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O governo Jair Bolsonaro deixou de comprar parte do material que integra o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2023. Obras literárias e de recuperação da aprendizagem para alunos do ensino fundamental, incluindo a alfabetização, e materiais pedagógicos para professores, que teriam de chegar às salas de aula no início do próximo ano letivo, só deverão ser usados a partir de 2024.

O atraso do material para alunos da 1ª à 5ª série do ensino fundamental se junta à demora para comprar livros literários para estudantes do ensino médio, que estavam previstos em edital para o ano letivo de 2021 e que ainda não chegaram. Ao não fazer as contratações, além de privar os estudantes do material, o Ministério da Educação (MEC) empurra a despesa para os anos seguintes, impactando futuros orçamentos.

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Como o Estadão mostrou no mês passado, o governo havia bloqueado R$ 796,5 milhões do PNLD e atrasado a compra das obras para 2023. Os livros didáticos regulares foram adquiridos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no início de novembro, mas outros três itens do programa, não.

As diretrizes do PNLD são definidas pelo Ministério da Educação. Cabe ao FNDE, a execução do programa, que funciona com ciclos de 4 anos. Em um deles, o governo compra livros para uma faixa de ensino: infantil, 1ª à 5ª série do fundamental (os chamados anos iniciais), 6º ao 9º anos (os finais) e para o ensino médio.

Para 2023, o programa havia previsto quatro itens para os anos iniciais do fundamental: livros didáticos para alunos e professores, obras literárias e de reforço da aprendizagem e material pedagógico para os docentes. Por meio da Lei de Acesso à Informação, o FNDE afirmou que comprou o material "imprescindível".

"O PNLD garante aos beneficiados pela política pública o material que é imprescindível, ou seja, as obras didáticas. O FNDE depende de decisões políticas oriundas do MEC e de orçamento para executar os demais objetos", justificou o fundo.

"Os estudantes não terão prejuízo visto que o planejamento e a execução do PNLD priorizam a distribuição dos materiais que são imprescindíveis para o processo de ensino-aprendizagem pelas redes de ensino participantes do programa, que são as obras didáticas para os estudantes e professores."

Os livros de reforço na aprendizagem, com exercícios de prática eram tratados pelo FNDE como "uma das maiores inovações" do programa "para a efetiva consolidação dos conteúdos". Documento técnico-científico do Ministério da Educação sobre o PNLD 2023 apontou que o material era "mais uma forma de investir nos anos iniciais do ensino fundamental".

Também não foram comprados recursos educacionais digitais que, segundo o MEC, poderiam favorecer a acessibilidade. "É importante que os alunos não apenas tenham contato com essas tecnologias, mas que possam utilizá-las de modo a complementar a aprendizagem em sala de aula", explicou a pasta no documento.

"Propiciar aos alunos das redes públicas oportunidades cada vez mais próximas às dos alunos de escolas privadas os coloca em condições cada vez mais favoráveis em termos competitivos no âmbito educacional. Ainda, além das facilidades e estímulos cognitivos que novos materiais digitais trazem, a familiaridade com esses formatos permitirá ao aluno que desde cedo vá se acostumando a uma realidade tecnológica inexorável."

Obras completas

Na avaliação do ex-ministro da Educação Rossieli Soares (governo Michel Temer), "o ideal é sempre comprar as obras completas", ou seja, todos itens do programa, uma vez que se tratam de obras complementares. Ao Estadão, Soares, que também foi secretário da Educação Básica da pasta - área responsável pelo programa do livro -, disse que "há risco de perda de aprendizagem pela falta de parte do material".

"Quando a gente fala de ter os livros, só não é mais essencial do que o professor. O PNLD talvez seja a política mais importante de transformação da ponta que o ministério tem nas mãos. Quando ele deixa de fazer completo, para mim, é uma perda", diz Soares, que foi ainda secretário de Educação de São Paulo no governo João Doria.

"Algumas redes de ensino até têm outros materiais que acabam compensando, caso de São Paulo e alguns Estados e municípios. Como política nacional, a maioria absoluta não tem e depende justamente desse apoio", acrescenta o ex-ministro.

Planejamento

A coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, também afirma que "seria importante" comprar todas as obras conjuntamente, "porque assim se planeja o ano letivo". Segundo ela, o trabalho da escola fica desorganizado se o material "chega picotado".

"Para os professores, complica a construção do calendário escolar e, portanto, as aulas diretamente, já que o material didático é uma ferramenta que acaba guiando o processo", afirma Pellanda. "Para o estudante, impacta na qualidade das aulas e dificulta o uso do material como ferramenta de apoio e, infelizmente, ainda somos muito dependentes deste ‘guia’ para o dia a dia das disciplinas na escola."

