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Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, anunciou neste domingo que não concorrerá à corrida presidencial por seu país nas próximas eleições, marcadas para 22 de outubro. "Temos que alargar o espaço político da mudança que iniciamos. E temos que inspirar outras pessoas com nossas ações", disse Macri em vídeo publicado nas redes sociais. Ele presidiu a Argentina entre 2015 e 2019.

Desta forma, o ex-presidente deixa o caminho livre para os demais candidatos da coalizão 'Juntos pela Mudança', tendo em vista as PASO (Eleições Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias), marcadas para 13 de agosto.

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Até o momento, o chefe do governo de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, a presidente do PRO, Patricia Bullrich, e o chefe do Partido Radical e governador da província Jujuy, Gerardo Morales, além do também radical Facundo Manés, anunciaram a intenção de candidatar-se à presidência da Argentina.

Bullrich descreveu a decisão de Macri como "histórica". "Mesmo podendo se tornar presidente novamente, ele priorizou os interesses de nosso país antes dos seus, como poucos líderes fizeram na história argentina", disse pelo Twitter.

Ao lado da governista "Frente de Todos", há vários candidatos possíveis, incluindo o próprio presidente Alberto Fernández. O embaixador no Brasil, Daniel Scioli, o líder Juan Grabois, que poderia dividir uma passagem com o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, e o ex-diretor do Banco Nación, Claudio Lozano, também deixaram escapar sua intenção de fazê-lo.

Além disso, no meio político fala-se do ministro da Economia, Sergio Maza, e do ministro do Interior, Eduardo de Pedro, como possíveis concorrentes da Casa Rosada.

Vários deles estariam dispostos a sair da luta caso a vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner, que há alguns meses garantiu que não competiria por estar "proscrita" (em referência a seus processos judiciais), finalmente decide se apresentar para o kirchnerismo.

No dia 14 de junho termina a data para o registro das alianças eleitorais. E dez dias depois é o prazo para apresentar as listas de candidatos que disputarão as urnas em outubro. Fonte: Associated Press

O ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015-2019) foi processado por supostamente espionar, quando era chefe de Estado, familiares dos 44 marinheiros mortos no naufrágio do submarino militar ARA San Juan em 2017, informou o juiz encarregado da investigação nesta quarta-feira (1º).

Macri é acusado pelo "crime de realização de ações proibidas de inteligência como autor, em virtude de ter possibilitado a produção de tarefas ilegais de inteligência, gerando as condições para que fosse possível realizar, armazenar e usar dados sobre pessoas", segundo a decisão de 174 páginas do juiz federal Martín Bava, e responderá ao processo em liberdade.

O magistrado também proibiu Macri de deixar o país. Além disso, o juiz determinou a retenção de 100 milhões de pesos (cerca de 943.000 dólares) do ex-presidente, de acordo com a resolução.

O ex-presidente está a caminho da Argentina, depois de visitar o Chile, onde estava desde ontem, para participar de um evento em um hotel em Santiago, como presidente da Fundação FIFA.

Em declaração à imprensa chilena quando deixava o hotel, Macri classificou o processo como "perseguição política".

"Já disse que é uma perseguição política, que termina nisto que todos nós já sabíamos", declarou, antes de seguir para o aeroporto para retornar a Buenos Aires.

O ex-presidente argentino pode recorrer da decisão do juiz de Dolores, que fica cerca de 200 quilômetros ao sul de Buenos Aires, na Câmara Federal de Mar del Plata.

Ao ser convocado para depor em 3 de novembro, Macri defendeu sua inocência em um depoimento por escrito entregue ao juiz. Anteriormente, o ex-presidente tentou afastar o magistrado do caso alegando o seu impedimento, mas teve seu pedido rejeitado em duas instâncias.

"Não espionei ninguém, nunca mandei espionar ninguém em meu governo. Nunca vi nenhum relatório de nenhum familiar do ARA San Juan ou de qualquer outro navio", disse o ex-presidente na carta apresentada à Justiça.

A denúncia afirma que os familiares dos militares mortos no naufrágio do ARA San Juan foram alvos de escutas telefônicas e de outras interceptações por parte da Agência Federal de Inteligência (AFI) durante o ano em que buscavam saber o destino do navio e dos marinheiros.

"O teor das informações coletadas, a intenção expressa e o caráter sistemático dos documentos analisados neste caso permitem-nos afirmar que esta produção ilegal de inteligência tinha um destinatário: Mauricio Macri", alertou o juiz.

"Com base nos relatórios que adiantavam para o réu [Macri] as alegações que os familiares dos 44 tripulantes viriam a fazer em uma reunião, até aqueles em que foram reveladas as manifestações do coletivo de familiares em Mar del Plata", em todos esses documentos "é possível ver a matriz ideológica e a causa motivacional que levou a AFI a produzir essa informação", acrescentou.

O submarino ARA San Juan, um TR-1700 de fabricação alemã com 66 metros de comprimento, desapareceu em novembro de 2017 com 44 pessoas a bordo, quando patrulhava águas argentinas.

A embarcação foi encontrada um ano depois, a 900 metros de profundidade, com a ajuda das Marinhas de outros países.

Macri é o 12º processado no caso em que também são acusados os então chefes dos serviços de Inteligência, Gustavo Arribas e Silvia Majdalani.

Em articulação para uma possível candidatura à Presidência em 2022, mesmo sem partido, Luciano Huck pretende contratar o marqueteiro argentino Marcos Peña. A informação é da colunista do UOL, Thaís Oyama. Em 2015, Peña foi vitorioso com a campanha do ex-presidente Maurício Macri, mas sua atuação foi manchada por difamação e acusações de fake news contra a ala peronista.

Para alçar o empresário do ramo esportivo à liderança do país, dentre os ataques contra os aliados dos Kirchner, o candidato a governador de Buenos Aires, Aníbal Fernández, chegou a ser acusado de narcotráfico. Com a diferença nas urnas de apenas 1,5%, a disseminação de mentiras contra o representante da capital foi fundamental para o resultado da eleição.

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De acordo com a colunista do UOL, Thaís Oyama, o apresentador da Globo encontrou-se com Penã no Rio de Janeiro, há cerca de duas semanas. Em seguida, o argentino viajou para São Paulo, onde reuniu-se com dois responsáveis pelas redes sociais de Huck.

Com o tom 'apaziguador' do chamado 'centro-democrático', o chefe do Caldeirão ainda avalia as propostas de seis partidos: DEM, Cidadania, PSB, PSDB, Podemos e PSD. Os últimos episódios na Câmara resultaram em um certo distanciamento dos Democratas e proximidade com o PSB o prefeito do Recife, João Campos. Ele e a namorada, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), fazem parte do RenovaBR, grupo financiado pelo apresentador.

Horas após de ser derrotado na noite de domingo (27) em sua tentativa de reeleição, o presidente argentino, Mauricio Macri, envolveu-se nesta segunda-feira (28) em dois movimentos destinados a conter a desvalorização do peso em relação ao dólar e tranquilizar o mercado após o triunfo peronista.

No plano político, Macri recebeu durante uma hora na Casa Rosada seu sucessor, Alberto Fernández, que obteve a vitória em primeiro turno, com 48,1% dos votos. Macri ficou com 40,3%, tendo sido computados 97% dos votos. Segundo relato de assessores, o encontro, no qual os dois ficaram sozinhos (a pedido de Fernández), foi amistoso.

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O peronista pediu a formação de uma equipe de transição, para a qual indicou cerca de 30 pessoas. Macri concordou. Ficou acertado também que o governo atual terá autonomia plena sobre as decisões até 10 de dezembro, data da posse.

Antes da votação, uma reunião tão imediata e cordial entre os dois adversários parecia improvável. Ambos trocaram acusações e Fernández chegou a dizer que não conversaria mais com o presidente.

