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Amigos, família, artistas e vizinhos são a fonte inspiradora de "A Distância", novo livro da escritora e jornalista Laura Vasconcelos. A obra contém 35 crônicas com temas do cotidiano, como experiências pessoais, filmes, músicas, novelas, términos de relacionamento, sentimentos durante a pandemia, entre outros. O lançamento será neste sábado (3), na 25ª Feira do Livro e das Multivozes, no Hangar Centro de Convenções e Feiras, em Belém.

Além de "A Distância", a escritora publicou outro livro de crônicas: "Fugacidade dos dias", lançado em 2020 – o primeiro livro de Laura –, possui uma linguagem mais leve, com doses de comédia. "A Distância" é um livro mais denso e foi escrito quase durante toda a pandemia.

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“O ‘Fugacidade dos dias’ foi um livro que eu escrevi meio que no impulso, escrevi muito rápido e logo publiquei. Esse livro ["A Distância"] demorou mais um pouco. Está pronto desde junho de 2020, mas como tudo estava parado ele levou mais tempo para existir. Além de ser um livro mais melancólico, mais sentimental, o que eu acho que não poderia ser tão diferente percebendo o momento em que ele foi escrito”, conta.

 O fascínio pela escrita começou em 2010, quando Laura tinha 16 anos. Ela relembra que sempre gostou de ler e escrever. “Minha mãe é professora e muitas vezes me levava para a escola quando ia trabalhar e me deixava com acesso livre à biblioteca, aí peguei gosto pela leitura e pela escrita”, relata.

 Com textos curtos, linguagem simples, abordando temas comuns do dia a dia, a crônica é um gênero textual que tem como principal objetivo provocar a reflexão sobre o assunto abordado. A jornalista fala o porquê da escolha. “A crônica é um universo de infinitas possibilidades. Ela te deixa livre para você escrever o que quiser, do jeito que quiser, quando quiser e tudo pode virar uma crônica”, explica.

 “Meu cronista preferido diz que: ‘A crônica é botar uma lupa num grão de arroz’, ou seja, é transformar algo simples e trivial em algo extraordinário, enxergar alguma coisa em um assunto que outras pessoas não conseguem. Acho que essa liberdade que me encantou e me fez escrever crônicas”, complementa Laura.

 Em seu Instagram, Laura publicou que estava quase desistindo e brincou ao chamar o livro de "teimoso" pela insistência em existir. Ela comenta que foram três anos de produção, escrita, edição e impressão até a publicação. “Já tinha escrito outro porque estava quase sem esperanças. Até que a editora me mandou finalizado; quando reli, eu percebi que ele tinha que existir”, relembra.

 A escritora descreve a sensação de estar publicando sua segunda obra e acredita que teve o seu dever cumprido. “Eu espero que as pessoas se sintam mais próximas das histórias que estão no livro. A principal mensagem do livro é que sempre vai ter alguém que pode estar passando ou pensando igual, e se sentir menos sozinho”, destaca.

Laura conclui aconselhando pessoas que têm vontade de se aventurar na escrita do primeiro livro: “Escreva. O que faz de você um escritor é escrever, mesmo que sejam textos só para desabafar. Viva experiências novas, aventuras e leia muito. Tudo isso ajuda muito”, incentiva.

Por Even Oliveira, Isabella Cordeiro e Matheus Silva (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

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A cultura paraense é repleta de histórias com misticismo e crenças locais. Boto, Curupira, Vitória Régia e Matinta Pereira são alguns exemplos de lendas conhecidas pela população e repassadas de geração em geração. 

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No quarto dia da 25ª Feira do Livro e das Multivozes, o espaço das Vozes da Cultura Popular apresentou a roda de conversa sobre o imaginário sobrenatural do Pará. Tendo como convidados Iaci Gomes – jornalista e escritora, autora de “Nem te Conto” – e Fernando Gurjão Sampaio – escritor e autor, conhecido como Tanto Tupiassu –, e com a mediação de Thyago Costa, estudante de Letras, o bate-papo foi permeado de relatos pessoais e histórias fictícias desse universo.

Iaci escreve desde criança e relata que o seu livro começou com microcontos de terror publicados em tuítes. Apenas em 2021 ela iniciou, de fato, a produção. “Precisou de uma pandemia para me impulsionar a encorpar esses contos, deixar um pouco maiores e reuni-los e lançar no livro, que é o ‘Nem te Conto’ – não poderia ter outro nome”, diz.

Gabriel García Márquez e Stephen King são escritores renomados e grandes influências da autora. Iaci conheceu as obras Márquez no ensino médio, por meio de um professor, e acabou se apegando ao realismo mágico. Pouco antes disso, por volta de seus 12 anos, ela conheceu a escrita de King, lendo “Tripulação de Esqueletos”, o que acabou o tornando seu autor preferido.

A primeira publicação de “Nem te Conto” ocorreu em novembro de 2021 e a autora confessa que pensou que o ciclo de sua obra havia se encerrado, mas recebeu a oportunidade de trazê-lo novamente ao público no evento. “Eu me inscrevi para o edital e fui, felizmente, selecionada e estou totalmente emocionada de relançar meu livro no maior evento de literatura do Estado. A Feira do Livro sempre foi uma referência para mim, sempre foi um lugar supermágico e ter o meu livro à venda aqui é indescritível”, destaca.

Fernando Gurjão Sampaio, ou melhor, Tanto Tupiassu, utiliza suas redes sociais – principalmente o Twitter – para compartilhar casos e histórias sobrenaturais que viveu ou de seus seguidores. Seu interesse pela leitura do tema, especialmente no cenário paraense, surgiu com Walcyr Monteiro, quando estava na escola e teve contato com o livro “Visagens e Assombrações de Belém” por meio de uma amiga.

Tanto comenta que quando compartilha os casos, geralmente, vai por partes, o que cria uma expectativa no público e diz que isso traz relatos de seguidores sobre lembranças da infância. “Acho que o interesse é, na verdade, um interesse coletivo que vem desde a infância, dessa mania que a gente tem de sentar ao redor de uma fogueira, contar história e ir dormir todo mundo apavorado”, fala.

Em 2016, o autor publicou “Ladir Vai ao Parque e Outras Histórias”, um livro de contos que ganhou o Concurso Literário da Fundação Cultural do Pará na sua categoria. Tanto revela que, atualmente, não sabe se tem interesse em republicar essa obra, mas que no próximo ano terá um lançamento inédito com a editora Rocco.

Por Amanda Martins, Kaila Fonseca e Lívia Ximenes (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

Taylor Jenkins Reid, aos 38 anos de idade, se tornou um fenômeno na cultura pop. A escritora norte-americana não sai das listas de best-sellers. Dos oito livros que publicou, quatro irão ganhar adaptações para a televisão e para o cinema - este já em produção. E o romance mais recente é “Carrie Soto Está De Volta”, lançado nesta terça-feira (30), nos Estados Unidos. 

O livro chega às lojas brasileiras no dia 6 de setembro. A história retrata a trajetória da tenista Carrie Soto,  que se aposentou no auge com a tranquilidade de ter atingido um recorde imbatível: foram 20 títulos Grand Slam conquistados ao longo de sua carreira. Entre os principais livros da autora estão “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”, “Daisy Jones & The Six” e “Malibu Renasce”.

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Além do sucesso de vendas, a escritora conquistou as redes sociais.  Os livros são constantemente recomendados no Tik Tok e fãs criam vídeos e conteúdos inspirados nas personagens das histórias. A hashtag # SevenHusBandsOfEvelynHugo, sobre em “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”, soma mais de 50 milhões de visualizações na rede social. Este é um dos romances mais populares da autora e será adaptado para um filme pela Netflix. 