No ano que vem, o governo federal terá de comprar livros para os anos finais do ensino fundamental em 2024, além de material de reposição. Pode ter de adquirir obras de programas anteriores que não foram contratadas. O desafio do Ministério da Educação será encaixar todo o material no orçamento previsto para 2023.

O projeto de lei do Orçamento federal para 2023 foi enviado ao Congresso com um valor R$ 234 milhões menor para a compra dos livros, se comparado à proposta de 2022. Na Comissão de Educação do Senado, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) sugeriu um novo corte de R$ 160 milhões no programa para remanejar o recurso para uma ação geral da educação básica.

Procurado pela reportagem, o FNDE informou que "o PNLD está em plena execução". O fundo afirmou que cada programa "tem um cronograma específico". O programa que deveria começar no início de 2023, afirmou o fundo, abrangerá outros anos "com o objetivo de levar obras diversificadas às escolas".

"O PNLD 2021, por exemplo, traz a descrição de cinco objetos, cada um a ser adquirido e distribuído a partir de um marco temporal. Por isso, a previsão que o edital traz de utilização das obras começa em 2021, mas se estende por um período mais largo, de forma a permitir a execução completa das 16 etapas prévias à utilização nas escolas", justificou o fundo.

"Atualmente, os estudantes de todos os segmentos têm disponíveis obras para sala de aula e para bibliotecas. Além disso, são distribuídos livros novos todos os anos para um dos segmentos."

O Estadão perguntou ao FNDE se os cronogramas de contratação dos livros eram públicos e se poderiam ser disponibilizados. Não houve um novo retorno.

O Ministro da Educação, Victor Godoy, falou, nesta quinta-feira (13), sobre a entrega de livros didáticos de 2023. Segundo profissionais da educação, um conjunto de livros que deveriam ser comprados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para a recuperação de alunos não vai ficar pronto para o próximo ano letivo. O ministro disse que a acusação não passa de uma fake news. 

“Pessoal, não acreditem em fake news. A entrega dos livros didáticos para as escolas públicas brasileiras, em 2023, está garantida. Nó estamos trabalhando todos os dias e acompanhando esse processo de perto. Já combinei com o Ministério da Economia que a liberação dos recursos vai ser feita na medida da necessidade”, disse em vídeo publicado nas suas redes sociais.  

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De acordo com Victor Godoy, a parcela que será paga no mês de outubro já foi liberada pelo Ministério da Economia.  

“O aparato logístico para a distribuição dos livros do PNLD 2023 em todo o país está preparado para que sejam distribuídos assim que disponibilizados pelos editores, que entregam os materiais diretamente aos Correios para que a distribuição ocorra conforme definido nos contratos”, afirma nota de esclarecimento, divulgada pelo Ministério da Educação.  

 

Nesta quarta-feira (31) ocorre o lançamento do livro "Prática Jurídica Trabalhista” do advogado e professor da UNG, Pedro Ivo Marques. O evento acontece às 19h, no anfiteatro F do campus Centro da Universidade Guarulhos e contará com a palestra "Desmistificando o Exame de Ordem e Passos Fundamentais para a preparação e aprovação”.

O livro didático contém nove novos modelos de peças práticas e é indicado para auxiliar os candidatos ao exame da OAB (2ª fase). O livro nasceu a partir das aulas que Marques, que leciona na UNG desde 2013. “Em conjunto com a minha experiência prática como advogado na Justiça do Trabalho, percebi que poderia colaborar com mais esmero com os acadêmicos do curso de Direito. Neste contexto, nasceu a 2ª edição do Livro Prática Jurídica Trabalhista, revista, atualizada e ampliada”, diz o autor.

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Direito do Trabalho é uma disciplina obrigatória no curso, além de ser um dos principais tópicos cobrados no Exame de Ordem. O direito trabalhista regra as relações de emprego e pauta as condutas de contratação de mão de obra. “Saber como lidar e operar o Direito do Trabalho em busca da pacificação do conflito trabalhista diante do Poder Judiciário é de suma importância para o operador do Direito”, explica o docente.

Pedro Ivo também aconselha aqueles que desejam ingressar nessa área: "Foco e dedicação, sempre com o olhar direcionado para a realidade do trabalhador empregado, bem como o setor econômico”, recomenda o professor.

Serviço

Lançamento "Prática Jurídica Trabalhista"

Local: Universidade Guarulhos (UNG) - Campus Centro - Anfiteatro F

Endereço: Praça Tereza Cristina, número 88 - Centro, Guarulhos/SP.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, nomeou uma professora ligada do movimento Escola sem Partido para a coordenação dos materiais didáticos. A nomeação de Sandra Ramos, que também é crítica da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) - documento que indica os objetivos de aprendizagem -, foi publicada no Diário Oficial da União.

