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A região de Jardim Monte Verde, entre os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Recife, receberá uma grande obra de contenção de encostas ainda este ano, por iniciativa do Governo de Pernambuco. O objetivo do serviço, orçado em R$ 48,9 milhões, é preparar a localidade para o período chuvoso, que se inicia ainda no outono, entre março e abril. Monte Verde foi o local com maior letalidade nas ocorrências de deslizamento de barreira em 2022, com mais de 20 óbitos. 

A licitação, que foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (16), prevê a abertura das propostas de habilitação técnica e de preços. A contratação é esperada para meados de março e a obra tem prazo de 18 meses. A obra foi uma promessa do programa Ouvir Para Mudar, lançado pelo Governo Lyra em 2023. 

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“As estatísticas mostram que o número de mortos em desastres climáticos acontece nessas zonas adjacentes dentro do território metropolitano. São regiões onde há dúvidas sobre se o lugar pertence a um município ou a outro. São locais desassistidos e esquecidos”, destaca a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado, Simone Nunes. 

Fases da obra 

Os trabalhos em Jardim Monte Verde serão realizados em três frentes: Chapada do Araripe, Alto Santa Izabel e Alto do Parnaioca. A técnica a ser utilizada é a de enrocamento, que consiste na contenção de encostas com pedras argamassadas. Além de preservar a estabilidade dos maciços de terra, o revestimento rochoso será instalado com infraestrutura para canalização adequada das águas pluviais. 

O projeto prevê a urbanização das áreas com a instalação de equipamentos como pequenas praças, brinquedos e bancos de lazer. O governo também cita um plano de assistência social para educar as pessoas a não expandir suas habitações para áreas impróprias para habitação. 

 

O governo de Minas Gerais, comandado pelo governador Romeu Zema (Novo), abriu um processo de licitação para contratar cinco agências de publicidade por um ano pelo valor de R$ 147 milhões.

O edital foi publicado nesta sexta-feira, 22, e prevê a criação de peças publicitárias para o gabinete do governador e para secretarias estaduais. Entre outros objetivos, está previsto o de "fortalecer a imagem institucional do Governo".

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Segundo o edital, as empresas concorrentes devem enviar um plano de comunicação publicitária elaborada a partir de briefing proposto pelo governo, com o tema focado na redução da pobreza e da extrema pobreza. Foram apresentados exemplos e citados mais de 120 programas do governo para mitigar o problema social.

O governo foi procurado pelo Estadão para comentar a licitação, mas não se pronunciou até a publicação deste texto.

No início do mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo federal pedirá uma extensão do prazo para pagamento da dívida do Estado de Minas Gerais até 31 de março de 2024. A dívida é de R$ 165 bilhões e tem causado trocas de farpas entre o governador mineiro e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem encabeçado discussões sobre o assunto junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O chefe do governo de Minas Gerais também esteve recentemente no noticiário nacional por conta do seu próprio salário. Ele sancionou aumento de quase 300% na própria remuneração, de forma escalonada, até 2025.

A Advocacia-Geral da União (AGU) considerou o aumento inconstitucional em manifestação em ação impetrada pela Confederação das Carreiras Típicas de Estado. No último dia 18, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria e rejeitou a ação que questionava o aumento.

A Câmara dos Deputados publicou nesta quinta-feira, 21, um edital de licitação para reformar 48 apartamentos funcionais destinados à residência dos próprios parlamentares. O documento prevê que as obras tenham o custo de até R$ 100 milhões.

Os imóveis ficam nos bairros da Asa Sul e da Asa Norte da capital federal e estão atualmente desocupados e "em avançado estado de deterioração", segundo consta no edital.

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Na justificativa da reforma, a Câmara diz que os imóveis em questão foram construídos há mais de 40 anos e desde então não teriam passado por reformas significativas.

Há 10 anos, em 2013, foi previsto o gasto de R$ 280 milhões para reformar todas as unidades, que receberiam equipamentos como banheiras de hidromassagem e ar condicionado.

Os parlamentares não residentes em Brasília têm direito a ocupar um dos 432 apartamentos funcionais de 225m² ou de receber o auxílio aluguel no valor de R$ 4.253,00 para deputados e R$ 5,5 mil para senadores. Em 2023, os gastos de todos os deputados com o auxílio foi de quase R$ 5,6 milhões.

Entre os deputados, 409 ocupam os apartamentos funcionais neste ano. Outros 224 optam pelo auxílio-moradia e 39 não recebem o benefício.

As unidades têm quatro quartos e outros dois aposentos para empregados na área de serviço. Há ainda hall de entrada, sala de estar, sala de jantar, hall de distribuição. Um dos quartos é suíte com closet. Laudos de avaliação da Câmara feitos nos últimos cinco anos apontam que algumas unidades valem cerca de R$ 2,5 milhões.

Os imóveis podem ser acessado por meio de uma lista de interessados. A previsão de entrega dos imóveis reformados é de 840 dias após a assinatura do contrato.

A abertura da licitação para contratar a empresa que vai decorar o Carnaval do Recife em 2024 aponta o contrato de R$ 4.209.146,42. O valor se assemelha ao que foi gasto neste ano, e ainda pode diminuir na disputa de preços dos interessados. No entanto, a tendência é que as cifras se mantenham.

De acordo com a publicação do Diário Oficial do município do sábado (9), a sessão para o envio dos preços deve ocorrer em 21 de dezembro e a empresa que vencer a licitação na modalidade pregão eletrônico vai realizar a confecção, cessão, montagem, manutenção e desmontagem dos elementos que compõem a decoração que será utilizada durante o ciclo carnavalesco 2024.

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Para a festividade de 2023, duas licitações para decorar a cidade foram realizadas e somaram  R$ 4,24 milhões.

 

 Na manhã desta quarta-feira (1º), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a Polícia Civil cumprem mandados de prisão contra cinco pessoas em uma operação contra uma organização responsável por fraudes licitatórias que causaram um prejuízo ao Detran-PE (Departamento Estadual de Trânsito) superior a R$ 64 milhões. Quatro agentes públicos foram afastados. Os alvos não foram identificados.

O esquema também envolvia empresas de fachada e se baseava em contratos superfaturados. Em um deles, houve o sobrepreço de até 2.425% em alguns itens licitados. Apenas uma das empresas investigadas recebeu do Detran-PE mais de R$ 96.000.000 entre março de 2016 e maio de 2020.

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Os crimes investigados são de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraude à licitação. Além das prisões preventivas e dos funcionários proibidos de entrar no departamento, a Justiça proibiu cinco suspeitos de deixar o país e determinou o sequestro de R$ 64.636.943,19 de 36 pessoas físicas e jurídicas.

Também foram apreendidos 28 veículos e 30 pessoas foram proibidas de efetuar contratos com o poder público. A investigação destaca que a atual diretoria do Detran-PE não é alvo do inquérito e que a gestão contribui para o cumprimento das ordens judiciais.

A região do Agreste começou a ser percorrida pela governadora Raquel Lyra com o Ouvir para Mudar. Na manhã desta quinta-feira (21), a gestora participou da plenária da iniciativa em Caruaru, no Agreste Central, e anunciou ações pedidas pela população local. A governadora assinou a autorização de licitação para implantação de uma nova estação de tratamento de água em Caruaru e a ordem de serviço para as obras da PE-95, entre os municípios de Limoeiro e Caruaru.

