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Nesta quinta-feira (3), comemora-se o fim oficial da censura no Brasil. A data foi instituída de forma simbólica em 1988, ano em que a nova Constituição Federal foi votada na Assembleia Constituinte. Ao LeiaJá, o professor de história Paulo Viana explica que a censura possui um histórico complexo que remonta a diferentes períodos da história no país. 

"Durante o regime militar, que durou de 1964 a 1985, houve uma forte repressão à liberdade de expressão, com a imposição de leis e mecanismos que buscavam controlar e cercear o acesso à informação e à mídia. Durante esse período, jornais, revistas, rádios, televisões e outras formas de mídia eram submetidos a uma série de restrições e pressões por parte do governo, visando impedir a divulgação de informações consideradas subversivas ou contrárias ao regime. Muitos artistas e escritores também foram censurados e suas obras foram proibidas ou modificadas para se adequarem às diretrizes impostas pelas autoridades", ressalta.

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À reportagem, o docente frisa que após fim do regime militar, o Brasil caminhou em direção a uma maior abertura política e a garantia de liberdades democráticas, "o que resultou em avanços na liberdade de expressão e na diminuição da censura", aponta.  No entanto, Paulo Viana pondera que mesmo em períodos democráticos, ainda podem haver tentativas de censura por parte de governantes, grupos políticos ou religiosos, "o que ressalta a importância de proteger e preservar a liberdade de expressão como um pilar fundamental da democracia".

Censura em uma abordagem sociológica

O tema censura não é restrito às questões históricas, mas também pode ter uma abordagem dentro da sociologia, como observa a professora da disciplina Yanna Dutra. "A censura é um tema relevante para a sociologia, pois envolve questões de poder, controle social, liberdade de expressão e os impactos na sociedade", destaca.

Segundo a docente, a análise sociológica da censura pode incluir os seguintes aspectos:

1. Poder e controle: "A censura muitas vezes é aplicada por aqueles que detêm o poder, seja o governo, instituições religiosas, grupos políticos ou corporações de mídia. Os sociólogos examinam como esses atores utilizam a censura para manter sua posição de domínio e moldar o discurso público".

2. Cultura e identidade:  "Esse mecanismo pode afetar a produção cultural e artística de uma sociedade, influenciando sua identidade e valores. A restrição à liberdade de expressão pode levar à homogeneização cultural ou à marginalização de vozes minoritárias".

3. Opinião pública: "A censura pode moldar a opinião pública, restringindo o acesso a certas informações ou perspectivas. Isso pode influenciar a maneira como as pessoas percebem eventos, questões políticas e sociais".

4. Conflito e resistência: "A censura muitas vezes gera resistência e protestos por parte daqueles que são afetados por ela. Os sociólogos estudam como grupos e indivíduos se mobilizam contra a censura em busca de maior liberdade de expressão".

O que é liberdade de expressão?

De maneira geral, ao Vai Cair No Enem, os professores conceituam liberdade de expressão como um direito fundamental que garante o livre exercício da manifestação de ideias, opiniões e informações. "É um princípio essencial para uma sociedade democrática, pois permite que os cidadãos se expressem livremente, debatam questões importantes e participem ativamente no processo político", explana Paulo.

Ele salienta que conceito de liberdade de expressão pode variar em diferentes contextos culturais, políticos e legais, mas em geral, engloba a capacidade de:

1. Expressar opiniões políticas e sociais;
2. Compartilhar informações, notícias e pesquisas;
3. Criar obras artísticas, literárias e culturais;
4. Participar em discussões públicas e debates.

Os limites da liberdade de expressão

Embora a liberdade de expressão seja um direito fundamental, há certos limites legais e éticos que são considerados para proteger outros direitos e evitar danos à sociedade, de acordo com Yanna. Alguns exemplos de limites à liberdade de expressão incluem:

1. Discurso de ódio: "A incitação ao ódio contra grupos com base em sua raça, religião, etnia ou orientação sexual pode ser limitada para proteger os direitos e a dignidade dessas comunidades".

2. Difamação: "A publicação de informações falsas ou danosas sobre uma pessoa ou organização, prejudicando sua reputação, pode ser sujeita a responsabilidade legal".

3. Ameaças e incitação à violência: "Expressões que incentivam a violência contra indivíduos ou grupos podem ser consideradas ilegais e passíveis de sanções"

4. Segurança nacional: "Informações sensíveis que representam uma ameaça à segurança nacional podem ser sujeitas a restrições".

5. Proteção da privacidade: "A divulgação não autorizada de informações privadas de indivíduos pode ser considerada uma violação de privacidade e sujeita a limitações legais".

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai veicular, a partir desta segunda-feira (10) uma campanha na televisão e no rádio onde diz que a liberdade de expressão "não é uma licença para espalhar golpe e ódio". A estreia do material vai acontecer dez dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser condenado a oito anos de inelegibilidade pela Corte, por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação por incitar fraudes nas urnas eletrônicas e promover ataques contra a democracia.

A campanha, que tem 30 segundos de duração, encena uma batalha de rimas onde uma mulher vestida com uma camisa escrita "democracia" defende que o direito de se expressar não permite que pessoas divulguem desinformações e ações antidemocráticas. "Liberdade de expressão não é licença para espalhar mentira, ódio, golpe e desavença. Democracia é conquistada, não é sorte. Pode recuar que a consciência aqui é forte", canta a personagem.

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Em seguida, é dita a frase "na hora da verdade, a democracia fala mais alto" que, de acordo com o TSE, é o slogan da campanha. Segundo o tribunal, o vídeo irá veicular nos meios de comunicação até o dia 15 de setembro e tem como intenção "transferir mensagens como a importância do respeito, da tolerância e da liberdade de expressão".

Segundo Giselly Siqueira, secretária de Comunicação e Multimídia do TSE, o órgão busca lembrar a sociedade que o ambiente democrático não dá espaço para violações aos direitos, ataques e discursos odiosos. "A mensagem da música é clara: ‘Liberdade de expressão não é licença para espalhar mentira, ódio, golpe ou desavença’. Devemos sempre rejeitar qualquer tipo de violência, respeitar as diferenças e sempre estar atentos para enfrentar qualquer tipo de desinformação", explica.

O debate sobre a aprovação do Projeto de Lei 2630/20 agita os corredores da Câmara dos Deputados desde a semana passada. As plataformas digitais também ficaram em alerta diante da regulamentação e da possibilidade de criminalizar a divulgação em massa de informações falsas nas redes. Deputados conservadores e bigtechs como o Google, o Twitter e a Meta fizeram uma campanha contra o PL das Fake News.  

