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O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) é a principal porta de entrada para o ensino superior em instituições públicas do Brasil pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, o processo terá algumas mudanças que o estudante precisa estar atento na hora de se cadastrar no programa.

O que é Sisu?

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O Sistema de Seleção Unificada é um dos programas de acesso à universidade mais disputados do governo. Os estudantes podem concorrer às vagas em instituições e cursos de todo o Brasil utilizando a nota do Enem. 

Mudanças do Sisu em 2024

Com uma forma de funcionamento já conhecida a anos, o Sisu encara uma nova abordagem para o ano de 2024 com algumas mudanças feitas pelo Ministério da Educação (MEC).

Edição Única e ingresso no segundo semestre

Todo ano, os estudantes tinham o costume de esperar pelo programa de forma semestral, como 2024.1 e 2024.2. Porém, a assessoria do MEC confirmou que o programa será anual a partir desta edição, logo ele acontecerá apenas uma vez, no início do ano. 

No caso das universidades com espaço apenas para o segundo semestre, estas vagas serão oferecidas no sistema junto com as outras logo no início do ano. Então, o estudante que, anteriormente, pretendia concorrer ao ensino superior na segunda edição, deve se inscrever logo na primeira fase.

As vagas oferecidas, o total de 264.254 oportunidades em 127 instituições públicas de todo país, irão ser todas ofertadas juntas na edição única do Sisu, mas o início do curso pode variar entre primeiro ou segundo semestre. Os professores defendem que a solução veio para diminuir as vagas ociosas:

“O que está acontecendo é que os alunos estão entrando na primeira edição, não estão gostando do curso e estão pedindo grana para a segunda edição, para o segundo curso. E aí está sobrando vaga na universidade e o governo está perdendo grana, por isso está tentando ajustar em uma única edição”, explica o professor de matemática Ricardinho. 

Ao Vai Cair no Enem, o docente detalha que, com este novo funcionamento, os vestibulandos passam a ter um foco maior no concurso específico, na quantidade de vagas específica e no período de matrícula que, a partir deste ano, será o mesmo para todos os aprovados pelo Sisu, não importa em qual período. Vale lembrar que, quem não realizar a matrícula pode perder a vaga na universidade. 

Com a Edição Única do Sisu, os convocados não poderão decidir qual semestre planejam começar, pois a seleção será feita pela classificação das notas apresentadas pelo Inep do Enem. As vagas serão oferecidas de forma conjunta, os participantes mais bem colocados começarão o curso no primeiro semestre, o restante esperará o segundo semestre.

Período amplo para lista de espera 

Ainda na tentativa de evitar vagas ociosas e em aberto nas universidades públicas do país, a lista de espera do Sisu também passou por mudanças. Agora, os não convocados na primeira chamada e inscritos na lista de espera, poderão ser chamados durante todo o ano letivo.

Isso acontece porque o período da lista se estendeu e, a partir desta edição, será anual. As vagas que não são preenchidas serão oferecidas para os participantes que declararem interesse no processo de espera, sempre seguindo a ordem de classificação do site. 

Aqueles que não forem chamados para nenhuma de suas opções e não incluírem o interesse na lista de espera entre os dias 30 de janeiro e 7 de fevereiro não serão considerados na recolocação de candidatos, mesmo se estiverem presentes no chamado principal do Sisu.

Alterações na Lei de Cotas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou mudanças na Lei de Cotas (PL 5.384/2020) em novembro de 2023. Entre elas, estão as divisões de vagas para concorrência. 

A partir deste ano, todos os estudantes irão concorrer em ampla concorrência inicialmente, mesmo se atenderem a critérios de vagas exclusivas para cotas. Após a classificação inicial, os estudantes mais bem classificados seguirão com a vaga de ampla concorrência.

Já o espaço reservado para cotistas, será aberto posteriormente para contemplar aqueles que não foram aprovados em ampla concorrência mas são beneficiados pela Lei. Anteriormente, o candidato que se encaixava como cotista, concorria apenas nas vagas de cotas, mesmo com pontuação suficiente para ampla concorrência. 

O MEC defende que, desta forma, “os esforços de todos aqueles que alcançam notas altas são valorizados, sem distinção”. Esta forma de classificação acontece na Fuvest, prova do vestibular da Universidade de São Paulo (USP).

Outra mudança aconteceu no valor para o teto da renda bruta familiar mensal per capita dos estudantes para cota na modalidade socioeconômica. A quantia exigida era de um salário mínimo e meio, em média, por pessoa da família. Agora, o valor deve ser de um salário mínimo, que deverá ser, segundo o Governo Federal, de R$ 1.412 para 2024.

O Sisu 2024 também receberá estudantes quilombolas como beneficiários das cotas, como acontece atualmente com alunos pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência (PcDs), terá o estabelecimento de prioridade para os cotistas no recebimento do auxílio estudantil e a extensão das políticas afirmativas para a pós-graduação.

As mudanças procuram tornar o ingresso no Ensino Superior mais acessível para as pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica que querem ingressar em uma universidade, afirma a Agência Brasil.

Calendário do Sisu em 2024

Os resultados oficiais da prova do Enem serão divulgados no dia 16 de janeiro. Já as inscrições para o Sisu abrem no dia 22 e seguem até o dia 25 de janeiro, pelo Portal Único de Acesso na internet. Serão 127 universidades participantes e 264.254 vagas.

O resultado será divulgado por uma única chamada no dia 30 de janeiro e os convocados devem realizar suas matrículas entre os dias 1º e 7 de fevereiro. Os que não estão entre os convocados podem entrar na lista de espera entre os dias 30 de janeiro a 7 de fevereiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou mudanças na Lei de Cotas nesta segunda-feira (13). Modificações serão aplicadas na próxima edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que acontece em janeiro de 2024.

Algumas alterações, segundo o Ministério da Educação (MEC), estão na inscrição no Sisu. Agora, todos os participantes serão classificados na modalidade de ampla concorrência, mesmo se atenderem a critérios de vagas exclusivas para cotas. As reservas de vagas serão observadas depois.

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Anteriormente, o candidato que se encaixava como cotista, concorria apenas nas vagas de cotas, mesmo com pontuação suficiente para ampla concorrência. O MEC defende que, desta forma, “os esforços de todos aqueles que alcançam notas altas são valorizados, sem distinção”.

O valor para o teto da renda familiar dos estudantes também foi redefinido para cota na modalidade socioeconômica. A quantia exigida era de um salário mínimo e meio, em média, por pessoa da família. Agora, o valor deve ser de um salário mínimo, que é, atualmente, R$ 1.320.

Outras modificações contam com a inclusão de estudantes quilombolas como beneficiários das cotas, como acontece atualmente com alunos pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência (PcDs); o estabelecimento de prioridade para os cotistas no recebimento do auxílio estudantil; e a extensão das políticas afirmativas para a pós-graduação.

Com informações da Agência Brasil

O Senado aprovou, na noite dessa terça-feira (24), o projeto de lei que amplia o sistema de cotas na rede de ensino federal. O texto aprovado na Câmara dos Deputados foi mantido integralmente, depois de oito emendas apresentadas em plenário terem sido rejeitadas. O texto segue para sanção presidencial.

Entre as mudanças previstas estão a inclusão de quilombolas no texto da Lei 12.711/12, que reserva 50% das vagas em universidades e institutos federais para estudantes de escolas públicas. A metodologia também terá atualização anual nos percentuais de pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência, assim como nos critérios socioeconômicos, como renda familiar e estudo em escola pública.

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Após a decisão do congresso, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comemorou a decisão em suas redes sociais. “Que vitória a aprovação do aprimoramento da Lei de Cotas no Senado. Trabalhamos incansavelmente para defender essa política, que é a maior ação de reparação do nosso país. As cotas abrem portas e vão seguir abrindo!”

A matéria aprovada prevê que os critérios raciais sejam aplicados nas vagas que consideram a renda familiar e também nas vagas gerais, assim os candidatos cotistas só entrarão pela reserva de vagas se não forem aprovados nas vagas gerais.

Quanto aos critérios socioeconômicos, a classificação para cotistas passa a considerar estudantes em famílias com renda de até um salário mínimo por pessoa, atualmente R$ 1.320 e não mais 1,5 salário mínimo, como era anteriormente. As vagas de cota serão distribuídas entre os grupos raciais e pessoas com deficiência, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluindo os quilombolas, que passaram a fazer parte da contagem no último Censo.

A atualização anual dos percentuais raciais e de pessoas com deficiência recebeu uma metodologia para os próximos três anos após a divulgação do resultado do Censo. Com isso, será possível calcular a proporção de vagas gerais e das reservas que serão destinadas a pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência.

O texto determina ainda a elaboração e divulgação de relatórios que permitam a avaliação do programa a cada dez anos.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (9) o projeto que reformula a Lei de Cotas. Pela lei atual, as cotas nas universidades federais devem ser revistas a cada dez anos, prazo completado no ano passado. O texto (PL 5384/20) segue para votação no Senado.