O diálogo acerca de poéticas afetivas na vida de artistas autistas, no espaço Vozes da Inclusão da Feira do Livro e das Multivozes, aborda a relação que as famílias constroem com o autismo, dando visibilidade para obras realizadas pelos talentos paraenses. Os autores Milena Costa e Lucas Moura Quaresma, ambos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), falaram sobre suas rotinas pessoais e artísticas e mostraram como o diagnóstico precoce do autismo e o apoio familiar podem transformar a vida de crianças e adultos. A 25ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes ocorre no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, entre os dias 27 de agosto a 4 de setembro.

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"Essas poéticas afetivas dizem respeito à relação que essas famílias constroem com o autismo. Muitas vezes, no início do diagnóstico, os familiares ficam perdidos, não entendendo aquele diagnóstico e com o tempo vão conseguindo estabelecer relações de muito amor, de muito carinho, acima de tudo de uma valorização dessas pessoas com autismo, inclusive conseguindo perceber essas potencialidades, essas habilidades", explicou Flávia Marçal, 39 anos, advogada, professora, coordenadora do projeto TEA da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e mediadora do evento.

Segundo Flávia Marçal, olhar o autismo de forma afetiva é muito importante. "Milena Costa e o Lucas Quaresma são dois autores, uma de livro e o Lucas que é um quadrinista, com autismo. Olhar dessa forma mais afetiva, essa poesia também que está envolvendo a vida, é muito importante. Inclusive para que possamos perceber, que o autismo não é o fim, ele pode ser o começo para muita coisa", assinalou Flávia.

Para Flávia, o evento é importante para divulgar e ver projetos que auxiliam na formação de profissionais que estão se capacitando. São profissionais que, com certeza, afirma Flávia, vão levar esse tema da inclusão à frente. É uma oportunidade de conhecer projetos, conhecer outras obras, observou a mediadora. "Esse é um espaço que irá levar essa capacitação e conscientização para a sociedade. Para que ela se torne mais livre e mais inclusiva."

A estudante e escritora Milena Lima costa, de 18 anos, apresentou seu livro "Histórias de Milena", que contém enredos como "o Bicho-papão brincalhão" e "O menino e o monstro negro".

Milena disse que começou a escrever entre os 9, 10 anos de idade e que tudo começou a partir de uma brincadeira com a irmã. "Eu e a minha irmã de coração, Beatriz, a gente inventou um jogo em que contaáamos histórias imaginárias uma para outra. Minha primeira história foi uma que eu nomeei de 'Princesa valente', inspirada no Mágico de Oz. Depois disso eu decidi passar para um papel, escrito", relatou.

A escritora contou que decide sobre o que vai escrever assistindo desenhos e lendo livros. "Eu me sinto melhor escrevendo minhas histórias", revelou a autora.

O quadrinista Lucas Moura Quaresma, de 29 anos, e também formado em designer de produtos, apresentou seus quadrinhos "Oceanos", "Medo de bullying" e seu mais novo trabalho: "Belém, Belém de onde tuas mangás vêm?"

Lucas começou a desenhar aos 4 anos, a partir das logomarcas dos desenhos e filmes que assistia. Desenhava os personagens e, depois de um tempo, pessoas da vida real. "As minhas inspirações para desenhar e escrever vêm da minha mente, dos desenhos animados e dos personagens que eu mais gostava", apontou o quadrinista (conheça o perfil do quadrinista: @hqsdolucas).

Para a realização do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista e atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde) basta procurar pelas Unidades Básicas - UBSs, Equipe da Saúde da Família - ESF e Núcleos de Atenção à Família - NAFs.

 A Lei 12.764 de 27/12/2012 determinou que a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Lei Federal vale em qualquer lugar do Brasil. (mais informações em https://www.autismolegal.com.br/direitos-do autista/).

Por Kátia Almeida e Gabrielle Nogueira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

A jornalista e escritora Iaci Gomes vai relançar o seu livro “Nem te conto” na Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. A obra reúne 14 contos de terror com toques de realismo fantástico e apresenta cenários paraenses, como as margens do rio Trombetas, o Parque do Utinga e a praia do Chapéu Virado, em Mosqueiro.

A escritora relatou que sempre foi uma leitora assídua, e que a Feira do Livro era um evento indispensável para sua família. Logo, ter uma obra autoral apresentada na feira é de uma sensação indescritível. “É muito legal eu poder me inserir nesse cenário e ser vista como uma pessoa que escreve sobre o sobrenatural no Pará”, disse a jornalista.

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 Iaci diz também que o gênero terror sempre foi a sua escolha principal de leituras desde a infância. “Sempre me fascinou muito, eu gosto muito desses contos, então quando eu pensei em escrever alguma coisa, tinha que ser o terror...realmente a possibilidade de sair daquilo que a gente já vive e poder imaginar outros cenários é algo que eu gosto muito”, disse Iaci.

Além dos 14 contos, o livro também conta com uma série de ilustrações para ajudar os leitores a entrarem no clima de terror. “Quando eu fiz o 'Nem te conto' eu sempre visualizei ilustrações que pudessem retratar o que eu estava escrevendo”, contou a escritora. O time de ilustradores conta com Magno Brito, Renata Segtowick e Márcio Alvarenga, que ajudam ainda mais a apurar o toque sobrenatural da obra.

Antes do relançamento, a autora também participará, às 17h30 desta terça-feira (30), de um bate-papo sobre o imaginário sobrenatural no Pará, na companhia do escritor e advogado Fernando Gurjão Sampaio, conhecido nas redes sociais como Tanto Tupiassu.

A 25ª Feira do Livro e das Multivozes está aberta de 9 às 21 horas, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, até o dia 4 de setembro. A entrada é gratuita. 

Por Caio Brandão (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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Com influências indígena, africana e europeia, o carimbó é uma dança típica do nordeste paraense, originada no século XVII com agricultores locais. A mesa de conversa “Das águas doces às salgadas: ancestralidades de carimbós”, presente na 25ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, abordará os diversos assuntos envolvendo a dança, contando com a presença de grandes nomes do meio: Chico Malta, mestre Griô de tradição oral e do carimbó do Oeste do Pará; Mestre Damasceno, criador do búfalo-bumbá, cantador de carimbó e mestre da cultura popular do Marajó; e Mestra Bigica, fundadora e vocalista do primeiro grupo de carimbó paraense protagonizado por mulheres, o Sereias do Mar.

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O nome do carimbó tem uma variante, o curimbó, e é de origem tupi; “curi” significa pau e “m’bó”, furado. No português, a união dos termos quer dizer “pau que produz som”, referindo-se ao instrumento musical indígena (curimbó). A herança africana está presente no rebolado da dança e no batuque do banjo, enquanto a europeia encontra-se na formação de casais (referência portuguesa) e na presença de flauta, saxofone e clarinete.

Na dança, as mulheres utilizam acessórios no cabelo – flores, especialmente –, pescoço e pulsos, além de saias coloridas e volumosas; já os homens, responsáveis por iniciar a coreografia e convidar as mulheres, vestem-se com calças brancas que, geralmente, estão com a bainha enrolada – costume deixado pelos ancestrais africanos.

Devido à grande popularização, em 2014 a dança foi declarada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Em 2015, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN concedeu ao carimbó o título de Patrimônio Cultural do Brasil; 3 de novembro é declarado como o Dia Estadual do Carimbó.

O mestre em Antropologia Social e técnico em Antropologia na Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Pará (IPHAN-PA) Cyro Lins, mediador da mesa, afirma que o reconhecimento dessa expressão cultural pelo Estado brasileiro é importante para o símbolo e para a formação identitária. Junto com esse reconhecimento, diz, vem, também, a obrigação de apoiá-la e fomentá-la.