Em discussão no Congresso há três anos, o projeto de autoria do senador Alessandro Vieira (PSDB) cria a lei brasileira de liberdade, responsabilidade e transparência na internet. Aprovado no Senado, o texto ganhou urgência na Câmara e deveria ter ido a plenário nessa terça (2), mas foi adiado por falta de apoio. Ainda com possibilidade de alterações, o adiamento se deu em meio a especulações de parlamentares da direita e de um movimento das empresas de mídias digitais para barrar as propostas. 

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O Projeto de Lei foi proposto pelo senador Alessandro Vieira, ex-Cidadania. Jefferson Rudy/Agência Senado

LeiaJá também: Especialistas analisam PL de combate às fake news

Com a elaboração de normas, diretrizes e mecanismos balizados pela Constituição Federal, o PL das Fake News almeja reforçar as liberdades individuais, como a liberdade de manifestação, e o acesso à informação nas redes sociais. Dessa forma, ele foi estruturado para enfraquecer a manipulação no ambiente virtual através da desinformação, que ganhou força com o uso de robôs e contas falsas. 

Pontos principais

O texto-base traça princípios a serem adotados por plataformas com mais de 10 milhões de seguidores no Brasil. Entre os pontos de maior destaque está a moderação de compartilhamentos e a transparência dos algoritmos usados pelos provedores. No caso de app de conversa, o envio de uma mesma mensagem seria limitado a cinco usuários ou para um grupo, com no máximo 256 membros. No período das eleições e em casos de emergência e calamidade pública, o envio cai para uma mensagem por usuário. 

Outra resolução do texto é marcar o conteúdo como falso sem prejudicar a privacidade das conversas. A intenção é proteger os usuários e prevenir práticas ilícitas no meio virtual. É debatida a inclusão de um novo tipo penal com punição de um a três anos e multa para quem publicar ou financiar o compartilhamento em massa de conteúdos e mensagens com fake news capazes de comprometer as eleições ou causar dano à integridade física. Nesse sentido, o encaminhamento desse conteúdo seria interrompido e as contas alcançadas teriam a informação verificada sobre o assunto.  

---> Conheça o texto original do PL 2630/20

Os gastos com impulsionamento e o público-alvo desses conteúdos, assim como que os financiou seriam expostos. As plataformas ainda ficariam obrigadas a pagar uma porcentagem dos lucros com conteúdo jornalístico ou protegidos por direitos autorais. Em caso de decisões judiciais que julguem o post como falso, a empresa teria 24h para retirar a publicação, com o risco de multa de até R$ 1 milhão por hora de descumprimento.  

Outras punições voltadas aos provedores de forma gradativa são: advertência, multa e, em casos mais graves, a suspensão temporária das atividades no país ou até a proibição de exercício no Brasil.  

Anatel pode ficar responsável pelo monitoramento da regulamentação. Divulgação

Participação do Poder Público

Ao Poder Público seria conferida a competência de disponibilizar meios de denúncia aos usuários e deixar claro os conteúdos promovidos pelo setor público. Também ficaria a cargo dos gestores a inclusão de diretrizes de uso seguro e responsável da internet nas práticas educacionais, bem como a produção de diagnósticos sobre os efeitos da desinformação. 

Parlamentares da direita acusam o PL das Fake News de promover censura. Sem relação com o texto-base de Alessandro Vieira, os deputados contrários criaram ficções como a formação de um "Ministério da Verdade" e a futura proibição de textos biblícos nas redes.

A principal alegação dos opositores se dá pelo suposto controle do Estado sobre os usuários. A regulamentação, de fato, aproxima o Estado das plataformas digitais, mas, conforme o texto-base, apenas não ultrapassa os limites constitucionais. A criação de um órgão específico para acompanhar o processo de regulamentação não foi descartado. Outra possibilidade é deixar esse papel nas mãos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ou permitir a autorregulamentação das redes.

Depois de flertar com o Twitter, Elon Musk iniciou o processo de compra da rede social em abril deste ano, quando desembolsou cerca de US$ 2,9 bilhões por 9,2% da empresa. Ter seu nome ligado ao conselho administrativo da plataforma fez as ações dispararem. A resposta do mercado lhe incentivou a apostar no desejo de adquirir a empresa e transformá-la em mais um de seus investimentos. 

O magnata da tecnologia conhecido por polêmicas nos negócios e na vida pessoal, Musk recusou a cadeira no conselho e lançou a oferta de US$ 54,20 por cada ação da rede. O Twitter tentou resistir, mas anunciou que venderia o controle da plataforma por US$ 44 bilhões, equivalente a cerca de cerca de R$ 235 bilhões. 

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Trump banido 

Ainda como usuário, o empresário sul-africano costumava questionar se a liberdade de expressão era respeitada pelos diretores da plataforma e chegou a reclamar do banimento do ex-presidente Donald Trump. Expulso de diversas redes sociais, Trump perdeu a conta no Twitter depois que estimulou apoiadores a invadir o Congresso para evitar que Joe Biden fosse legitimado na Presidência dos Estados Unidos. Ele denunciava uma suposta fraude eleitoral em seus posts, mas não apresentou provas. 

Acordo suspenso

Em maio, Elon Musk voltou atrás e suspendeu o acordo de compra. Ele acusou a empresa de repassar informações falsas sobre os processos de segurança e sobre a atuação de bots e spans. O empresário chegou a anunciar que o trato com o Twitter havia sido cancelado, mas a direção do aplicativo foi à Justiça para que o acordo fosse cumprido. 

Demissões

A compra finalmente foi celebrada e, como primeira medida, o bilionário desencadeou um processo de demissão em massa. Metade dos 7.500 funcionários da sede foram para a rua dez dias depois dele se tornar o único proprietário. As demissões em todo o mundo incluíram a saída - ou a renúncia - dos principais executivos do Twitter. Antes, Musk publicou que a rede seria incentivada a se tornar um local de debate saudável. 

Assinatura

O alcance dos perfis foi alterado pela sua direção e a plataforma incluiu o serviço de assinatura pelo selo de perfil verificado. Viu-se a disparada de contas falsas e a mudança do algoritmo que extinguiu a política contra a desinformação sobre a Covid-19. 

Suspensão de contas

Entre as polêmicas mais recentes, o novo CEO suspendeu a conta que rastreava seu jato particular através de dados públicos e, em seguida, a de jornalistas que faziam a cobertura sobre sua vida. As críticas sobre as mudanças do Twitter desde a sua chegada foram aumentando e começaram a abalar o novo chefe.