A reunião iniciada às 10h30 disputou espaço no noticiário local com o começo da vigência do limite imposto à compra de dólares. O Banco Central havia colocado uma barreira de US$ 10 mil por mês por pessoa após a vitória peronista nas primárias de agosto, em uma votação que serve como um simulado para a eleição real. Ontem, a cota foi reduzida radicalmente a US$ 200 por pessoa por mês. Este valor se aplica a transações cambiárias feitas no sistema financeiro. Os argentinos que quiserem comprar a moeda americana em efetivo só poderão adquirir US$ 100 por mês.

Analistas acreditam que a medida tende no curto prazo a evitar a corrida pelo dólar oficial, o que levaria à consequente redução das reservas da Argentina, estimadas em US$ 45 bilhões.

"É uma medida de emergência, prevista para vigorar até dezembro. Deve acalmar a demanda por dólar oficial, mas esse interesse deve se transferir ao mercado paralelo", afirmou Martin Kalos, economista chefe da consultoria Elypsis.

Essa tendência foi confirmada ontem. No câmbio oficial, a moeda americana foi vendida a 63,5 pesos, permanecendo estável. No mercado paralelo, o dólar, cotado a 68 pesos na sexta-feira, passou a 74 pesos ontem.

A decisão do Banco Central de restringir fortemente o acesso ao dólar, medida que os argentinos chamam de "cepo", tem alto significado político. Uma das primeiras medidas de Macri ao assumir o poder, em dezembro de 2015, foi desfazer o controle imposto por Cristina Kirchner no fim de seu mandato. Ele considerava o sistema incompatível com o projeto de abertura da economia.

Macri, que em eleições parlamentares de dois anos atrás contava com aprovação suficiente para lhe garantir uma vitória na renovação parcial do Congresso, agora enfrenta uma forte crise econômica, que o obrigou a renegociar dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e se comprometer a cortes de gastos. A inflação está em cerca de 5% ao mês, o desemprego superou a casa dos 10% e a pobreza chegou a 35,4% dos argentinos. O governo argentino disse ontem que retomará o diálogo com o FMI assim que Fernández definir a equipe que negociará com a instituição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os intermináveis discursos populistas de Cristina Kirchner ou a inflação mensal de 5% de Mauricio Macri. A expansão no gasto público promovida por ela ou aumento da pobreza registrado sob o governo dele. Em uma campanha em que argentinos não identificados com nenhum dos lados se viram levados a escolher o legado menos negativo, o advogado Alberto Fernández parece ter convencido até a parcela que rejeita Cristina a colocá-lo na presidência.

Sem nunca ter sido eleito para um cargo no Executivo, mas também sem histórico de submissão, Fernández foi escolhido em maio por Cristina para encabeçar a chapa presidencial peronista. Ele havia sido chefe de gabinete de Néstor Kirchner e da própria Cristina, com quem se desentendeu em 2008.

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Em agosto, nas primárias que servem como simulado da eleição, o professor universitário de 60 anos surpreendeu ao abrir 16 pontos de vantagem sobre Macri. Uma diferença suficiente para vencer no primeiro turno. Na Argentina, ganha que obtiver 50% dos votos ou mais de 40% com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

Levando-se em conta que Cristina historicamente tem o apoio fiel de cerca de 30% eleitorado, o fato de Fernández ter obtido 47% nas primárias indica uma parcela expressiva de votos que vão além da figura dela. Pesquisas recentes sugerem até uma ampliação da vantagem de 16 pontos sobre Macri.

Predomina entre os analistas, mesmo entre os mais críticos ao kirchnerismo, a opinião de que Fernández exercerá o poder se vencer. "Será um governo em que ele comandará, pois o presidencialismo é muito forte na Argentina. Mas o segredo dessa chapa é ter conseguido reagrupar o peronismo. Os governadores terão um papel fundamental, e Cristina também terá o seu", avalia o analista político Sergio Berensztein. Os governadores têm forte influência sobre o voto dos senadores argentinos, o que em geral é usado para aprovar projetos em troca de liberação de recursos.

Para Berensztein, o cálculo político de Cristina levou em conta também o resultado de eleições regionais em que ela apoiou candidatos radicais e perdeu, casos das províncias de Neuquén e Mendoza. "Ela viu que essa estratégia não daria certo. Não escolheu Alberto apesar de ele ter um estilo diferente do dela. O escolheu justamente por ser diferente, apresentar-se como moderado."

Acuada por denúncias de corrupção desde que deixou a presidência, Cristina tratou de manter uma vaga no Senado. O posto lhe dá imunidade parlamentar. Pesquisa das consultoras D'Alessio e Berensztein diz que 7 em cada 10 peronistas acreditam que Fernández mandará caso vença. Entre os macristas, a proporção é oposta.

"Esta é a eleição do menos pior, Alberto Fernández. Cristina roubou muito dinheiro e grande parte não votaria nela. Mas com Macri, agora, colamos uma foto de churrasco na parede e comemos polenta imaginando que estamos mastigando carne", desabafa o vendedor ambulante Román López, de 60 anos. Demonstrando certa raiva, ele afirma que o pior legado de Cristina no poder, entre 2008 e 2015, foi a concessão indiscriminada de benefícios sociais que fizeram o argentino "perder a cultura do trabalho".

Seja por estratégia ou contingência familiar, Cristina manteve-se discreta durante a campanha, considerando-se seu padrão expansivo de comportamento.

Sem correr riscos, Fernández comandou a campanha, cuja estratégia foi culpar Macri pelo desemprego de 10,6% e a pobreza de 35,4%. "Ele tentou não fazer nada que prejudicasse sua imagem", diz a analista política Mariel Fornoni. Macri dedicou-se a percorrer o país entoando seu lema "Sí, se puede", que será colocado à prova hoje.

Família troca recoleta por favela

A confeiteira Mariela Ayala costuma convidar as ex-vizinhas para conhecer sua nova casa, mas nem sinal delas.

É que a aristocrática Recoleta e a popular Villa 31, onde ela agora vive, têm indicadores e estilos de vida antagônicos, ainda que estejam separadas por apenas uma avenida e uma linha de trens.

A taxa de homicídios, por exemplo, é 11,3 vezes mais alta. São 6,7 mortos a cada 100 mil habitantes em toda Buenos Aires, ante 76 na favela, diz o Ministério da Segurança.

A crise aumentou a pobreza e afetou diretamente a qualidade de vida da classe média, extrato social mais emblemático do país. Famílias tiraram filhos da escola particular, renegociaram planos de saúde e buscaram aluguéis mais baixos, mas o caso de Mariela, de 46 anos, tem um simbolismo extremo.

Depois de perder o emprego na Recoleta, ela deixou de ter garantias exigidas para um aluguel. Ficou sem cartão de crédito e comprovante de renda. Recorreu à Villa 31, onde tais formalidades são dispensáveis e a localização é praticamente a mesma. Um quarto como o alugado na favela pelo Estado nesta cobertura eleitoral, dedicada a mostrar como parte da classe média mudou seu padrão, custa 5 mil pesos (R$ 350).

Mariela trocou o ambiente de palacetes pelo de casebres depois de enviuvar pela segunda vez, aos 38 anos (a primeira viuvez veio aos 28). Chegou há quatro meses a esta favela plana, distribuída em uma área equivalente a 32 campos de futebol. Diz não ter vergonha de agora ser um dos 40 mil habitantes.

"Muita gente nessa situação teria entrado em depressão, ido morar na rua. Nem todo mundo conseguiria superar. Levanto às 8h para trabalhar e às vezes durmo de madrugada. Acho que é um exemplo para os meus filhos, para eles saberem dar valor ao que têm e não se acomodarem", pondera.

Sem o oportunidade com carteira assinada, ela decidiu fazer tortas - principalmente para aniversários, Páscoa e Natal - e vendê-las pela internet. Assim, não paga impostos e tem uma renda 50 mil pesos (R$ 3,3 mil), o que a coloca com folga dentro da classe média.