“O carimbó é uma referência cultural paraense e nacional, em diversos aspectos. É uma referência para os grupos e comunidades que o produzem (compõem, dançam, cantam, tocam), é uma referência da identidade paraense: pede pra um/uma paraense falar de sua cultura, muito dificilmente o carimbó vai ficar de fora”, declara.

Cyro destaca que se sente muito à vontade no universo do carimbó, considerando sua história com o coco de roda – dança de roda e ritmo nordestino – e que é incrível perceber o trabalho realizado para manter as tradições culturais.

Quanto à mesa que estará mediando na Feira do Livro, Cyro ressalta a honra que é a oportunidade de dialogar com mestres e mestras referências da cultura popular paraense. “É realmente muito emocionante estar junto dessas pessoas. Durante muito tempo, nós tomávamos conhecimento dessas pessoas através de terceiros – pesquisadores, folcloristas (que também cumpriram um papel importante) –, mas nada como poder beber diretamente na fonte”, conclui.

Mestre Damasceno, figura importante do carimbó, diz que desde a infância a música esteve presente na sua vida e que, ouvindo outros, se sentiu incentivado. O mestre relembra que sua descendência afro-indígena teve influência na paixão pela dança e que seu pai já cantava o ritmo.

“O carimbó é um ritmo gostoso e que fala na nossa cultura popular. A cultura vem da plantas, das lendas, da nossa alimentação e é o que nós cantamos no carimbó. Estamos cantando o quê? A nossa região, a nossa cultura popular”, afirma.

O cantador de carimbó acredita que o momento na Feira do Livro será de muito sucesso e enriquecedor para a cultura e para os que estarão presentes.

Serviço

25ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes.

Mesa de conversa “Das águas doces às salgadas: ancestralidades de carimbós”.

31 de agosto (quinta-feira), às 17h30.

Hangar Centro de Convenções & Feiras da Amazônia (Av. Doutor Freitas, s/n - Marco, Belém /PA).

Por Lívia Ximenes (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

Reavivar e celebrar a trajetória de um espaço dedicado às imagens em movimento é o propósito do livro-arquivo bcubico, que será lançado no próximo dia 30 de agosto no Recife, no Teatro do Parque, às 18h30. Com organização de Edson Barrus e yann beauvais, a publicação reúne experiências e artistas do espaço homônimo ativo no Recife entre 2011 e 2015.

A programação de lançamento conta com distribuição gratuita da versão impressa do livro e apresentação da vídeo-instalação Line describing a cone de Anthony McCall. O livro trilíngue é gestado em torno da experiência do espaço bcubico criado pelos artistas Edson Barrus e yann beauvais, que existiu por quase cinco anos na capital pernambucana.

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A publicação tem por objetivo atestar a importância de uma experiência inédita no campo da exibição e compartilhamento de formas de arte contemporânea, questionando uma história comum dos espaços expositivos. O livro reúne textos de Ana Lira, Anthony McCall, Edson Barrus, eRikm, Jean-Michel Bouhours, Keith Sanborn, Malcom Le Grice, Matthias Müller, Nathalie Magnan, Peggy Ahwesh, Recombo, Ricardo Ruiz, Thomas Köner, Yann Beauvais, Ж e outros atores culturais.

"O livro bcubico é um projeto que pensamos para celebrar o laboratório que eu e o Edson criamos em 2011 no Recife. Eram exibidos filmes, ministrava-se cursos de cinema experimental, atividades pedagógicas de cinematografia, era uma relação com filmes, vídeos e arte digital", explica Beauvais. A obra conta com textos analíticos, reflexões e testemunhos, e transcrições de determinadas intervenções, entre as 17 exposições, 29 encontros e 110 palestras viabilizadas no e pelo espaço.

Em 2021, o livro ganhou pré-lançamento em formato de live,  integrando a  programação do VII Festival Dobra — Festival Internacional de Cinema Experimental.  A live contou com acesso livre pelo YouTube e Facebook do MAM Rio — Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Na ocasião, os organizadores compartilharam sobre o processo de construção e organização do material, apresentando um preview do conteúdo. A versão digital de bcubico e live de pré-lançamento estão disponíveis gratuitamente no site.

Montada originalmente em 1971, a apresentação de Anthony McCall (Line describing a cone) com duração de 30 minutos, trabalha abertamente com a dimensão háptica do cinema. A luz e a projeção, dois dos elementos constitutivos mais básicos do cinema, não são mais os meios transparentes que codificam a imagem figurativa e a tornam visível: eles são a figuração da própria imagem e ganham em tangibilidade ao passo que podem ser acessados tatilmente pelos espectadores, que são incentivados a deambular pelo espaço expositivo.

O bcubico conta com organização de Edson Barrus e yann beauvais; coordenação editorial de Ж (.txt texto de cinema); produção executiva da Experimento Produções; produção de Rose Lima, design de Carla Lombardo; tradução por Cida Sá Leitão, Catarina Schlee Flaksman, Edson Barrus, Lucas Murari, Mabuse, Maria do Carmo Nino, Pedro Palhares,  yann beauvais,  Yuri Yaz e Walter Vector; revisão de Antoine Idier (francês e inglês) e Fernanda R. Braga Simon ( português). Tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura  e conta com apoio da CEPE - Companhia Editora de Pernambuco, que estará com estande de vendas no Teatro do Parque.

*Da assessoria

 

A partir das 18h desta sexta-feira (19), o poeta e prosador Samarone Lima lança seu novo livro na Livraria da Praça, no bairro de Casa Forte, Zona Norte do Recife. A obra, intitulada “O Elefante Azul - Crônicas das coisas mínimas e desnecessárias”, é uma seleção de textos publicados pelo autor em blogs, revistas, jornais e sites, desde 2005. A publicação será pela editora Confraria do Vento, que já lançou dois livros de poesia de Samarone.

“São crônicas que fui escrevendo, publicando e arquivando, e quando fui olhar o acervo, tinha mais de 900 textos publicados. São todos ligados ao cotidiano, aos personagens que encontrei nas ruas, praças, às minhas perambulações cotidianas, já que gosto muito de escutar as histórias alheias. Há também uma geografia envolvida nisso, porque os  primeiros textos surgiram no Poço da Panela, onde morei quase dez anos, depois rua da Aurora e agora, Olinda, onde vivo”, comenta o escritor.

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A obra foi viabilizada pela aprovação de um projeto do Funcultura, antes da Pandemia, mas só agora ficou pronta. Nos textos, Samarone passeia pela diversidade de gêneros que atravessam sua carreira literária. “Tenho um  lado muito forte, que é o da poesia, e sou jornalista de formação, com muitos anos de redação. Talvez as crônicas sejam uma mistura dessas duas estradas, porque elas permitem um lirismo, um despojamento, uma espécie de revelação de certos momentos da alma”, acrescenta.

Sobre o autor

SAMARONE LIMA é prosador e poeta. Nasceu no Crato, Ceará, morou em oito cidades de diferentes estados e há cinco anos vive em Olinda, onde teve o Sebo Casa Azul. É autor dos livros jornalísticos Zé: José Carlos Novaes da Mata Machado - reportagem biográfica, Mazza, 1998,  Clamor - a vitória de uma conspiração brasileira, Objetiva, 2003, e Viagem ao crepúsculo, Casa das musas, 2009, finalista do Prêmio Jabuti em 2010. Em 2014, com o livro de poesia O aquário desenterrado, pela Confraria do Vento, ganhou o 2º Prêmio Brasília de Literatura e o Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional. Lançou, também pela Confraria, em 2016, A invenção do deserto. Em 2019, publicou, pela CEPE, Cemitérios clandestinos.

Serviço

Lançamento de O Elefante Azul - Crônicas das coisas mínimas e desnecessárias.