Enquete

Em dezembro, o bilionário publicou uma enquete aberta sobre sua continuidade na condução do Twitter e, como resposta, viu que a maioria votou pelo seu afastamento. Aparentemente surpreso com a posição dos usuários, ele escreveu: "Vou renunciar ao cargo de CEO assim que encontrar alguém tolo o suficiente para aceitar o cargo! Depois disso, apenas executarei as equipes de software e servidores". 

Os usuários do Twitter não perderam tempo nesta sexta-feira (28) e testaram os limites da liberdade de expressão na plataforma que agora está nas mãos do bilionário Elon Musk.

Poucas horas após Musk assumir o controle da rede, vozes conservadoras comemoraram o que consideram ser a recuperação de seu direito de se expressar livremente.

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Buck Sexton (@BuckSexton), um popular podcaster americano com mais de 800.000 seguidores no Twitter, escreveu: "Por sinal, acontece que os homens NÃO PODEM engravidar. Vamos lá, liberais".

O tuíte, que gerou reações negativas e positivas, recebeu comentários como "Verdade" e "Este vai ser um grande dia".

Alguns optaram por usar as mesmas palavras, mas com respostas irônicas: "Acontece que você NÃO PODE ter relações sexuais", tuitou @sawthrewit.

Outro tópico popular foi referente às máscaras utilizadas durante a pandemia que, apesar de consideradas eficazes pela comunidade científica, revelaram-se um elemento de divisão política.

"Agora que podemos dizer a verdade aqui depois que Elon Musk assumiu oficialmente, vou dizer apenas: as máscaras não funcionam", tuitou @ianmSC.

O tuíte gerou uma série de comentários de apoio, mas também a reação do lado oposto.

"Então, se você precisar de uma operação, parece uma boa ideia que a equipe médica não use máscaras? Já que elas não funcionam, certo?", questionou @marynol51.

Musk, o homem mais rico do mundo, já se declarou um "absolutista da liberdade de expressão". Após uma longa negociação que se arrastou por meses, ele concluiu a compra do Twitter na quinta-feira.

O chefe da Tesla e da SpaceX tuitou "que venham os bons tempos", marcando o fim da compra da plataforma por 44 bilhões de dólares.

Musk já havia se manifestado a favor de diminuir a moderação de conteúdos nas redes sociais, algo que muitos consideram injusto.

Mas, na sexta-feira, o bilionário anunciou que formará um comitê para avaliar a futura política da plataforma sobre publicações e o restabelecimento de contas bloqueadas.

"O Twitter formará um conselho de moderação de conteúdo com pontos de vistas muito diversos", tuitou. "Nenhuma decisão importante sobre conteúdo ou restabelecimento de conta será tomada antes que o conselho se reúna".

Muitos alertam que, se o conteúdo não for moderado, a "praça pública digital" do mundo corre o risco de se tornar um centro de desinformação, enquanto outros defendem a liberdade de expressão.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o Twitter para comentar, nesta sexta-feira (5), sobre a morte do escritor, apresentador e ator Jô Soares. O mandatário nacional afirmou que foi alvo de "duras críticas" de Jô e, apesar disso, ele tem o seu respeito. Bolsonaro destacou também que a democracia foi a garantia da liberdade de expressão do apresentador.

“Independentemente de preferências ideológicas, Jô Soares foi uma grande personalidade brasileira que conquistou a todos com seu modo cômico de discutir assuntos profundos”, escreveu.

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“Jô sempre fez bom uso do seu direito de livre expressão. Por muitas vezes teceu duras críticas contra mim, inclusive. Mas foi por viver num país livre, não em um regime autoritário, que ele pode exercê-lo integralmente. Essa é a beleza da democracia”, acrescentou o presidente.

Na avaliação do presidente, agora o que fica são as obras de Jô Soares. “Deixa para o Brasil um exemplo de postura, elegância e bom humor, e, por isso, tem o meu respeito”, frisou.

Bolsonaro disse ainda que as divergências não fazem diferença na “hora de nossa partida para perto de Deus” e desejou: “Que Deus conforte a família e o acolha com a cordialidade que o próprio Jô recebia a todos”.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à relatoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) por ameaças à liberdade de expressão. A representação pede que as entidades solicitem informações sobre as ações de combate a desinformação ao Planalto.

A denúncia feita pelo Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais no Brasil (Demos) conta com apoio de outras entidades ligadas aos direitos humanos e liberdade de expressão, como a Abraji, APIB e ABJD.

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A iniciativa reforça que Bolsonaro adota uma estratégia de enfraquecer seus adversários com fake news e que ele se apresenta como defensor da liberdade de expressão, mas restringe o direito aos que aderem suas ideias.

"O governo Bolsonaro e sua rede de apoio constroem um discurso que busca caracterizar o controle de abusos nos discursos desinformativos como uma forma de censura. Evocando uma aparência de legalidade, o presidente tenta impor obstáculo que impedem o exercício da moderação de conteúdo, permitindo a difusão de discursos nocivos", aponta o observatório.

Conforme o levantamento enviado, só em 2020, Bolsonaro fez 1.682 declarações falsas, mas seu histórico de desinformação já pôde ser percebido ainda na disputa à Presidência, em 2018, quando estimulou o disparo de mensagens falsas e manipuladas com mecanismos para viralizar discursos de ódio.

A Universidade Federal de Pernambuco está com inscrições abertas para o segundo curso do Global Circles da Soliya: “Freedom of speech and its limits”. A formação gratuita tem como tema a liberdade de expressão e seus limites.

As inscrições são feitas através de formulário disponibilizados no site da Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da UFPE. Podem participar estudantes dos cursos de graduação da UFPE que tenham concluído, pelo menos, dois semestres e tenham média igual ou superior a seis.

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Além disso, o participante deve comprovar conhecimento intermediário em língua inglesa. O curso acontece entre os dias 18 e 29 de outubro e contará com duas reuniões ao vivo e on-line. Ao todo, a iniciativa conta com 10 vagas.

Na tarde desta terça-feira (1º) o jornalista Rubens Valente divulgou, em sua coluna no site UOL, uma lista encomendada pelo pelo Governo Federal à empresa BR+ Comunicação denominada "Mapa de Influenciadores" e utilizada pelo Ministério da Economia de Paulo Guedes. O relatório encomendado por contém nomes de jornalistas, professores, youtubers e outros influenciadores digitais, além de indicações sobre o comportamento on-line de cada um em relação a “temas sensíveis” ao governo. O documento classifica todas as pessoas citadas entre “neutros informativos”, “favoráveis” e “detratores”. 