  “A água é uma das principais demandas do Agreste de Pernambuco e o nosso governo não vai sossegar até tirar esse sonho do papel, tornando realidade na vida do povo. Somado a isso, trazemos aqui o anúncio da conclusão da PE-95, obra que estava inacabada, e agora já tem recurso garantido. É assim que a gente muda Pernambuco, ouvindo as pessoas”, ressaltou a governadora Raquel Lyra.

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A implantação da estação de tratamento de água em Caruaru vai permitir a melhora do abastecimento de toda área leste do município, reduzindo o rodízio em bairros populosos. O equipamento vai atender cerca de 43 mil pessoas, com investimento de R$ 8,3 milhões.

A retomada das obras da PE-95, em um trecho de 80,1 quilômetros, vai facilitar a rota de integração dos Agrestes com a Zona da Mata Norte. A partir de recursos de empréstimos garantidos junto ao governo federal, a obra da estrada vai ser retomada no mês de outubro. O projeto também vai promover a duplicação do trecho urbano da via, com extensão de 4,5 quilômetros, que fará a conexão com a BR-104.  A escuta popular do Ouvir para Mudar é fundamental para a construção do Plano Plurianual (2024-2017), planejamento orçamentário do governo pelos próximos anos.

O secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional do Estado, Fabrício Marques, destacou que o momento é de priorizar as necessidades da população. "O governo tem feito uma grande caravana que começou no dia 1° de setembro e, de lá para cá, já percorremos seis regiões de desenvolvimento. O objetivo é escutar a população, colocar o governo inteiro em contato com as demandas do povo. É uma oportunidade única, todas as equipes estratégicas do Governo do Estado estão abertas para colher sugestões e ajustar rotas, trazendo para o orçamento aquilo que o povo quer ver priorizado", afirmou.

Nas salas temáticas, as pessoas puderam explicar suas prioridades, que depois foram ouvidas pela governadora. Os temas das salas envolvem Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia; Segurança e Cidadania; Saúde e Qualidade de Vida; Agricultura e Meio Ambiente; Água e Habitação; e Infraestrutura e Dinamismo Econômico.

A participante da sala de infraestrutura e dinamismo econômico, Marília Motta, comentou que a retomada de obras paralisadas nas rodovias e a criação de novas estradas esteve entre os principais temas abordados. "A intervenção nas PEs já existentes, a criação de novas estradas que liguem pontos estratégicos, a abertura de novas vias de acesso que tenham potenciais turístico e cultural, podem trazer mais desenvolvimento econômico para os municípios. Falamos também da necessidade de retomada das obras de pavimentação que foram paralisadas no antigo governo”, pontuou.

“É uma felicidade participar de um ato em que ouvir é a principal ferramenta de um governo. Esse é o caminho percorrido com a união dos prefeitos com o Estado e do Estado com o governo federal, tudo para melhorar a qualidade de vida dos pernambucanos em todas as regiões”, destacou o ex-governador João Lyra Neto.  O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, disse que o Ouvir para Mudar não é um movimento que vai ficar disperso. “Assim como aconteceu em Caruaru, sei que essas escutas já estão promovendo as mudanças significativas que o povo clama na nossa região”, afirmou.

Participaram do evento o corpo de secretários do Estado e os deputados estaduais Abimael Santos, Antônio Morais, Débora Almeida e Joãozinho Tenório. Os prefeitos Josafá Almeida (São Caetano), Alexandre Batité (São Bento do Una), César Freitas (Sanharó), Stênio Fernandes (Lagoa dos Gatos), Joselito Gomes (Gravatá), Fábio Aragão (Santa Cruz do Capibaribe), Edilson Tavares (Toritama), Orlando José (Altinho), Gildo Dias (Sairé), Dió Filho (Riacho das Almas), Dr. Marcos Ferreira (Pombos), Gustavo Adolfo (Bonito), Josué Mendes (Agrestina), Uilas Leal (Alagoinha), Luciele Laurentino (Bezerros), Diogo (Barra de Guabiraba), Gilvandro Estrela (Belo Jardim), José Maria de Macedo (Cupira), Izalta (Ibirajuba), Orlando Jorge (Limoeiro) e Juarez (Machados) também estiveram presentes.

*Da assessoria 

O governo Raquel Lyra (PSDB) voltou atrás e suspendeu a contratação sem licitação de uma empresa por R$ 52,5 milhões para realizar a Feira Nordestina do Livro (Fenelivro). A decisão foi publicada no Diário Oficial desta sexta (15).  

Orçada em um valor 40 vezes acima do praticado nos outros anos, a edição 2023 da Fenelivro foi questionada pela oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e motivou uma representação no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

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A líder da oposição, a deputada Dani Portela (PSOL), e os deputados do PSB, Sileno Guedes, Rodrigo Farias e Waldemar Borges questionaram a falta de transparência da gestão e destacaram aos gastos com as edições de 2018 e 2019, em torno de R$ 1,3 milhão.

A oposição também comparou o investimento previsto para a Fenelivro com os R$ 8 milhões pagos pelo governo para realizar a Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte).

Após a pressão dos deputados, a Secretaria de Educação e Esportes chegou a argumentar que R$ 41 milhões seriam repassados como um bônus para profissionais de educação na compra de livros durante a feira e os R$ 11 milhões restantes para ampliar o acerto das escolas da rede estadual. A explicação também foi rechaçada na Alepe. 

A prefeitura de Rodrigues Alves, município do Acre localizado a cerca de 600 quilômetros da capital Rio Branco, na fronteira com o Peru, homologou uma licitação para a compra de mais de dez salgadinhos, fritos e assados, e outros quitutes para cada um de seus 19 mil habitantes. Ao todo, foram encomendados 187 mil pastéis, coxinhas e bolinhas de queijo para os rodriguesalvense.

O prefeito da cidade é Jailson Amorim, que se elegeu pelo PROS. Sua gestão chegou a entrar na mira do Ministério Público do Estado em abril, após a contratação de show do cantor sertanejo Amado Batista por R$ 310 mil.

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Às margens do rio Juruá, Rodrigues Alves ocupa o 4.903º do País no Índice de Desenvolvimento Humano, segundo o Atlas Brasil. A cidade, cujo IDH é de 0,567, está abaixo da média do Estado, de 0,663.

Segundo o edital da licitação, a compra visa 'atender as necessidades da Prefeitura Municipal de Rodrigues Alves, em seus eventos'. O documento cita 'sessões plenárias, seminários, cursos para servidores, reuniões de câmaras, assinatura de atos oficiais e posses'.

As encomendas de salgadinhos, fritos e assados, constam da edição na quarta-feira, 23, do Diário Oficial da cidade. O documento mostra que a prefeitura comprou também 7,5 mil cachorros-quentes, o suficiente para alimentar metade da população da cidade. Também foram encomendados doces e bebidas.

As compras são resultado de um pregão realizado no dia 31 de julho, com um único objeto: o 'fornecimento de coffee break, café da manhã e salgado'. O valor das contratações soma R$ 181 mil.