Sandra Ramos é professora do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ela é ligada ao movimento Escola Sem Partido, que afirma haver doutrinação política nos colégios. Também já fez críticas, sob a perspectiva conservadora cristã, à BNCC.

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Há nove meses, a professora participou de um vídeo ao vivo com Miguel Nagib, fundador do Escola sem Partido, para explicar seu posicionamento na UFPI. No vídeo, Sandra disse pesquisar a ideologia de gênero - termo que não é reconhecido na comunidade acadêmica - nos livros didáticos e diz que há uma "minoria ruidosa" que se mantém na posição de defesa de ideologias político-partidárias.

Já em texto publicado no blog De olho no livro didático, Sandra Ramos analisa a BNCC por uma "perspectiva conservadora cristã". Entre outros pontos, a publicação defende que as escolas discutam a diversidade das espécies com base também na teoria criacionista e sugere a retirada de menção às culturas africanas e indígenas no documento.

A publicação no blog diz ainda que é preciso "retirar todas as ideias, premissas e estratégias pedagógicas da ideologia de gênero" na BNCC. Além de Sandra, o texto, de 2018, é assinado pela ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, Orley José da Silva, especialista em Ciências da Religião, e Viviane Petinelli, pós-doutora em Ciência Política.

Sandra Ramos vai integrar a Diretoria de Articulação e Apoio às Redes de Educação Básica da Secretaria de Educação Básica do MEC. A nomeação foi criticada nesta quarta por entidades estudantis e especialistas em Educação. "Querem deturpar a história do Brasil e impedir que os estudantes tenham acesso ao conhecimento", escreveu Rozana Barroso, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) no Twitter.

"A nova coordenadora-geral dos livros didáticos no MEC é colaboradora do Escola Sem Partido, movimento que incentiva a perseguição a professores. A boiada está passando", comentou Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação. O Estadão não conseguiu contato com a professora Sandra Ramos. Procurado, o MEC não se manifestou.

O Ministério da Educação (MEC) aplicou um corte de R$ 348,4 milhões destinados a livros e materiais pedagógicos e didáticos da Educação Básica. O montante desfalcado se aplica à produção, aquisição e distribuição das obras. A redução da verba faz parte do novo contingenciamento divulgado pelo governo federal em julho.

Os dados são de responsabilidade do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e foram divulgados pela Organização Não-Governamental (ONG) Contas Abertas. A agência monitora o Siafi para saber quais áreas são afetadas pelo contingenciamento.

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O valor contingenciado seria aplicado em obras literárias e didáticas, de uso coletivo ou individual, acervos para bibliotecas, obras pedagógicas, softwares e jogos educacionais, materiais de reforço e correção de fluxo, materiais de formação e materiais destinados à gestão escolar. Também estão na lista outros materiais de apoio à prática educativa, inclusive em formatos voltados para acessibilidade.

Até então, o contingenciamento informado inclui bloqueio de R$ 50 milhões para assessoramento e assistência técnica de organismos internacionais; R$ 35 milhões para a avaliação da educação básica; e R$ 9 milhões para bolsas e auxílios do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que haverá mudanças em livros didáticos para revisar a maneira como são retratados nas escolas o golpe de Estado que retirou o presidente João Goulart do poder, em 1964, e o regime militar que o seguiu. A declaração ocorreu em uma entrevista do ministro ao jornal Valor Econômico, publicada nesta quarta-feira, 3.

Segundo o jornal, Vélez diz acreditar que a mudança de regime, há 55 anos, não foi um golpe, e sim uma "mudança de tipo institucional". Além disso, teria dito que o período que seguiu a posse do general Castello Branco não seria ditadura, e sim um "regime democrático de força". A tese é refutada por historiadores que estudaram o período.

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Vélez disse, segundo o Valor, que as mudanças em livros didáticos seriam "progressivas", e devem ocorrer "na medida em que seja resgatada uma versão mais ampla da história". Ele ainda teria dito que o papel do Ministério da Educação (MEC) é "regular a distribuição do livro didático e preparar o livro didático de tal forma que as crianças possam ter a ideia verídica, real, do que foi a sua história".

Contatado para comentar as declarações do ministro, o MEC não respondeu à reportagem. A notícia repercutiu mal entre representantes de editoras e autores de livros didáticos.

O presidente da Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (Abrale), Cândido Grangeiro, ressaltou que todos e qualquer livro didático deve, por regra, ser baseado em ampla consulta acadêmica, e não por opiniões.

"O que sempre deve nos guiar é o rigor acadêmico na produção dos materiais didáticos, para que os alunos tenham acesso a conteúdo pautado em pesquisa", disse Grangeiro. "A Abrali é contra qualquer tipo de revisionismo que seja baseado em opiniões."