Para cada pessoa listada, há orientações sobre a distribuição de informações a esses profissionais e também referentes à política de postagens do Ministério da Economia para responder indiretamente a críticas. Para os detratores, há recomendações de medidas como por exemplo “Monitoramento preventivo das publicações do influenciador” e também “A partir dos posts que ele fizer sobre economia, monitorar se há algum debate equivocado e publicar posts que esclareçam de forma indireta essas mensagens”. 

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Para os neutros também há recomendações de monitoramento, mas com adendos como “Envio de esclarecimentos para eventuais equívocos que ele publicar”, “Envio de matéria e projetos do ME” e “Propor parceria para divulgar ações da pasta”. Nas ações a se adotar com os jornalistas e influencers tratados como favoráveis ao governo, há sugestões como “post em conjunto”, “live para tratar de temas atuais” e “proposta de matéria sobre a pasta”. 

Há, na lista de detratores, nomes conhecidos como o do youtuber Felipe Neto, das jornalistas Rachel Sheherazade, Vera Magalhães e Hildegard Angel, que é filha da estilista Zuzu Angel, morta pelo regime da ditadura militar do Brasil, dos também jornalistas Guga Chacra, o pernambucano João Andrade Neto, Xico Sá e George Marques e também o professor e youtuber Jones Manoel, entre muitos outros. 

As jornalistas Malu Gaspar e Mônica Bergamo aparecem entre outros colegas na lista dos considerados “neutros informativos”. Já na lista de influenciadores favoráveis, estão pessoas como Rodrigo Constantino, jornalista da Gazeta do Povo que está no meio de um escândalo sobre apologia ao estupro, Bárbara Zambaldi Destefani, youtuber do canal Te Atualizei e o apresentador e jornalista esportivo Milton Neves.

“Agora sei que estou sendo monitorado pelo ministério da economia”

O jornalista pernambucano João Andrade Neto, que trabalha com jornalismo esportivo e produz os podcasts 45 Minutos e Podcast Agamenon, é um dos que foram citados como detratores na lista encomendada pelo governo para o Ministério da Economia. Ao LeiaJá, o jornalista contou que estava trabalhando quando começaram a chegar diversas mensagens lhe avisando sobre a citação de seu nome. 

“Fui ver meu nome nessa lista e achei meio louco. Nunca me chamaram de detrator na vida, primeira vez. Sou crítico do governo Bolsonaro, não tem porque não ser. (...) Faço crítica ao governo sistematicamente no Twitter, sou jornalista esportivo e gosto muito de política, vira e mexe faço uma crítica ao governo. Não sabia que estava sendo monitorado, agora sei que estou sendo monitorado pelo Ministério da Economia”, afirmou ele. 

A citação ao nome de João Andrade Neto no relatório estava atrelada a uma crítica feita ao ministro Paulo Guedes, por uma fala que ele proferiu durante a reunião ministerial que teve seu vídeo divulgado publicamente. Mesmo sabendo do monitoramento às suas postagens, o jornalista afirmou que o ocorrido não será razão para que ele deixe de fazer críticas. “Não vou parar de fazer crítica por conta disso, a gente ainda vive num país democrático, aparentemente. Cada vez menos, pelo visto, mas ainda vive”. 

A utilização do termo “detratores” por parte do governo e da empresa, é uma atitude que João considera perigosa e irresponsável. “Quando você monitora como pessoas influentes falam do ministro ok, mas usar a palavra DETRATOR? É muito pesado, o governo do seu país tá chamando você de detrator porque você faz crítica (...) Tem apoiadores do governo bem radicais, bem raivosos, na hora que o governo me chama de detrator, tá botando um alvo na sua testa. Isso é perigoso, é falta de responsabilidade”, afirmou o jornalista.

A Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas) divulgou nota pública contra a 'sistemática abertura de procedimentos disciplinares' que atentam contra a liberdade de expressão de juízes, promotores e procuradores do País.

O posicionamento ocorreu à esteira da intimação feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) à juíza Valdete Souto Severo, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, que em artigo listou medidas do governo Jair Bolsonaro ao tratar de 'necropolítica'.

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A intimação foi assinada de ofício (por iniciativa própria) pelo corregedor nacional, ministro Humberto Martins, para pedir esclarecimentos a respeito do texto e da necessidade de apurar se a juíza Severo infringiu a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) ou o Código de Ética da categoria.

"A sistemática abertura de procedimentos disciplinares de ofício, normalmente vinculados à repercussão de opiniões e críticas, possui nítido propósito intimador e não se coaduna com a cautela necessária à preservação de direitos e garantias fundamentais dos quais magistrados(as) e membros(as) do Ministério Público também são titulares", afirmou a Frentas. "A toda evidência, a ideia de restringir para controlar e intimidar é incompatível com o Estado Democrático de Direito".

A frente de juízes e membros do Ministério Público ressaltam que 'o pluralismo político e de ideias fortalece a democracia' e não se pode confundir o 'pensamento crítico' acerca de fatos com engajamento em atividade político-partidária.

A Frentas relata ainda que medidas que atinjam esses princípios podem atingir a atuação profissional de juízes e procuradores que também atuam como professores.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do chamado inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (17) pela inteira legalidade da investigação. Ele negou que haja perseguição à liberdade de expressão e afirmou ser legítimo que a Corte se defenda de ameaças e agressões.

“A Constituição não permite que criminosos se escondam sob o manto da liberdade de expressão, utilizando esse direito como verdadeiro escudo protetivo para a prática de discurso de ódio, discursos antidemocráticos, ameaças, agressões, para a prática de infrações penais”, disse Moraes. “Liberdade de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade de destruição da democracia e da honra alheia”, afirmou. 

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Moraes acompanhou o entendimento do ministro Edson Fachin, que na semana passada já havia votado pela legalidade do inquérito. Na manhã desta quarta-feira (17), Luís Roberto Barroso também votou no mesmo sentido. Com isso, o placar encontra-se em 3 a 0 pela legitimidade do processo. O julgamento foi suspenso e deve ser retomado à tarde.

Os ministros retomaram nesta quarta o julgamento de uma ação aberta no ano passado pela Rede Sustentabilidade para contestar, entre outros pontos, a forma de abertura da investigação. Entre os argumentos, a legenda alega que, pelas regras processuais penais, o inquérito deveria ter sido iniciado pelo Ministério Público (MP) ou pela polícia, e não pelo próprio Supremo, como ocorreu.