Quatro empresas saíram vencedoras, cada uma ficando responsável por um item previsto na licitação:

- Pacote de coffee break para 1,8 mil pessoas - com fornecimento, para cada uma, de pelo menos 250 ml de bebidas (sucos, refrigerantes), 12 unidades de salgadinhos (fritos e assados) , três unidades de doces (tortinhas, carolinas, bolos) fora café, chocolate quente e chá;

- Pacote de café da manhã para 1,5 mil pessoas - com fornecimento, para cada uma, de pelo menos 250 ml de bebidas e 500 gramas de comidas (salgados, doces, bolos, pães e frutas;

- Fornecimento de 750 centos de salgadinhos fritos variados - pastel de carne, coxinha de frango, quibe, canudinho, bolinha de queijo e presunto.

- Fornecimento de 750 centos de salgadinhos assados variados - esfirras, abertas e fechadas, pizza, saltenha, pão de queijo, torta de frango, carne ou presunto.

- Mil pacotes de kit lanches incluindo um salgado assado, ou um sanduíche, ou uma pizza individual, ou uma torta de frango, acompanhado de um suco ou refrigerante

- Fornecimento de 300 centos de mini doces variados - tortinhas, bolos em cubos e pães doces

- Fornecimento de 7,5 mil cachorros quentes, com salsicha, molho, milho e batata palha.

O edital indica que os alimentos serão entregues na data dos eventos realizados pela prefeitura, de forma parcelada e sob demanda. A 'estimativa de consumo' é de doze meses - os coffee breaks poderão ser realizados de segunda a sexta-feira e, 'excepcionalmente', aos sábados.

COM A PALAVRA, O PREFEITO JAILSON AMORIM

A reportagem do Estadão pediu manifestação do prefeito de Rodrigues Alves, Jailson Amorim, o que não ocorreu até a publicação deste texto. O espaço está aberto.

Nesta quarta-feira (10), a Prefeitura de Olinda divulgou o edital marcando a data da Parceria Público Privada para iluminação Pública, com o objetivo de instalar lâmpadas de LED nos postes do município. A mudança permitirá o aprimoramento na qualidade dos serviços prestados à população olindense.

As propostas serão abertas em sessão pública no dia 7 de julho, às 16h, na sede da B3, a bolsa de valores brasileira, sediada no estado de São Paulo. No dia 27 de junho, as empresas interessadas farão as entregas dos documentos, no mesmo local, entre 9h e 12h.

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Segundo informações da prefeitura, o modelo da licitação será pela concorrência para outorga de concessão administrativa para delegação dos serviços de iluminação pública, incluídos a instalação, melhoramento, desenvolvimento, modernização, expansão, eficientização energética, operação e manutenção em todo parque de iluminação da cidade.

O projeto modernizará mais de 26 mil pontos de iluminação pública espalhados nos bairros do município, com a implementação das sustentáveis lâmpadas de LED, promovendo uma economia no consumo de energia de 67% e redução na emissão anual de 1.000 toneladas de dióxido de carbono (CO2).

A gestão acredita que a cidade avançará tecnologicamente, tornando-se mais acolhedora e moderna, trazendo iluminação especial em monumentos e áreas de lazer. Ainda segundo informações, isso refletirá no comércio, na prestação de serviços, segurança e qualidade de vida dos habitantes.

A PPP também contempla a instalação de projetos de iluminação especial em locais de grande relevância histórica e cultural, além da implantação de um Centro de Controle Operacional para gestão em tempo real do parque de iluminação pública da cidade, que traz em conjunto diversos canais de atendimento para os moradores.

Durante os 13 anos do Contrato, serão investidos cerca de R$ 31 milhões pelo parceiro privado, com benefícios diretos para mais de 394 mil habitantes, promovendo um melhor aproveitamento de espaços públicos a noite, principalmente em locais históricos.

Todo o processo foi liderado pela Prefeitura de Olinda, a qual será responsável pela gestão do contrato, assegurando que o projeto atenda às particularidades e demandas da população.

O projeto foi desenvolvido com assessoria técnica da CAIXA e apoio financeiro do Fundo de Apoio a Concessões e Parcerias (FEP Caixa), com coordenação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e da Casa Civil. Os estudos ainda contaram com o apoio técnico e financeiro da International Finance Corporation (IFC) e Global Infrastructure Facility, vinculados ao Grupo Banco Mundial. A modelagem deste projeto também contou com a assessoria da EY e Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques - Sociedade de Advogados.

 

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) abriu licitação para contratar a aplicadora do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O contrato terá duração de 12 meses, com possibilidade de prorrogação. O edital foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (12). 

O convênio passa a valer já na edição de 2023 e contemplará todas as etapas necessárias à realização do exame na forma impressa, digital e para Pessoas Privadas de Liberdade ou sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade (Enem PPL).

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De acordo com o Inep, a instituição selecionada prestará serviços que incluem logística, a aplicação e a correção das provas objetivas e das redações, entre outros processos que envolvem o certame.

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que há indícios da ação de um cartel de empresas de pavimentação em fraudes na licitação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) que somam mais de R$ 1 bilhão.

A empresa Engefort, do Maranhão, seria a principal beneficiada do suposto esquema, tendo vencido editais que somam R$ 829,8 milhões. Levantamentos do TCU apontam que as ações do cartel do asfalto envolveram propostas de fachada e combinações de rodízio entre as empresas que participaram das licitações.

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O tribunal também detectou que, ao mesmo tempo que houve um aumento expressivo no volume licitado, ocorreu uma redução da concorrência e uma diminuição abrupta do desconto médio nas licitações entre 2019 e 2021.

Para se ter noção, das 50 licitações que a Engefort venceu no ano passado, a empresa deu em média um desconto de apenas 1% - o que não reflete o padrão de mercado quando há a devida competitividade. Esse desconto médio, considerando todas as licitações realizadas pela Codevasf desde 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), caiu de 24,5% para 5,32%. 

Os técnicos do TCU apontaram que o esquema de conluio analisado em 63 pregões da Codevasf teve como objetivo viabilizar vitórias da Engefort. Essas licitações, por exemplo, totalizaram R$ 1,13 bilhão. 

O relatório que a Folha de São Paulo, responsável pelas primeiras apurações sobre o caso, teve acesso, mostra que 27 empresas participaram dos pregões "apenas a cobrir a participação dessa empresa líder [Engefort], compondo o número de participantes dos certames a fim de dar aparência de concorrência", enquanto outras sete firmas entraram nas disputas "em troca de garantir a vitória em algumas poucas oportunidades".

Ao todo, 35 empresas são consideradas suspeitas de participarem do "cartel do asfalto". Análises do TCU detalham fraudes em licitações em Minas Gerais e na Bahia. "Nas licitações de Montes Claros [MG] verificam-se indícios de divisão de lotes, onde a Engefort venceu seus lotes com descontos quase sempre inferiores a 1% e outra(s) empresa(s) que participou da disputa se sagrou vencedora de um ou dois outros lotes, sempre com desconto também muito baixo", segundo a auditoria.

Na cidade baiana de Bom Jesus da Lapa, a corte fala que a Engefort venceu todos os lotes com descontos entre 0,6% e 1,5%. O ministro relator do Caso, Jorge Oliveira, disse em sessão do TCU na quarta-feira (5) que "as questões trazidas pela equipe de fiscalização possuem inegável relevância e materialidade e merecem atenção". 

No entanto, falou que não está convencido de que há elementos necessários para impedir novos contratos. "Existem indícios da existência de conluio, mas não tenho a convicção de que esses elementos serão suficientes para demonstrar a existência de fraude em todos os certames listados e, menos ainda, da necessidade de paralisação ou mesmo anulação dos contratos", declarou o relator.