Os deputados federais aprovaram o substitutivo da relatora, deputada Dandara (PT-MG). O projeto original é de autoria da deputada Maria do Rosário (PT-RS). Entre as mudanças aprovadas está a redução da renda familiar per capita para ingresso de aluno da rede pública nas cotas, passando de 1,5 salário mínimo para um salário mínimo por pessoa.

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O texto aprovado também prevê a inclusão de quilombolas no sistema de cotas. Conforme o substitutivo, os cotistas concorrerão às vagas gerais, e não mais somente às vagas estipuladas para os subgrupos (pretos, pardos, indígenas). Se não alcançarem a nota para ingresso na universidade, a nota, então, será usada para concorrência às vagas reservadas ao subgrupo dentro da cota global de 50%.

Além disso, a lei continuará a ser avaliada a cada década.

Resultados

Um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, apontou que a política permitiu que o número de estudantes de escolas públicas brasileiras, no geral, aumentasse 47% nas universidades federais e o número de estudantes negros de escolas públicas crescesse 73%.

Publicada em 2012, a lei 12.711/12 reserva 50% das vagas nas universidades e institutos federais de ensino técnico para alunos de ensino médio das escolas públicas, sendo que metade deve ser preenchida por estudantes de famílias que ganham igual ou abaixo de 1,5 salário mínimo por pessoa, equivalente a R$ 1.818 mensais. A lei atual prevê ainda cotas para estudantes pretos, pardos, indígenas e com deficiência.

O PDT entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que a revisão da Lei de Cotas, prevista para este ano, não resulte na diminuição ou extinção de políticas de inclusão, mas apenas em ampliação e aperfeiçoamento. A ministra Rosa Weber foi sorteada a relatora da ação.

O artigo 7º da Lei de Cotas, publicada no dia 29 de agosto de 2012, estabelece que no prazo de dez anos, a contar da data de publicação, deve ser promovida "a revisão do programa especial para o acesso às instituições de educação superior de estudantes pretos, pardos e indígenas e de pessoas com deficiência, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas". Pelo texto, a revisão deve ocorrer em agosto deste ano.

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O pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, disse nesta tarde, 19, que a sigla se adiantou de qualquer "ataque" que "o governo genocida e antipovo de Bolsonaro" possa promover à legislação de cotas.

"Pedimos ao STF que qualquer revisão seja para melhoria do programa e que não se permitam retrocessos. Todos temos que ficar atentos e vigilantes", escreveu no Twitter.

A Lei nº 12.711, mais conhecida como Lei de Cotas, completa dez anos da sua aprovação em 2022, momento que precisará passar por uma revisão, já que se trata de uma política pública temporária. Apesar de o programa ter promovido significativo avanço na democratização do acesso à universidade por grupos historicamente desfavorecidos, ainda há certa incerteza sobre sua continuação.

De forma mais detalhada, a Lei de Cotas prevê que as instituições federais de educação do país reservem 50% das vagas para estudantes que concluíram o ensino médio em escola pública, dentre as quais metade deve ser destinada para estudantes com renda familiar de até 1,5 salário mínimo.

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Sendo assim, a reserva de vagas por raça é realizada conforme o quantitativo de pessoas pretas, pardas e indígenas, habitantes no estado em que a universidade está localizada, de acordo com os dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o estudante Túlio Batista, de 24 anos, que ingressou em história na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) por meio do sistema de cotas raciais, a lei foi um divisor de águas na sua vida e na da sua família. “Antes, o máximo que alguém da periferia poderia almejar era concluir o ensino médio. Meus pais, por exemplo, só chegaram até o ensino fundamental e meus irmãos ao médio. Eu fui o primeiro da família a cursar o ensino superior”, explica.

Em relação às propostas de revogação dessa política, o estudante se mostra firmemente contrário. “Precisamos ter em vista que as cotas existem devido às desigualdades sociais, econômicas e raciais que foram reproduzidas através do racismo estrutural, do capitalismo, entre outros. Essas desigualdades não foram sanadas e se as cotas raciais acabarem, a educação superior voltará a ser destinada a poucos”, afirma.

Além do aumento de pessoas não brancas nas universidades, Túlio destaca outro ponto muito importante, que é a descentralização dos estudos acadêmicos do viés europeu, já que com a presença de estudantes diversos em sala de aula, os professores e o corpo acadêmico com um todo precisaram rever quais conteúdos são transmitidos.

“A medida que negros, indígenas e pobres entram na universidade eles levam com eles debates pertinentes aos seus grupos. Dessa forma, a academia passou nesses últimos anos por questionamentos de suas bases, seus autores e suas percepções. A discussão sobre raça, etnia, gênero, sexualidade tem ganhado mais força e essa força também tem relação com o ingresso desses estudantes. Assim, as cotas mudam além da vida individual, mas também o coletivo”, conclui o estudante.

Discussão sobre igualdade

Um dos principais argumentos que divide opiniões a respeito da lei de cotas é sobre o princípio da igualdade entre todos os brasileiros, estabelecido na Constituição de 1988, que nega a promoção de qualquer diferença por meio de “raça” ou “cor”. Essa premissa é usada pela deputada, Dayane Pimentel (PSL-BA), que propôs a  PL 1.531/19, buscando extinguir o critério racial da Lei de Cotas.

Em entrevista concedida Senado Federal, na internet, ela explica sua posição: “Se os brasileiros devem ser tratados com igualdade jurídica, pretos, pardos e indígenas não deveriam ser destinatários de políticas públicas que criam, artificialmente, divisões entre brasileiros, com potencialidade de criar indevidamente conflitos sociais desnecessários.”

A deputada sugere, então, que sejam mantidas apenas as cotas para pessoas com deficiência e candidatos de baixa renda. Além dela, outros deputados, como Kim Kataguiri (DEM-SP), com o projeto de lei  PL 4125/2021, demonstram-se contrários à política, de forma que diante da revisão que ocorre neste ano, abrem-se caminhos para uma possível revogação da lei.

Na oposição desse pensamento, a professora de antropologia da UFPE, Elisa Pankararu, que pertencente à etnia indígena, abordou, em entrevista ao LeiaJá, uma releitura histórica para trazer os argumentos que baseiam a política de cotas:

“Precisamos buscar fatores históricos. Desde 1500, os povos indígenas que foram banidos de seus territórios sagrados, os irmãos negros, que foram trazidos da África para a escravização, vão constituindo uma história marcada pela desigualdade e pelo afastamento de direitos que deveriam ser para todos. Se criou um sistema que beneficia uma classe e exclui essas comunidades tradicionais.”

A professora citou que o incentivo ou a crítica a Lei de Cotas Raciais vai depender do lugar social de quem fala: “O sistema de cotas não irá promover desigualdade, do contrário, irá romper com essa estrutura que viola direitos, então é importante observar de onde vem essa fala, quem é que diz que cotas raciais promove desigualdades e avaliar quais interesses políticos, econômicos essas pessoas sustentam.”

De acordo com o Censo da Educação Superior, entre 2010 e 2017 houve um aumento de 842% de alunos indígenas em cursos de ensino superior. Já em relação a estudantes negros e pardos, o levantamento do IBGE informa que entre 2010 e 2019 o crescimento foi de 400% nas universidades.

Para Elisa Pankararu, a cota vem para corrigir a desigualdade, e se não corrigir, ao  menos dar a oportunidade para que as pessoas historicamente e estruturalmente desfavorecidas possam ter acesso a uma educação de qualidade, o que é uma etapa indispensável para a mudança do quadro de desigualdade social ao qual o Brasil se encontra.

“Se houvesse uma estrutura onde a igualdade fosse ao menos equilibrada, então não seria necessário o sistema de cotas, o que não é, não há equidade. Aplicar a política de cotas tem um resposta visível no incentivo para que pessoas não brancas e de baixa renda possam sonhar em ter carreiras, profissões e trilhar uma trajetória de conquistas", conclui a professora

Futuros debates

Esse momento de revisão da lei abre um debate entre parlamentares de diversas posições políticas, Como a Universidade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, que desenvolveu um relatório para solicitar que a revisão seja adiada em 50 anos. Enquanto isso, críticos à ação afirmativa alegam sua contradição em relação ao princípio da isonomia, de que todos devem ser iguais diante da lei.

Para Renato Monteiro Athias, mestre em etnologia e coordenador no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade da UFPE, é preciso que as universidades e alunos se engajem no assunto:

“Acredito que a experiência da UFPE já permite a afirmação da necessidade de ter essas políticas afirmativas bem desenvolvidas no âmbito das universidades e que sobretudo as populações étnicas, possam entender a necessidade de se colocar e se pronunciar diante dessas revisões", finaliza.

Em 2012, foi decretada a Lei 12711, que determina a divisão das vagas disponíveis nas universidades públicas do País. Cinquenta por cento delas são voltadas para estudantes de escolas públicas, além dos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, e quem declara renda familiar de um salário mínimo, entre outros critérios. Quase dez anos depois da chamada Lei das Cotas, o cenário nas universidades públicas mudou, principalmente em relação ao perfil dos estudantes que ingressam e concluem o ensino superior.