Voto

Em seu voto, Moraes reconheceu que a Constituição prevê a exclusividade do MP para abrir ações penais, mas ressaltou não haver tal exclusividade para a realização de qualquer investigação policial que preceda a apresentação de denúncia criminal.

“Uma coisa é o sistema acusatório, a titularidade da ação penal, outra coisa é a investigação penal”, disse o ministro. “A possibilidade que investigações criminais sejam executadas e conduzidas, e mesmo iniciadas, sem a provocação do Ministério Público, e que possam ser executadas por órgãos estranhos à Polícia Judiciária, não é incomum no sistema jurídico brasileiro”, acrescentou.

O ministro deu alguns exemplos de apurações prévias previstas na legislação e conduzidas sem a participação do MP. Além dos inquéritos abertos pelo próprio Supremo, ele citou investigações conduzidas pela Receita Federal, pelo Banco Central e pela Polícia Legislativa do Congresso.

Ameaças

Durante o voto, Moraes disse já ter enviado 72 investigações para que o Ministério Público avalie a abertura de ação penal contra os envolvidos. Ele leu alguns exemplos de ameaças recebidas por membros do Supremo, “para que se pare de uma vez por todas de se fazer confusões de críticas, por mais ácidas que sejam, que devem existir e continuar, com agressões, ameaças e coações”, disse.

O ministro citou uma mensagem publicada em redes sociais por uma advogada, não identificada por ele, do Rio Grande do Sul, que dizia: “Que estuprem e matem as filhas dos ordinários ministros do STF”. Em outra mensagem lida por ele, a mesma pessoa indaga “quanto custa atirar à queima-roupa nas costas de cada filho da p* ministro do STF que queira acabar com a prisão em segunda instância.”

“Já temos em poder armas e munição de grosso calibre. Esconda seus filhos e parentes bem escondido na Europa, porque aqui não vai ter onde se esconder. Faremos um tribunal em praça pública com direito ao fuzilamento de todos os parasitas e vagabundos estatais”, diz outra mensagem lida pelo Moraes, que segundo ele foi enviada aos e-mails institucionais dos ministros do Supremo.

Em seguida, o ministro afirmou que “em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é bandidagem, criminalidade”. Ele afirmou que a autodefesa institucional do Supremo, diante da inércia de outros órgãos, é um dever constitucional do presidente da Corte. “Não há Poder Judiciário independente sem juízes altivos, sem juízes seguros”, afirmou. 

Entenda

A abertura do inquérito das fake news foi anunciada pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, no plenário do Supremo, em março do ano passado. Ele defendeu a medida como forma de combater a veiculação de notícias falsas que atingem a honorabilidade e também ameaças à segurança do STF, de seus membros e parentes.

Toffoli, que nomeou o ministro Alexandre de Moraes como relator do caso, afirmou que a decisão pela abertura do inquérito pelo próprio Supremo está amparada no Artigo 43 do Regimento Interno da Corte.

A abertura do inquérito sem a provocação gerou controvérsia no Ministério Público. A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chegou a pedir o fechamento da investigação. Em sustentação oral na semana passada, o atual ocupante do cargo, Augusto Aras, defendeu a continuidade do processo, mas dentro de limitações que garantam a participação de procuradores em todos os procedimentos.

Segunda pesquisa divulgada nesta quarta-feira (11) pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a imprensa brasileira sofreu 11 mil ataques diários nas redes sociais em 2019. A estatística aponta que seriam sete ataques por minuto. Os dados constam do relatório anual sobre violações a liberdade de expressão.

De acordo com o presidente da Abert, Paulo Tonet, os ataques virtuais foram incluídos pela primeira vez no relatório por causa da dimensão que esse tipo de ação tem tomado e que isso revela euma incompreensão com o papel que os jornalistas exercem na sociedade brasileira.

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A pesquisa da Abert mostra que boa parte dos ataques virtuais veio por meio dos políticos. É apontato que dos 5.708 posts no Twitter do presidente Jair Bolsonaro, 432 continham críticas, insinuações e advertências referente ao trabalho dos veículos jornalísticos.

O relatório aponta que perfils de esquerda nas redes sociais também atacaram a imprensa. No ano passado foram 714 mil posts atacando a mídia profissional, totalizando 1,9 mil ataques por dia.

De acordo com as informações, ao todo foram 3,9 milhões de posts contra a imprensa brasileira, totalizando 10% de tudo o que foi produzido nas redes. Esses posts incluem palavras de baixo calão, que visam descredibilizar o trabalho produzido pelos veículos de mídia.

Indicado para a Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador Augusto Aras defendeu a liberdade de expressão como indispensável à democracia. "Eu prefiro ter o direito de resposta a haver censura prévia", declarou, afirmando que foi "injustamente atacado" com declarações que teriam sido atribuídas a ele nos últimos dias.

"Quando falham os Poderes, quando falham as instituições, literalmente resta a voz das ruas, que é essa que faz a democracia", disse Aras nesta quarta-feira, 25, durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

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Aras criticou o que apontou como ativismo judicial e como corporativismo no Ministério Público. Ele fez referências a punições do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra integrantes das instituições. Para o subprocurador, membros do MP não estão compreendendo "que seu dever não é levar para a vida pública seus caprichos pessoais, não é levar para a vida pública seus humores, suas vontades porque isso se faz no campo privado".

Ao ser perguntado sobre abuso de poder, ele rejeitou o rótulo de que membros do MP sejam corporativistas quando integrantes são punidos. "O Ministério Público é talvez a única instituição no aspecto punitivista que não seja corporativista."

Membros da Guarda Civil do município de Ouro Preto, em Minas Gerais, pisotearam e destruíram um tapete construído com pó de serra em homenagem a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada há mais de um ano no Rio de Janeiro. Imagens do momento repercutiram nas redes sociais nesse domingo (21). Os tapetes são tradicionalmente instalados nas ruas da cidade durante as celebrações religiosas da Páscoa e trazem desenhos diversos.

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A retirada da citação a Marielle foi confirmada pelo comando da corporação que, em nota, justificou a destruição pelo cunho político da homenagem, afirmou que “a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados” e ponderou que as mensagens não devocionais não seguem a tradição mineira.

“Quanto ao episódio onde os agentes municipais desmancham desenhos de cunho político entre outros que nenhuma relação possuem com os ‘tapetes devocionais’, informamos que a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados”, justificou a Guarda Municipal, segundo sites locais.