Oliveira foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência e em 2020 foi indicado pelo presidente Bolsonaro para o TCU. 

Posicionamento Codevasf

A Codevasf emitiu uma nota e esclareceu que "O processo administrativo instaurado pelo TCU, do qual a Codevasf não é alvo, investiga suposto indício de fraude e atuação coordenada de empresas privadas que participaram de certames realizados pela Companhia"

Disse também que os procedimentos licitatórios são realizados pelo Portal Comprasnet do Governo Federal e que "constitui a forma mais segura e transparente de se realizar uma licitação por menor preço". Além disso, a Codevasf assegurou que o "percentual de desconto oferecido sobre o preço inicial é estabelecido pelas empresas privadas por meio de critérios próprios, relacionados a circunstâncias de mercado, e que a companhia não tem influência.

"A Codevasf possui sólida estrutura de governança implantada e colabora com o trabalho da Justiça e dos órgãos de controle, sendo a principal interessada no esclarecimento e elucidação das circunstâncias apontadas", pontua o órgão.

O prolongamento da Marginal do Pinheiros, na zona sul paulistana, pode finalmente sair do papel. A Prefeitura publicou em edição do Diário Oficial da Cidade edital para contratação de projetos executivos para "esticar" a via por 8 quilômetros. O novo trecho, previsto para ser construído às margens dos Rios Pinheiros e Jurubatuba, vai da Avenida Guido Caloi, na altura da Ponte João Dias, até a Ponte Vitorino Goulart, em Interlagos. A previsão da gestão municipal é de que as propostas sejam abertas no dia 3 de outubro e, após contratados, os projetos sejam finalizados em até sete meses.

A Prefeitura planeja investir cerca de R$ 8 milhões nos estudos de prolongamento da via. Estima-se que mais de 1,3 milhão de pessoas se beneficiem com o projeto. Ainda não há, porém, previsão para início das obras ou de quanto deve ser gasto na execução. "O tempo gasto pelos motoristas entre a Ponte Transamérica e a Avenida Guido Caloi, até a região de Interlagos, diminuirá expressivamente. O trajeto que é feito por dentro dos bairros de Jurubatuba, Santo Amaro, Jardim São Luís e Socorro passará a ser feito pela nova via", disse em nota oficial.

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Além do prolongamento da Marginal do Pinheiros, ao longo do novo sistema viário também deve ser implementado um parque linear. O espaço, informou a gestão municipal, contará com nova vegetação, passeios públicos, áreas de descanso e contemplação. Uma ciclovia deverá ser implementada em todos os 8 quilômetros de extensão do parque. A Prefeitura informou que o contrato a ser firmado deve contemplar ainda o desenvolvimento do projeto de uma nova ponte, ao lado da Ponte Transamérica. A construção permitirá o acesso dos carros da Avenida Guido Caloi à Marginal do Pinheiros, no sentido da Rodovia Castello Branco.

Aval

A Marginal do Pinheiros é hoje a segunda via expressa mais importante da cidade, ligando a região de Interlagos à Rodovia Castello Branco. A via também possibilita o acesso às Rodovias dos Imigrantes e Anchieta, por meio da Avenida dos Bandeirantes.

Professor de Arquitetura e Urbanismo da FAAP, Ricardo Nascimento vê a iniciativa com bons olhos. "A população da região há muitos e muitos anos reivindica a ligação", disse. Atualmente, ao chegar à altura da Ponte Transamérica, os motoristas têm de se deslocar de uma margem para a outra do Rio Pinheiros. Com poucas alternativas para deslocamento, as vias da região costumam ter trânsito intenso.

Projetos de prolongamento da Marginal do Pinheiros, diante disso, já foram ventilados em gestões anteriores, mas a necessidade de fazer a intervenção, explica o professor, ficou ainda maior nos últimos anos. "A região explodiu em termos imobiliários, com uma população residencial, faculdades, cooperativas", disse, citando o avanço da região de Santo Amaro e a proximidade com polos econômicos, como a Faria Lima. "Esse prolongamento é muito benéfico, principalmente porque também vai se enganchar com várias obras do governo do Estado, que estão requalificando um outro trecho, que vai até a Ponte do Jaguaré (no Butantã)", completou Nascimento. "A iniciativa privada, ao mesmo tempo, tem enorme interesse em realizar investimentos na região, porque, além de beneficiar pessoas, trazem lucro."

A percepção é parecida com a do consultor de Engenharia de Tráfego Flamínio Fichmann. "O aproveitamento dessa área é bastante interessante, porque é um espaço vazio e, se a gente olhar o tráfego, do outro lado do rio a gente vê sinais de congestionamento", afirmou. "Então, o prolongamento vem para contribuir principalmente com o transporte individual, fazendo uma ligação da Marginal até a região de Interlagos, com o autódromo e tudo, que é bastante carente nesse sentido."

Coletivo

Mas Fichmann aproveita para fazer um adendo. "Seria muito interessante se pudesse destinar parte do investimento na calha viária para o transporte público, seja um BRT ou aeromóvel", disse. Segundo ele, por mais que se tenha a Linha 9-Esmeralda passando pela região atualmente, há uma sobrecarga em horários de pico e as alternativas de ônibus são limitadas na região. Diante disso, continuou, a possibilidade de se fazer uma reserva desse investimento no coletivo poderia fazer a cidade "ganhar ainda mais". "Pode favorecer até mesmo quem usa o transporte ferroviário (CPTM), já que você dilui o movimento nos vagões e oferece mais alternativas", afirmou. "Com a dinamização da linha sul, que vai no eixo pelas Marginais até a região de Osasco e Carapicuíba, houve uma adesão muito grande da população. Essa linha foi uma das que maior sucesso teve com os investimentos."

Histórico

A proposta de "esticar" a Marginal do Pinheiros não é novidade: em 2018, uma iniciativa integrou um projeto urbanístico proposto pela gestão João Doria (PSDB). Antes, chegou a ser anunciada em 2012 pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) - a estimativa da Prefeitura na época era que o projeto custaria R$ 470 milhões. Nenhum dos planos, porém, saiu do papel.

Como ponto de partida, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) informou que vai contratar revisão, atualização e complementação de um projeto básico elaborado pela pasta há 20 anos, na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), além de providenciar o desenvolvimento do projeto executivo. Após a aprovação das propostas, as obras serão licitadas pela Prefeitura, mas ainda não há prazo para isso ser feito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira, 20, a Operação Odoacro para investigar uma suposta 'associação criminosa estruturada para promover' fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo verbas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Loteada pelo Centrão, a empresa operacionalizou a distribuição de verbas do orçamento secreto, como mostrou o Estadão.

A ofensiva cumpriu uma ordem de prisão temporária contra o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como 'Imperador' e vasculhou 16 endereços nas cidades de São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas. O alvo principal da ofensiva é a empresa Construservice.

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Cerca de 80 policiais participaram das diligências, ordenadas pela 1ª Vara Federal de São Luís a partir de uma representação elaborada pela Polícia Federal.

De acordo com a PF, o grupo sob suspeita é comandado por um investigado chamado de 'Imperador'. O nome da operação está ligado ao apelido. Os investigadores dizem que 'Odoacro' faz referência 'ao sobrenome do soldado italiano que capitaneou uma revolta que colocou fim ao Império Romano'.