O Ministério da Educação (MEC) abriu sindicância para investigar caso de mudança no edital dos livros didáticos distribuídos nas escolas públicas do Brasil. O texto publicado no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 2 de janeiro, retirava a exigência de obras que retratassem a diversidade étnica e o compromisso com ações de combate a violência contra mulher.

Após críticas, O MEC anunciou o cancelamento das modificações no edital e afirmou que as referidas mudanças foram realizadas pelo governo do ex-presidente Michel Temer. Responsável pela pasta até o dia 31 de dezembro de 2018, o ex-ministro da pasta, Rossieli Soares, destacou que “todos os atos a partir do dia 1º de janeiro são de responsabilidade do novo governo”.

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Em nota divulgada nesta quinta-feira (10), o MEC informou que “irá se pronunciar após os resultados das investigações”. A pasta ainda afirmou que o governo Bolsonaro tem compromisso com a educação igualitária para todos. “O MEC reitera o compromisso com a educação igualitária para toda população brasileira e desmente qualquer informação de que o Governo Bolsonaro ou o ministro Ricardo Vélez decidiram retirar trechos que tratavam sobre correção de erros na publicação, violência contra a mulher, publicidade e quilombolas de forma proposital”.

 

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrígues, publicou uma nota, no final da tarde desta quarta-feira (2), tornando sem efeito as mudanças realizadas no último edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2020. Segundo a publicação, as alterações foram realizadas pela gestão anterior do Ministério da Educação (MEC).

As mudanças envolviam a retirada de temáticas raciais, rurais e de não-violência contra a mulher. Por outro lado, o edital ainda previa que os livros poderiam ser objeto de publicidade para difundir marcas, produtos ou serviços comerciais.

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O novo edital ainda desconsiderada questões de gênero, como homo e transfobia. Apesar de alegar que as diretrizes foram alteradas pela governo passado, o documento foi publicado no dia 2 deste mês, já em posse de Jair Bolsonaro.

A assessoria de comunicação da pasta ainda afirmou que o MEC "desmente qualquer informação de que o Governo Bolsonaro ou o ministro Ricardo Vélez decidiram retirar trechos que tratavam sobre correção de erros nas publicações, violência contra a mulher, publicidade e quilombolas de forma proposital".

Confira abaixo a nota na íntegra:

"O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, decidiu tornar sem efeito o 5º Aviso de Retificação do edital do PNLD 2020, publicado no dia 2 de janeiro, tendo em vista os erros que foram detectados no documento cuja produção foi realizada pela gestão anterior do MEC e enviada ao FNDE em 28 de dezembro de 2018.

O MEC reitera o compromisso com a educação de forma igualitária para toda a população brasileira e desmente qualquer informação de que o Governo Bolsonaro ou o ministro Ricardo Vélez decidiram retirar trechos que tratavam sobre correção de erros nas publicações, violência contra a mulher, publicidade e quilombolas de forma proposital.

Assessoria de Comunicação Social"

O edital do ano de 2020 do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que estabelece as normas para os livros didáticos entregues às escolas públicas, foi alterado pelo governo de Jair Bolsonaro no último dia 2 deste mês. Com as alterações, temáticas raciais, rurais e em combate à violência contra a mulher foram suprimidos do documento. Além disso, o conteúdo escolar deixa de ter impedimento para ser usado como meio de publicidade para difundir marcas, produtos ou serviços comerciais.

Com as alterações, o novo edital do PNLD suprimiu o trecho que afirma o compromisso da pasta com a temática de não-violência contra a mulher. O parágrafo, encontrado até o PNLD de 2019, explicitava a exclusão do programa de obras didáticas que desconsiderassem o debate de temáticas “acerca dos compromissos contemporâneos de superação de toda forma de violência”. No novo edital, os únicos trechos que citam o nome “mulher” são para afirmar que as obras devem promover a imagem positiva da figura feminina e ter “expressiva quantidade de autoras mulheres”.

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Edital do PNLD 2019

Edital PNLD 2020

Além disso, o novo PNLD também desconsidera os povos do campo em seu edital. Enquanto os documentos referentes aos anos anteriores salientavam a exclusão de obras que promovessem negativamente a imagem povos do campo, o versão para o ano de 2020 não toca no assunto. Questões relacionadas a homo e transfobia também foram retiradas do documento. O edital do PNLD 2019 salientava que seriam excluídas as obras que abordassem “temática de gênero segundo uma perspectiva sexista não igualitária, inclusive no que diz respeito à homo e transfobia”. O novo edital quando afirma que as obras devem estar livres de estereótipos e preconceitos.