Em 2018 um outro tapete já havia sido destruído. “O recado já foi dado em 2018, em 2019 não foi diferente. Respeitem Ouro Preto, nossas tradições. Vale salientar que os guardas só desmancharam os tapetes com os pés, porque não tínhamos outro instrumento”, observa o texto.

Os tapetes colorem as ruas de Ouro Preto no encerramento da Semana Santa. O incêndio da Catedral de Notre-Dame, em Paris, e o desastre com a barragem da Vale, em Brumadinho (MG), também foram lembrados nos desenhos.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou o Twitter, nesta quinta-feira (11), para prestar solidariedade ao humorista Danilo Gentili, condenado a seis meses e 28 dias de prisão por crime de injúria contra a deputada federal Maria do Rosário (PT).

Na publicação, Bolsonaro diz que como apresentador do programa The Noite, Gentili deve ter seu direito de livre expressão garantido. Além disso, o presidente pontua que “piadas” sobre políticos fazem “parte do jogo”.

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“Me solidarizo com o apresentador e comediante Danilo Gentili ao exercer seu direito de livre expressão e sua profissão, da qual, por vezes, eu mesmo sou alvo, mas compreendo que são piadas e faz parte do jogo, algo que infelizmente vale para uns e não para outros”, escreveu no microblog.

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De acordo com a sentença a 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Danilo Gentili injuriou Maria do Rosário "ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, atribuindo-lhe alcunha ofensiva, bem como expôs em tom de deboche a imagem dos servidores públicos federais e a Câmara dos Deputados".

O apoio dado por Bolsonaro a Gentili, apesar de só citar a liberdade de expressão, deixa um cunho irônico, uma vez que o próprio presidente já foi condenado a pagar uma indenização de R$ 10 mil por danos morais para Maria do Rosário.

A condenação já foi referendada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello. Bolsonaro foi condenado por ter dito, em 2014, que a petista não merecia ser estuprada porque ele a considerava "muito feia". Na época, o militar da reserva ainda era deputado federal.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse nesta terça-feira (24) que a pasta está planejando uma campanha de valorização da liberdade de expressão, da arte e da cultura e da Lei Rouanet. “Precisamos nos unir em torno de uma campanha em defesa dessas três bandeiras”.

Em um encontro com artistas no Rio de Janeiro, ele pediu apoio da classe para mobilizar a sociedade na defesa de princípios democráticos como a liberdade de expressão, de criação e de manifestação.

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Para o ministro, a cultura no Brasil já vinha sendo alvo do debate político antes mesmo das polêmicas envolvendo a exposição de temática LGBT Queermuseu, cancelada em setembro em Porto Alegre, no Centro Cultural Santander, e a performance com um homem nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

“Já havia uma campanha contra a cultura e isso se radicalizou após as exposições e, infelizmente, penso que a tendência é que se radicalize mais até as próximas eleições”, disse Sá Leitão. “Muita dessa histeria anticultura, antiarte, antiliberdade de expressão que se disseminou é estimulada com objetivo político-eleitoral”.

Lei Rouanet

Segundo o ministro, a Lei Rouanet tem sido alvo de campanha para ser extinta. Sá Leitão disse que o ministério tem trabalhado na revisão da instrução normativa da lei para desburocratizá-la.

“Precisamos simplificar e reduzir o nível de burocracia da Lei Rouanet para ampliar o acesso à lei de incentivo. Temos R$ 1,150 bilhão disponíveis este ano para a Lei Rouanet e a execução fica em torno de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões. Temos sempre uma margem não utilizada. Essa não utilização tem muito a ver com o excesso de burocracia”, disse.

Sancionada em 1991, a lei instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura, que estabelece as normativas de como o governo federal deve disponibilizar recursos para fomentar a cultura no Brasil. Segundo a legislação, as empresas podem aplicar recursos em projetos culturais, a título de doação ou patrocínio, em troca de renúncia fiscal.

Entidades representativas de veículos de comunicação divulgaram nessa segunda-feira (14) nota para manifestar "integral apoio" à Folha de S.Paulo contra a decisão de um juiz do interior do Rio que mandou o jornal apagar da internet trecho de reportagem publicada em 2010. O pedido foi feito pelo ativista Eduardo Banks, presidente de uma associação que propôs alteração na Lei Áurea para indenizar descendentes de proprietários de escravos.

O juiz Alexandre Paixão Ipolito, de Itaperuna, acatou o pedido de Banks para que fosse suprimido um parágrafo da reportagem que relata a defesa da indenização a herdeiros de proprietários de escravos em razão de supostos prejuízos financeiros causados pela abolição em 1888, no Império. A associação tem sede no Rio e leva o nome de Eduardo Banks.

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"As associações consideram fundamental que toda informação de interesse público seja levada à sociedade e condenam qualquer tentativa de impedir veiculações na imprensa, o que caracteriza uma violação ao princípio da liberdade de expressão, previsto na Constituição Federal", diz a nota, assinada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional de Jornais (ANJ).

Esta não é a primeira vez que Banks entra na Justiça contra um veículo de comunicação. Em fevereiro, a revista eletrônica Consultor Jurídico (Conjur) foi absolvida em uma ação movida pela associação que pedia a retirada de trechos de uma notícia publicada no site. A reportagem dizia que o ativista era "contrário à legalização do aborto e à união homoafetiva, mas favorável a causas nazistas e à criminalização da prostituição". O Conjur divulgou na semana passada a decisão do juiz Alexandre Paixão Ipolito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Às 9h30 na manhã de uma quinta-feira, os estudantes andam normalmente pelo campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e muitos acompanham as aulas sem problemas. A descrição seria óbvia, se alguns dos centros acadêmicos da universidade não estivessem ocupados por estudantes que protestam contra a PEC do Teto dos gastos, além de outras iniciativas do atual governo, como o projeto Escola Sem Partido. O Centro de Educação (CE) e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) ostentam faixas e cartazes com frases e desenhos deixando claros os motivos do ato.

O processo de ocupação de escolas e centros acadêmicos por todo o Brasil, iniciado no Paraná, tem sido notícia por todo o país, como não poderia deixar de ser. Mas pouco se publicou sobre o que fazem estes estudantes depois que ocupam estes espaços, como mantêm as ocupações e a mobilização, se realizam atividades durante o dia ou apenas ficam lá usando o espaço físico disponível e passando o tempo. Para conhecer um pouco do cotidiano dos estudantes que vivenciam as ocupações, o Portal LeiaJá esteve durante um dia acompanhando os estudantes e as atividades realizadas na ocupação da UFPE.