Em Pernambuco, as principais universidades públicas apresentam números que comprovam a efetividade da lei. Na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) foram ofertadas 3.840 vagas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2021. Dessas, 1.920 vagas (50%) foram destinadas a egressos de escola pública.

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Já na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o levantamento mais recente aponta para os dados de 2019, com um total de 7.193 estudantes que ingressaram em cursos de graduação, sendo 3.625 (50,39%) que concluíram o ensino médio em escola privada e 3.568 (49,61%) ingressantes que finalizaram o ensino médio em escola pública.

A UFPE ainda aponta a trajetória da quantidade de estudantes cotistas desde o primeiro ano em que a Lei de Cotas entrou em vigor. Em 2013, entraram na Universidade 5.354 estudantes de escolas privadas e 1.682 de escola públicas. Apenas a partir de 2016 a proporção mudou, com 3.620 estudantes vindos da rede particular de ensino e 3.521 da rede pública.

Em 2017, pela primeira vez, a UFPE registrou mais universitários oriundos de escolas públicas (3.414) na comparação com os de unidades privadas (3.407). Na série histórica, de 2013 a 2019, a Universidade aprovou 28.235 estudantes vindos de escolas privadas e 21.761 de escolas públicas.

A visão de um universitário oriundo de escola pública

 Nos dados de 2016 da UFPE é possível observar que aproximadamente 50,7% dos estudantes aprovados vieram de escolas públicas. Um dos integrantes desse grupo é Antonio Vinícius de Jesus Pequeno, 27 anos, natural de São Paulo. Ele ingressou por meio da reserva L4 da Lei das Cotas, que prioriza estudantes vindos da rede pública que se autodeclaram pretos e pardos.

Estudante de publicidade, Antonio está no último ano da formação, e vê que não só sua entrada na universidade, mas sua permanência, é sinônimo de luta para ele e para sua família. “Entrar na Universidade para mim é uma vitória, uma luta muito grande que quando reflito, fico até triste pelo aspecto. Lembro que no ano que eu fiz o Enem, de 3 milhões de pessoas inscritas para a prova, só existiam vagas para 270 mil. Isso incluindo ProUni. É um número ínfimo. O acesso é claro, muito comemorado, mas sempre que alguém fala comigo, até como uma forma de elogio e falando que ‘fiz por merecer’, num sentido meritocrático, eu costumo falar que mesmo lutando tanto, ainda sou exceção, porque muitos que tentaram não conseguiram. E eu não sou melhor por ter acertado mais perguntas e ter tirado uma nota boa na redação, isso é um problema estrutural", acrescenta.

Aulas de publicidade são realizadas no Centro de Artes e Comunicação. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

"E eu quis entrar em uma pública porque na minha família ninguém havia conseguido", ele relata. Diante da realidade em que se viu, mesmo feliz pelo ingresso no ensino superior, Antonio ainda encarou algumas dificuldades para garantir a permanência no curso. “Todo dia estar na Universidade é uma luta. Primeira situação foi vir de São Paulo, onde nasci e cresci a vida toda, me formei no ensino fundamental e médio em escola pública, para morar numa cidade que sempre tive vontade, mas não conhecia de forma alguma. No período que passei até adentrar no curso, que dá um período de uns seis meses, eu fui me informando com tudo que podia, sobre edital, auxílio, moradia. E então, assim que entrei, uma saga tão difícil quanto a vaga, foi buscar um auxílio, que depois de três meses na cidade consegui. Hoje, esse auxílio (até então moradia) é o que me mantém sobrevivendo enquanto faço o curso”, comenta.

Por ter concluído o ensino médio em 2013, o estudante teve de se adaptar a uma nova rotina de estudos para acompanhar os conteúdos e o ritmo da academia, visto que estava há um tempo afastado da sala de aula. “Quando entrei, tive uma certa dificuldade em acompanhar e absorver conteúdos dos quais nunca tive contato na vida e já era de conhecimento básico para grande parte dos colegas, então ir pegando aquele ritmo, saber como era estudar de um modelo diferente do que é na escola pública, foi uma coisa que só o tempo foi maturando e até perdi certos conteúdos no começo do curso por essa 'inexperiência'”, relembra.

A Universidade de Pernambuco (UPE) também foi consultada, pelo LeiaJá, mas até o fechamento desta reportagem não informou os dados solicitados sobre a quantidade de universitários oriundos de escolas públicas.

Retenção e evasão

As IES oferecem mais recursos para garantir que a formação acadêmica seja finalizada por todos os estudantes. É o que aponta a dissertação de mestrado de políticas públicas de Marcela de Melo Soares Sales, pelo departamento de Ciência Política da UFPE, sobre a implantação e manutenção das políticas públicas na instituição. Além das cotas voltadas para estudantes de escolas públicas, pretos, pardos, indígenas e de baixa renda, as ações afirmativas da Universidade envolvem auxílio alimentação, auxílio transporte, bolsa de manutenção acadêmica, moradia estudantil, entre outras.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) afirma que alunos cotistas, mesmo apresentando rendimento igual ou superior aos não-cotistas, ainda têm dificuldades para realizar o curso devido às limitações financeiras. A taxa de evasão desses alunos é parecida com a dos estudantes aprovados por ampla concorrência, e muitos deles têm de conciliar estudos com trabalho para se manter na universidade.

No entanto, já existem iniciativas das próprias instituições para garantir que esses estudantes consigam realizar toda a graduação de forma satisfatória. “Nós temos uma evasão em torno de 20% ao ano, que é um número compatível com as instituições públicas de ensino superior, que são as instituições que possuem menos evasão na educação superior do País”, afirma a professora doutora Maria do Socorro de Lima, pró-reitora de ensino de graduação da UFRPE. 

Segundo Kátia Cunha, diretora de gestão acadêmica da UFPE, é fundamental pensar em formar os estudantes dentro do tempo estipulado, evitando a desistência do curso. “Qualquer taxa de evasão é preocupante, mas a UFPE tem desenvolvido políticas de combate à evasão e fortalecimento da permanência dos estudantes. A primeira ação foi a criação de uma coordenação de permanência, reuniões semestrais com os coordenadores de curso, com a análise de índices e proposições de enfrentamento do problema”, ela ressalta.

A diretora ainda apresenta algumas das iniciativas que a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) tem para garantir a retenção. “Na Prograd temos alguns programas como residência pedagógica, o Programa de Educação Tutorial (PET), o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), monitoria, editais de apoio à coordenação, entre outros. Existem programas específicos junto à Pró-Reitoria para Assuntos Estudantis, que desenvolve políticas próprias para estudantes vulneráveis”, explica Kátia Cunha.

A professora Maria do Socorro também comenta a atuação dos programas na UFRPE. “Em relação aos estudantes de escola pública e de ampla concorrência, nós temos várias políticas institucionais que garantem a permanência desses estudantes na universidade. Essas políticas de assistência estudantil são para que o estudante entre, permaneça e se forme no tempo certo”, explica. A pró-reitora ainda ressalta que os programas de assistência estudantil ajudam a manter o estudante na graduação muito mais do que os que ingressaram por ampla concorrência. "Os estudantes que têm assistência estudantil, que são os de escola pública, de recorte social, são os que menos evadem na nossa instituição. Então, a evasão do estudante que tem assistência estudantil é infinitamente menor do que as evasões de ampla concorrência. O estudante de ampla concorrência, que vem de escola privada, evade  muito mais rápido, muda de curso ou de instituição”, ela finaliza.

A universitária Luiza Ventura Lima, de Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense, aguarda o término deste semestre para se formar em jornalismo no Centro Universitário Carioca, uma universidade privada que funciona no bairro do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro.

Luíza é negra, seus pais não têm curso superior, assim como os seus avós. Quase com o diploma na mão, ela se recorda do primeiro dia de aula. “Assim que eu cheguei na faculdade minha turma tinha uns setenta alunos. De negro, tinha eu e mais duas pessoas”, recorda.

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Em quatro anos na faculdade, Luiza não teve nenhum professor negro, mas lembra-se de ser atendida por funcionários pretos ou pardos administrativos e da inspetoria, além dos faxineiros da faculdade. “É uma coisa para parar e pensar”, comenta a formanda. Ela vai concluir o curso aos 21 anos, dentro da faixa etária esperada para alunos que não entraram com defasagem de idade e série no curso superior, nem tiveram que trancar algum semestre já na faculdade.

Segundo a pesquisadora Tatiana Dias Silva, autora de estudo sobre ação afirmativa e população negra na educação superior, publicado em agosto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 36% dos jovens brancos naquela faixa etária estão estudando ou terminaram sua graduação. Entre pretos e pardos, esse percentual cai pela metade: 18%. A Meta 12 do Plano Nacional de Educação (Lei n° 13.005/2014) prevê que, até 2024, 33% da população de 18 a 24 anos estejam cursando ou concluindo a universidade.

A preocupação da especialista é que a desigualdade persista por muito tempo e afete o desenvolvimento do país. “Como sociedade isso é inadmissível. Se a questão racial é um elemento estruturante, ele precisa ser enfrentado. Como a gente pode pensar o projeto de desenvolvimento do país que não incorpora esse desenvolvimento para todos os grupos?”, pergunta em entrevista à Agência Brasil.