19/08 (Sexta-feira)

A partir das 18h

Local: Livraria da Praça (Recife).

Preço: R$ 51,00

Produção e  informações: Aura 9.99884003/ 997274095

Viola Davis dirige “Finding Me” com uma dose de palavrões - e um anúncio de que seu livro de memórias não contará tudo sobre Hollywood. Em vez disso, ela pretende mergulhar em seu trauma de infância, trazendo lembranças dos abusos sofridos em casa e na escola e da força da arte na sua vida. Em comemoração de seu aniversário nesta quinta-feira (11), confira a seguir a breve história do livro:  

A introspecção que chega ao fundo da dor profunda de Davis e de como ela moldou uma das melhores atrizes afro-americanas de uma geração. A vencedora do Oscar, Emmy e Tony cita o nome de Will Smith nas páginas de abertura, para falar de uma conversa que compartilha sobre o modo que foram criados, e esta é uma das poucas referências ao estrelato que o livro traz, pelo menos até os capítulos finais.

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Davis está mais interessada e enquadrar sua carreira no contexto do racismo, abuso geracional e agressão sexual que ela superou enquanto crescia “po” - “Esse é um nível inferior ao pobre”, ela esclareceu – na cidade de Central Falls.  

Suas lembranças sobre o bullying escolar que sofreu são perturbadoras. Assim como as descrições de suas casas em ruínas, incluindo um apartamento infestado de ratos ao qual se refere como “armadilha da morte”. Em uma revelação angustiante, ela disse que seu irmão abusou sexualmente dela e de suas irmãs quando eram jovens. “Finding Me” retrata que a jornada de Davis supera esses detalhes. Ela escreveu “Não tenho mais vergonha de mim. Sou dona de tudo que já ocorreu comigo. As partes que eram fonte de vergonha são, na verdade, meu combustível de guerreira”.  

Confira em https://www.instagram.com/p/CciXx81u5w4/

 

“Memórias de um motorista de turnês” é a estreia literária de Paulo André Moraes Pires, produtor-executivo e curador de um dos mais relevantes festivais do Brasil, o Abril Pro Rock. O livro é uma revisão de uma vida de intensas experiências com arte, música e mercado cultural através de registros autobiográficos. O lançamento acontecerá neste sábado (13/08/22), às 16h, no Centro de Artesanato de Pernambuco, com entrada franca, onde o público poderá adquirir o exemplar. A publicação tem incentivo do edital Recife Virado – Prefeitura do Recife, com edição da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE).

Para aguçar a curiosidade do público, antes do lançamento oficial, o autor e o agitador cultural Roger de Renor vão realizar um bate-papo on-line sobre as memórias contadas no livro. A conversa será no dia 11/08/22 (quinta-feira), às 19h, nos perfis do Instagram da dupla: Paulo André e Roger de Renor.

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Na publicação, o leitor vai encontrar crônicas sobre o que aconteceu ― ou do que Paulo André lembra de ter acontecido ― antes, durante e depois das suas “maiores aventuras da vida”: as turnês internacionais de Chico Science & Nação Zumbi. Os relatos foram reunidos no início dos anos 2020, impulsionados pelo período da pandemia e do isolamento social. “Me debrucei no acervo, nessa memorabilia. Me inspirei pra escrever textos sobre alguns momentos da minha vida — mas com ênfase, como diz o título do livro, nas andanças com as bandas mundo afora”, conta.

Segundo Paulo André, sua “carreira internacional de motorista de turnês” começou na primeira viagem com Chico Science & Nação Zumbi, em 1995, e se confirmou na Afrociberdelia, em 1996. “Foi isso que tentei passar, de quando lembro desses personagens. Quando lembro da gente cruzando com os produtores do Trans Musicales, de Rennes, encantados com o show em Montreux, eu estou ouvindo Chico me dizer ‘meu irmão, te vira, Paulo... eu quero tocar!’, revela Paulo, logo na introdução do livro.

Além dos textos, o leitor vai se deparar com verdadeiros achados ou relíquias, dependendo de quão fã é das tantas bandas e artistas citados no livro. “Quando me tornei profissional da música, sempre tive o cuidado de pedir tudo: o cartaz, o panfleto, a coletânea do festival. Quando vejo os objetos, as fotos, os flyers, as fitas-demo, eles me trazem lembranças não só de situações como dos próprios diálogos”, explica.

No livro, muitas dessas memórias materializadas em itens colecionáveis também estão presentes em fotos e arquivos digitalizados. Como é o caso de uma foto de um cheque do lendário CBGB, berço de diversas bandas punk rock, em Nova York, que serviu de pagamento de 100 dólares para Chico Science, em 1995.

Sobre o autor

Recifense, gerenciador de carreiras artísticas e idealizador do Festival Abril Pro Rock, Paulo André Moraes Pires produziu artistas como Chico Science & Nação Zumbi (e, depois, Nação Zumbi), Cabruêra, DJ Dolores y Orchestra Santa Massa, Siba e a Fuloresta, Cascabulho e Felipe Cordeiro. Com esses, realizou turnês internacionais pioneiras por Estados Unidos, Canadá e Europa. Também criou e dirigiu o Porto Musical. Ocupou as funções de presidente dos Festivais Brasileiros Associados (FBA) e de conselheiro do Porto Digital e da Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC). Ainda foi fundador e vice-presidente da Associação Brasileira dos Festivais Independentes (ABRAFIN). Foi curador e realizador da Mostra Poster Arte Design e curador musical de projetos como Womex (World Music Expo) (2010) e Rolex Mentor and Protégé Arts Initiative (2007–2009), além de ter feito parte do júri de festivais como Candango Cantador (DF), Festvalda (RJ), Microfonia (PE), Festival de Música da Aperipê FM (SE), SESI Música (PE) e Skol Rock.

Serviços:

Bate-papo: Paulo André Moraes Pires e Roger de Renor

Quando: 11/08/22 (quinta-feira), às 19h

Nos perfis do Instagram da dupla: Paulo André e Roger de Renor.

Tarde de autógrafos e lançamento do livro “Memórias de um motorista de turnês”, de Paulo André Moraes Pires

Quando: sábado (13/08/22), às 16h

Onde: Centro de Artesanato de Pernambuco – Marco Zero (Av. Alfredo Lisboa, s/n – Recife), Bairro do Recife

Entrada: franca

Valor: R$ 50 (livro impresso); R$ 20 (e-book)

Incentivo: Recife Virado – Prefeitura do Recife

Apoio: Companhia Editora de Pernambuco (CEPE)

Da assessoria

Nesta quinta-feira (4), o escritor Samarone Lima lança seu novo livro "o Elefante Azul - Crônicas das coisas mínimas e desnecessárias", no Casbah, localizado no Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife. A obra consiste em uma seleção de textos publicados pelo autor em blogs, revistas, jornais e sites, desde 2005.

O livro é apresentado pela Confraria do Vento, que já publicou dois livros de poesia do autor. “São crônicas que fui escrevendo, publicando e arquivando, e quando fui olhar o acervo, tinha mais de 900 textos publicados. São todos ligados ao cotidiano, aos personagens que encontrei nas ruas, praças, às minhas perambulações cotidianas, já que gosto muito de escutar as histórias alheias. Há também uma geografia envolvida nisso, porque os  primeiros textos surgiram no Poço da Panela, onde morei quase dez anos, depois Rua da Aurora e agora, Olinda, onde vivo”, explica Samarone.

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A obra é produto de um projeto aprovado pelo Funcultura antes da pandemia, mas só agora ficou pront. O livro é encerrado com um texto sobre o nascimento de seu primeiro filho, Samir, em novembro de 2021. A mãe de Samir, Aura Carolina, aliás, atuou como produtora do projeto.