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Antes, foram necessários contatos que permitissem acesso às pessoas e locais, além de vencer uma resistência inicial - e natural, pois muitos criticam duramente a imprensa na cobertura das manifestações. Acompanhada por alguns alunos do curso de Rádio e TV, a reportagem é levada ao representante da comunicação na Comissão Unificada dos Estudantes Secundaristas. É feito o pedido para que os alunos não sejam identificados, pois temem represálias. Por isso, a identificação dos manifestantes nesta reportagem se dá por iniciais.

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O Centro de Educação (CE) é uma das bases de informação da Comissão Unificada dos Estudantes Secundaristas. Rompido com a União Nacional dos Estudantes (UNE), o grupo é formado pelos próprios alunos da UFPE, que traçam toda a logística da alimentação, das barracas de camping onde os ocupantes dormem, cuidam dos parceiros e colegas, da comunicação, das assembleias, do cronograma das atividades e do planejamento de novasas ocupações. “Temos assembleias gerais todos os dias para avaliar o contexto político e as ações no Campus, mas nem todos podem fazer parte”, explica a estudante de Rádio e TV, T.F. Na porta do CE, estudantes com os rostos cobertos fazem a fiscalização da entrada nas assembleias e reuniões do grupo. Com receio da imprensa e da repressão do governo, limitam as informações, fotografias e registros audiovisuais não produzidos pelos próprios grupos. “Queremos cuidar da imagem de cada um. Não queremos uma luta armada ou à força, mas apenas lutar pelos nossos direitos”, complementa.

Professores, técnicos e alunos incentivam uns aos outros, se ajudam com questões básicas e realizam saraus artísticos. Às 11h, começa a primeira aula pública do dia, no Centro de Educação, uma conversa sobre o preojeto Escola sem Partido. Em roda, os estudantes debatem, com a participação também de professores. Uma professora argumenta: “A escola sem partido desestimula as ações da forma de pensar e agir, inibindo os movimentos e as reivindicações estudantis”. A liberdade de expressão é o tema mais debatido e os alunos se alertam sobre a repressão que poderá vir ao movimento. "O principal diálogo da escola sem partido define o não diálogo ideológico e político dentro da sala de aula”,  diz o estudante de filosofia J.L., completando: "A escola sem partido se torna perigosa por adotar um lado político e determinar a sua forma de agir e pensar”.

Os prédios ocupados estão organizados, limpos e pacíficos. Ao mesmo tempo que possuem confiança, os olhares de preocupação do que irá acontecer tomam conta das feições no rosto de cada estudante. “A qualquer momento podem invadir a nossa casa acadêmica e usar a força para liberar os centros, podem lutar, bater, expor, uma repressão sem fim”, afirma uma aluna.

Às 12h, palestras são realizadas em centros não ocupados: o Centro de Tecnologia e Geociências (CGT) e o da Saúde (CS). Na pauta, as questões de luta e os movimentos que estão sendo realizados no Centro de Educação e no Centro de Filosofia. “A PEC 241 deve ser debatida e comentada várias vezes”, diz a professora M. “Muitos alunos não conhecem o projeto e estão se informando por meio das ocupações. Ficam sabendo por outros colegas e, quando perguntam, sabem o quão perigoso é a sua aprovação para os que já estão na universidade e para aqueles que irão entrar”, conta outra aluna, do curso de Farmácia. Os grupos, munidos de caixas de som e microfone, convidam os estudantes dos outros centros para conhecer a rotina da ocupação.

Os almoços e os lanches são coletivos e em horários específicos, e a programação do dia disponibiliza várias ações culturais, políticas e educacionais realizadas por professores e alunos. “Temos sempre atividades durante o dia que proporcionam informação sobre vários temas como gênero, feminismo, movimento estudantil e principalmente a PEC do Teto dos Gastos, uma das nossas lutas”, explica uma aluna. De acordo com eles, o objetivo dos movimentos é propagar a comunicação e unificar a ocupação, com o viés educativo. “Através da música, dos debates e das discussões, nós dialogamos os problemas do país e as consequências que podem ocasionar com uma decisão errada, tentamos buscar mudanças e alternativas”, completa. As assembleias que define o rumo do movimento são realizadas diariamente, de mahã e no fim da tarde.

Manifestações Artísticas

Às 14h, mais um chamado é realizado pela Comissão Unificada dos Estudantes Secundaristas. Na rua novamente, o grupo 'puxa' os estudantes com as batidas dos tambores do Centro de Educação até o CAC. Usam gritos de guerra como “Para barrar a precarização, greve geral, greve geral da educação" e "Ocupar, resistir!". A última “Aula Pública” é anunciada no saguão de entrada do Centro de Arte e Comunicação (CAC): “Vai começar, a última aula pública com o tema Gênero, Sexualidade, e seus Discentes”.

Em roda, os estudantes partilham informações e opiniões sobre a liberdade de expressão com os alunos e professores dos cursos de Teatro, Cinema e Artes Visuais que explicavam o que era a representação artística e corporal na luta e na forma de protesto. Ao abrir para o debate em gênero abordando a performance na vida das Drag Queen’s, um aluno de teatro caracterizado pede permissão e é convidado a entrar na roda. Calmo, com o rosto maquiado em um formato marcante e com uma expressão curiosa, ele se apresenta. 

Repressão Governamental

Nas ocupações e nos movimentos diários, os estudantes evitam os registros fotográficos e audiovisuais para preservar e proteger a identidade de cada um, pois temem represálias. Consideram as ocupações uma nova forma de viver a política e acreditam que seus resultados podem mudar o país. “Uma hora eles terão que nos escutar. Se conseguirmos arquivar a PEC do Teto, os movimentos irão ganhar força e direito”, diz um dos comunicadores da comissão unificada. As reivindicações são muitas: “Pedimos a reformulação do estatuto, somos contra os cortes estudantis, a perseguição aos movimentos e a identificação dos estudantes que foi exigida pelo Ministério da Educação”, resume um aluno da área da Educação.

Novas ocupações na UFPE

Às 17h30 da quinta-feira (27), o Centro de Arte e Comunicação tinha acabado de ser ocupado, passando a ser o terceiro centro da UFPE em tal situação. A história e a programação continuam nos centros com possibilidade de novas ocupações. "Ocupamos e foi lindo, pacífico e com música, vamos seguindo", relata uma das alunas de rádio, ao LeiaJá.