A partir da base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo de Tatiana Silva contabiliza que, em 2017, 22,9% de pessoas brancas com mais de 25 anos tinham curso superior completo. A proporção de negros com a mesma escolaridade era de 9,3%.

Aumento de 400%

Outro levantamento, também a partir dos dados do IBGE, feito pelo site Quero Bolsa, informa que - entre 2010 e 2019 - o número de alunos negros no ensino superior cresceu quase 400%. Os negros chegaram a 38,15% do total de matriculados, percentual ainda abaixo de sua representatividade no conjunto da população – 56%.

O site ainda verifica que, em alguns cursos, a presença de negros não chega a 30%. Esses são os casos de medicina, design gráfico, publicidade e propaganda, relações internacionais e engenharia química.

Lucas Gomes, diretor de Ensino Superior do Quero Bolsa, assinala a importância da política de cotas (Lei nº 12.711/2012), do acesso a programas de financiamento (Programa Universidade Para Todos, o Prouni, e o Programa de Financiamento Estudantil, Fies) e da educação a distância para o crescimento do número de universitários negros na última década. Ele é otimista. “A tendência é que, nas próximas gerações, isso se torne mais perto da realidade”, prevê.

Fora dos cargos de liderança

O diretor assinala, no entanto, que, além de formar mais pessoas negras, é preciso que, após a universidade, o mercado de trabalho contrate mais pretos e pardos. “Ainda temos um abismo de contratação entre pessoas brancas e negras”, alerta. “O último levantamento que o Quero Bolsa realizou, com dados do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], indica que apenas dois de cada dez profissionais em cargos de liderança em empresas privadas eram negros, em 2018.”

“Nos primeiros seis meses deste ano, de 42 mil vagas de liderança abertas em empresas privadas, apenas 23,7% foram ocupadas por homens e mulheres negros. O restante foi ocupado por brancos, outras etnias ou que não declararam cor", acrescenta Lucas Gomes.

O especialista em diversidade Carlos Paes acrescenta que a evolução no mercado de trabalho ainda tem mais obstáculos para as pessoas negras. “Criamos outras barreiras além da formação em curso superior, como falar outro idioma (inglês)”. Para ele, a ocupação de bons postos de trabalho não aumentou na mesma proporção. “Ainda estamos vendo pessoas negras e pobres em empregos que não correspondem à sua formação”, lamenta.

Efeito simbólico

O ingresso em melhores empregos impacta na renda, na possibilidade de ascensão social e, para muitos, no ingresso na classe média. O aumento de status ainda tem efeito simbólico e duradouro:  abre novas perspectivas para crianças negras e amplia a visão de mundo de crianças não negras, como salienta Janine Rodrigues, educadora, escritora e fundadora da Piraporiando, que trabalha com educação para a diversidade.

“É importante”, acredita, porque mostra a possibilidade de pretos e pardos ocuparem todos os espaços sociais. Segundo a educadora, “quando as crianças veem os negros em todos os lugares da sociedade, elas também constroem a percepção de poder.”

Janine Rodrigues aponta que o racismo institucional e nas interações sociais tem efeitos perversos. “Dia desses um pai me disse que seu filho foi racista com uma coleguinha. Mas que ele, como pai, não sabia o que dizer, pois o filho só tinha cinco anos e, falar de racismo com uma criança de cinco anos era algo muito forte” segundo ele. 

“Ora, se o filho de cinco anos não pode ouvir sobre o racismo, a coleguinha da mesma idade é obrigada a sofrer racismo e ter maturidade? Perguntei. É isso o que o racismo faz. Desumaniza.”

Para a educadora, outro efeito do racismo é limitar conhecimento, diminuir repertórios e alimentar a exclusão social. “Nossa academia, nossas escolas, nosso olhar sobre a cultura (ou a hierarquização dela) ainda têm uma visão eurocentrada. Então, o que representa o negro, a cultura negra, não está dentro. A sociedade está sempre falando de nós como 'os outros'. Tudo isso reflete nas percepções das crianças negras”, alerta.

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O senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou  um projeto para alterar a revisão da Lei de Cotas, que garante a reserva de vagas para negros, indígenas, pessoas com deficiência, alunos de baixa renda e estudantes de escolas públicas em universidades públicas e institutos federais (PL 4.656/2020).

Sancionada em 2012, a lei deve ser reavaliada após dez anos de execução, em 2022. De acordo com Paim, a revisão poderá concluir que a política de cotas não será mais necessária, caso os percentuais de participação de alunos pretos e pardos nas instituições federais alcancem a proporção respectiva dessas raças na população da unidade da Federação em que vivam. O mesmo critério valerá para as cotas de indígenas e pessoas com deficiência.

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A extinção das cotas, diz o senador, significaria um "um pesado golpe nas camadas mais necessitadas e discriminadas da população", ainda que alguns estados já tenham se aproximado da participação dos setores beneficiados no ensino superior em relação à população total. Paim lembra que a miséria e a desigualdade voltaram a crescer a partir de 2016. Para ele, enquanto não forem adotadas novas políticas para melhorar a qualidade do ensino nos níveis fundamental e médio e para reduzir a desigualdade social as cotas devem ser mantidas.

O projeto prevê que, em vez da revisão única prevista para 2022, a lei seja sempre reavaliada a cada 10 anos. Caso se verifique que em determinada unidade da Federação o preenchimento das vagas pelos setores beneficiados está abaixo do percentual de cada grupo no total da população, a cota é automaticamente renovada por mais dez anos. Se o preenchimento das vagas igualar ou superar esse percentual, a política será mantida por pelo menos mais cinco anos. E se após a suspensão da política a participação dos setores beneficiados cair, a aplicação das cotas é retomada.

Instituições particulares

O projeto também propõe que as cotas sejam aplicadas aos processos seletivos em todos os cursos de graduação de instituições particulares. Hoje, a política de cotas só beneficia estudantes que ingressam em faculdades particulares com bolsa do Programa Universidade para Todos (Prouni).

Para facilitar o controle do cumprimento da lei, a proposta prevê ainda que o estudante informe sua raça no ato da matrícula.

Segundo Paim, as políticas de cotas têm alcançado resultados positivos não só no Brasil, mas também na Índia, nos Estados Unidos e na África do Sul, entre outros países. "Sem elas, a desigualdade se torna ainda mais aguda. Sua presença contribui para a redução da desigualdade, e o acesso à educação é uma das mais importantes formas de promover a inclusão social e econômica dos menos favorecidos", afirma na justificativa.

O senador lembra que as políticas afirmativas começaram a ser adotadas no Brasil a partir de 2003. A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira do país a estabelecer o sistema. Paim cita um estudo dos economistas Renato Vieira e Mary Paula Arends-Kuenning, da Universidade de Illinois, em Chicago, segundo o qual os programas de ação afirmativa adotados no Brasil nos anos 2000 foram eficazes para aumentar a matrícula de estudantes de grupos desfavorecidos em universidades públicas, especialmente em programas altamente competitivos. O aumento significativo no número de matrículas de negros só foi observado em universidades que adotaram critérios raciais explícitos em seus programas, de acordo com a pesquisa. E mais: o desempenho dos cotistas nas universidades avaliadas foi semelhante ao de alunos não cotistas, desmontando o falso argumento de que a Lei de Cotas promoveria o “rebaixamento” da qualidade dos profissionais egressos do sistema de ensino.

*Da Agência Senado

Theo Brandon faz medicina na Universidade Estadual da Bahia.Foto: Theo Brandon / Arquivo Pessoal

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As cotas para pessoas transgênero dentro de graduações públicas são novidade no Brasil. Determinada primeiramente pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), a medida foi divulgada em edital apenas em fevereiro de 2018, causando polêmica. Hoje, para a graduação, a Universidade Federal do Grande ABC (UFABC), Universidade Federal da Bahia e Universidade Estadual da Bahia (Uneb) são as outras instituições que oferecem cotas para pessoas trans. O processo para compreender a necessidade de uma cota do tipo na graduação pode não ser fácil, afinal, soma a necessidade de entender o desamparo sofrido por esse segmento da população LGBTI+ no País com os cruéis obstáculos ultrapassados pelo mesmo público no ensino básico. 

A invisibilidade do público trans não é restrita à educação. A simples existência dessa parcela de brasileiros não foi levada em consideração nos últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Organização Mundial da Saúde estima que menos de 1% da população mundial seja transexual. 

O que sabemos hoje em dados internacionais ou alternativos é: 82% das pessoas transgênero deixam a escola entre os 14 e 18 anos. Os motivos, de acordo com a RedeTRANS, são as agressões diárias sofridas dentro dessas instituições a e a falta de amparo da família. 