O novo sistema ainda exclui o trecho que aborda a retratação adequada da “diversidade étnica da população brasileira, a pluralidade social e cultural do país”. Ao longo dos anos, o PNLD se tornou rígido na escolha dos livros escolares e foi bastante elogiado por especialistas em educação, por incluir temáticas sociais e ser exigente na parte acadêmica, como em erros e impressões.

Termina na próxima quarta-feira (6) o prazo para professores, diretores e coordenadores das redes públicas de ensino escolherem os livros didáticos que serão utilizados pelos alunos do ensino médio no próximo ano letivo. O registro deve ser feito pelo diretor da escola no Sistema do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). O prazo, que terminaria nesta segunda-feira (4), foi prorrogado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que faz a gestão do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Caso a escola não registre sua escolha, será encaminhada uma das coleções aprovadas de cada componente curricular. As resenhas e informações das coleções aprovadas para o PNLD podem ser acessadas no Guia Digital de Livros Didáticos 2018.

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A escola deve selecionar duas opções de coleções de cada componente curricular, de editoras diferentes. Caso não seja possível a aquisição dos livros da primeira opção, o FNDE vai adquirir as obras da segunda opção. Depois de processar os pedidos feitos pelas escolas, o FNDE vai negociar a compra das obras com as editoras e, em função da escala de compra, negociar preços abaixo dos praticados no mercado.

A partir de 2019, o PNLD terá ciclos de quatro anos, e não mais de três, como é atualmente. Outra mudança é que, a partir de 2019, os livros dos anos iniciais passarão a ser consumíveis, ou seja, todos os livros usados nas turmas de 1º ao 5º anos serão do aluno e não precisarão ser devolvidos ao final do ano letivo. Os professores da educação infantil e de educação física também passarão a compor o PNLD, recebendo livros pela primeira vez.

O passo a passo e outras informações sobre a escolha das obras estão disponíveis no site do FNDE.

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Os professores, diretores e coordenadores das redes públicas de ensino têm até a próxima segunda-feira (4) para registrar a escolha dos livros didáticos que serão utilizados pelos alunos do ensino médio a partir do próximo ano letivo. Se a escola não registrar sua escolha, será encaminhada, compulsoriamente, uma das coleções aprovadas de cada componente curricular.

O registro da escolha deve ser feito pelo diretor da escola no sistema do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). As resenhas e informações das coleções aprovadas para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) podem ser acessadas no Guia de Livros Didáticos 2018, que está disponível no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

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Nesta edição, serão selecionadas coleções didáticas que englobam todos os componentes curriculares do ensino médio: língua portuguesa, matemática, língua estrangeira moderna (inglês e espanhol), física, química, biologia, filosofia, geografia, história, arte e sociologia.

A partir de 2019, o PNLD terá ciclos de quatro anos, e não mais de três, como é atualmente. Outra mudança é que, a partir de 2019, os livros dos anos iniciais passarão a ser consumíveis, ou seja, todos os livros do 1º ao 5º ano passarão a ser do aluno e não precisarãp ser devolvidos ao final do ano letivo.

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O Ministério da Educação publicou, no Diário Oficial da União, o resultado final do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2018. Ao todo, 97 coleções foram aprovadas por professores, coordenadores pedagógicos e diretores de escolas públicas de todo o país.

Foram avaliadas 166 coleções de 12 componentes curriculares diferentes, voltadas ao ensino médio. A avaliação foi feita por meio de uma parceria entre o MEC e 11 universidades. As escolas terão duas semanas para avaliar o material aprovado nas diferentes disciplinas e escolher as coleções que mais se adaptam ao seu contexto.

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A distribuição dos livros se dará em conjunto pelo MEC, as editoras das obras e os Correios, e o material deve chegar às escolas no começo do ano letivo de 2018.

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Os exemplares dos livros didáticos que foram usados pelos estudantes dos anos iniciais das redes públicas de todo o país neste ano devem ser devolvidos para as escolas. A devolução faz parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e de acordo com informações do Ministério da Educação grande parte da obra é reutilizável, com durabilidade prevista para três anos.

De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao Ministério da Educação, os estudantes dos anos finais do ensino fundamental (sexto ao nono) ganharão livros de todas as disciplinas em 2017. Haverá também a reposição e complementação dos exemplares para os anos iniciais e para o ensino médio.

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O Brasil tem vivido, nos últimos meses, momentos que impactarão a vida de todos seus cidadãos. O impeachment da primeira presidente mulher, Dilma Roussef, eleita por cerca de 54 milhões de votos, repercute, não só entre os brasileiros, como ao redor de todo o mundo. Um dos assuntos referentes ao tema que mais se discute é que a população está testemunhando um momento histórico. Muitas pessoas já têm se perguntado como estes fatos serão abordados num futuro próximo, dentro das salas de aulas e nos livros. O Portal LeiaJá conversou com profissionais da área de história e eles explicaram como pode acontecer a inserção de momentos históricos no ambiente escolar e na formação dos cidadãos. 