A corporação diz que as apurações identificaram um 'engenhoso esquema de lavagem de dinheiro, perpetrado a partir do desvio do dinheiro público proveniente de procedimentos licitatórios fraudados'.

Os investigadores apontam que o esquema envolve a constituição de empresas de fachada, pertencentes formalmente a 'laranjas' e faticamente ao líder do grupo, 'para competir entre si, com o fim de sempre se sagrar vencedora das licitações a empresa principal do grupo, a qual possui vultosos contratos com a Codevasf'.

"O líder desse grupo criminoso, além de colocar as suas empresas e bens em nome de terceiros, ainda possui contas bancárias vinculadas a CPFs falsos, utilizando-se desse instrumento para perpetrar fraudes e dificultar a atuação dos órgãos de controle", disse a corporação em nota.

Uma liminar dada pelo juiz Alexandre Dartanhan de Mello Guerra, da Vara da Fazenda Pública de Sorocaba, no interior de São Paulo, suspendeu o pagamento de mais de R$ 22 milhões que o município havia destinado, por meio de licitação, à compra de materiais didáticos. Segundo o Ministério Público de São Paulo, o certame possui vários indícios de fraude, desde o seu lançamento.

Os R$ 22 milhões seriam pagos às empresas R. Clean Comercial Eireli - ME e Ville Editora e Comércio Ltda, vencedoras do pregão municipal nº 023/22. Com exceção de um Porsche Macan 2021 - cujo valor aproximado é de meio milhão de reais - registrado junto à segunda empresa, nenhuma delas possui patrimônio para devolver os valores pagos caso as irregularidades sejam comprovadas ao final da ação.

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A decisão foi proferida no dia 28, no âmbito de uma ação civil pública movida pela Promotoria paulista.

No documento, o MP listou indícios de fraude, indicando, por exemplo, que a licitação visava a compra de um kit para educação musical para alunos e professores, composto de livro, CD e DVD, mídias ‘em desuso’.

O mesmo material, segundo a Promotoria, foi adquirido pela Prefeitura em 2011 e ainda possui remanescentes nas escolas. Hoje em dia, ele pode ser baixado gratuitamente em diversos endereços eletrônicos.

Por meio de uma pesquisa feita em sites de compra, o MP encontrou os mesmos livros educativos com valores que oscilam entre R$39,99 e R$45,90. O preço ofertado pelas empresas vencedoras do pregão é de R$343,50 para o kit do aluno e R$448,50 para o kit professor - chegando a ser quase dez vezes o preço de mercado.

Durante a investigação também foram encontrados sinais de que as empresas vencedoras estariam envolvidas com outros esquemas supostamente fraudulentos. De um lado, uma sócia da R. Clean foi presa durante as investigações da operação Aletéia, que apurou desvios de dinheiro em licitações nos estados de São Paulo e da Bahia. De outro, a Ville Editora possui um capital social de R$1 milhão, enquanto seu sócio majoritário tem uma renda declarada de menos de R$2 mil mensais.

Quando ingressou com a ação, na sexta-feira passada, 24, o MP pediu que o pregão fosse imediatamente suspenso e que os materiais escolares já distribuídos às escolas fossem apreendidos, tendo em vista que o pagamento dos R$ 22 milhões está condicionado, segundo o edital do certame, à entrega das cartilhas. O órgão também pediu o sequestro de bens da R. Clean e da Ville Editora.

Inicialmente, antes de apreciar esses pedidos, o magistrado responsável pela causa concedeu 72h para que a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Educação de Sorocaba prestassem esclarecimentos. Contudo, a Promotoria fez um pedido de reconsideração solicitando que, ao menos, os pagamentos fossem suspensos, impedindo que os R$ 22 milhões saiam dos cofres públicos.

Esse novo pedido foi deferido pelo juiz Alexandre Dartanhan de Mello Guerra, que prolatou sua decisão na tarde desta terça-feira, 28. Ele manteve o prazo de 72h para manifestação dos entes públicos. Tendo em vista que ambos foram intimados no mesmo dia em que a liminar foi prolatada, esse prazo deve se encerrar nesta sexta-feira, 1º, exatamente uma semana depois do protocolo da ação.

COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE SOROCABA

Foi deferida a suspensão do pagamento referente ao pregão eletrônico de número 23/2022 (CPL 38/2022), até que se verifique a decisão provisória. Vale destacar que o Município não efetuo nenhum pagamento relativo a essa compra e que também já determinou a suspensão da distribuição dos referidos kits. Destaca-se, ainda, que o processo licitatório foi realizado conforme todos os ritos e procedimentos legais.

COM A PALAVRA, A EMPRESA VILLE EDITORA

Não conhecemos a empresa R. Clean. Fomos vencedores do lote (2) de um processo licitatório, para eventual fornecimento de kit palavra cantada na escola. Contudo, trata-se de um registro de preços e não recebemos nenhuma autorização de fornecimento da prefeitura de Sorocaba e consequentemente não efetuamos qualquer entrega de material. Iremos tomar as providências jurídicas cabíveis conforme orientação de nosso advogado, respeitando os prazos e princípios legais.

COM A PALAVRA, AS EMPRESAS

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato, por e-mail, com as empresas e ainda aguardava resposta. O espaço está aberto para manifestações.

O deputado Romero Albuquerque encaminhou ao Governo de Pernambuco um pedido de informação sobre a contratação de uma empresa especializada para gerenciar manutenções preventivas e corretivas em cerca de 1,5 mil veículos do estado.

De acordo com o deputado, em setembro do ano passado, a gestão teria "driblado" sucessivas recomendações de ajustes feitas pelo Tribunal de Contas do Estado, dispensando a licitação e contratando a referida empresa. O valor do contrato foi de aproximadamente R$ 6,5 milhões. 

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"Não é aceitável que, para pôr fim a uma licitação fadada ao fracasso, o governo tenha contratado por dispensa de licitação. Esse ato é uma tremenda falta de respeito aos princípios constitucionais que regem a Administração Pública. Não há justificativa real para a urgência da contratação", diz o deputado. Ainda de acordo com Romero, o objeto está sendo discutido em um processo judicial que tramita na 2ª vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça. 

Albuquerque aponta que, em junho de 2019, o Governo do Estado recebeu a primeira recomendação emitida pelo TCE para adiar o trâmite. Em outubro do mesmo ano, lançou um novo processo, que seria adiado em janeiro de 2020.

No mesmo mês, o Tribunal de Justiça determinou a suspensão do processo licitatório, quando uma das empresas concorrentes questionou as condições de competição e incongruências da licitação. Mesmo tendo conhecimento disto, as partes assinaram o contrato mater. 

Albuquerque frisa que a licitação é dispensável nos casos de "emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança das pessoas, obras, equipamentos e outros bens".

"Não há moralidade, eficiência nem publicidade real que possibilite fiscalizar e confirmar se foi este o caso. Por isso, exigimos os devidos esclarecimentos", completou.

*Da assessoria 

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) condenou em R$ 782 milhões as teles Claro, Oi e Vivo por infração à ordem econômica. Os conselheiros entenderam que as empresas fizeram conluio ao formar um consórcio para participar de uma licitação promovida pelos Correios em 2015 para contratação de serviços de telefonia.