A Pró-Reitora de Ações Afirmativas da Universidade Estadual de Brasília (Uneb), Amélia Tereza Santa Rosa Maraux, afirma que esses foram alguns dos pontos considerados em conversa com a sociedade antes da instalação desse tipo de política afirmativa na instituição. “As pessoas travestis e trans têm uma dificuldade grande de concluir o percurso educativo no ensino fundamental e médio. Não é difícil perceber indicadores, como por exemplo, de distorção entre idade e série no ensino fundamental e por conta disso a evasão na educação básica”, explica.

Segundo o estudo "Juventudes na escola, sentidos e buscas: por que frequentam?", realizado pelo Ministério da Educação no final dos anos 2000, os preconceitos contra a população LGBTI+ são a principal forma de segregação dentro das escolas. Pessoas que se enquadram nesse segmento têm um “índice de rejeição” de mais de 19%, principalmente entre os jovens do Ensino Médio.

Ainda segundo o estudo, os alunos homens cis são os que têm mais dificuldade em encarar  a população LGBTI+ como companheira de classe. Pela pesquisa, 31,3% dos rapazes não querem ter como colegas de classe homossexuais, transexuais, transgêneros e travestis. No caso das meninas cisgênero, esse número baixa para 8%. 

No primeiro semestre letivo após a implantação desse tipo de cotas, a Uneb recebeu 20 alunos transgênero para diversos cursos diferentes. Entre eles, estava Theo Brandon, de 23 anos.

O caminho de Theo até a medicina

Natural da cidade de Camaçari, no interior da Bahia, Theo alcançou a oportunidade de cursar medicina, graduação mais concorrida da Uneb, no primeiro edital que instituiu cotas para pessoas trans. Mantendo uma boa relação com os estudos desde a infância, as primeiras violências sofridas pelo baiano por questões tocantes a gênero não eram tão perceptíveis, mas as dificuldades socioeconômicas enfrentadas no período sim. “Desde essa época eu tinha que, muitas vezes, fazer uma jornada tripla: trabalhar vendendo trufas na vizinhança e na própria escola para conseguir dinheiro de transporte para estudar, fazer cursos para garantir uma ascensão profissional no futuro e estudar meu ensino fundamental em si, tendo que andar quilômetros em um único dia, às vezes, para garantir concluir minhas atividades”, lembra. A identificação com a transgeneridade surgiu quando ele já cursava o ensino médio no Instituto Federal da Bahia.

Na época do ensino médio, a experiência do aluno não foi muito diferente da de outras pessoas trans, principalmente no que diz respeito aos espaços burocráticos. “Foi um momento de identificação com a transgeneridade e intensos conflitos familiares e sociais derivado disto, como as dificuldades no acesso aos espaços segregados por gêneros na escola e políticas de nome social, para além da vulnerabilidade socioeconômica, que só piorou sem o apoio familiar”, recorda.

Dentro da universidade, a caminhada de Theo até o diploma de médico assemelha-se a de jovens negros e periféricos que não têm o apoio da família em um curso integral. Morando longe da faculdade, ele leva cerca de duas horas para ir e duas horas para voltar. O gasto com materiais como xérox e equipamentos práticos precisa ser equilibrado com os auxílios financeiros oferecidos pela escola. “A primeira opção, que não é o meu caso, é ter apoio financeiro da família. A segunda é ficar de olho em qualquer tipo de edital que abrir na faculdade, seja de bolsa permanência ou de pesquisa”, conta. As bolsas giram em torno de R$ 300. 

A Pró-reitora Amélia lembra que encontrar uma forma de fazer esses alunos continuarem na faculdade sem o apoio financeiro da família é um dos maiores desafios para a instituição hoje. “Mais do que ingressar, o nosso desafio é construir as políticas de permanência. Bolsas destinadas para que essas pessoas possam permanecer na universidade, residência universitária… São várias políticas somadas à política do ingresso para garantir a permanência e conclusão desses alunos”, explica. 

Mesmo consciente do seu papel como o retrato de que pessoas trans podem chegar à academia, Theo lembra que as cotas não são suficientes para suprir a quase inexistência delas nesse espaço. “Isso é sintoma de algo muito maior. Quando a gente insere as políticas de cotas a gente busca acabar com esse sintoma, mas o que gera esse sintoma está intacto e vai continuar produzindo as desigualdades. Muitas pessoas trans sequer chegam a terminar o ensino fundamental e/ou médio, então não tem como esperar que somente a política de cotas na universidade supra toda deficiência que vem sendo gerada”, pontua. Em tempos de debates contra uma suposta “ideologia de gênero”, poucas são as medidas tomadas no ensino médio e básico de cidades brasileiras para atenuar essa desigualdade. 

O desafio do ensino básico

Especialistas da área de educação lembram que uma das formas de diminuir a desigualdade e fazer pessoas transgênero alcançarem as universidades é fornecer um ambiente escolar seguro para que elas se sintam bem vindas. “Como uma pessoa trans vai aproveitar as cotas se ela nem sequer se sentiu à vontade de frequentar uma sala de aula no ambiente escolar de ensino médio, ensino fundamental, para poder minimamente concluir os estudos e ter acesso à cota? Isso parece ser uma coisa que ainda precisa ser trabalhada para que possa ter efeito na prática”, afirma Robeyoncé Lima, advogada e co-deputada estadual pela chapa Juntas (PSOL) no Recife. A possibilidade de discutir gênero nas escolas, porém, é minada com frequência por projetos de lei que já chegaram a ser considerados inconstitucionais.

Na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, um projeto que proibia discussões e até mesmo a utilização do termo “gênero” nas escolas foi aprovado na câmara e precisou ser barrado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, por ferir preceitos da Constituição, como o direito à igualdade. 

Cidades como Caxias do Sul (RS), Campina Grande (PB) e São Bernardo do Campo (SP) também tiveram PLs do tipo aprovados. Na contramão disso, a permissão da utilização do nome social dentro das escolas públicas foi homologado pelo MEC apenas em janeiro de 2018. Há poucos dados, porém, sobre o incentivo à utilização desses nomes dentro das instituições de ensino. 

Robeyoncé: a universidade antes e depois da Lei de Cotas

Robeyoncé Lima, do Alto Santa Terezinha, é co-deputada estadual pelo PSOL. Foto: Juntas / Divulgação

As cotas universitárias para pessoas transgênero são recentes, mas os poucos casos de quem conseguiu desafiar obstáculos e concluir o percurso educacional cercado pelos muros hostis do ensino básico e superior existem. Um dos exemplos mais enigmáticos é o de Robeyoncé Lima, de 30 anos. O percurso dela começou em uma escola pública do Alto Santa Terezinha, na Zona Norte do Recife, passou pela Universidade Federal de Pernambuco duas vezes e hoje é traçado dentro da Assembleia Legislativa do mesmo Estado. 

Quando criança, a única forma encontrada pela estudante de fugir das brincadeiras constantes pelo seu “jeito afeminado” era estudar o suficiente para que as pessoas a respeitassem, pelo menos na hora de pedir as respostas dos testes. “Isso era uma forma também de reverter esse quadro de ser uma pessoa vista de maneira negativa para ser vista de maneira positiva, mesmo que só no período de provas”, lembra. 

Assim como tantos outros jovens da região marcada pela pobreza, as referências de universidade para ela eram distantes. “Na minha rua não tinha uma pessoa que tinha entrado numa universidade federal, que tivesse passado no vestibular, mas eu via história de pessoas que tiravam primeiro lugar em medicina, primeiro lugar em direito e eu dizia ‘sim, se essas pessoas podem passar, eu também posso’”, conta. No Brasil de 2006, Robeyoncé, preta e periférica, foi uma das duas pessoas da escola do bairro aprovada no vestibular. Iria cursar geografia na UFPE. Como reconhecimento pela conquista, ganhou uma grande faixa com o seu nome.

Na sua segunda graduação, Robeyoncé entrou pelas portas da tradicional Faculdade de Direito do Recife um ano antes da implantação da Lei de Cotas. Por mais de cinco anos, viu aquele espaço mudar. “No primeiro curso propriamente eu não vi por exemplo questões de gênero, não tive acessos a essas questões, não tive acesso a esse debate dentro desse curso. No segundo curso aqui na faculdade de direito, eu tive acesso, a questões de direito e gênero, direitos das mulheres e tudo mais”, conta. Acompanhando gradativamente a inclusão de pessoas que não tinham tanto acesso ao ensino público, ela também teve oportunidade de reconhecer a sua transgeneridade. 

“Eu nao sei se eu seria essa mesma pessoa se eu tivesse estudado em outra faculdade. Eu poderia estar de terno e gravata por exemplo, sabe? Se eu tivesse estudado direito em uma faculdade que apenas ensina a letra da lei, provavelmente eu estaria enfurnada em um terno e uma gravata, mas que bom que eu tive esse privilégio que muitas pessoas não têm”, lembra. São dos privilégios que ela lembra na hora de considerar o caminho que a fez chegar até aqui. Não ser expulsa de casa pela família, por exemplo, foi um deles. “Eu não fui tão exposta feito muitas outras meninas, até da academia, sabe? Esse status de advogada, esse status de deputada me dá uma certa segurança. O sistema me dá segurança”, afirma.