O professor de história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Severino Vicente, explica que, para virar história, um fato deve ter consequências maiores: "No governo do presidente Juscelino Kubitschek, por exemplo, houve três tentativas de golpe, mas nenhuma delas entrou nos livros, pois não foram executadas", comenta. O docente também coloca que os fatos são contados a partir da perspectiva do grupo dominante do momento. "Quem decide é quase sempre o grupo social que está orientando a sociedade. Na década de 1980, a palavra 'ditadura' não aparecia nos livros, se dizia 'revolução de 64', já nos anos 2000 passou-se a falar de 'movimento' ou 'golpe de estado'", exemplifica.  

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Severino Vicente salienta também a participação da sociedade na escolha das temáticas a serem abordadas nas escolas: "Aquilo que a sociedade julga interessante para que as novas gerações aprendam é o que entra nos livros". Ele acredita ainda que o impeachtment de Dilma Roussef não aparecerá nos livros didáticos por enquanto, até mesmo por não ter havido uma conclusão definitiva do processo: "Se tivesse havido o cumprimento real da constituição e Dilma houvesse perido seus direitos politicos, isso seria um desfecho, mas nao aconteceu porque os senadores modificaram a constituição e a coisa está em suspenso no supremo, então só poderemos saber depois que houver um veredito". Para o educador, o assunto será apenas abordado nas escolas e universidades nos comentários em sala de aula pelo menos por enquanto.  

Já para o historiador Cleonildo Cruz, que também é cineasta e doutorando em Epistemologia e História da Ciência, não é necessário esperar a passagem do tempo para imaginar como as próximas gerações saberão do afastamento de Dilma: "É preciso compreender o conceito de história não estanca, como se o passado, presente e futuro estivessem desconectados. O tempo futuro é o tempo presente. A abordagem historiográfica dos livros sobre os desdobramentos do impeachment de Dilma Rousseff será a constatação do que já sabemos. Foi um golpe dentro da institucionalidade: político, midiático, empresarial e civil. Não será necessário a isenção do tempo para se constatar que o que tivemos foi a ruptura institucional da nossa democracia", analisa. 

O historiador afirma que a população está diante de um fato histórico e que imaginar como ele será narrado futuramente é algo permeado por um romantismo: "Quando falo romantismo na pergunta sobre como os livros abordarão o impeachment de Dilma Rousseff, é porque não será necessário a abertura de documentos não revelados. Todo esse processo ficou bastante claro desde o início do acolhimento na Câmara Federal ao desfecho no Senado, que foi golpe legalizado com as regras do jogo, da fragilidade de instituições do 'estado democrático de direito', e ressalta que a história ainda está sendo feita", explica. "Faz-se necessário entender os meandros da vida política e a fragilidade da nossa democracia. Não é o fim da história como já anunciou o Francis Fukuyama, na Década de 80. Assim como ele estava enganado, todos que pensam que é o fim, não é", conclui.  

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Enquanto as redes municipais têm adotado sistemas de ensino apostilados, as escolas particulares tradicionais de São Paulo apostam nos livros didáticos que tenham recursos extras audiovisuais e tecnológicos - e em materiais produzidos pelos próprios professores.

Cristina Assumpção, coordenadora de conteúdos tecnológicos do Colégio Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, disse que a maioria dos professores produz material extra no ambiente virtual adotado, uma vez que os livros didáticos encontrados no mercado nem sempre atendem à especialização que a escola procura dar aos seus alunos. "Assim, o professor também tem mais flexibilidade para dar aula e se sente mais valorizado por ter uma autonomia sobre o conteúdo que vai dar."

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No Colégio Dante Alighieri, na região central paulistana, as apostilas dos sistemas privados só são usadas no fim do 3º ano do ensino médio. "Como é um período de revisão, esse material facilita a organização do aluno. Mas, para as demais séries, não vemos como vantagem, uma vez que é melhor o professor ter liberdade para customizar sua aula para cada série", disse Silvana Leporace, diretora do colégio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A demanda dos grupos de educação por conteúdo virtual tem obrigado as editoras de livros didáticos a repensar seu modelo de negócios. Para sobreviver, elas precisam adaptar os livros impressos para conteúdo digital. Mais do que um e-book, elas são cobradas para desenvolver materiais interativos e abastecer dispositivos tecnológicos, até mesmo os recém-chegados ao mercado, como os óculos de realidade virtual.