"Tenho um lado muito forte, que é o da poesia, e sou jornalista de formação, com muitos anos de redação. Talvez as crônicas sejam uma mistura dessas duas estradas, porque elas permitem um lirismo, um despojamento, uma espécie de revelação de certos momentos da alma”, diz Samarone.

O escritor também destaca o caráter delicado de alguns textos. "Algumas pessoas mais chegadas me saíram com essa. Era uma história de que eu tinha um menino, lá em casa, ele ficava debaixo da escada espiralada que leva para o primeiro andar. Em alguns momentos, alguns dias específicos, o menino aproveitava que eu estava dormindo, subia, ligava o computador e escrevia em meu lugar. Os melhores textos, portanto, os mais delicados, penso, seriam do tal menino, ou o Menino Tao, se for o caso. Estou começando a achar que é verdade. Nunca o vejo direito, mas penso que ele existe. No fundo, é bom ter alguém para escrever no lugar da gente, quando falta algo para dizer", acrescenta Samarone. 

Sobre o autor:

SAMARONE LIMA é prosador e poeta. Nasceu no Crato, Ceará, morou em oito cidades de diferentes estados e há cinco anos vive em Olinda, onde teve o Sebo Casa Azul. É autor dos livros jornalísticos Zé: José Carlos Novaes da Mata Machado - reportagem biográfica, Mazza, 1998,  Clamor - a vitória de uma conspiração brasileira, Objetiva, 2003, e Viagem ao crepúsculo, Casa das musas, 2009, finalista do Prêmio Jabuti em 2010.

Em 2014, com o livro de poesia O aquário desenterrado, pela Confraria do Vento, ganhou o 2º Prêmio Brasília de Literatura e o Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional. Lançou, também pela Confraria, em 2016, A invenção do deserto. Em 2019, publicou, pela CEPE, Cemitérios clandestinos.

Serviço: Lançamento de O Elefante Azul - Crônicas das coisas mínimas e desnecessárias

4/08 (Quinta-feira)

A partir das 17h33

Local: Cashbah (Olinda).

Preço: R$ 51,00

Mais informações: 9.99884003/ 997274095

Na próxima sexta-feira (5), o Sítio da Trindade, no bairro de Casa Amarela, será palco do lançamento do livro "Paulo Freire Vive!". O trabalho reúne textos de diversos educadores populares sobre a sistematização de experiências do Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador e Peru na defesa do legado freiriano e celebra o centenário do pernambucano, que ocorreu em setembro do ano passado.

Com 412 páginas, a públicação tem versões em português e espanhol e conta com artigos que narram as experiências da primeira e segunda fase da Campanha Latino-Americana e Caribenha realizada de 2019 a 2021, com o objetivo de aprofundar a compreensão do papel da cultura popular nas ações organizadas e das diversidades e particularidades regionais. 

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O evento contará com recital de poesia, exposição fotográfica, atrações artísticas afro e reggae, bem como apresentação de um e-book da Cátedra Paulo Freire da UFPE. O lançamento também homenageia postumamente o professor e educador popular Paulo Afonso, que faleceu no dia 10 de julho, na Paraíba.

Segundo a organização, a escolha do Sítio da Trindade como local de lançamento do livro não se deu por mera conveniência. Em 1964, durante a ditadura militar, o local sediava o Movimento de Cultura Popular (MCP), tendo sido invadido e depredado. Na ocasião, todo o material pedagógico que lá estava armazenado foi apreendido como prova de subversão. A ditadura chegou a instaurar um inquérito policial militar para investigar a ação e a destacar dois tanques de guerra para patrulhar a região.

“Um grande dano foi esse: a destruição de toda essa experiência riquíssima. Uma segunda consequência foi a prisão, o exílio de diversos educadores e de lideranças ligadas aos movimentos. Pessoas que eram comprometidas com a alfabetização de adultos. A prisão do Paulo Freire é um exemplo, mas há outros que foram expulsos ou não atuaram mais na alfabetização de adultos”, destaca pesquisador Sérgio Hadad.

Britney Spears, depois que conseguiu desvincular da tutela de seu pai, agora anda rendendo ainda mais dinheiro para os seus cofres e bolsos. Recentemente foi anunciado que a princesinha do Pop ganharia um livro para chamar de seu, mas parece que as coisas não estão andando conforme a música.

Pois é, o tão sonhado livro de Britney Spears está até que pronto, mas segundo informações da TMZ está faltando papel para o seu lançamento. Vale lembrar que a cantora recebeu um adiantamento de 77 milhões de reais para contar tudo na obra que agora, infelizmente, vai atrasar para sair.

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Segundo a publicação, fontes próximas à artista apontam que a ideia dela e a da editora Simon & Schuster era lançar a biografia em janeiro, mas essa escassez de matéria-prima acabou dando uma boa derrubada nos planos que agora não há uma previsão para saber quando o problema será resolvido.

E se você não sabe, a artista fechou um acordo pra lá de milionário prometendo contar tudo mesmo após ser judicialmente liberada da tutela do pai de mais de uma década. O contrato do livro de Britney ficou atrás apenas do de Obama.

Uma história de amor e de luta pela sobrevivência em dias sombrios no Brasil. É assim que a autora baiana Paloma Weyll define o seu novo romance, Não Esqueça de Mim. A obra mergulha nos acontecimentos da Ditadura Militar para narrar a jornada de dois jovens que são separados por uma guerra e unidos por um sentimento.

A trama envolve o leitor a partir da jornada de Lúcia e João, dois jovens de realidades completamente diferentes, que foram arremessadas em lados opostos de um regime. Ela lutava por uma vida melhor para seus pais e irmão. Já João era o filho caçula e ainda imaturo de uma família abastada da cidade de Itajuípe, no interior da Bahia.

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Além da cidade baiana, os personagens percorrem diferentes cenários brasileiros do final dos anos 1960, desde o Rio de Janeiro, com suas praias e fortes militares, até paisagens naturais do Tocantins. A obra conta com prefácio escrito pela jornalista paraense Vanessa Libório. "Esse livro nasceu da curiosidade de saber como seria viver em lados opostos e, ainda assim, estar juntos durante a ditadura brasileira", conta a autora.

"Como inspiração, tive de um lado as histórias que meu avô contava sobre seu irmão, João Amazonas, líder do Partido Comunista no Brasil. Do outro lado, meu pai, que cumpriu serviço militar obrigatório nesse período. Em comum, tinham o silêncio. Raramente falavam sobre a época, mas juntei as poucas informações deles, com pesquisa bibliográfica e muita imaginação para contar uma história de amor vivida em tempos difíceis", completa.

Apesar de ser uma história de amor, Não Esqueça de Mim traz também importantes reflexões políticas e sociais. O livro é fruto de um exaustivo estudo acerca da sociedade brasileira no período do regime militar. Contudo, além de trazer aspectos daquela época, como o preconceito sofrido pela mulher desquitada, a obra levanta também discussões que permanecem atuais, a exemplo da desigualdade social e da polarização política interferindo na vida das pessoas.

"A política não é o tema central do livro, mas ela é importante. Foi um coadjuvante fundamental para emoldurar os dilemas dos personagens, muito comum às pessoas que viveram naquela época. A década de 70 foi uma época em que a liberdade era restrita, os meios de comunicação escassos, pouca opção de escolha para mulheres. Apesar de ser um romance, o livro aborda também esses aspectos, que são daquele período que também não é muito distante da atualidade", explica Paloma.

O exemplar de Paloma Weyll já está disponível nas versões física e digital. É possível encontrá-lo na plataforma da Amazon ou no site oficial da autora.