Reportagem faz parte do especial "Para que servem as cotas?", produzido pelo LeiaJá. O trabalho jornalístico explica a importância das cotas para a equidade e democratização dos espaços de educação brasileiros. Confira as demais reportagens:

1 - Cotas: sanção da lei marca o ensino superior

2 - A perspectiva social que explica a criação das cotas

3 - Cotas raciais valorizam diversidade no ensino superior

4 - Saiba como funciona as Comissões de Verificação de Cotas

5 - Inclusão de pessoas com deficiência marca Lei de Cotas

6 - Cotas rurais garantem ensino ao povo do campo

7 - A aldeia no campus: cotas e reparação histórica aos índios

9 - ProUni: inclusão social no ensino superior particular

10 - O que é mito e o que é verdade sobre a Lei de Cotas?

11 - Como seria um mundo sem cotas? 

Debate sobre cotas gerou polêmica e protestos de alunos da rede particular brasileira

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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Polêmico nas redes sociais, o debate sobre cotas universitárias costuma render comentários extremos na internet. Diante do mundo virtual, local no qual opiniões podem ser confundidas com fatos, é importante saber distinguir os mitos e verdades sobre as políticas inclusivas dentro de universidades. 

Perguntamos aos seguidores do Vai Cair no Enem, página do Instagram com mais de 350 mil seguidores, a opinião deles sobre as cotas nas universidades. Em cerca de 250 comentários, selecionamos aqueles que mais se repetiram ou causaram polêmica para serem respondidos pelo professor Ocimar Munhoz, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

O docente é especialista na área de educação e já realizou pesquisas envolvendo igualdade de resultados dentro do ensino e desigualdade no sistema educacional brasileiro. Confira o currículo Lattes do profissional clicando aqui.

A seguir, veja perguntas, afirmações e respostas selecionadas pelo LeiaJa.com

“Pessoas mais capacitadas para curso ficam de fora porque tem muito mais vagas para diversas cotas do que para ampla concorrência”

Sim. Pessoas capacitadas ficam de fora, mas isso é um fator sem ligação com as cotas. Segundo o professor, o conceito de “pessoas capacitadas” precisa ser redefinido na situação apontada por este internauta. “O que acontece com os processos seletivos em geral? Com cota ou sem cota, você ordena os respondentes com base no desempenho que a gente tem em provas. Nós temos muitas vezes a seleção de indivíduos com resultados muito próximos, mas que não entram quando eu faço a seleção até uma determinada posição”, afirma Ocimar. 

Um exemplo pode ser dado para elucidar a mente de quem ainda tem dúvida: “Vamos admitir que haja uma pontuação desejável [para entrar em uma universidade]. Todo mundo que esteja acima dessa pontuação desejável entra? Não. São aceitos os primeiros. Na lista de espera, com exceções, tem muita gente ‘capacitada’. Por que elas não são selecionadas? Porque não tem vagas para elas”, lembra. Até mesmo dentro das cotas, há quem fique do lado de fora. “Pensa comigo: se eu tenho dez vagas para negros, vai ter o negro que ficou em 11ª posição. Ele também ficou de fora porque ele é o 11º e só seriam chamados 10”, explica. 

Em alguns casos, o candidato autoidentificado como negro e classificado no vestibular pode ter uma pontuação menor em relação à de um candidato na lista de espera da ampla concorrência. A “desigualdade” apontada por alguns é encarada como forma de reparação pelo especialista. “As cotas justamente apareceram para atenuar injustiças e uma delas é essa: reconhece-se que uma população composta por indivíduos negros tem as piores condições para se preparar”, lembra o docente. No caso da raça, o reconhecimento da desigualdade, por sua vez, pode ser embasado em dados. Segundo levantamento de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 78,5% da população pobre do Brasil se declara negra. 

“Cotas não ensinam ninguém a ler nem a escrever”

É verdade. A frase acima foi creditada ao deputado federal Kim Kataguiri, do partido Democratas. Apesar de ser correta, ela demonstra pouca intimidade do parlamentar com a educação, afinal, aprender a ler e escrever não é tarefa da universidade. “As cotas não foram feitas para isso. Não sei por que alguém falou isso. Embora ler e escrever se possa aprender fora da escola, em geral, ensinar a ler e escrever é uma tarefa da escolarização”, lembra o professor da USP. 

“A cota para cor ou etnia é uma forma de racismo, pois trata negros como ‘inferiores’ e que não conseguem chegar no mesmo estágio de uma pessoa ‘branca’ sem ajuda” 

Os candidatos precisam entender que, segundo especialistas na área de educação, a cota não é racismo. Ela é um atenuante para desigualdades sociais e só foi implementada quando constatou-se que candidatos que se autoidentificavam como negros, pardos ou indígenas tinham menor representação após o processo seletivo. “Ao que se deve isso? Porque nasceram assim e já são naturalmente inferiores? Não. Considera-se que processos sociais fazem com que essa população tivesse uma subrepresentação. As cotas fazem esse ajuste. Não é racismo, não é uma questão de inferiores, é uma questão de tentar atenuar uma desigualdade”, conta.

“Cotas são injustas porque não sabemos os critérios que eles usam para definir quem é pardo ou não”

A cota pode até ser imprecisa, mas não é injusta. O critério utilizado no Brasil hoje é a autoidentificação. “Quando falo que ela pode ser imprecisa, é porque pode ter oportunismo. Alguém que nunca se identificou como um negro vai lá e se identifica, ou como um pardo ou indígena. Por isso que em muitos lugares há uma comissão para se apurar isso”, lembra o professor. Você pode conferir como funciona uma comissão de verificação de cotas clicando aqui. 

Para pensar em critérios de definição de raça é importante também lembrar da diferença entre o fenótipo (representado pelas características físicas do indivíduo) e o genótipo (representado pelas características genéticas do indivíduo). “No Brasil, sentir preconceito é mais uma coisa de fenótipo. Ou seja, uma pessoa que tem a pele mais negra tende a estar exposta a situações de racismo mais do que quem tem a pele branca”, lembra Ocimar. 

Quando alguém com descendência negra, mas tom de pele claro, se sente prejudicado por uma comissão julgadora de fenótipos, podemos considerar a cota como imprecisa. “É bom lembrar que os estudos nos quais se basearam as cotas foram feitos em um momento que não tinha nenhuma cota em questão. Agora, como tem vagas que estão sendo distribuídas, podem aparecer oportunistas”, aponta o professor. A autoidentificação realizada nas universidades, na maioria das vezes, é feita com o preenchimento de um formulário. 

“Cotas não são necessárias pois todas as pessoas são iguais”

“Iguais em quê? Nós estamos falando de desempenho escolar. De onde vem o desempenho escolar? Vem das condições que as pessoas tiveram antes para exibir um desempenho”, conta Munhoz. O docente lembra que podemos listar três fatores essenciais para determinar o desempenho escolar de um aluno: a escola na qual estudou, o esforço que aquele aluno fez para apreender o conteúdo e as condições socioeconômicas nas quais ele está inserido.

Encarando esses fatores, é possível perceber que a igualdade, no que se diz respeito à educação, não existe. “As pessoas são iguais genericamente como seres humanos, mas as cotas não discutem isso. Elas discutem a diferença de desempenho. Descobriu-se que dependendo da cor da pele você tem acesso a escolas piores, a condições sociais piores, portanto, seu esforço, mesmo que gigantesco, pode não ser suficiente para ter um bom desempenho”, lembra o professor. Para ajudar a compreender, exemplificaremos: imagine duas pessoas disputando uma corrida. Uma de tênis em uma pista de material emborrachado e outra descalça na areia. Nas mesmas condições, mas com os materiais diferentes, qual delas chegará primeiro?

“A adoção de medidas dessa natureza é necessária como uma forma de combate à desigualdade tão significativa em nosso País”

Sim. A adoção dessas medidas é necessária para combater a desigualdade, mas qual é o conceito de desigualdade? “Ninguém escolhe antes de nascer onde vai nascer. Onde nós nascemos e as condições em que vivemos pesam no desenvolvimento dos nossos esforços. Isso cria o que nós chamamos de desigualdade, uma diferença no nosso desempenho que está associada a uma condição que pode ser de sexo, pode ser de raça, de cor ou de condições econômicas”, detalha Ocimar. Diante da desigualdade, é errado afirmar que alguém vai mal na escola porque “nasceu assim”.

“As cotas hoje em dia estão tornando a solução do problema escola pública/privada muito mais tardias, servindo apenas como paliativo”

Para responder a essa pergunta, é necessário ir por partes. Quando falamos de escolas de ensino médio, segundo o docente, apenas 12% das matrículas são privadas. Todo o resto (88%) é feito nas escolas públicas. “O que acontece é que essa imensa maioria de alunos em geral estuda em condições mais precárias do que as privadas, não bastando a condição da família. O ideal seria que essas diferenças não existissem e que talvez nem fosse necessárias escolas privadas”, lembra o professor. Enquanto não houver essa igualdade, porém, as cotas podem ser consideradas um “paliativo pela justiça”. 