Ao chegar à Villa 31, Mariela passou a pagar 18 mil pesos (R$ 1,2 mil) de aluguel por uma casa com três ambientes. Ela dorme no quarto com dois dos seus três filhos. Agora, está se mudando para um apartamento menor, mas mais novo, a duas quadras. Vai pagar 12 mil pesos (R$ 800).

O gasto total em um apartamento de duas peças hoje na Recoleta, para onde ela quer voltar, seria de 50 mil pesos (R$ 3,3 mil). "O aluguel não é muito mais caro, o problema na Recoleta é pagar condomínio, a luz, o gás e a água", afirma. Na favela, os serviços que não são "contrabandeados" são subsidiados.

Dos dois anos em que viveu na Recoleta, Mariela tem saudade principalmente de não se preocupar com a segurança dos filhos, que continuam frequentando a mesma escola pública no bairro nobre bonaerense. "Iam sozinhos ao catecismo, à natação", lembra. Na favela, eles saem somente acompanhados dos amigos.

Na sexta-feira, 25, Manuela observava seu filho do meio, Franco, tirar rugas de uma camisa em uma tábua de passar roupas. "Ele vai hoje para a primeira entrevista de emprego, no McDonald's", disse a confeiteira, com um orgulho que despertou certo constrangimento no filho, de 17 anos.

"Não acho que faça tanta diferença morar aqui ou na Recoleta. Já estamos acostumados com o ambiente", diz. Sua irmã, Victoria, tem opinião semelhante. "Temos nossos amigos aqui, não faço questão de me mudar. Nem de ter um quarto só para mim", diz a jovem de 15 anos.

Mariela sente falta de serviços básicos. "Aqui não chega o correio, não posso pedir comida, não entra táxi ou ambulância", lamenta. Por isso, ela não recrimina as amigas que ignoraram seus convites. "Eu também tinha medo daqui antes de me mudar", admite. "A clientela aqui na favela é muito melhor. Na Recoleta, o pessoal pede desconto, pechincha e pede mais prazos para pagar. Teria que manter minha clientela aqui."

Macri, o empresário liberal atropelado pela crise

Filho da elite empresarial, Mauricio Macri foi executivo do Citibank e presidente do Boca Juniors, entre 1995 e 2007, período de maior sucesso da equipe. Essa experiência serviu de trampolim para a carreira política, que começou como prefeito de Buenos Aires (2007-2015).

Foi eleito presidente da Argentina em 2015 como esperança do liberalismo em uma região marcada pelo populismo. Quatro anos depois, ele reconhece que suas medidas de austeridade foram duras, mas garante que o pior já passou e pede uma nova chance.

Engenheiro de 60 anos, Macri estudou nas melhores escolas e universidades. Entre seus colegas de classe, vários se tornaram seus ministros. Graduou-se na Universidade Católica e se especializou em Columbia, em Nova York. Sua carreira foi feita na empresa familiar, uma construtora. Com pinta de galã, Macri sempre esteve acompanhado de belas mulheres. Seus opositores o acusam de viver fora da realidade e de ser insensível às dificuldades da população.

As conexões familiares facilitaram seu bom relacionamento com o presidente americano, Donald Trump, que ele conheceu anos atrás em razão dos negócios de seu pai, Franco Macri.

Fernández, o peronista mais próximo da presidência

De baixo perfil e há anos afastado da política, Alberto Fernández se tornou a surpresa da campanha eleitoral da Argentina. Peronista moderado e pragmático, está prestes a chegar à presidência, impulsionado pela ex-presidente e companheira de chapa, Cristina Kirchner, e depois de obter 47% dos votos nas primárias de agosto.

Um resultado surpreendente para um advogado de 60 anos que disputou uma eleição popular apenas uma vez, em 2000, nas legislativas da cidade de Buenos Aires.

Seu maior destaque foi como chefe de gabinete de Néstor Kirchner (que governou entre 2003-2007 e morreu em 2010), assim como de Cristina, em 2008. Rompeu com sua agora vice ao fim do primeiro ano de mandato dela, com declarações duras, em meio ao embate da então presidente com os proprietários rurais e com os grandes meios de comunicação. Hoje, esse episódio surge como um argumento de demonstração da independência de Fernández, contra aqueles que o acusam de ser uma marionete de Cristina.

Seus críticos o consideram camaleônico por ter acompanhado setores ultraliberais, como o de Domingo Cavallo, e populistas de esquerda, como o casal Kirchner. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, iniciou oficialmente neste sábado (28), em Buenos Aires, sua campanha pela reeleição com o slogan "Sí se puede" ("Sim, é possível"), que remete ao "Yes, we can" de Barack Obama.

Após quatro anos de um mandato marcado por crescimento do desemprego, crise cambial e empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), o mandatário liberal entrou na corrida das eleições de 27 de outubro em desvantagem.

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Nas primárias de 11 de agosto, o presidente obteve 31,80% dos votos e ficou 16 pontos atrás do peronista Alberto Fernández (47,79%), ex-chefe de Gabinete de Cristina e Néstor Kirchner. Algumas pesquisas indicam que o opositor pode até vencer no primeiro turno, mas Macri tenta mostrar que é possível reverter o cenário.

Sua campanha teve início em um comício no bairro residencial de Belgrano. "O fato de vocês estarem aqui tem um grande significado, porque quer dizer que compartilhamos o enorme amor por este país", disse Macri ao público, prometendo um governo "diferente" caso seja reeleito.

"Agora chegarão o crescimento, o emprego, a melhora dos salários e um alívio para o bolso", declarou. Nas próximas semanas, o presidente visitará as principais cidades argentinas para tentar reduzir a vantagem de Fernández, que assumiu o lugar de Cristina Kirchner, ré por corrupção, na cabeça da chapa peronista.

O opositor iniciou sua campanha em um estádio em Salta, no norte do país, e pediu "união da sociedade para enfrentar os duros desafios" para recuperar a economia argentina.

Da Ansa

A data das eleições gerais, tanto na Argentina quanto no Uruguai, se aproxima. Dentro de exatamente um mês, argentinos e uruguaios irão às urnas escolher seus presidentes e vices, senadores e deputados. Na Argentina, votam também para escolher governadores.

Na Argentina, a disputa está entre o atual presidente, Mauricio Macri, representando a coalizão Juntos por el Cambio, e Alberto Fernández, da coalizão Frente de Todos, cuja candidata a vice é a senadora e ex-presidente, Cristina Kirchner. Roberto Lavagna, que é ex-ministro da Economia, aparece como terceiro candidato pela coalizão Consenso Federal.

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Em agosto, nas eleições primárias do país, que funcionam como uma grande pesquisa nacional, a chapa Fernández-Kirchner surpreendeu ao conquistar 47% das intenções de voto, mais do que os 45% necessários para vencer em primeiro turno.

Macri obteve 32% mas está determinado a recuperar a diferença e levar a disputa a um segundo turno.

Após o resultado das eleições primárias, o dólar disparou e Macri se viu obrigado a lançar uma série de medidas para tentar conter a inflação e aliviar um pouco o bolso dos argentinos.

O país enfrenta uma grave crise econômica e social; a inflação este ano deve chegar a 55%; 30% das pessoas vive na pobreza e os sem-teto chegam a quase 10% da população.

Além disso, a Argentina pegou um empréstimo de 57 bilhões de dólares com o FMI no ano passado e agora aguarda o desembolso de uma parcela, que só será paga após as eleições, caso haja acordo com o próximo governo.

Uruguai

No Uruguai, as diversas sondagens apontam para diferentes percentuais, mas todas coincidem que o partido de esquerda, Frente Amplio, do candidato Daniel Martínez, lidera o ranking, com cerca de 30% das intenções de voto.