A maior condenação foi para a Claro, de R$ 395 milhões. A Oi foi condenada a pagar R$ 266 milhões e a Vivo, R$ 121 milhões. Essa decisão pode ter desdobramentos em outros processos do Cade relacionados a consórcios, inclusive na compra da Oi pela Vivo, Claro e TIM, onde também foi formado um consórcio para participar da disputa.

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Em sua fala, o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, ressaltou que a formação de consórcio não é ilegal e é até incentivada em determinados mercados, mas é necessário justificativa quando reúne os principais concorrências.

"É importante que o mercado saiba que fazer consórcio com três concorrentes com mais de 90% de market share (participação de mercado) tem que se tomar um cuidado muito grande para que não haja fechamento de mercado. A pergunta que se faz nesse caso é: poderiam ter as partes participado individualmente ou deveria ter que ser feito consórcio?", completou.

Cordeiro defendeu multas menores para as empresas, que seriam de R$ 30,9 milhões para a Claro, R$ 53,6 milhões para Oi e R$ 28,3 milhões para a Telefônica. A maioria, no entanto, seguiu a sugestão de cálculo apresentada em voto anterior pela ex-conselheira Paula Azevêdo, e as multas maiores permaneceram.

O processo teve início em 2015 depois de denúncia da BT Brasil Serviços de Telecomunicações de que as três operadoras agiram de forma associada para reduzir a competição e impedir a atuação de outros concorrentes em licitações públicas, especificamente uma concorrência dos Correios.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou as reportagens do Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que revelaram uma licitação, preparada pelo governo, para tentar comprar 3.850 ônibus escolares com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões, mesmo após alertas de órgãos técnicos, como o Tribunal de Contas da União (TCU). "Deixa acontecer a licitação, pô", declarou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Sob ameaça de ter a licitação cancelada, o governo recuou após as reportagens e reduziu as cotações dos veículos na véspera do pregão. A licitação dos ônibus foi realizada na última terça-feira, 5, mas ficou em R$ 500 milhões a menos do que o governo estava disposto a pagar quando os preços estavam superestimados.

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"Nós temos vários filtros, tem equipe nossa em cada ministério tratando aí de analisar contratos. Agora, essa última dos ônibus. Deixa acontecer a licitação, pô, por que não deixou acontecer? Ah, é fruto do jornalismo investigativo. Investigativo pipoca nenhuma", afirmou Bolsonaro na live. "Espero que TCU abra licitação e veja o que vai acontecer para ver o preço de cada ônibus, tem que esperar acontecer para a gente comentar isso daí", acrescentou.

Bolsonaro também voltou a minimizar o orçamento secreto, também revelado pelo

Estadão/Broadcast e disse que, pela lei atual, o relator do Orçamento é mais poderoso do que o presidente da República.

Documentos internos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE) desmentem a versão apresentada pelo presidente do órgão, Marcelo Ponte, à Comissão de Educação no Senado, nesta quinta-feira, 7, sobre o risco de sobrepreço de R$ 732 milhões na licitação dos ônibus escolares. Ponte disse aos senadores que o pregão seguiu todas as recomendações da Controladoria-Geral da União (CGU) e tentou negar que o governo recuou e reduziu as cotações dos veículos apenas na véspera do leilão, após o caso ser revelado pelo Estadão.

"Nós seguimos todas as recomendações da CGU e seguimos acatando as determinações de controle, em especial o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU, assegurando desta forma a lisura de todos os nossos processos", disse. "Me reuni diversas vezes com as áreas responsáveis pela licitação e tive também a segurança técnica e legal que o processo percorreu todas as fases previstas na legislação."

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Como o Estadão tem mostrado em uma série de reportagens publicadas desde sábado, 2, o FNDE atropelou as orientações dos órgãos de controle e da própria área técnica, que apontaram risco de sobrepreço nos valores dos ônibus que o governo aceita pagar. Marcelo Ponte disse que "a imprensa divulgou relatório um mês após todas as providências terem sido resolvidas, superadas pela nossa área técnica".

Os documentos internos do Fundo mostram o contrário. O valor inicial sugerido pela área técnica do FNDE para a aquisição dos coletivos era de R$ 1,3 bilhão. A equipe do diretor de Ações Educacionais do Fundo, Garigham Amarante - indicado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto -, apresentou uma estimativa de preços de R$ 2,082 bilhões para o pregão.

Após alertas da CGU, os dirigentes mudaram a metodologia de cálculo, mas o cenário pouco se alterou. O valor máximo da licitação passou para R$ 2,045 bilhões e foi liberado por Marcelo Ponte em 18 de março.

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) questionou Marcelo Ponte sobre as alterações nos valores do leilão. "Por que esse valor voltou para R$ 2,045 bilhões no termo de referência? O sr. sabe informar?", questionou.

O presidente do FNDE alegou que o ajuste para reduzir os valores do pregão havia sido feito antes de o caso vir a público. "A republicação já foi com 1,5 bi também. A republicação já saiu com 1,5 bi", disse. "Salvo engano, 24 ou 25 de março, oito dias antes do pregão que ocorreu na terça-feira, 5."

O processo administrativo do próprio Fundo, no entanto, aponta que a alteração ocorreu apenas na véspera da licitação dos ônibus, em 4 de abril, após publicação de reportagem do Estadão. Marcelo Ponte foi confrontado sobre as datas também pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) e silenciou após a fala do parlamentar.

"O preço foi reduzido dos R$ 2 bilhões que o senador Alessandro falou para R$ 1,5 bilhão. Sabe quando? Na véspera, da véspera, da véspera do pregão, após ter sido veiculado pela imprensa e após todas as recomendações não cumpridas da CGU", disse o Randolfe Rodrigues.

Por causa da mudança de última hora, o preço total para a aquisição dos veículos sofreu uma redução de R$ 510 milhões. Mesmo com as alterações, o TCU preferiu embargar o resultado do pregão. A decisão assinada pelo ministro Walton Alencar Rodrigues permitiu que a concorrência fosse realizada e as propostas apresentadas pelos fornecedores. A homologação dos valores, no entanto, só poderá ser feita após a avaliação da Corte de contas.

No fim da sessão, Marcelo Ponte entregou um despacho interno do FNDE ao presidente da Comissão da Educação para tentar justificar sua declaração sobre a definição do valor máximo do pregão em R$ 1,5 bilhão. O documento é datado de 14 de março. Ponte omitiu, no entanto, que após essa data FNDE estabeleceu R$ 2,045 bilhões como valor máximo do leilão, o que gerou a indicação de sobrepreço.

Audiência

Marcelo Ponte começou a falar à Comissão de Educação por volta das 10h desta quinta-feira com forte presença de senadores governistas. A audiência reuniu mais da metade da bancada do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, no Senado, como Carlos Portinho (RJ), Eduardo Gomes (TO), Carlos Viana (MG), Wellington Fagundes (MT) e Marcos Rogério (RO).

O presidente do FNDE foi questionado sobre o relacionamento que mantinha com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Marcelo Ponte disse que cumprimentava os pastores "normalmente, protocolarmente". Em 7 de agosto do ano passado, durante um encontro oficial do Ministério da Educação, o presidente do FNDE se dirigiu ao pastor Gilmar Santos como "grande amigo".

Em Salinópolis (PA), durante um atendimento do MEC a prefeitos, em julho do ano passado, Marcelo Ponte citou os religiosos. "Pastor Gilmar, mais uma vez juntos, muito obrigado pela presença. Pastor Arilton, que sempre organiza", disse o presidente do FNDE na ocasião.