“A curto prazo, as cotas não mudaram nada. O negro e pardo e entraram nas universidades, mas continuam sendo discriminados da mesma forma” 

Falso. As cotas mudaram o cenário da educação superior no Brasil. Principalmente, dentro das universidades públicas. “Isso acontece mais ainda naqueles cursos que em quase toda a sua existência não tinham a presença de estudantes negros, pardos ou indígenas”, lembra. A discriminação no País pode continuar, mas enquanto a igualdade não for garantida na educação básica as cotas continuarão a fazer o seu trabalho paliativo. 

Reportagem faz parte do especial "Para que servem as cotas?", produzido pelo LeiaJá. O trabalho jornalístico explica a importância das cotas para a equidade e democratização dos espaços de educação brasileiros. Confira as demais reportagens:

1 - Cotas: sanção da lei marca o ensino superior

2 - A perspectiva social que explica a criação das cotas

3 - Cotas raciais valorizam diversidade no ensino superior

4 - Saiba como funciona as Comissões de Verificação de Cotas

5 - Inclusão de pessoas com deficiência marca Lei de Cotas

6 - Cotas rurais garantem ensino ao povo do campo

7 - A aldeia no campus: cotas e reparação histórica aos índios

8 - Cotas para trans esbarram em preconceito no ensino básico

9 - ProUni: inclusão social no ensino superior particular

11 - Como seria um mundo sem cotas? 

As convocações do vestibular da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) foram suspensas após a Justiça Federal do Mato Grosso do Sul acatar pedido do Ministério Público Federal por causa da exclusão de pretos, pardos e indígenas do processo seletivo.

Segundo a ação civil pública divulgada pela procuradoria, mesmo que o edital preveja a chamada por cotas étnico-raciais de alunos de escolas públicas, aqueles que não foram aprovados pela comissão de heteroidentificação da instituição não tiveram direito de entrar na lista de ampla concorrência após serem eliminados, mesmo com notas maiores do que a de outros candidatos.

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A sugestão inicial dada pelo Ministério Público Federal foi de que aqueles alunos excluídos do sistema de cotas fossem incluídos por ordem de nota na listagem geral. Isso não foi cumprido e, por esse motivo, a convocação do vestibular foi suspensa por meio de uma ação proposta com tutela de urgência.

"Não há dúvida que a interpretação da UFGD incide negativamente sobre quem deveria proteger, que são os alunos de escola pública que possuem nota superior aos alunos da rede privada, mas que com esses não puderam concorrer nas chamadas suplementares da ampla concorrência", alegou a procuradoria na ação. A UFGD ainda não se pronunciou sobre o assunto.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo informou sobre a condenação da Vivante Serviços de Facilities ao pagamento da multa de R$ 376.057,93 por contratar de forma fraudulenta pessoas com deficiência. Isto foi caracterizado como litigância de má-fé ao burlar a Lei de Cotas (8213/91). A empresa contratava pessoas sob o pagamento de salário mínimo, porém elas não exerciam a atividade.

Segundo o órgão, a empresa havia se comprometido, em 2015, a contratar 80 pessoas com deficiência em prazo de dois anos, no entanto, em 2017, o MPT solicitou à empresa a relação de trabalhadores e postos ocupados. Ao ser verificada a irregularidade, a empresa foi condenada. A Lei de Cotas para deficientes é aplicada como exigência legal a empresas com mais de 100 funcionários   

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Em investigação do MPT aos relatórios, foi verificado que a lista da empresa trazia o mesmo endereço para 65 trabalhadores com deficiência visual, mas constatou-se que no local funcionava a sede administrativa da Vivante e que nenhum deles se encontravam no local. Além disso, foi descoberta outra irregularidade: trabalhadores cegos eram contratados, mas ficavam em casa, recebiam um salário mínimo, mas não exerciam função alguma. Diante desse cenário, foi solicitado à Justiça a punição. Parte da multa (quase R$ 380 mil) será destinada à hospitais públicos ou entidades de assistência a pessoa com deficiência. 

A empresa ainda terá que cumprir o acordo firmado em 2015 em um prazo de 30 dias, sem que a lei seja burlada. Caso não seja cumprido, a pena será de multa de R$ 5 mil por trabalhador não contratado. 

Investigação

Durante o processo, a procuradora do trabalho Denise Lapolla apontou para vínculo de alguns desses trabalhadores a outras empresas, acumulando cerca de cinco ou seis ao mesmo tempo. Ao todo, seus nomes estavam vinculados a, em torno, de 130 empresas. Ela explica que este artifício visava fazer com que os nomes dos deficientes estivessem compondo a reserva legal “sem estarem efetivamente incluídos no mercado de trabalho”.  O MPT está investigando 81 dessas empresas que não haviam sido verificadas anteriormente.  O MPT explica que, em 15 e 16 de março, foram convocadas todas as empresas para uma audiência coletiva na qual foram feitas recomendações e esclarecimentos.

A Vivante também já passou pelo mesmo problema em 2011,quando o MPT investigou uma entidade que funcionava em suas dependências e realizava trabalho de artesanato. Ela contava com várias pessoas com deficiência, mas que “mantinham vínculos trabalhistas com outras pessoas jurídicas e contavam para a cota respectiva, sem jamais terem lá se ativado”, conta a procuradora.

Um projeto de lei que está sendo analisado na Câmara dos Deputados quer assegurar a pessoas com mais de 50 anos de idade preferência no acesso a vagas remanescentes do sistema de cotas para o ingresso em universidades e em instituições federais de ensino técnico de nível médio. Segundo a Agência Câmara de Notícias, para concorrer às oportunidades, é necessário cumprir a exigência – já prevista na lei – de ter cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Para o autor da proposta, o deputado João Campos (PSDB-GO), a ação vai contribuir com as metas do novo Plano Nacional de Educação. “Para contribuir com as metas do novo Plano Nacional de Educação, o projeto visa contemplar, na Lei de Cotas, também a população acima de 50 anos de idade”, explica Campos, conforme informações da Agência Brasil.

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O autor ainda argumenta que o projeto não trará grande impacto na aplicação do sistema de cotas. Segundo ele, o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) 2010 mostra que uma pequena parcela dos 31 milhões de homens e mulheres alfabetizados com mais de 50 anos tem condições de aspirar à educação superior, por já ter completado o nível médio.

A proposta já está tramitando em caráter de conclusão. Ela ainda receberá análise das comissões de Educação, de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Há vinte e dois anos milhares de trabalhadores vêm sendo inseridos no mercado de trabalho, a partir da Lei nº 8.213, também conhecida como Lei de Cotas, sancionada em 24 de julho de 1991. Em comemoração a data o Ministério Público do Trabalho (MPT) desenvolveu uma plataforma com o intuito de levar informações sobre o mundo do trabalho às pessoas com deficiência, o PCD Legal. 

No site estão disponibilizados textos com base na cartilha “Ministério Público do Trabalho e os Direitos dos Trabalhadores”, estando disponível nos formatos de áudio, vídeo (Libras) e texto. O PCD Legal é um projeto da Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação do Trabalho (Coordigualdade) do MPT, que visa aproximar a instituição da sociedade e oferecer conhecimento acessível a pessoas com deficiência sobre temas importantes e necessários ao exercício da cidadania, como os direitos do trabalhador.

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Para a procuradora do Trabalho e titular da Coordigualdade em Pernambuco, Melícia Carvalho Mesel, a ferramenta se mostra fundamental para informar à população em geral a respeito dos direitos trabalhistas de pessoas com deficiência.

“É fundamental que se reconheça que as pessoas com deficiência também têm o direito de serem inseridas no mercado de trabalho. Muitas empresas não as contratam por achar que tais pessoas são menos capazes. A discriminação acontece dentro e fora do ambiente de trabalho. E isso não é apenas fruto do desconhecimento da legislação, mas também, e principalmente, da falta de vontade de olhar e tratar as pessoas com deficiência com os mesmos direitos e anseios que as demais, que desejam exercer uma cidadania plena”, disse.

Lei de Cotas – A legislação garante uma reserva de vagas de emprego para pessoas com deficiência ou reabilitados com cem ou mais funcionários.

Educação, formação profissional e mercado de trabalho. É grande o número de pessoas que se interessa por temas do tipo, uma vez que estabelecer uma boa carreira depende de várias ações, tais como qualificação e aprendizado. Em 2012, os internautas confirmaram o interesse pela educação.  Aliás, destacar-se no mercado profissional exige dedicação, uma vez que a concorrência é grande e cada vez mais indivíduos procuram se qualificar. Confira os principais acontecimentos do universo de carreiras em 2012:

1 - Greves

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O Brasil foi marcado por greves em várias categorias profissionais. Mas, foi no contexto das universidades que o País percebeu a força da paralisação de grupos de professores e como os alunos reagiram em relação aos atos grevistas. A greve dos docentes de institutos e universidades federais foi uma das mais fortes e longas dos últimos tempos.

2 - Lei de Cotas

Em outubro de 2012, a presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que regulamenta a Lei de Cotas. A norma reserva vagas em universidade e institutos federais para estudantes oriundos de escolas públicas, e também permeia condições sociais e raciais. A lei gerou polêmica em vários âmbitos da sociedade e dividiu opiniões.