O Partido Nacional, do candidato de direita Luis Lacalle Pou, vem em segundo lugar, com 23%. Depois, aparecem os partidos Colorado, representado por Ernesto Talvi, e Cabildo Abierto, do candidato Guido Manini Rios, quase empatados, com cerca de 12% das intenções de voto.

Enquanto o Frente Amplio e o Cabildo Abierto vêm crescendo nas pesquisas, o Partido Nacional, com seus representantes conhecidos como "os blancos", e os colorados, vêm caindo.

No Uruguai, para ganhar em primeiro turno, é necessário 50% dos votos mais um. O Partido Nacional aposta levar as eleições a um segundo turno. O vencedor assume a presidência no dia 20 de março de 2020. Na Argentina, a posse será dia 10 de dezembro deste ano.

 

O resultado das prévias nas eleições da Argentina, nas quais o presidente Mauricio Macri foi derrotado, provocou um complexo impasse para o candidato peronista Alberto Fernández, líder nas pesquisas. "Se Fernández diz que não há nenhuma continuidade, que tudo é ruptura, começa a gerar um nível de instabilidade que vai esperá-lo no fim do caminho", analisou o historiador e jornalista Carlos Pagni, considerado na Argentina um analista de linha conservadora, em uma palestra na Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ele traçou suas expectativas para a Argentina e o continente.

Para a América Latina, o que um eventual governo de centro-esquerda na Argentina, com Alberto Fernández, representa?

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Fernández tentará alinhar-se provavelmente com o México e algum outro governo de centro-esquerda para constituir uma versão progressista que não seja ligada ao PT, ao (presidente da Venezuela, Nicolás) Maduro. Ele vai explorar esse caminho à medida que suas necessidades de financiamento permitam. Na Espanha, ele é (Pedro) Sánchez (primeiro-ministro espanhol, socialista) e não Podemos. E na América Latina não é bolivariano. Se aproxima de López Obrador e de outros partidos progressistas, como (o de Tabaré Vazquez, presidente do) Uruguai. Ele já disse isso.

Qual é o principal problema econômico da Argentina?

Quando Fernández diz "vamos impulsionar o crescimento pela via consumo", sendo que 90% das coisas que se consomem na Argentina são compradas em dólares, não sei de onde ele vai tirar (mais) dólares. Este é o problema central para a economia argentina: seu problema de balança comercial e, no fundo, a deficiência da conta corrente. Macri nunca entendeu isso, e não sei se Fernández entendeu. Os diagnósticos de Macri e de Fernández são muito parecidos.

O que os diferencia?

Macri acredita que os países melhoram quando há comércio internacional e, na abertura comercial, qualquer custo é pouco para o benefício que traz. Fernández, a cada vez que fala de integração comercial, integração com a Europa e abertura comercial nas relações com o Brasil, é sempre de uma perspectiva muito preventiva. Fernández está ligado a setores protecionistas. O empresariado argentino festeja a derrota de Macri por causa da abertura que ele vinha ameaçando fazer. Macri fechou um acordo com a União Europeia, e depois disse que vinha costurando acordo com Brasil e EUA. Boa parte do setor industrial, que precisa de proteção, vê isso como uma ameaça enorme. Estão felizes com Fernández.

As declarações do presidente Jair Bolsonaro tiveram influência no clima político na Argentina?

Bolsonaro - em um momento em que Macri, por razões econômicas, não podia dizer "Fernández é Venezuela" - achou que dizer isso, ele mesmo, ajudava. É como se o papel de fazer a caracterização hiper negativa da chapa Fernández-Cristina fosse terceirizado para Bolsonaro e a outros dirigentes internacionais.

Como uma eleição de Fernández se refletiria no acordo entre Mercosul e União Europeia?

Precisamos ver o que se passa na Europa em relação ao acordo Mercosul-UE. Já temos problemas na Áustria, na França, na Irlanda. Mas suponhamos que os europeus aprovem o acordo com o Mercosul. Eu acredito que o Brasil está disposto e pode fazê-lo legalmente e institucionalmente. Então implementamos no Brasil e não implementamos na Argentina. Fernández está cercado de empresários que precisam de muita proteção. Creio que ele tem ideias mais liberais do que pode confessar. Mas se os que te sustentam e, mais do que isso, se os que te financiaram são prejudicados por essa ideia, é muito difícil colocá-la em prática. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O resultado ruim na Província de Buenos Aires nas primárias de agosto foi crucial para a derrota do presidente argentino, Mauricio Macri. A menos de dois meses da eleição, ele tem a difícil missão de reverter o descontentamento com a crise econômica e a unidade do peronismo na província para derrotar o kirchnerista Alberto Fernández.

Principal colégio eleitoral da Argentina, com 11.867,979 eleitores que representam 37% do total de cidadãos habilitados para votar, a Província de Buenos Aires é um território de disputa decisivo na eleição nacional. O revés de Macri respingou em sua principal aliada: Maria Eugenia Vidal, governadora da província, que em 2015, obteve uma vitória histórica frente ao candidato kirchnerista Aníbal Fernández.

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Passados quatro anos, a votação que define as chapas que disputarão oficialmente as eleições e serve como um termômetro das preferências do eleitor demonstrou que a baixa popularidade de Macri - cerca de 33% - pode respingar na imagem positiva da atual governadora.

María Eugenia, discípula de Macri e até pouco tempo cotada para ser sua sucessora, perdeu para Axel Kicillof, ex-ministro de Economia de Cristina Kirchner, por uma diferença de 17 pontos porcentuais. Kicillof obteve 49,34% dos votos e a atual governadora, 32,56%.

"O que se observa na província é um efeito da unidade do peronismo, que em 2015 esteve dividido e em 2017 também. Agora, o que explica também a falta de apoio às candidaturas do governo é a má gestão do governo. Viemos registrando uma queda na aprovação presidencial desde 2017. Isso demonstra que era quase improvável que ele ganhasse", explica Diego Reynoso, cientista político da Universidade de San Andrés.

Alguns eleitores que em 2015 optaram pela mudança prometida por Cambiemos, em 2019 voltaram a apostar no peronismo. Se em 2015, Macri perdeu por uma diferença de pouco mais de 2 pontos porcentuais para o kirchnerista Daniel Scioli, ex-governador de Buenos Aires, desta vez a diferença foi bem maior. Os resultados das últimas primárias indicam que 50,66% dos eleitores de província preferem Fernández, enquanto apenas 29,88% pretendem votar em Macri.

A diarista Susana Varela, que mora na região noroeste de Buenos Aires, conta que em 2015 optou pela chapa Cambiemos de Macri pois pensava que era hora de apostar em algo diferente. Mas admite que os últimos quatro anos foram economicamente complicados para a família. "Com o aumento da passagem, gasto quase tudo o que ganho para chegar ao trabalho", lamenta. Ela reconhece que com o aumento da inflação está mais difícil chegar ao fim do mês. Por isso, votou na chapa Fernández-Cristina nas primárias.

Esperava-se ainda que o fenômeno María Eugenia, que possuía 51% de aprovação em janeiro, segundo pesquisa da consultora Opinaia, pudesse impulsionar os números de Macri na Província de Buenos Aires, pois muitos eleitores optam por votar na cédula completa - onde estão todos os candidatos da chapa. Mas não se previu o fato de que muitos podem "rasgar a cédula", ou seja, votar em uma coligação para presidente e outra para governador.

"Parece que a baixa aprovação do governo Macri afetou tanto o governo da província de María Eugenia, quanto a capital federal, com Horácio Rodríguez Larreta", analisa Reynoso.

O fato é que a governadora também foi arrastada pela onda que parece ter levado Macri para mais longe da reeleição e, apesar de ter tido uma melhor performance que o presidente na província, não chegou nem perto dos 39% conquistados nas eleições de 2015.