Uma série de reportagens do Estadão mostrou, no mês passado, um esquema de intermediação de recursos operado no Ministério da Educação com cobrança de propina pelos religiosos ligados ao então ministro Milton Ribeiro, que precisou deixar o cargo. O ex-ministro relata ter alertado à CGU, em agosto, sobre "conversas estranhas" de Arilton Moura.

Aos senadores, Marcelo Ponte contou ter sido ouvido pela CGU sobre o caso. O presidente do FNDE disse acreditar "na conduta" de Milton Ribeiro. "Eu acredito que terceiros usaram o nome dele, meu, eventualmente, para se gabaritar, para fazer lobby sem a nossa autorização", afirmou. Questionado se houve liberação de recursos por lobby dos pastores, Ponte afirmou que "não". "Não houve. Inclusive, desses municípios não houve R$ 1 liberado." Reportagem do Estadão revelou, no entanto, que alguns dos municípios que recorreram aos pastores conseguiram receber, rapidamente, empenhos do orçamento.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, poderá ser convocado para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara dos Deputados a respeito do edital para compra de 3850 ônibus rurais escolares no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com risco de sobrepreço de até R$ 732 milhões. O autor do pedido de convocação é o deputado federal Rogério Correia, do PT-MG. Ele protocolou requerimento nesta terça-feira, 5.

Conforme o Estadão revelou nesta terça-feira, Nogueira se reuniu no Palácio do Planalto com o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, seu ex-chefe de gabinete no Senado, quatro dias antes de o dirigente do fundo determinar a retomada da licitação para compra de ônibus escolares.

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Os encontros de Ciro Nogueira com Marcelo Ponte ocorreram em 22 de fevereiro e 14 de março. Durante essas datas, o processo licitatório estava suspenso por conta de problemas apontados pelos órgãos de controle, mas foi retomado no dia 18 de março. A licitação estava marcada para ocorrer nesta terça-feira, 5.

Como o Estadão mostrou nesta terça-feira, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação recuou e reduziu o preço máximo para a compra em leilão de 3.850 ônibus escolares rurais. A operação para salvar o pregão eletrônico que está sob suspeita de sobrepreço foi desencadeada ainda na tarde de ontem. Ao mesmo tempo, na manhã desta terça-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues decidiu embargar o resultado do leilão até que passe por análise pela corte de contas.

Para a Diretoria de Administração do FNDE, o valor máximo deveria ficar em R$ 1,31 bilhão, mas, após alertas desse setor e também da Procuradoria Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), a Diretoria de Ações Educacionais optou por fixar os valores em R$ 2,045 bilhões. A diretoria é chefiada por Gharigam Amarante, ex-assessor do PL na Câmara dos Deputados e homem de confiança do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Como o Estadão mostrou, Ciro Nogueira tem influência direta sobre a destinação de recursos do FNDE, por meio do seu afilhado político e ex-chefe de gabinete Marcelo Ponte, que preside o órgão federal. Apesar de licenciado da presidência nacional do Progressistas, Ciro Nogueira tem atuado para que o programa Caminho da Escola atenda a seus correligionários, por meio da distribuição de ônibus escolares e do empenho de emendas parlamentares.

"Recai sobre o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, na condição de coordenador das ações governamentais, a suspeita de que tenha atuado junto ao FNDE para a realização da licitação em desacordo com o órgão de administração do FNDE e da CGU, notadamente em razão de potencial beneficiamento dos aliados do Governo, e mesmo de seus aliados, cuja proximidade das eleições ampliaria o impacto político-eleitoral, se constituindo adicionalmente em potencial crime eleitoral", afirmou o deputado Rogério Correia no requerimento de audiência de Ciro Nogueira.

Linha do tempo

O Estadão teve acesso à íntegra do processo interno do FNDE que trata da licitação para a compra de ônibus. Na avaliação da Diretoria de Administração da FNDE, o preço máximo deveria ficar em R$ 1,3 bilhão. Mas, para a Diretoria de Ações Educacionais, chefiada por Gharigam Amarante - nome ligado ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto - o valor deve ser R$ 2 bilhões. Gharigam e Marcelo Ponte aprovaram a continuidade da licitação quatro dias após a segunda visita de Ciro Nogueira ao FNDE neste ano.

Depois de a Controladoria-Geral da União entrar no caso endossando o alerta de risco de sobrepreço, em fevereiro, o procedimento licitatório ficou parado até o dia 14 de março, data da reunião de Marcelo Ponte com Ciro Nogueira na Casa Civil. Naquela dia, horas antes, o apadrinhado de Valdemar Costa Neto, Gharigam Amarante, diretor de Ações Educacionais, e mais dois coordenadores subordinados a si, deram um despacho fazendo ajustes no processo, contendo um novo cálculo de preços, trocando o índice de correção da inflação a ser utilizado, o que faria o preço global da licitação cair de R$ 2,083 bilhões para R$ 1,567 bilhão.

Após esse despacho, o processo foi enviado para a Diretoria de Administração, que havia feito o primeiro alerta de risco de sobrepreço. Em sua manifestação, os responsáveis pela área pedem à Dirae, chefiada por Gharigam Amarante, para "justificar detalhadamente a mudança de metodologia de cálculo da estimativa de preços".

No dia 17 de março, sem responder a essa solicitação feita pela Diretoria de Administração, a Diretoria de Ações Educacionais emitiu novo estudo preliminar e nova pesquisa de preço. No dia seguinte, o novo termo de referência, com valores globais de R$ 2,045 bilhões, foi lançado no sistema por dois subordinados de Gharigam. Em seguida, em despacho, Gharigam e Marcelo Ponte aprovam o novo termo de referência, com valores globais de R$ 2,045 bilhões, e autorizam a reabertura do procedimento licitatório. Essa decisão foi tomada no dia em que o Estadão revelou a existência de um gabinete paralelo operado por pastores no MEC formado por pastores que fazem intermediação entre prefeitos e a pasta.

O contexto de influência de Ciro Nogueira sobre as ações do FNDE e a falta de transparência sobre a agenda pública entre ele e Marcelo Ponte geram suspeitas de que o ministro da Casa Civil possa ter atuado para a retomada do pregão para compra de ônibus, na avaliação do advogado Mauro Menezes, que já foi presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

"A suposição de que tenha havido uma articulação do ministro da Casa Civil em favor de interesses pessoais e do partido decorrem da revelação de que o pregão virá a beneficiar municípios geridos pelo Progressistas e a distribuição de verba recairá sobre parlamentares Progressistas", disse Mauro Menezes ao Estadão.

"Então, nesse sentido, a falta de transparência sobre o tema tratado na reunião permite a suposição de que as reuniões tenham servido justamente a articulação dessa solução para a continuidade do pregão, que é estranha ao interesse público, estranha ao zelo com os recursos públicos, estranha com a transparência no exercício das contas públicas. É uma solução que aparentemente vem a promover o interesse pessoal ou partidário em detrimento do interesse público", conclui o ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

O advogado Igor Tamasauskas, doutor em Direito do Estado pela USP, afirma que a ausência de informações sobre os temas das reuniões entre o ministro da Casa Civil e o presidente do FNDE descumpre regra criada pelo governo no ano passado. Ele ressalta que não faz sentido o ministro da Casa Civil se reunir com um responsável por um fundo vinculado ao Ministério da Educação sem a presença do ministro. "Por força de uma regra criada em 2021, sempre que um ministro se reúne com pessoa integrante de outro ministério, precisa divulgar uma série de informações, dentre as quais o assunto discutido. Essas reuniões precisam ser esclarecidas", disse o advogado Igor Tamasauskas.