O grupo espanhol Santillana, dono no Brasil da editora Moderna, de materiais didáticos, lançou, no fim do ano passado, um serviço de conteúdo "on demand" para as escolas, batizado de "Smartlab". "É uma solução 'a la Netflix', que fornece títulos complementares ao livro didático produzidos por diferentes parceiros nacionais e internacionais e renovados periodicamente", explica Robson Lisboa, diretor de novos negócios do grupo Santillana.

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Entre os parceiros estão, por exemplo, a enciclopédia Britannica e o Young Digital Planet. O custo da solução varia conforme o pacote, mas gira em torno de R$ 39,90 por aluno por mês. "Se a escola comprasse o material separadamente teria de pagar de cinco a dez vezes mais", diz Lisboa. Segundo ele, o grupo administra o Smartlab como uma "startup" e um negócio separado da venda de livros didáticos impressos.

Pressionada pela era digital, a centenária Editora FTD mudou sua marca e se apresenta desde o ano passado como uma fornecedora de soluções para escolas - a FTD Educação. Além dos livros didáticos, o grupo fornece os chamados sistemas de ensino - um serviço de apoio didático com oferta de material didático e suporte tecnológico - para 400 escolas no Brasil. Há quatro anos a empresa tem um núcleo de desenvolvimento de conteúdo digital e fornece material online para as escolas que usam seus sistemas de ensino.

De acordo com o gerente de inovação e novos negócios da FTD, Fernando Fonseca Junior, a solução digital é complementar ao material físico. "As escolas demandam conteúdo digital em um pacote de ensino. Mas ele não se sustenta sozinho. As escolas ainda não compram esse material isoladamente", explica. Fonseca acredita que o modelo de negócios terá de ser alterado com a digitalização do conteúdo. "Hoje temos um fluxo de pagamento atrelado à entrega de livros didáticos, pode ser bimestral ou semestral. No futuro, vamos caminhar para um modelo de mensalidade. Mas o mercado precisa amadurecer antes", avalia.

Oportunidade

Em meio a esse movimento de digitalização de conteúdo, empresas de tecnologia enxergam um mercado no ramo de educação. O Google, por exemplo, tem um canal no YouTube com 13 mil horas de aula com curadoria da Fundação Lemann; um sistema de buscas voltados para conteúdo educacional; e uma ferramenta chamada de "Google para Educação", que permite que os professores criem salas de aulas virtuais e compartilhem materiais com os alunos.

De acordo com Rodrigo Pimentel, diretor da plataforma do Google para Educação na América Latina, as soluções são gratuitas e o Google não pretende cobrar por elas. "A função do Google é organizar a informação da internet e estamos fazendo o mesmo para educação", explica. A plataforma é integrada com outras soluções do Google, como o Drive, de armazenamento de dados, e o computador de baixo custo Chromebook - que usa o sistema operacional do Google -, e geram receita para a empresa.

Em outubro, a gigante de tecnologia começou a apresentar para escolas brasileiras o programa "Expedições", que oferece um conteúdo de realidade virtual através de um óculos feito de papelão acoplado ao celular. Por meio dele, os alunos podem fazer uma visita virtual em diferentes museus e até no interior de uma pirâmide egípcia.

Outra empresa de tecnologia que estuda aplicações do seu negócio no ramo de educação é a Samsung. A companhia tem, por exemplo, aplicativos para organizar o conteúdo educacional acessado pelos tablets da marca. Uma das principais aplicações possíveis para seus óculos de realidade virtual, o Gear VR, cujo último modelo chegou ao Brasil em dezembro, é na sala de aula, explica o gerente sênior de Marketing de Produtos da Samsung, Renato Citrini. "O aluno poderá chegar a lugares que nunca imaginou com os óculos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em comunicado para a imprensa, a Apple informou que já está disponível para os educadores brasileiros um gerenciador de curso e alguns livros didáticos para iPad. Essa iniciativa tem como principal objetivo oferecer aos professores e alunos conteúdo atualizado e de fácil acesso.

“O conteúdo e as ferramentas incríveis disponíveis para iPad fornecem a professores novas formas de personalizar o aprendizado como jamais visto. Estamos ansiosos para ver como professores em mais países criarão seus novos planos de aula com livros didáticos interativos, aplicativos e conteúdo digital rico”, disse Eddy Cue, vice-presidente sênior de software e serviços de internet da Apple.

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Outra novidade no quesito educação é o iTunes U Course Manager, que possibilita aos educadores não apenas a distribuição de cursos para as aulas, como o compartilhamento de informações. Com ele torna-se possível integrar materiais, documentos, livros e aplicativos disponíveis na internet com a App Store.  

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (4) projeto de lei que permite a dedução no Imposto de Renda (IR) dos gastos com a compra de livros didáticos para a instrução do contribuinte ou de seus dependentes. Pelo projeto, o desconto também vale para a aquisição de livros técnicos vinculados diretamente à profissão de quem paga o imposto.