O cenário é diferente na Cidade de Buenos Aires, onde o macrismo continua vencendo, apesar de ter perdido eleitores desde 2015. O candidato do Juntos por El Cambio, Jorge Luis Larreta, conquistou 46,48% dos votos nas últimas primárias - em 2015 havia obtido 47,35%. O candidato kirchnerista, Matías Lammens, conquistou 31,93% dos votos. Um dado curioso sobre a capital é que alguns eleitores seguiram fiéis ao governo do Cambiemos, que está no comando da cidade desde 2007, mas resolveram não apostar em Macri a nível nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Argentina reviveu na semana o pesadelo do retorno do "corralito", quando o governo, em 2001, pressionado por uma grave crise, só permitia que população sacasse seu dinheiro do banco a conta-gotas. Após o anúncio de restrições no acesso ao câmbio feito pelo governo de Mauricio Macri domingo passado, argentinos amanheceram em uma fila diante do Banco de La Nación, na esquina da Casa Rosada, em Buenos Aires, antes mesmo que as portas do banco se abrissem.

No anúncio, o governo havia informado que a população precisaria de autorização do Banco Central para comprar mais de US$ 10 mil e as empresas necessitariam de anuência para enviar lucros ao exterior. Junto com o adiamento de parte do pagamento da dívida de curto prazo do país, essas medidas foram tomadas para contornar o problema do baixo volume de reservas internacionais - mas também acenderam o sinal de alerta entre poupadores.

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Nas últimas duas décadas, diante de tantos solavancos na economia, a corrida ao dólar em busca de proteção e a retirada de recursos dos bancos marcaram a história dos argentinos.

Um analista de sistemas que pediu para não ser identificado contou que sacou na semana passada 80% do que tinha em dólares e os colocou em um cofre no banco. "Já não tinha fila (para sacar). Muita gente tirou suas poupanças logo depois das primárias", disse.

Corrida

Estimativas do setor financeiro são de que desde 11 de agosto, quando Macri foi derrotado nas eleições primárias por Alberto Fernández e Cristina Kirchner, quase US$ 9 bilhões tenham sido sacados das poupanças em moeda estrangeira. O número corresponde a 27% dos US$ 32,5 bilhões que havia nesse tipo de conta.

O banco central chegou a recomendar que os bancos ficassem abertos até as 17h - o normal seria até as 15h - para que todos que quisessem sacar suas economias fossem atendidos. "Falaram que os bancos estariam abertos por mais horas, que não era para ninguém se preocupar, mas, quando dizem isso, tudo o que produzem é o contrário", afirmou o analistas de sistemas que falou com o Estado. Ele calcula ter perdido cerca de 30% dos quase US$ 20 mil que tinha em 2001, no corralito. À época, o governo congelou contas bancárias e, depois, transformou em pesos o que havia de depósitos em dólares. "Minha preocupação maior é que se ‘pesifiquem’ os dólares de novo."

Embora o volume de saques venha sendo expressivo, a situação não é tão crítica quanto em 2001. "O que há de similar é a crise de confiança e o perigo de default (não pagamento de dívidas do país). Mas não há condições para um corralito. Naquela época, a situação era de criação de dólar artificial, um problema por causa da conversibilidade (paridade de um para um entre o dólar e o peso argentino)", diz Fausto Spotorno, da consultoria Ferreres y Asociados.

Segundo fonte do mercado, os banqueiros começaram a semana nervosos, mas terminaram mais tranquilos, pois imaginavam que a corrida aos bancos seria ainda maior. Outra fonte destacou, porém, ser cedo para afirmar que a situação mais crítica tenha ficado para trás. "Não estou nada seguro. A campanha eleitoral começa agora. O quadro é de volatilidade."

Corralito causou mortes em 2001

A preocupação exacerbada dos argentinos com a possibilidade de o governo voltar a limitar o acesso às contas bancárias vem do trauma de 2001, quando o corralito chegou a causar mortes. Um dos casos mais emblemáticos foi o do jornalista esportivo Horacio García Blanco, morto, aos 65 anos, seis meses após o ex-presidente Fernando de la Rúa impor as restrições.

García Blanco, que sofria de diabete e pressão alta, entrou na Justiça para tentar liberar suas poupanças e usar o dinheiro para viajar à Espanha. Com cidadania argentina e espanhola, pretendia fazer um transplante de rim em Madrid, onde a operação era mais difundida.

"Havia uma exceção no corralito que permitia que idosos e doentes sacassem suas economias", diz Mónica Alicia Damuri, advogada e amiga do jornalista. A Justiça, porém, liberou apenas 10% do dinheiro que García Blanco tinha, volume insuficiente para bancar a viagem. Mónica recorreu, mas ele morreu de insuficiência renal antes de uma nova decisão. "O corralito era inconstitucional. Violava o direito à propriedade", afirma, indignada, a advogada.

Conhecido nacionalmente por comentar lutas de boxe e partidas de futebol, o jornalista morou o último ano de sua vida na casa de Mónica. Era o marido da advogada que buscava García Blanco diariamente das sessões de hemodiálise. "Quem conheceu Horacio de perto viu como o corralito foi prejudicial."

Mónica afirma que a medida de limitar o acesso ao câmbio adotada pelo governo de Mauricio Macri é bastante diferente da implantada por De la Rúa em 2001. "Os poupadores continuam podendo sacar suas economias", diz. "Espero que Macri consiga administrar a situação, para que não se repita algo como o que aconteceu em 2001." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reuniram na quarta-feira, 21, como confirmou FHC em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente, que está na Argentina para um seminário, publicou em sua conta no Twitter na manhã de ontem que tentaria conversar tanto com Macri quanto com seu rival na eleição presidencial argentina, Alberto Fernández.

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Após reunião de 40 minutos com Macri, o ex-presidente reforçou que não se envolve na política eleitoral de outros países. "Acho que alguém que foi ou que é presidente tem que se relacionar com os Estados, não com as pessoas. Minhas opiniões são pessoais, não têm reflexo político maior", disse, sem querer estabelecer relações com o fato de que o presidente Jair Bolsonaro tem atacado diretamente Fernández, e ameaçado deixar o Mercosul caso ele vença a votação.

Questionado sobre ter dado conselhos eleitorais a Macri, Fernando Henrique negou. "Apenas disse o que eu fiz quando era presidente na transição de um governo para o outro. Eu acho que o mais importante é que a democracia ganhe." Ele ainda afirmou que reconhece a situação financeira instável da Argentina e isso dificulta que o governo atue com "firmeza".

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No podcast desta sexta-feira (16), o cientista político Adriano Oliveira faz uma comparação entre o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), e o Presidente da Argentina, Mauricio Macri. Segundo Adriano, ambos gestores, trabalham baseados em um mesmo formato de política, sendo esta, liberal. 

Adriano destaca que o Ministro brasileiro da Economia, Paulo Guedes, auxiliou Bolsonaro a trabalhar em cima de uma agenda liberal, mesmo o Presidente alegando não entender de economia. De acordo com Adriano Oliveira, um Presidente eleito não pode dizer que não entende de economia; o gestor precisa, ao menos, ter noção de como ela funciona e quais são as necessidades da contexto do país que gere.

Ainda segundo ele, o Brasil é um País que não tem capacidade para suportar o excesso de liberalismo, no entanto, o Ministro da Economia propõe o contrário, o que futuramente pode ocasionar a rejeição e baixa popularidade de Bolsonaro.

O programa Descomplicando a Política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras. 

Confira mais uma análise a seguir: 

O presidente argentino, Mauricio Macri, seria reeleito por uma pequena margem de votos contra o principal adversário, o candidato peronista Alberto Fernández, segundo pesquisa da Management & Fit publicada nesta quinta-feira, 11. Macri venceria com uma diferença de 2 pontos porcentuais sobre Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice na chapa. O presidente argentino conquistaria 45% dos votos em um cenário de segundo turno, em novembro. Fernández teria 42,9%.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou nesta terça-feira que escolheu o líder do maior bloco da oposição no Senado como seu companheiro de chapa na corrida pela reeleição, na disputa que terá primeiro turno no fim de outubro. No Twitter, Macri anunciou que escolheu o senador peronista Miguel Ángel Pichetto como vice porque o país "precisará construir acordos com muita generosidade e patriotismo".