O advogado lembra que, como a CGU observou no processo, as compras públicas devem se pautar, prioritariamente, no Painel de Preços, criado pelo próprio Governo Federal, ou em licitações anteriores de outros órgãos públicos. "Isso aparentemente não foi observado, com argumentos que a própria CGU define como questionáveis - quer por especificações especiais dos veículos, quer por questões de quantidades compradas pelos outros órgãos". Para Tamasauskas, "esses argumentos - especialidade e quantidade - são comuns em casos comprovados de direcionamento de licitação e outras irregularidades". "Há que se explicar bem esses fatos, sobretudo porque a aquisição está ocorrendo no último ano de mandato", disse.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) recuou e reduziu o preço máximo para a compra em leilão de 3.850 ônibus escolares rurais. A operação para salvar o pregão eletrônico que está sob suspeita de sobrepreço foi desencadeada, ainda na tarde desta segunda-feira (4), pela cúpula do fundo presidido por um apadrinhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ao mesmo tempo, na manhã desta terça-feira (5), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues decidiu embargar o resultado do leilão até que passe por análise pela corte de contas.

Reportagens do Estadão mostraram que o Pregão 2/2022 estabelecia o preço máximo de R$ 2,045 bilhões. A Controladoria-Geral da União (CGU) e a própria equipe técnica do FNDE avaliaram, entretanto, que havia nesse valor um sobrepreço de até R$ 732 milhões. A projeção dos técnicos do fundo foi elaborada aplicando um índice de inflação, o IGP-M, aos valores praticados pelo órgão nove meses antes, no Pregão Eletrônico 6/2021, também aberto para a compra de ônibus escolares.

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Durante o período de alertas da CGU e da área técnica do FNDE, o ministro Ciro Nogueira teve duas reuniões no Palácio do Planalto com Marcelo Ponte, presidente do FNDE indicado por ele. Numa reviravolta, um despacho assinado na segunda-feira por Garigham Amarante, que comanda a Diretoria de Ações Educacionais (Dirae) do FNDE, o novo valor máximo estabelecido pelo governo passou a ser de R$ 1,5 bilhão, preço sugerido pela CGU numa manifestação anterior do órgão sobre o assunto, em 10 de março.

Esse valor de R$ 1,5 bilhão corresponde à atualização dos preços do Pregão 6/2021 pelo IPP (Índice de Preços ao Produtor), um outro indicador de inflação. O cálculo representa um recuo do diretor indicado por Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, que divide com Ciro Nogueira os cargos do fundo da Educação.

Com as mudanças da tarde de ontem, os preços voltam a se aproximar do limite máximo sugerido pela área técnica do FNDE. No caso do ônibus de 29 lugares, identificado pelo código ORE 1, o valor máximo sugerido pelos técnicos do FNDE era de R$ 237,8 mil. Depois, no edital válido até a tarde de ontem, foi cotado a R$ 480 mil - uma diferença de 77%. Agora, no novo despacho, passou a R$ 338,5 mil.

Decisão do TCU

O Pregão Eletrônico 2/2022 está previsto para acontecer nesta terça-feira, 5. Pouco antes do início do certame, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues decidiu embargar o resultado até que o assunto possa ser analisado pela corte de contas. Formalmente, a licitação não está suspensa: os fabricantes poderão apresentar suas propostas nesta terça-feira. Apesar disso, o FNDE não poderá utilizar a ata de registro de preços resultante até obter o aval do TCU.

A área técnica do TCU afirmou que não era o caso de suspender o pregão porque era preciso analisar os documentos do FNDE, que não foram repassados oficialmente ao tribunal até agora. Em sua decisão, o ministro Walton criticou o FNDE por não ter entregado os documentos e alertou para a gravidade do caso.

Walton Rodrigues escreveu que, em reunião ontem do FNDE com auditores do TCU, ficou acertado que seria dado acesso aos "arquivos do certame, gravados no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do Poder Executivo. "Contudo, lastimavelmente, tal medida não restou implementada até o final do dia, impedindo que o TCU avaliasse, adequadamente, os preços de referência do certame", ressaltou o relator.

"Tal fato singular, aliado ao grande valor da licitação que ora se enceta, gera a perspectiva de eventual prejuízo ao Erário", afirmou Walton Rodrigues. Diante da constatação, o ministro foi mais duro do que os auditores e resolveu determinar que o FNDE se abstenha de homologar o resultado da licitação.

"Identifico a presença da probabilidade do direito em relação aos fatos narrados. O fumus boni juris decorre, portanto, da ausência de acesso, por parte dos auditores do Tribunal de Contas da União, a todos os elementos de convicção, necessários à elucidação das dúvidas relevantes, em razão da omissão, ou inércia, ou volição da Administração.

'Desvio de assombrosa importância'

"O fato descrito é grave e envolve a possibilidade do desvio de assombrosa importância em dinheiro. Mais de R$ 730 milhões em prejuízo ao erário, que podem se converter além disso em prejuízo à democracia, a depender da destinação que esses recursos venham a ter, como, por exemplo, a composição do chamado 'caixa 2 de campanha'", escreveu Lucas Rocha Furtado, procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, na representação que protocolou ontem no tribunal pedindo suspensão do pregão 2/2022 do FNDE.

Para a área técnica, a situação é grave, mas precisa de uma análise antes de decisão que impeça a realização do pregão. Por isso, a defesa foi por deixar a concorrência ser feita hoje, mas proibir temporariamente a homologação e o resultado até análise completa do TCU.

A Diretoria de Ações Educacionais do FNDE, comandada por Gharigam Amarante, um apadrinhado de Valdemar Costa Neto - presidente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro -, deu aval para a licitação em valores globais de R$ 2,045 bilhões, o que representa 55% a mais do que os valores considerados adequados por técnicos do FNDE, R$ 1,31 bilhão. O presidente do órgão é Marcelo Ponte, que antes de ser nomeado em 2020 para o cargo era chefe de gabinete no Senado do atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Em viagem ao Rio, nesta segunda-feira, Jair Bolsonaro tentou minimizar o caso, mas acabou admitindo que havia risco de sobrepreço, como revelou o Estadão. "Estão agora me acusando de ter armado a corrupção com compra superfaturada de ônibus, mas nem a licitação foi feita ainda. E quem descobriu fomos nós. Temos gente trabalhando em cada ministério com lupa no contrato. Por isso, não tem corrupção", afirmou.

No documento em que pede a suspensão da compra dos ônibus escolares com preço inflado, o Ministério Público de Contas lembrou o recente escândalo de corrupção envolvendo pastores lobistas no Ministério da Educação, que, segundo prefeitos, teriam pedido propina, conforme revelou o Estadão.

"Se já não bastasse o escândalo do favorecimento, por afinidades políticas e pessoais, de lideranças religiosas que levou à demissão do ex-ministro Milton Ribeiro, o setor de educação do governo federal é agora novamente atingido por suspeitas de descalabros administrativos, se não também morais", comentou o procurador Lucas Furtado.

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