O CAC amanheceu na sexta-feira (28) ocupado com manifestações de apoio. Desde cedo, os professores chegaram com mantimentos e os estudantes que não participam ativamente no grupo chegavam com doações e suportes como barraca, mochila e pacotes de frutas. A sensação de fraternidade e a desculpa nas palavras de alguns, por não fazer parte integral dos movimentos por conta do trabalho ou do estágio, surgem na convivência deles. Até o momento, seguem ocupadas os setores do Centro de Educação (CE), do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e do Centro de Artes e Comunicação (CAC) do campus Recife da UFPE. Os estudantes buscam dialogar e ocupar os outros centros dentro do campos, unificando a manifestação.

*Com Felipe Mendes

Da Agência Lusa

A União Europeia denunciou hoje uma “tendência negativa” para o Estado de Direito na Turquia e “graves retrocessos” na liberdade de expressão, no relatório anual sobre os progressos do país rumo à adesão à UE.

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O relatório destaca a "tendência geral negativa para o respeito do Estado de Direito e dos direitos fundamentais”, indica a Comissão Europeia, em comunicado, no momento em que a União Europeia está negociando com Ancara formas para melhorar a cooperação na crise migratória.

“Após vários anos de progresso sobre a liberdade de expressão, foram observados graves recuos nos últimos dois anos”, afirmou o executivo de Bruxelas, que também se congratula com o esforço representado no acolhimento de dois milhões de refugiados sírios e iraquianos na Turquia.

A Comissão Europeia estima que o “novo Governo, formado após as eleições antecipadas de 1º de novembro responderá às prioridades urgentes”. Os dados constam de um relatório que deveria ter sido publicado na primeira quinzena de outubro.

A publicação foi adiada devido às eleições na Turquia, ganhas pelo partido islâmico-conservador do Presidente Recep Tayyip Erdogan, que encontrou uma maioria absoluta no parlamento.

Bruxelas tenta persuadir as autoridades turcas a fazer mais, para conter o fluxo de migrantes que sai todos os dias das costas da Turquia para atingir o contingente europeu pela ilhas gregas no mar Egeu.

As charges de Maomé publicadas em um jornal dinamarquês há 10 anos seguem alimentando o debate sobre os limites da liberdade de expressão.

Estes 12 desenhos, publicados no jornal Jyllands-Posten no dia 30 de setembro de 2005, mostravam o profeta portando uma bomba no lugar de um turbante, ou um nômade armado com uma faca junto a duas mulheres com um véu preto.

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Os atentados frustrados contra o Jyllands-Posten, assim como o lançado contra o semanário francês Charlie Hebdo em Paris em janeiro, mudaram a visão do Islã e da imigração em muitas redações europeias.

"Em muitos meios de comunicação, isso gerou o temor sobre a percepção dos muçulmanos em relação a certos tabus", estima Anders Jerichow, editorialista internacional do jornal Politiken. "E penso que é triste tanto para o mundo muçulmano quanto para o resto do mundo".

Após o ataque com um fuzil que deixou 12 mortos em Paris, publicações de Rússia, China ou Malásia, assim como de outros países com uma concepção mais restrita da liberdade de expressão, criticaram a revista Charlie Hebdo por ter ofendido o Islã.

Jornalistas ocidentais, especialmente no Reino Unido ou nos Estados Unidos, também se sentem incomodados com a concepção da liberdade de expressão praticada pelo semanário satírico francês.

Polarização

Desde o caso do Jyllands-Posten, "as atitudes em relação à liberdade de expressão se polarizaram", estima Angela Phillips, professora de jornalismo na Goldsmiths College de Londres.

Segundo Phillips, a violência gerada por simples desenhos "fez muitos jornalistas refletirem sobre como representam as minorias", enquanto em outros casos "tornou muitos jornalistas menos sensíveis a estas questões".

A representação dos profetas está estritamente proibida no Islã sunita, e ridicularizar o profeta Maomé é tradicionalmente passível de pena de morte.

No Oriente Médio, muitos universitários sunitas são partidários de uma tolerância zero, enquanto outros defendem respostas mais pragmáticas.

A faculdade Al-Azhar do Cairo, grande centro de estudos sunitas, condenou, por exemplo, em janeiro os desenhos da Charlie Hebdo, mas convocou os muçulmanos a ignorá-los, embora seu apelo não tenha esfriado a tensão no mundo muçulmano.

"E esta polêmica não se limita à região. As caricaturas também geram revolta e indignação em muitos muçulmanos nos Estados Unidos e na Europa", ressalta Scott Stewart, analista da companhia americana especializada em serviços de inteligência Stratfort. "Por sorte, muitos não transformam esta ira em violência".

A ameaça provém sobretudo, segundo ele, dos grupos islamitas radicais, que instrumentalizam as charges para "encorajar os jihadistas de base a lançar ataques violentos no Ocidente".

Muito perigoso

Assim, em fevereiro, um dinamarquês de origem palestina, Omar al-Hussein, atacou um centro cultural em Copenhague durante um debate sobre a liberdade de expressão, no qual participava o artista sueco Larsk Vilks, que em 2007 representou Maomé como um cachorro. Em poucas horas, matou duas pessoas.

Para o Jyllands-Posten, a decisão de publicar estas charges teve repercussões espetaculares, embora a redação a considerasse uma rotina.

O correio é inspecionado cuidadosamente antes de ser aberto, as janelas estão projetadas para resistir a bombas e os alarmes de incêndio, que antes faziam os trabalhadores saírem às ruas, agora podem conduzi-los a salas fortificadas.

O jornal foi a única publicação dinamarquesa que não divulgou em janeiro a caricatura da Charlie Hebdo.

Quando são completados dez anos desde o caso das charges, os meios de comunicação dinamarqueses deveriam falar disso, mas sem mostrá-las. "Seria considerado muito perigoso", confirma à AFP o autor de um destes desenhos, Kurt Westergaard.

Flemming Rose, o então chefe da seção cultural que havia pedido para os chargistas representarem Maomé, classificou recentemente de ingênua sua decisão.

Para Rose, é aceitável que os editores decidam não publicar os desenhos desde que eles sejam honestos sobre os motivos para isso.

"Você não deve apontar o dedo porque as pessoas estão com medo. Mas você tem o direito de apontar o dedo se as pessoas não são honestas sobre seus medos e tentam encontrar outras justificativas", havia declarado ao jornal Politiken.

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