O presidente realizou o anúncio no Twitter. Ele qualificou Pichetto como "um homem de Estado, que com o correr dos anos difíceis eu soube conhecer e respeitar o compromisso com a Pátria e as instituições".

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Macri deve enfrentar uma disputa difícil pela reeleição, já que conduz o país em um quadro de recessão, inflação na casa dos 50% e aumento da pobreza. Ele tem conduzido um ajuste nas contas públicas e fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar nesse processo. O presidente atribui os problemas do país aos desequilíbrios nos gastos da época da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).

Cotada para disputar a presidência de novo, Cristina Kirchner decidiu se lançar como vice na chapa de Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. Atualmente senadora, ela ainda é uma figura bastante popular no país, mas enfrenta vários processos por suspeitas de corrupção.

Pichetto é senador, advogado de formação e membro do Partido Justicialista, o mesmo de Cristina. Ele já foi aliado da então presidente, mas desde então rompeu com ela e comanda uma ala mais moderada dentro da sigla.

Uma viela que começa sob um viaduto dá acesso a Los Piletones, favela conhecida na Argentina por receber apoio e doações financeiras do presidente Mauricio Macri. Desde a época em que era prefeito de Buenos Aires, entre 2007 e 2015, Macri doa parte de seu salário a um restaurante popular da comunidade. Grande parte dos moradores de Los Piletones se diz grata ao presidente, mas nem ali parece que ele conseguirá conquistar uma votação massiva na eleição marcada para 27 de outubro.

Após um processo de ajuste fiscal gradual criticado por parte dos economistas e atingida pela fuga de capital de países emergentes no ano passado, a Argentina amargará seu segundo ano consecutivo de recessão em 2019 - o terceiro do governo Macri (no primeiro ano de Macri na presidência, 2016, o PIB caiu 2,1%).

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O resultado econômico e, principalmente, a inflação se tornaram os grandes inimigos na tentativa de se reeleger. Nos últimos 12 meses, os preços no país avançaram 55,8% - patamar não registrado nem no período de sua antecessora, Cristina Kirchner. O aumento da média salarial foi de 42%. "Antes (na época de Cristina), eu vivia com a geladeira cheia e sempre tinha dez pesos (o equivalente a R$ 1 hoje) no bolso. Agora, não tenho nada. Preciso escolher entre comprar carne ou iogurte para as crianças. Nem leite para fazer pudim para os netos tenho", diz a dona de casa Romina de Greco, de 62 anos, moradora da viela.

Romina e o marido vivem com 5.600 pesos por mês (R$ 560), valor que ele recebe de ajuda do governo. Os dois conseguem trocados consertando bicicletas ou enchendo bolas e pneus para as crianças do bairro. Ainda que admita que a situação piorou nos últimos anos, ele votará em Macri.

"Ele construiu minha casa. Sou muito grata. Foi em 2013, ele estava na prefeitura e deu dinheiro para as paredes e janelas", afirma. Segundo Romina, antes da ajuda de Macri, ela vivia em uma casa sem banheiro. "Agora tenho chuveiro e água quente." Questionada se também votará no atual presidente, Anabella, uma das filhas de Romina, responde: "Vou ter, né?", sem mostrar entusiasmo.

A doação para a família de Romina veio por meio de Margarita Barrientos, que administra o restaurante popular de Los Piletones, além de outros projetos sociais da comunidade, e tem acesso fácil ao presidente. Sempre que faz campanha em bairros mais pobres, Macri visita Los Piletones e Margarita. Nos dois últimos Natais, fez questão de aparecer em fotos ali. A própria Margarita já admitiu que, com a crise, precisou aumentar o número de refeições servidas diariamente de 2,1 mil para 2,5 mil.

Promessas

Macri chegou ao poder no fim de 2015 com promessas ao mercado e à população. Em sua campanha, disse que adotaria políticas econômicas ortodoxas. Retiraria os subsídios em serviços como energia e transporte implementados por Cristina. Afirmou também que, com ele no comando, os investidores estrangeiros chegariam em massa ao país.

Suas políticas fracassaram e, agora, o populismo de esquerda, ao qual havia colocado fim, parece ter espaço. Na maioria das pesquisas de intenção de voto, Macri vinha aparecendo atrás de Cristina. A ex-presidente surpreendeu, há 20 dias, e anunciou sua candidatura a vice, com Alberto Fernández, um político peronista com o qual havia rompido, como cabeça de chapa. A ideia é que Fernández, tido como moderado, atraia votos indecisos.

Vizinha de Romina em Piletones, a gari Nancy Bravo, de 52 anos, é a eleitora que o kirchnerismo pretender atrair. Votante de Macri em 2015, está decepcionada. "Tinha muita fé em Macri. Mas agora parece que a Argentina está em um poço e não consegue voltar. Ele prometeu que tudo ficaria bem, mas o dólar disparou. Queria votar nele, mas a situação está muito difícil", diz ela, que recentemente abandonou o hábito de comer fora.

Nancy diz que, nos últimos anos, a qualidade de vida em Los Piletones melhorou. Com Macri na Casa Rosada e um de seus afilhados políticos - Horacio Rodríguez Larreta - na prefeitura de Buenos Aires, três parquinhos foram inaugurados e seguem bem conservados. Também foi construído um conjunto habitacional no fim da viela que começa no viaduto e desemboca num lago em que a água, parada, parece não ter oxigênio. Claramente, para os moradores, nada disso é mais importante do que uma inflação controlada.

Sentada ao sol, na calçada de uma rua recém pavimentada, Nancy conta que não quer ajudar a eleger a chapa kirchnerista. Se diz contra o projeto semelhante ao Bolsa Família, criado por Cristina, por considerar que leva as pessoas a não trabalharem. A filha de Nancy, porém, recebe a ajuda para quatro de seus cinco filhos. Ela também não come mais carnes, as substituiu por ensopados.

São argentinos como Nancy que devem decidir o resultado da eleição em outubro. Macri tem cerca de 30% dos eleitores fiéis a ele. Cristina tem mais 30%. Vencerá quem conseguir atrair os indecisos. Macri decidiu ser o candidato "anti-populismo", afirma o analista político Rosendo Fraga. Tem buscado apoio internacional para seu programa de estabilização da moeda com a intenção de controlar a inflação, seu principal foco. A questão é que a inflação acelerada pesa mais contra Macri do que os escândalos de corrupção contra o kirchnerismo.

"A economia é o determinante, sobretudo a inflação. Hoje isso está prejudicando Macri", diz Daniel Kerner, da consultoria de risco político Eurasia. Para Kerner, se as eleições fossem hoje, a chapa kirchnerista ganharia. Uma mudança nesse cenário depende do controle da inflação até outubro. "Alberto Fernández é mais moderado e menos populista que Cristina. Mas, durante a campanha, adotará um discurso populista", diz Kerner.

Em um bairro tão ligado ao macrismo, nem todos se sentem à vontade para declarar voto no kirchnerismo. Uma dona de casa diz que, na comunidade, apenas os que conseguem vaga para comer no restaurante popular de Margarita votam em Macri. Sem aposentadoria nem trabalho, aos 72 anos, ela vive da ajuda de vizinhos, almoça em outro restaurante popular da favela e diz que repetirá o voto de 2015. Apoiará o kirchnerismo.

