza Pamela Chen, do Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York - a mesma que condenou Marin na semana passada -, ordenou que Napout deverá devolver US$ 3,3 milhões (R$ 13,6 milhões) que ganhou em subornos na compra de direitos televisivos de torneios da Conmebol como a Copa América.

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A Procuradoria do Ministério Público Federal dos Estados Unidos pediu que Napout, de 60 anos de idade, fosse condenado a 20 anos de prisão, enquanto que a defesa do dirigente paraguaio solicitava a sua libertação imediata. "Não pode roubar milhões em subornos e não ser condenado. A mensagem é que as consequências são reais, que irá à prisão e que não receberá um tapinha no ombro", afirmou Pamela Chen na sentença proferida nesta quarta-feira.

Após prisão domiciliar na Flórida e um julgamento de sete semanas em Nova York, Napout foi considerado culpado em 22 de dezembro do ano passado em três das cinco acusações enfrentava: conspiração para delinquir como parte de uma organização criminosa e conspiração para cometer fraude bancário na Copa América e na Copa Libertadores. Foi absolvido das duas acusações de lavagem de dinheiro nos dois torneios.

Nesta quarta-feira, vestido em um uniforme da prisão, Napout falou rapidamente com a juíza e disse que que a "América (Estados Unidos) é um país de compaixão". "Apenas peço sua compaixão e sua piedade", afirmou o paraguaio em inglês. Ele já cumpriu oito meses de prisão em Nova York, que serão descontados de sua sentença.

MARIN - Na quarta-feira passada, Pamela Chen condenou José Maria Marin a 48 meses de prisão pelos crimes cometidos na época em que foi presidente da CBF de 2012 a 2015. Marin foi acusado de participar de um esquema de corrupção internacional que resultou no pagamento de US$ 154 milhões (cerca de R$ 614 milhões) em suborno envolvendo torneios como a Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores. Ele já cumpriu 13 meses de detenção na Suíça e Estados Unidos e, por ter registrado bom comportamento, sua pena final, na prática, será reduzida para 28 meses de prisão nos Estados Unidos.

A juíza determinou também uma multa total de US$ 1,2 milhão (R$ 4,7 milhões), que será paga em seis parcelas, sendo a primeira seis meses depois de 20 de novembro deste ano, quando será publicada a sentença. José Maria Marin também será confiscado em US$ 3,35 milhões (R$ 13,35 milhões) por ter participado do esquema de propinas que teria conspirado ao seu favor o recebimento de US$ 10 milhões (quase R$ 40 milhões no câmbio atual).

A defesa do ex-presidente da CBF solicitou que ele seja transferido de uma prisão no Brooklyn para um complexo prisional no Estado da Pennsylvania, onde teria melhores condições para cumprir sua pena, sobretudo devido a problemas de saúde e de idade, pois tem 86 anos.

A Fifa anunciou nesta sexta-feira a suspensão por 90 dias dos seus dois vice-presidentes que foram presos em Zurique na quinta. Juan Ángel Napout, presidente da Conmebol, e Alfredo Hawit, mandatário da Concacaf, foram detidos a pedido da Justiça dos Estados Unidos, que os acusam de corrupção e lavagem de dinheiro.

Tanto Napout como Hawit vão agora aguardar a um longo processo de extradição aos EUA e que deve estar concluído apenas em meados de 2016. Para a Justiça dos EUA, praticamente todo o futebol sul-americano foi assolado por uma "corrupção sistemática". Esses cartolas teriam recebidos propinas na negociação de contratos comerciais da Copa Libertadores, Copa América, Eliminatórias para a Copa do Mundo e mesmo amistosos, no valor de US$ 200 milhões (R$ 750 milhões).

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No total, 16 pessoas foram indiciadas pelos americanos, com um profundo impacto nas Américas. A lista de indiciados também inclui Manuel Burga (ex-presidente da Federação de Futebol do Peru), Carlos Chavez (Federação da Bolívia), Luis Chiriboga (Equador), Eduardo Deluca (secretário-geral da Conmebol), Jose Luis Meiszner (ex-secretário da Conmebol), Romer Osuna (auditor da Federação da Bolívia), além de Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da CBF, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da entidade brasileira.

A operação realizada nesta quinta é semelhante àquela feita no fim de maio, também em Zurique e no mesmo hotel. Na ocasião, sete cartolas da Fifa foram presos, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Juntas, as operações policiais de maio e de dezembro abalam de forma profunda a administração do futebol da região. Presidentes ou ex-cartolas das federações do Chile, Colômbia, Bolívia, Brasil, Venezuela, Honduras e Costa Rica estão sob investigação. Empresários que controlavam o lado comercial do esporte na região e ainda intermediários também foram indiciados e nesta sexta-feira começam a ser julgados.

Numa operação que visa principalmente o futebol sul-americano, as polícias da Suíça e dos Estados Unidos realizaram mais uma onda de prisões na manhã desta quinta-feira em Zurique. Um dos presos é o atual presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout. Ele é o terceiro presidente da entidade detido em seis meses.

O outro preso é o cartola de Honduras, Alfredo Hawit, presidente da Concacaf. Os dois, presos no hotel Baur Au Lac, são vice-presidentes da Fifa. Fontes de dentro da entidade confirmam à reportagem que mais prisões deverão acontecer ao longo do dia em vários locais do mundo. O número poderia superar a dez e visam em especial os dirigentes sul-americanos. "Será um tsunami na região", alertou uma fonte policial próxima ao processo.

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Durante o dia, outros cartolas serão indiciados e operações estão sendo aguardadas em diferentes partes da América Latina. Fontes confirmaram à reportagem que Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, é um dos investigados pelo FBI e que estaria entre os detidos se tivesse viajado para a reunião da Fifa. Ele, desde maio, não sai do Brasil, nem para acompanhar jogos da seleção. Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, não está entre os detidos, apesar de estar sob investigação na Suíça.

As prisões ocorreram no mesmo local onde, em 27 de maio de 2015, sete outros dirigentes foram detidos, entre eles José Maria Marin. Os cartolas estavam em Zurique para as reuniões do Comitê Executivo da entidade, que ocorrem nesta quinta-feira. Eles são suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro e aguardam o processo de extradição para os EUA.

Segundo o Departamento de Polícia da Suíça, os dois são acusados de receber milhões de dólares em propinas por contratos comerciais em torneios. Napout, em entrevista à reportagem, havia insistido esta semana que queria "reformar a Conmebol" e que era "totalmente favorável à transparência". Adotando um tom de "reformador", ele insistia que "não renunciaria" e que a entidade sul-americana entrava em uma nova fase, depois das prisões dos ex-presidentes Eugênio Figueredo e Nicolás Leoz.

Brincando e caminhando tranquilamente pelo lobby do hotel onde seria preso nesta quinta, Napout distribuiu sorrisos nos últimos dias, deu entrevistas e tentava fazer campanha para seu amigo, Gianni Infantino, para a presidência da Fifa.

Em um comunicado, a Justiça suíça apontou que vai continuar colaborando com os Estados Unidos. Na Fifa, as reuniões foram mantidas e a entidade apontou que vai "colaborar" com a Justiça.

Hospedado no mesmo hotel da operação, Fernando Sarney, o novo representante do Brasil na Fifa, não foi preso. Procurado pela reportagem, Sarney desconhecia a operação e disse que iria para as reuniões da Fifa como planejado. Ele volta na noite desta quinta ao Brasil e seria acompanhado justamente por Napout, que havia servido como seu "guia" nas primeiras reuniões na Fifa.

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