*Da assessoria

No dia 4 de agosto, a Fundação Joaquim Nabuco receberá o escritor e jornalista Laurentino Gomes. Como parte das ações da Fundaj sobre o Bicentenário da Independência do Brasil, Laurentino vai realizar a palestra A Escravidão e o seu Legado no Brasil de Hoje, aproveitando sua passagem para também lançar o terceiro volume da série de livros Escravidão.

Durante o evento, o vencedor do Prêmio Jabuti irá abordar no debate o término do momento colonial do país com a continuidade da estrutura econômica e social escravocrata. O último volume da obra de Laurentino, que tem o subtítulo da Independência do Brasil à Lei Áurea, levanta essa questão.

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O novo trabalho de Laurentino Gomes conta com ensaios dos historiadores Heloisa Murgel Starling, Jean Marcelo Carvalho França e Jurandir Malerba. Com mais de 500 páginas, o exemplar lançado neste ano consta as últimas sete décadas do período escravista do Brasil.

Serviço

Palestra A Escravidão e o seu Legado no Brasil de Hoje, com Laurentino Gomes

4 de agosto | 17h

Auditório Benício Dias/Cinema da Fundação, Campus Gilberto Freyre, em Casa Forte

Entrada gratuita

A psicanalista Heidy Lirio lançou na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo a obra Relação Abusiva Nunca Mais. De acordo com a autora, o livro faz abordagens de como prevenir manipulações emocionais na intimidade do casal. "Eu falo muito sobre algumas medidas preventivas dos relacionamentos abusivos", explica Heidy.

"Sabemos que não existe um perfil de abusador, mas alguns sinais não podem ser ignorados. A cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas. Ou seja, quando falamos de prevenção a relacionamentos abusivos, estamos falando de prevenir vidas", completa.

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Heidy garante que o exemplar é destinado para quem deseja viver experiências saudáveis com seus parceiros. Formada em Letras e Atendimento Educacional, com especialização em Psicanálise Clínica, Heidy Lirio trabalha há quase 20 anos na educação e inclusão social em Guarulhos, São Paulo. Para a psicanalista, a informação é o primeiro passo para a pessoa que está em busca de se precaver de relacionamentos abusivos.

"Eu espero que muitas mulheres tenham acesso ao livro, porque existem processos inconscientes que contribuem para que as pessoas permaneçam em uma relação abusiva devido à dependência emocional e o livro ensina como evitar esse tipo de situação", pontua. O livro de Heidy Lirio está disponível on-line no GoKursos, em formato digital, por R$ 39,90; a versão impressa está à venda por R$ 69,90.

O Coordenador dos cursos de Comunicação Social, Design, Fotografia e Film Maker da Universidade Guarulhos (UNG), Alex Francisco lançou ontem (29), no campus Centro, mais uma obra literária,  “A Nevasca”. A noite de autógrafos aconteceu no Café-Livraria Nobel, dentro da Universidade. Recentemente a obra foi premiada em Belém (PA), no concurso “Prêmios Literários”, do Programa Selva de Incentivo à Arte e à Cultura da Fundação Cultural do Pará (FCP).  

O texto apresenta a história da terapeuta Hilda e do paciente Noir, que ficam presos no consultório por causa de uma forte nevasca. Com inspiração na poesia concreta, o drama psicológico traz debates sobre relações humanas, uma vez que os personagens entram em conflito durante a sessão de terapia, além de outros personagens como também, Flér. 

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“Na criação de uma história, eu sempre penso nas possibilidades que as relações humanas trazem, e como é possível gerar conflitos quando os desejos, os quereres se chocam. A partir disso, trago uma temática que me instiga, que me faz querer saber mais. Nesta obra eu queria muito um texto que remetesse à sensação de congelamento, de ser tocado pelo gelo, pela neve, pela situação atípica de uma grande nevasca e como isso poderia nos impactar. E como seria a relação de estranhos que são obrigados a conviver com essa sensação térmica inóspita. Também busquei por um texto mais reflexivo. E 'A Nevasca' foi por essa linha", afirma o coordenador e mestre em Comunicação Social pela ECA/USP.

 

No próximo dia 28, em São Paulo, Beth Goulart lançará o livro Viver é uma arte: transformando a dor em palavras. A obra da atriz é uma homenagem à mãe, Nicette Bruno, morta em 2020, vítima da Covid-19. De acordo com Beth, o projeto seria desenvolvido juntamente com Nicette.

Os leitores irão conferir, em sua primeira etapa, relatos de amor da família e também da arte de Paulo Goulart e Nicette Bruno. Na sequência, a narração de Beth passa pela experiência de não estar mais ao lado da mãe, assim como ter que lidar com a dor da perda.

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"Aprendemos agora a conviver com sua ausência. Isso nos obriga a olhar para nós mesmos e descobrir nossa força. Quem somos nós, diante da vida, do mundo e de nós mesmos. Agora temos que assumir nossa voz, nossas vontades, nossa coragem e insegurança muitas vezes, nossa sabedoria ou dúvida, nossa própria autoridade", reflete a também diretora.

Beth enfatiza: "Estou aprendendo a ser mãe de mim mesma, me ninar nas noites sem sono, me acalmar nas adversidades, me alegrar quando recebo carinho e afeto, me preparar para servir cada vez mais e melhor ao todo que pertencemos". O livro em homenagem à Nicette Bruno tem prefácio de Nélida Piñon e posfácio da atriz Fernanda Montenegro.

Confira a capa do livro:

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Primeiro delegado designado para investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, Giniton Lages deixou o caso após um ano de investigações, em março de 2019. Foi logo depois das prisões do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio Queiroz, acusados de serem os executores. De lá para cá, outros quatro delegados trabalharam para a elucidação do crime, mas as perguntas - Quem mandou matar Marielle e Por quê? - permanecem sem respostas.

Lages, que atualmente é diretor do Departamento-Geral de Polícia da Baixada Fluminense, está lançando junto com o cientista político Carlos Ramos o livro Quem Matou Marielle? (Editora Matrix). Na obra, ele se propõe a revelar "os bastidores do caso que abalou o Brasil e o mundo". O delegado, que na época das investigações não dava entrevistas, conversou durante quase duas horas com o Estadão. Ele contou que saiu do caso "transformado em um ser humano melhor".

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Também afirma que, ao longo das investigações, "se apaixonou" por Marielle ao mergulhar no trabalho político feito pela vereadora e ouvir muitas horas de suas conversas pessoais e profissionais em busca de alguma pista para o crime.

Nesta entrevista, ele conta em detalhes como usou de forma inédita as novas tecnologias para chegar aos executores do crime. Uma das hipóteses levantadas por Lages - e ainda em aberto - é a possibilidade de que um informante, alguém próximo à vereadora, estivesse passando informação aos criminosos. Na análise de Lages, não vai tardar muito até que os mandantes sejam descobertos.

"A investigação fez o caminho inverso", explicou. "Não deu para ir dos vestígios para o autor, então fomos do autor para os vestígios. E encontramos os autores no mundo online porque no mundo offline eles tomaram todos os cuidados para não serem identificados."

O senhor acha que estamos próximos da resolução definitiva deste crime, mais de quatro anos depois?

Eu tenho um pouco de dificuldade de pensar no que pode ser. Até porque, conheço apenas um fragmento dessa história, o primeiro ano (das investigações). Muita coisa foi feita depois. Mas estou muito otimista. Conheço a minha instituição e sei que, quem está lá agora é um excelente profissional. Então, tenho muita fé de que, a partir do material que produzimos no primeiro ano, podemos guardar a esperança de que uma resposta está por vir muito brevemente.

O senhor ficou frustrado por ter prendido os executores, mas não ter conseguido chegar ao mandante e à motivação do crime?