Peronismo e penúria

La Matanza é o segundo maior município da Argentina, com dois milhões de habitantes e cerca de 4% do eleitorado do país, o equivalente a uma província de médio porte, como Tucumán. Governada pelo peronismo - corrente associada ao populismo na Argentina - desde o retorno da democracia ao país, em 1983, a cidade ficou famosa como a "capital nacional do peronismo".

La Matanza fica na região metropolitana de Buenos Aires, onde estão cidades mais pobres e com índices de violência mais elevados que a capital. Ali, trabalha o açougueiro Ángel Daviche, de 44 anos, que vem observando, mês após mês, suas vendas diminuírem.

O açougue em que Daviche trabalha vende hoje apenas as carnes mais baratas, de frango e porco. O estabelecimento já trabalhou com carne bovina, ainda que nunca tenha sido seu forte. Há oito meses, porém, não há mais sinais de carne de vaca no local.

A situação do açougue reflete a realidade argentina. Apesar de serem apaixonados por churrascos, os argentinos tiveram de reduzir o consumo nos últimos meses por causa dos preços. Segundo dados da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina (Ciccra), a média anual de consumo de carne bovina registrada entre janeiro e maio deste ano ficou em 50,5 quilos por habitante. É o menor número desde 2011, e representa uma queda de 12% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Na terça-feira, 4, a algumas quadra do açougue da Daviche, Roberto Basilota, de 61 anos, estacionou seu carrinho de pipoca e doces. Oito meses atrás, Basilota era um pequeno empresário dono de três lojas de colchões. Empregava 11 funcionários, todos recém-demitidos.

"Há uma grande decepção com a economia. Fazia algum tempo que eu já vendia pouco. Colchão é uma coisa cara", diz ele. Suas economias, cerca de 300 mil pesos (R$ 30 mil), foram todas para pagar os direitos trabalhistas dos empregados. Agora, vive com a aposentadoria de 11 mil pesos (R$ 1,1 mil) da mulher e consegue mais uns 700 pesos por dia com as vendas do seu carrinho. A filha de Basilota, que ajudava em uma das lojas, está desempregada e o genro, trabalhando como motorista de Uber.

Apesar da deterioração do seu padrão de vida no último ano, Basilota diz que votará em Macri. Para ele, os escândalos de corrupção do período Kirchner pesam mais que a crise econômica - pessoas como Basilota são a esperança de Macri. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã desta sexta-feira, 7, que foi dado na Argentina o primeiro passo em direção a uma moeda única no Mercosul. "É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui", disse ao deixar o hotel onde estava hospedado em Buenos Aires. Bolsonaro volta nesta manhã para o Brasil.

"Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes, ministro da Economia, nessa questão também", afirmou.

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Questionado sobre a possibilidade de o anúncio do projeto ser uma manobra eleitoral do governo de Mauricio Macri, Bolsonaro mudou de assunto e voltou a falar que ninguém quer que a América do Sul "flerte com o comunismo, o socialismo". "Infelizmente isso aconteceu na nossa querida Venezuela", disse.

Macri tentará a reeleição em outubro contra uma chapa formada por Cristina Kirchner, candidata à vice, e Alberto Fernández. Com a Argentina passando por mais uma crise econômica, a imagem de Macri está bastante abalada. O anúncio da moeda comum pode ser usado para melhorar sua popularidade.

Bolsonaro disse ainda que deixava como mensagem final aos argentinos um pedido para que Deus os ilumine nas eleições de outubro, repetindo o que já havia dito em duas ocasiões na quinta-feira (6). Em discursos ao lado de Macri, o dirigente brasileiro havia mostrado seu apoio a Macri.

O presidente disse também que tem uma proposta "embrionária" para que os países da América do Sul se reúnam com o presidente americano, Donald Trump. Ele não citou, porém, quais seriam os objetivos dessa reunião.

"Vamos agora costurar essa possibilidade dos países da América do Sul, de centro-direita, conversar com Trump."

STF

Bolsonaro parabenizou o Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão tomada nesta quinta-feira em plenário que permite a venda de subsidiárias estatais sem a necessidade de aprovação no Congresso.

"As empresas mãe ainda terão de passar pelo Parlamento. Não deixou de ser um avanço. Parabéns. Meus cumprimentos ao Supremo Tribunal Federal, que agiu com patriotismo, contrário à política anterior que havia no Brasil nessas questões econômicas. O viés ideológico para se fazer negócio vai deixando de existir", afirmou.

O presidente Jair Bolsonaro conclamou nesta quainta-feira (6) os argentinos a votar com responsabilidade nas eleições presidenciais marcadas para outubro. “Muita razão e menos emoção”, disse, acrescentando que o Brasil quer continuar parceiro do país vizinho “na economia e na liberdade”.

“Conclamo ao povo argentino, que Deus abençoe a todos eles, porque terão pela frente eleições, e todos têm que ter, assim como no Brasil, grande parte [dos eleitores] teve, muita responsabilidade, muita razão e menos emoção para decidir o futuro desse país maravilhoso que é a Argentina”, disse, na declaração conjunta lida ao lado do presidente Mauricio Macri.

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“Nós queremos continuar parceiros na economia e na liberdade, valor esse que não podemos abrir mão. Que os argentinos possam escolher o melhor, porque dessa forma teremos paz, prosperidade e alegrias entre nossos povos”, completou.

Em sua declaração, o presidente Mauricio Macri disse que, durante a conversa com Bolsonaro, eles ratificaram o compromisso de continuar trabalhando para restabelecer a democracia na Venezuela e fortalecer as instituições e os sistemas democráticos de Brasil e Argentina.

Crise

Em meio a um agravamento da crise econômica da Argentina, Macri anunciou que tentará sua reeleição em outubro. Em declarações recentes, o presidente brasileiro tem criticado a possibilidade de setores de esquerda voltarem ao poder no país. Hoje (6), em visita oficial ao país, Bolsonaro reafirmou que “toda a América do Sul está preocupada que não tenhamos novas Venezuelas na região”, em menção à grave crise venezuelana e ao governo de Nicolás Maduro.

A ex-presidente Cristina Kirchner, que governou antes de Macri, já anunciou a candidatura a vice-presidente na chapa que será liderada pelo peronista Alberto Fernández, que foi seu chefe de gabinete no mandato anterior.

Mercosul

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Buenos Aires por volta das 11h. Em seguida, participou de cerimônia de deposição de flores na Praça de San Martín, em memória dos mortos em combate nas lutas pela independência da Argentina. O encontro com o presidente Macri e a reunião ampliada com as equipes ministeriais dos dois países aconteceram na Casa Rosada, sede do Executivo argentino.

Bolsonaro elogiou a atuação de Macri na negociação do acordo entre Mercosul e União Europeia e, de acordo com o argentino, o acordo trará oportunidades que permitirão dar novo dinamismo aos mercados dos países do bloco sul-americano.

Além do Mercosul, os dois presidentes conversaram sobre questões de interesse entre os países, como o combate ao crime organizado, logística, ciência e tecnologia, empreendedorismo e integração energética e energias renováveis. O presidente brasileiro citou ainda a possibilidade de construção de duas hidrelétricas na divisa entre o Rio Grande do Sul e a Argentina.

Bolsonaro se reúne ainda hoje com a cúpula do Congresso argentino e também com o presidente da Suprema Corte de Justiça do país, Carlos Rosenkrantz. Ele também deve participar do encerramento de um seminário sobre indústria de defesa e se encontrar com empresários na embaixada brasileira em Buenos Aires.

O retorno da comitiva presidencial ao Brasil está previsto para a manhã de sexta-feira (7).

 

O presidente Jair Bolsonaro deve discutir a eleição na Argentina com o presidente do país, Mauricio Macri, que tentará a recondução ao cargo em outubro deste ano. A informação é do porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros. Bolsonaro embarca a Buenos Aires na manhã desta quinta-feira, 6.