A proposta, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), foi aprovada em caráter terminativo na comissão, o que, do ponto de vista regimental, encaminha o texto diretamente para apreciação da Câmara dos Deputados, se não houver recursos de senadores para levá-lo ao plenário do Senado.

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Pelo projeto, as deduções com os gastos nas compras dos livros têm de respeitar o teto previsto em lei para as despesas com educação. Para 2013, o limite é de R$ 3.230,46 e, para o próximo ano, R$ 3.375,83. Na prática, a proposta, se for aprovada, deve beneficiar principalmente famílias que não têm filhos estudando em colégios particulares e que já realizam as deduções no imposto.

"Com efeito, do ponto de vista distributivo do imposto de renda das pessoas físicas, a dedução - com a sugerida fixação do limite - permite uma redução relativamente maior da carga tributária daqueles contribuintes que auferem menor renda, o que significa a concretização de uma medida dotada de conteúdo de justiça fiscal", afirmou o senador Cyro Miranda (PSDB-GO).

Tramita na Câmara, projeto que obriga o Poder Público a determinar a inserção de advertência nos livros didáticos distribuídos à rede pública de ensino para alertar crianças e adolescentes sobre os malefícios de bebidas alcoólicas, cigarros e drogas. A medida está prevista no Projeto de Lei 4535/12, do deputado Wellington Fagundes (PR-MT).

Para justificar a medida, o autor cita pesquisa realizada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com adolescentes do 9º ano do ensino fundamental, em que  24,2% dos estudantes ouvidos revelaram já ter experimentado cigarro pelo menos uma vez. A pesquisa também mostrou que 71,4% já haviam experimentado álcool alguma vez e 8,7% algum tipo de droga ilícita.

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O projeto tramita em conjunto com o PL 4468/12, que tem caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

*Com informações da Câmara dos Deputados

O ex-procurador Geral da República Cláudio Fonteles, um dos integrantes da Comissão Nacional da Verdade, quer que seja feita revisão da história do Brasil durante o período do governo militar, iniciado em 1964, nos livros didáticos usados em todas as escolas militares, assim como nas publicações usadas em escolas civis. "Se você tem a lei que diz que o que aconteceu neste País foi um Estado que violou gravemente os direitos da pessoa humana, e isso está no ordenamento normativo deste País, como é que isso se concilia com você ensinar aos jovens, aos escolares e mesmo àqueles jovens que devem fazer a carreira militar, que o papel deles é de interferir no processo político violentamente, torturar e matar? Não pode. Isso é ilegal. Isso é uma afronta ao quadro normativo", disse Fonteles, no Programa É Notícia, da Rede TV, gravado na sexta-feira e previsto para ir ao ar às 23 horas deste domingo.

Por isso, prosseguiu o ex-chefe do Ministério Público Federal, "há que haver realmente uma reformulação e dizer que o que aconteceu foi um golpe, foi uma ruptura do processo democrático", afirmou. "Temos uma Constituição para ser vivida e cumprida", disse Fonteles, que também já coordenou a comissão. "Vamos rever todo o ensinamento de História, stricto sensu, e de disciplinas afins."

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As declarações de Fonteles revoltaram militares. O presidente do Clube Naval, almirante Veiga Cabral, disse que com esta posição, a Comissão da Verdade levará "distorções em relação à história do Brasil aos colégios". O almirante queixou-se de que o grupo está "trabalhando de forma parcial" porque "não está ouvindo os militares".

Apesar de a legislação prever análise dos fatos de 1946 a 1988, "os trabalhos só focam nos fatos relativos a 64". "Por que só os agentes do Estado estão sendo inquiridos", questionou. "Quando se quer reconstituir, de fato, a verdade, é preciso ouvir os dois lados. Eles querem impor a sua história."

Fonteles reiterou que todos os militares "convocados" à comparecer à comissão são obrigados a dar o seu depoimento. Falando no caso da morte de Rubens Paiva, ele foi ainda mais incisivo: "Se ela (a pessoa) não quiser depor, ela responde ao crime de desobediência. E se ela não quiser ir depor, ela pode ser conduzida coercitivamente. Não com violência, mas alguém a pegar pelo braço e a levar lá".

Para o presidente do Clube Naval, "esta é uma forma brutal de agir porque estamos em um estado democrático de direito e neste caso, estão tratando de um assunto já vencido, já julgado pelo Supremo Tribunal Federal". E emendou: "um decreto não pode mudar a Constituição. Você não pode arrastar o cara pelo braço, ainda que delicadamente, para obrigá-lo a depor sobre um tema vencido. Não é assim que se reconstitui a história."

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