Quando a gente começa uma investigação, a expectativa é encontrar todas as respostas, ser capaz de dizer quem foi, por que, de onde veio, que arma usou, quem participou, para onde foi depois do crime. Para além da questão do mando, ainda há uma série de outras questões em aberto. A arma do crime foi mesmo jogada no mar? A arma foi escondida depois do crime? Onde? Enfim. Tínhamos uma grande expectativa de que, com os autores presos, iríamos avançar. Em geral, se avança muito depois de uma prisão assim, inclusive em detalhes a que nunca chegaríamos de outra forma. Mas eles não falaram naquela época e não falaram até hoje.

O anúncio do seu afastamento do caso foi feito no mesmo dia em que foram anunciadas as prisões de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz e pegou o senhor meio de surpresa, como mostra o livro. O senhor ficou ressentido de ser afastado?

O investigador se apega ao trabalho, e nós estávamos muito apegados. Queríamos entregar uma resposta e entregar o mais rápido possível. Até porque, para além das cobranças, havia muita desconfiança. A gente vivia um cenário de muita desconfiança nas instituições. Havia muita desconfiança sobre o meu trabalho, o trabalho da delegacia de homicídios. Então queríamos fechar o mais rápido possível. Mas não foi simples, e o caso foi se arrastando. Todas as técnicas que usamos, uma a uma, foram caindo e não alcançávamos os objetivos. Quando soube que ia deixar o caso, houve, sim, um sentimento de frustração. Eu queria continuar. Por outro lado, já sabemos desde que entramos na polícia que a incerteza é certa. Um dia você está na Homicídios, no dia seguinte, na Roubos e Furtos. A frustração seria muito maior se não tivesse entregado os executores. Óbvio que eu queria continuar, mas, por outro lado, estava muito cansado.

O caso Marielle marca uma diferença nos processos de investigação, sobretudo naquele primeiro ano, com a quebra de sigilo telemático de várias pessoas, interceptação de dados de telefonia, a colaboração de plataformas como Google e Facebook. Como foi isso?

Foi um crime milimetricamente pensado. Tenho 14 anos como delegado, nove deles na investigação de homicídios, e nunca tinha visto um crime tão bem preparado, tão bem pensado tanto no pré-crime quanto no pós-crime. E isso dificultou demais a investigação para chegar à autoria de forma rápida. A investigação trabalha com vestígios encontrados na cena do crime, imagens, testemunhas, papiloscopia. Mas não tínhamos nada disso. Não havia imagens da execução porque a câmera daquele trecho estava inoperante. Mas, mesmo que houvesse, a imagem não revelaria nada. O assassino joga para fora do veículo apenas parte do braço e a arma. A mão está envolta em um manguito, então nem sequer teríamos certeza da cor da pele. Ele não desce do veículo, não toca em nada. Ninguém mais fala por telefone, todo mundo usa a internet para falar. Esse foi mais um campo de dificuldade que tivemos.

Mas essa é uma realidade que veio para ficar. Sei que houve resistência por parte da Google de entregar dados, mas o fato é que cada vez mais haverá essa demanda...

Sim, por isso o livro é importante. O livro vai apresentando cronologicamente as dificuldades para que as pessoas tomem contato com o que é a realidade policial brasileira. Não é um seriado de TV americano, é muito mais complexo. Ao mesmo tempo, a investigação é considerada um "case" de sucesso, que inaugura uma relação entre as polícias judiciárias e as empresas de telecomunicação. As relações das investigações com as empresas de telefonia, provedores de internet, multinacionais de comunicação, detentoras de plataformas de redes sociais são muito melhores hoje, justamente após o caso Marielle e toda complicação que houve.

O senhor estava explicando que, normalmente, numa investigação, a polícia parte dos vestígios deixados no local do crime para buscar os suspeitos. Neste caso, não havia vestígios. Vocês tiveram que seguir um caminho diferente, então?

Se não tínhamos vestígios, a investigação fez o caminho inverso. Não deu pra ir dos vestígios para o autor, então fomos do autor para os vestígios. E a gente encontrou os autores no mundo online. Porque, no mundo offline, eles tomaram todos os cuidados, para não serem identificados.

Mas no mundo online também é possível se esconder, não?

Sim, ainda temos algumas fragilidades técnicas que permitem que as pessoas se escondam. Por exemplo, hoje, as operadoras permitem que qualquer pessoa habilite um celular pré-pago, com um número de CPF inexistente, ou o CPF de outra pessoa. É um cadastro bucha. Quebramos muitas antenas de telefonia no caso Marielle e descobrimos muitos usuários se comunicando, mas quando chamávamos a pessoa para depor, não era ela. Era alguém com o CPF dele se comunicando naquele local. Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) travou o Telegram. Todas as polícias do Brasil vinham lançando a perspectiva de que a criminalidade estava usando o aplicativo para a prática dos mais diversos crimes e a polícia não conseguia nem sequer mandar um ofício pedindo a identificação de um criminoso. Não tinha nem sequer uma sede aqui no Brasil para conversar com a polícia. Não pode ser terra de ninguém. Foi só o STF suspender o serviço da plataforma que eles nomearam um representante.

Muitos críticos dizem que as provas contra Ronnie Lessa são muito circunstanciais. O que o senhor diz sobre isso?

Nós não temos nenhuma dúvida da participação do Ronnie Lessa e do Élcio Queiroz. E nos acompanham outros atores da persecução penal, como o Ministério Público e o juiz. Eles (Ronnie e Elcio) estão indiciados, denunciados, pronunciados e serão julgados no tribunal do júri. As provas que reunimos sustentam a prisão deles. Eu não tenho nenhuma dúvida, a equipe não tem nenhuma dúvida de que eles estavam naquele veículo, monitoraram a vítima, puxaram o gatilho e mataram Marielle e Anderson.

Quando a investigação começou estávamos em um ano eleitoral já bastante polarizado. Muitas fake news surgiram contra Marielle. Como administrar a polarização dentro da polícia de forma a não interferir nas investigações?

Tínhamos consciência do momento e tentava deixar os policiais distantes disso. Policiais têm as suas convicções político-partidárias, eles não vivem numa bolha. E eu tentava dizer o tempo todo que era preciso deixar tudo isso do lado de fora da delegacia, que o nosso trabalho era mais importante que qualquer outra coisa, que estávamos numa investigação histórica, que tínhamos uma oportunidade de sairmos do caso maiores do que entramos.

A grilagem, da milícia, e as máquinas de caça-níqueis, do bicho, seriam os negócios ilegais que podem estar por trás do assassinato de Marielle. Qual o tamanho desses negócios na história do crime organizado no Rio?

Na primeira fase, quando desenhamos as linhas de investigação, esses dois aparecem. Interessava saber onde o mandato de Marielle tocou. E o mandato dela era muito bem organizado, tinha uma estrutura muito coesa, multitemática, e uma das veias desse mandato era a questão da posse e regularização de terra em Vargem Grande e Vargem Pequena, na zona oeste. Mas não conseguimos avançar, não percebemos uma visão de que teria sido uma atuação contundente o bastante para que o homicídio acontecesse. Mas é uma linha aberta, e a perspectiva é que seja aprofundada. As duas linhas são capazes de produzir homicídios. Onde tem terra e contravenção há um histórico de homicídio no Rio. Mas é preciso buscar uma motivação.

No livro, o senhor levanta a hipótese de que os assassinos tinham um informante, alguém próximo a Marielle. Por quê?

Nós conseguimos muitas imagens do pré-crime. Ao analisar essas imagens, a gente vê que eles não tinham pressa, nenhuma preocupação com o tempo. Se eles tivessem apenas uma informação tirada da rede social, de que ela tinha um evento às 17h30, eles não iam chegar a tempo. Então eles podiam estar trabalhando com informação privilegiada. Na primeira fase, nós chegamos a fazer esse levantamento dentro da Câmara e no entorno da Câmara, para ver se tinha alguém passando informação, mas não conseguimos cravar.