Questionado se Bolsonaro tratará da corrida presidencial com Macri durante visita oficial à Argentina, Rêgo Barros confirmou. "Sim. O presidente (Bolsonaro) está indo ao encontro de Macri no momento em que ele está no meio de um processo eleitoral", disse o porta-voz em entrevista a jornalistas.

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Rêgo Barros reforçou o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro de que é contra a eleição de candidatos de esquerda na América do Sul. Bolsonaro vem criticando a eventual eleição da ex-presidente Cristina Kirchner, que integra chapa de oposição ao governo de Macri como candidata a vice.

"O presidente é a favor de governos de países que compactuam com os mesmos valores, valores estes que são fortalecidos pela democracia, pelo valor do livre mercado e das liberdades individuais que o Brasil tanto lutou para conseguir a partir da eleição do presidente Jair Bolsonaro. Já declarou também por diversas vezes o desejo de que a esquerda não retome o poder no nosso subcontinente sul-americano, como vemos hoje ainda na Venezuela", disse Rêgo Barros.

Em sua primeira viagem oficial à Argentina, a previsão é que Bolsonaro chegue em Buenos Aires por volta das 10h. Após recepção na praça San Martín, terá encontro privado com Macri na Casa Rosada, sede do governo argentino, que será seguido de uma reunião ampliada com ministros dos dois países.

Segundo a agenda divulgada pelo Itamaraty, Bolsonaro e Macri devem fazer uma declaração conjunta à Imprensa às 12h40. No início da tarde, almoçarão juntos no Museu Bicentenário.

Uma das promessas de campanha de Mauricio Macri na corrida eleitoral argentina de 2015 foi "pobreza zero". A nove meses da próxima eleição presidencial, os números estão mais distantes da meta do que antes de ele chegar à Casa Rosada. A parcela da população do país classificada como pobre passou de 29,2%, no terceiro trimestre de 2015, para 33,6% no mesmo período de 2018.

A economia argentina começou a degringolar há pouco mais de um ano, com barbeiragens na condução da política monetária, e se acentuou com o aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos, que tornou os títulos americanos mais atraentes para os investidores e os papéis de países emergentes, menos interessantes.

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O efeito acabou sendo sentido em toda Argentina e, na comunidade de Los Piletones, uma da mais pobres de Buenos Aires, o resultado foi um aumento de 20% na demanda por comida no restaurante popular e uma redução de 30% nas doações que o sustentam. O estabelecimento oferece almoço e jantar de graça. É só entrar na fila.

Margarita Barrientos, responsável pelo restaurante de Los Piletones, é uma das ativistas sociais mais conhecidas da Argentina, principalmente por ser uma grande apoiadora do presidente Macri. Quando era prefeito de Buenos Aires, ele costumava doar parte de seu salário para o restaurante.

Apesar da proximidade e de afirmar que votará em Macri na próxima eleição, Margarita admite perceber no seu dia a dia o aumento da pobreza no país. Até junho do ano passado ela servia 2,1 mil refeições diárias. No segundo semestre teve de aumentar para 2,5 mil.

"Na época de (Raúl) Alfonsín (presidente entre 1983 e 1989) e de Fernando de la Rúa (presidente entre 1999 e 2001) também foi difícil. Ainda pior", afirma quando questionada sobre a última vez em que passou por situação semelhante. "Mas, em 2012 (no governo de Cristina Kirchner), chegamos a 2,7 mil refeições por dia", acrescenta. "A pobreza vem de anos, mas antes escondiam os índices enquanto as pessoas passavam fome", diz.

O sociólogo Juan Ignacio Bonfiglio, da Universidade Católica da Argentina, responsável pelos indicadores de pobreza, afirma que o número de pobres no país possivelmente cresceu ainda mais no fim de 2018, em decorrência da inflação acelerada e da consequente perda de poder de compra do trabalhador. Um alívio, entretanto, é esperado para os próximos meses, com os reajustes salariais. "Mas provavelmente não voltaremos à situação de 2017", diz. "O nível de incertezas é elevado, mas não há um cenário para uma melhora significativa."

Em 2017, quando o PIB avançou 2,9%, a pobreza retrocedeu 4,1 pontos porcentuais. Para este ano, porém, a projeção é de queda na economia e, ainda que haja um recuo na pobreza da mesma magnitude de 2017, ela continuará mais alta do que era antes de Macri assumir.

Segundo o economista Andrés Borenstein, do BTG na Argentina, a queda do PIB deve começar a se desacelerar nos próximos meses, sobretudo com a ajuda do setor energético e a recuperação da produção agrícola. No ano passado, uma seca recorde dizimou a colheita. A projeção para a economia neste ano ainda é de retração, de 1% a 1,5%, mas acompanhada de uma inflação mais moderada, de 25%. Em 2018, a desvalorização do peso em mais de 50% e a retirada de subsídios governamentais de serviços como transporte e energia fizeram com que a inflação chegasse a 47,6%, a maior desde 1991. Esse panorama econômico - estimativas apontam para queda de 2,6% no PIB em 2018 - levou a oposição a apelidar a recessão de "Macrisis".

Para Borenstein, no entanto, não é possível afirmar que o ajuste gradual adotado por Macri seja o grande responsável pela crise. Há economistas que apontam que o problema dos déficits fiscal e corrente (que engloba comércio internacional e movimentação de rendas) fez os investidores fugirem do país assim que a taxa de juros aumentou nos EUA. "Não havia respaldo político para ir mais rápido", diz o economista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em visita ao Brasil, a primeira após a posse de Jair Bolsonaro, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, chamou na quarta-feira (16) de "ditadura" o regime de Nicolás Maduro e afirmou que o líder venezuelano "zomba" da democracia e se perpetua no poder com "eleições fictícias". Bolsonaro evitou declarações mais fortes em relação à Venezuela, mas disse haver convergência de ideias com o presidente argentino.

Maduro assumiu no início do mês um segundo mandato, considerado ilegítimo pelos EUA, União Europeia e vários países latino-americanos. No discurso que fez no Palácio do Planalto, Macri afirmou que a única instituição legítima da Venezuela é a Assembleia Nacional, dominada pela oposição. "Estamos preocupados com a ditadura de Nicolás Maduro. Não aceitamos essa zombaria à democracia e essa tentativa de vitimização, quando na verdade eles são os algozes", discursou. "A comunidade internacional já percebeu que Maduro se perpetua no poder com eleições fictícias. É uma situação desesperadora."

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Ao falar sobre o assunto, Bolsonaro declarou que há convergência de posições e identidade de valores entre os governos brasileiro e argentino. De acordo com o presidente brasileiro, isso promove uma atuação em defesa da liberdade e da democracia na América Latina.

"Nossa cooperação na questão da Venezuela é o exemplo mais claro no momento. As conversas com o presidente Macri só fazem reforçar minha convicção de que o relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá avançando no rumo certo: o rumo da democracia, da liberdade e da segurança e também do desenvolvimento", disse o brasileiro.

Macri desembarcou em Brasília na manhã de ontem acompanhado de uma comitiva de ministros de Estado argentinos. Ele não havia comparecido à posse de Bolsonaro, no dia 1º, e foi bastante criticado por ter preferido passar as festas de fim de ano com a família na Patagônia.

Brasil e Argentina são dois protagonistas do Grupo de Lima, que inclui outros 11 países que não reconhecem o novo mandato de Maduro e fazem pressão diplomática pelo fim do regime chavista na Venezuela - na semana passada, o governo paraguaio chegou a romper relações diplomáticas com Caracas.

Entre outras ações, o Grupo de Lima condenou, na segunda-feira, a prisão do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó - que foi liberado no fim de semana, após se declarar presidente interino do país.

Os países da região também articulam um bloco que substitua a Unasul e ajude a isolar ainda mais o regime venezuelano. O México, agora liderado pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador, é o único país da aliança que ainda resiste a intensificar a pressão sobre a Venezuela.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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