3 - Vestibulares

Ingressar na universidade é o sonho de muitos brasileiros. Os vestibulares das principais universidades brasileiras é a forma como essas pessoas podem alcançar esse objetivo. Confira nossa cobertura dos principais processos seletivos de Pernambuco e de algumas cidades brasileiras.

4 - Programa Ganhe o Mundo

Estudar e conhecer a cultura de outro país é um objetivo presente na vida de estudantes de diferentes classes sociais, sejam ricos ou pobres, de escolas públicas ou privadas. Neste ano de 2012, como nunca visto na história da educação pública pernambucana, mais de 500 estudantes tiveram a oportunidade de estudar em países como os Estados Unidos e Canadá. O Programa Ganhe o Mundo, do Governo de Pernambuco, é pioneiro no quesito intercâmbio no Estado.

5 - UNINASSAU

A Faculdade Maurício de Nassau, em Recife, instituição vinculada ao Grupo Ser Educacional, no início de 2012 teve seu credenciamento autorizado como centro universitário. Assim, a Maurício de Nassau passou a ser chamada UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau. Agora, a instituição de ensino tem autonomia universitária garantida pela Constituição Federal para criar novos cursos de graduação, sem carecer de autorização do Ministério da Educação (MEC), entre outras ações.

6 - Medicina na UNINASSAU

Não são todas as instituições de ensino superior que oferecem a tão procurada graduação de medicina. A UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, passou a oferecer em 2012 o curso de medicina, recebendo inúmeras inscrições para seu concorrido vestibular.

7 - Royalties para a educação - Foto: José Cruz/ABr

Após muita discussão sobre o destino dos royalties do petróleo, de fato, essa destinação tomou um bom rumo. O Brasil ganhou quando, no final de novembro deste ano, o ministro da educação, Aloizio Mercadante, disse que as futuras concessões do petróleo serão destinadas para a área de educação.

8 - Enade

 

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) também foi aplicado neste ano de 2012. Mais de 580 mil estudantes participaram da avaliação. Veja como foi a cobertura do Portal LeiaJá.

9 - Enem

Mais de 5,7 milhões de “feras” se inscreveram para participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A avaliação serve de vestibular para algumas instituições de ensino superior, além de análise do desempenho dos estudantes brasileiros. Confira como foi a cobertura do Portal LeiaJá.

10 - Candidata errada

É comum acontecer alguns problemas em dias de realização do Enem. Porém, um caso chamou atenção, com a candidata Jacqueline Chen, que foi confundida com outra estudante e perdeu a prova, tendo que fazê-la em outro dia.

No dia 1º deste mês, a rede estadual de ensino de Pernambuco iniciou o período de matrículas para próximo ano, através da internet. Até o próximo dia 27, novos alunos poderão se matricular em escolas estaduais, sejam eles de instituições privadas ou da rede municipal de ensino.

Ao todo, são 127 mil novas vagas, em que dessas, 56 mil são para a Região Metropolitana do Recife (RMR) e 71 mil para o interior do Estado. No mês de dezembro, do dia 1º a 21, a matrícula poderá ser feita pelo telefone 0800-286-0086. Os alunos que já estudam em escolas estaduais terão suas matrículas renovadas automaticamente.

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Com a sanção da Nova Lei de Cotas, que prevê reserva de vagas para estudantes oriundos de escolas públicas em universidades e institutos federais, muito se comentou na sociedade que haveria um aumento no número de estudantes da rede privada, que iriam migrar para a pública. Porém, segundo informações de representantes da Secretaria de Educação de Pernambuco (SE), mesmo com a nova lei, o número de vagas para escolas da rede pública não foi projetado por causa das cotas, uma vez que poderia ocorrer uma procura maior de estudantes de escolas privadas. A SE acredita que esse aumento apenas será necessário nos próximos anos.

Matrículas já realizadas
De acordo com a gerente de Organização Educacional da SE, Ângela Leocádio (foto registrada por Alyne Pinheiro/SE), de fato, as matrículas já realizadas até o momento não apresentam relação com a Nova Lei de Cotas. “Ainda é muito cedo para pensarmos nas cotas”, diz Ângela. Segundo ela, quase 20 mil matrículas já foram feitas, incluindo alunos oriundos da rede privada e quem desistiu neste ano e quer voltar a estudar em 2013.

É um número surpreendente, porque no ano passado a gente fechou as matrículas pela internet em 18 mil alunos”, conta a gerente, ainda frisando que esse aumento não possui relação com as cotas. “O que está levando os alunos à rede pública é melhoria na qualidade do ensino, são as escolas de referência, é a distribuição de tablets, entre outros fatores, que mostram que o estado está preocupado com o ensino”, completa a gerente.

Sobre os egressos da rede municipal, o número já chegou a mais de 80 mil. Após os períodos de matrículas, tanto pela internet, quanto pelo telefone, quem ainda não se matricular poderá procurar uma escola próxima de sua residência para estudar. Nesse caso, o procedimento será feito na própria escola. 

As inscrições para o Processo Seletivo Seriado (PSS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) começam nesta segunda-feira (12) e vão até às 23h59 do próximo domingo (18). Serão oferecidas 8.274 vagas e as novas inscrições são para quem fará o conjunto de provas, ou seja o PSS 1, 2 e 3.  Os interessados poderão se inscrever através do endereço eletrônico da Coperve.

A taxa é de R$ 93,50 e para os que concluíram o ensino médio em escola pública o valor é de R$ 33. O pagamento pode ser efetuado até o dia 19 deste mês. Os candidatos que farão as provas de conhecimentos específicos, como os cursos de bacharelado, licenciatura e cursos superiores sequenciais em música, teatro e dança, farão provas em dias diferenciados. As provas de conhecimento específico, para os cursos que a exigem, serão realizadas nos dias 17 e 18 de janeiro de 2013 (cursos de graduação) e 21 e 22 de janeiro (cursos sequenciais).

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Conforme o novo edital, os candidatos já inscritos poderão desistir de participar do PSS 2013, devendo registrar sua desistência no site da Coperve, no mesmo período destinado as novas inscrições, de 12 a 18 de novembro. Porém, a devolução da quantia paga na taxa de inscrição deverá ser requerida até o próximo dia 30.  

As regras do Sistema de Seleção Unificado (Sisu) foram atualizadas nesta terça-feira (6), pelo Ministério da Educação (MEC). O Sisu é usado por instituições de ensino superior públicas para ingresso de novos alunos. De acordo com a Agência Brasil, as principais mudanças servem para que o sistema seja adequado à Nova Lei de Cotas.

A nota de cada candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será usada como critério pelo Sisu. Já para o processo de seleção para o primeiro semestre de 2013, a nota do Enem deste ano será utilizada.

Conforme as regras, os estudantes de escolas públicas serão divididos em dois grupos, de acordo com a renda familiar, menor ou maior que 1,5 salário mínimo por pessoa. Esses grupos ainda serão separados em mais dois subgrupos, conforme a autodeclaração do candidato da cor da pele, informando se são pretos, pardos, ou indígenas, além dos demais.

De acordo com a Agência Brasil, também se estenderá à lista de espera das instituições a reserva de vagas. As universidades ainda podem aplicar regras de programas próprios de ações afirmativas, desde que os 50% definidos pela lei continuem assegurados.

Não havendo o número suficiente de aprovados para preencher as vagas destinadas a algum dos subgrupos previsto, elas poderão ser oferecidas aos demais subgrupos, conforme a seguinte ordem de prioridade: primeiro, ao que possui a mesma faixa de renda; depois, a qualquer renda, priorizando os pretos, pardos e indígenas. Mas, caso o preenchimento ainda não seja realizado, as vagas serão direcionadas para os demais candidatos.

Com informações da Agência Brasil.

Na primeira edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) após a aprovação da Lei de Cotas, 54% dos inscritos são negros, pardos e indígenas. Essa proporção é muito próxima à da população brasileira em geral, que é de 51%. A cor da pele é um dos critérios previstos na nova lei.

O Enem ocorre no próximo fim de semana, dias 3 e 4 de novembro, com 5.791.290 inscritos. Trata-se da maior edição do exame, que nasceu como avaliação da última etapa da educação básica e se tornou vestibular em 2009. Atualmente, a nota do exame é o caminho de ingresso para quase todas as universidades e institutos federais.

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Entre os 5,7 milhões de inscritos, 1,5 milhão terminou este ano o ensino médio. Desse grupo específico, 80% (mais de 1,2 milhão) vêm da escola pública e poderão se beneficiar da reserva de vagas que a lei garante.

Em 2013, 12,5% das vagas nas federais deverão ser ocupadas por alunos da rede pública. Em quatro anos, a taxa deve chegar a 50%. As universidades ainda precisam respeitar critérios econômicos (com reserva para candidatos com renda familiar de 1,5 salário mínimo per capita) e raciais para a distribuição das vagas - no caso racial, terá de seguir a proporção da população por Estado.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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