O senhor falou do pré-crime. Mas e o pós-crime? Por que nunca foi possível determinar para onde os assassinos foram depois da execução?

Temos imagens deles indo até o local (Casa das Pretas, onde Marielle tinha um compromisso naquela noite), do local, da perseguição e de logo depois da execução. Depois, temos algumas rotas de fuga possíveis, tentamos todas, mas não conseguimos imagem nenhuma. As câmeras públicas estavam desligadas ou danificadas e as OCRs (Optical Carachter Recognition, um sistema de monitoramento, que faz a leitura automática das placas dos carros) não estavam operantes. Os contratos estavam vencidos e muitas foram desinstaladas; apenas algumas continuaram funcionando na expectativa de que o contrato fosse renovado. Por isso, não tenho nada do pós-crime. Eles somem, desaparecem, por conta dessa ausência de cobertura. Essas tecnologias são valiosíssimas para solucionar crimes.

O senhor conta no livro que, ao longo da investigação, se apaixonou por Marielle. Como foi isso?

Muito, me apaixonei muito. Veja bem, quando trabalhamos num inquérito, a gente se apega, não somos máquinas. Temos um sentimento de revolta, ficamos indignados, queremos alcançar o autor que cometeu aquela brutalidade. Mas existem alguns casos que mexem demais com a humanidade do policial. E o caso Marielle foi um desses. Não só para mim, mas para toda a equipe, na medida em que fomos mergulhando na história daquela pessoa que, para muitos, era só um personagem, alguém na televisão. Até por conta da polarização que estávamos vivendo, houve muitos ataques à imagem dela, muitas fake news. E nós, que estávamos cuidando do caso, que estávamos conhecendo ela de verdade, percebíamos rapidamente que nada daquilo era verdadeiro. No livro, citamos uma frase da (escritora americana) Toni Morrison: "As definições pertencem aos definidores, não aos definidos". Esse era o nosso sentimento. Um dado muito concreto foi que tivemos a oportunidade de conhecer Marielle um ano antes do crime. Ela tinha um aplicativo instalado no celular que gravava todas as ligações que ela fazia e recebia. Esse aplicativo permitiu que a gente retrocedesse e conhecesse essa mulher, essa mãe, essa guerreira, essa profissional que acreditava piamente em seus propósitos. A gente imagina o que vai ouvir de um político durante um ano, em todos os telefonemas gravados.... Já imaginou instalar esse aplicativo no celular de alguns políticos por ai e poder ouvir tudo, durante um ano, sem barreiras? Mas no dela não tinha nada. Era uma pessoa absolutamente ética, com objetivos, uma excelente filha, uma mãe dedicada, apaixonada pelo seu mister, que acreditava que estava transformando as pessoas. A relação dela com os assessores, ela cuidava de cada um deles, a relação com a filha, com a companheira. Então, realmente, não tinha como não se apaixonar por ela.

Mesmo os policiais que não eram de esquerda?

Eu dizia sempre que tínhamos que deixar a polarização lá fora. Mas, nesse momento, todos quebraram. O policial também é um ser político, ele também tem suas preferências. E a polarização vai pra dentro da delegacia também. Mas, rapidamente, aquele pequeno núcleo que operava no caso Marielle, todos foram conhecendo ela e, assim como eu, se apaixonando por ela. E isso fez com que, aos nossos olhos, aumentasse a violência contra ela e levou o nosso ímpeto de encontrar respostas para outro patamar. Muitos saíram do caso Marielle transformados para melhor. Muitos não, acho que todos, inclusive eu.

Transformado como?

Sou um ser humano melhor. Marielle foi uma morte cruel, violenta, uma perda para a democracia, uma voz que foi calada, um vazio que se abriu. Era para ela estar aí, falando. Por que abrir mão de uma fala, de uma voz? Por que essa morte? Não pode ser em vão. Da mesma forma que não podem ser em vão as mortes da juíza (Patrícia Acioli) e de outros tantos defensores de direitos humanos, como Chico Mendes e a irmã Dorothy Stang.

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Trazendo registros da observação do mundo ao seu redor, a doutora e mestra em Antropologia Marcilene Silva da Costa lança o seu livro de estreia no mundo da poesia, nesta quarta-feira (15). “Amazina, poemas de chuva”, publicado pela Editora Folheando, carrega o olhar da autora sobre os modos de existência das populações periféricas da Amazônia brasileira.

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Marcilene começou a organizar a obra durante a primeira onda da pandemia da covid-19, época em que morava em Toulouse, na França. Longe da família e com as fronteiras fechadas, a antropóloga retomou a forma de escrita que mais a agrada – a poesia. “Sentia urgência de registrar a forma como observava o mundo. A obra representa eu me assumir como escritora e perder a vergonha de mostrar meus textos”, revela.

Também pesquisadora, natural de Santa Isabel do Pará, Marcilene explica que a obra apresenta as populações amazônicas de maneira humanizada e que abordá-las é um jeito de mostrar a pluralidade delas, a partir da perspectiva de uma autora que nasceu no interior. Marcilene conta que também desejava mostrar personagens e enredos que conheceu na infância através de histórias que sua mãe contava.

Marcilene diz que a poética de "Amazina" tem origem africana e celebra a vida e a beleza presente em cada um de nós. Segundo ela, o escritor congolês Jean Kabuta realizou um estudo comparativo de literaturas orais e identificou uma narrativa descritiva de experiências de vida como forma autêntica de conhecimento, que consiste na interação entre escrita e oralidade. 

“A prática inspirou bastante minha escrita, visto que o autor me tocou muito quando afirmou que devemos criar poesias confiando em nós mesmos e também nas pessoas que nos rodeiam sem competições sociais”, complementa Marcilene.

A autora relata que a parte do processo de produção do livro da qual mais gostou foi repassar os poemas que escreveu para o computador. Marcilene trabalha escrevendo as ideias e o tema dos poemas nos vários cadernos de anotações que possui. “Também gostei muito do momento de retorno da leitura dos textos. Eu decidi trabalhar com leitoras beta (leitor beta é a pessoa que lê um livro em primeira mão, antes da publicação). Escolhi quatro mulheres para lerem e criticarem a obra antes da produção final”, conta.

Marcilene também revela o que espera a partir do lançamento do seu livro e quais resultados pretende que ele atinja. “Que mais autoras com fenótipo semelhante ao meu e de origem das classes populares escrevam e publiquem livros”, finaliza.

Sobre a autora

Marcilene Silva da Costa é natural de Santa Isabel do Pará, uma cidadezinha na qual o improvável e fictício são vividos e celebrados no cotidiano. Gosta de lidar e brincar com palavras. Acredita e trabalha pela democratização da leitura e escrita como direito fundamental para populações marginalizadas. Pesquisa e ensina sobre racismo, opressões interseccionais e descolonização do pensamento. Doutora em Antropologia pela Universidade de Toulouse, França, e mestra em Antropologia pela Universidade Federal do Pará, Brasil, é do Norte e está no Norte. Atualmente, mora em Montreal, Canadá.

Serviço

Lanlamento de "Amazina, poemas de chuva".

Data: 15 de junho de 2022.

Hora: 19 horas.

Local: Sede da Academia Izabelense de Letras, Colégio Antônio Lemos.

Endereço: Avenida Antônio Lemos, Santa Isabel do Pará, 68790-000.

Compre o livro aqui: Editora Folheando.

Contato e informações:

 E-mail: ezili.marci@gmail.com

Instagram: @marciezili (https://www.instagram.com/marciezili/?hl=fr)

 

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