Tópicos | Maeve Jinkings

Estreia no dia 23 de setembro, às 21h30, no Canal Brasil - emissora de TV a cabo -, a série Lama dos Dias. Dirigida por Hilton Lacerda, um dos grandes nomes do cinema pernambucano; e Hélder Aragão, mais conhecido como DJ Dolores, o seriado pretende ilustrar, em sete capítulos, o Recife que fez surgir, no ano de 1990, o movimento Mangue. 

Longe de ser um documentário, mas sim uma obra de ficção, Lama dos Dias se baseia na atmosfera cultural daquela época. A partir do cenário que se instalou na capital pernambucana, no fim do século 20, em um contexto de redemocratização pós-ditadura em que vivia o país, a cidade viu surgir o Manguebit, movimento que revolucionou a cultural local, em seus mais diversos âmbitos, e alçou Pernambuco ao posto de celeiro da cultura musical contemporânea. 

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A atração pretende mostrar os detalhes deste período a partir de dois núcleos principais: a trajetória da banda fictícia Psicopasso e um grupo de amigos de uma universidade frequentadores da cena musical local. No elenco, atores experientes, como Maeve Jinkings e Julio Machado dividem a cena com principiantes como Débora Leão, a Negrita MC; Enio Damasceno; Edson Vogue; o pianista Vítor Araújo; Louise França - filha de Chico Science; e Roger de Renor. 

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O cinema é social em quaisquer de suas arestas e o "Janela" sabe muito bem disso. Assim, o festival segue cumprindo o papel de projetar, mais do que entretenimento, filmes que possam e/ou podem servir de instrumento para o debate, a constatação ou conscientização do real, mesmo através do fantástico e mesmo que não haja nada de fantástico na realidade projetada. Na noite desta segunda (06), os filmes que fecharam mais uma noite do do evento cinematográfico no São Luiz resgataram a genealogia da escravidão, evidenciando suas heranças e convidando à resistência.

Repetindo a parceria de "Amor, Plástico e Barulho", agora no posto de direção, Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira apresentaram "Açúcar". O filme pernambucano remete à tensão entre herdeiros de grandes engenhos de cana de açúcar e a população que vive nas redondezas, descendentes, em sua maioria, de escravos que trabalharam nos engenhos. Maeve Jinkings é quem faz Maria Bethânia, a herdeira das terras dos Wanderley. O longa faz uso do realismo fantástico para narrar uma jornada curta em que a personagem repete o arquétipo de seus ancestrais, senhores de engenho.

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Mesmo que esteja longe de ostentar a condição social dos familiares imortalizados nas fotos antigas, Bethânia enxerga no orgulho da posse da terra e no menosprezo fetichizado à pele, carne e cultura de origem afro, uma ou a forma de "ser quem ela é", melhor, ser quem eles sempre foram. A ideia de que o descendente de escravo nunca, de fato, emancipou-se do passado, perpassa o filme e atinge a espinha dorsal da 'lógica' que ainda subsiste em muitas áreas das Zonas da Mata, por exemplo. "Açúcar", então, é bem sucedido no que tange à clareza de seu discurso e ainda traz sequências esteticamente interessantes como a de um barco a vela que simbolicamente navega por um canavial. Os elementos que ligam a narrativa ao campo da religiosidade, entretanto, são menos eficientes e aparentemente servem como resoluções mais fáceis ao roteiro. Ainda assim, há muito do que se extrair desse "Açúcar", muito mais próximo do amargor que da doçura. 

Já "O nó do Diabo" é uma antologia de horror formada por cinco curtas que giram em torno de uma propriedade de terra onde a matança de negros e negras acontecia, acontece. O filme paraibano mostra recortes datados em 2018, 1987, 1921, 1871 e 1818. O elo do nó é Fernando Texeira (Aquarius), que faz o dono das terras - como se imortal fosse ou como se a diabólica "tradição" assim o fizesse. A antologia parte da favelização, que acomete em massa a população negra, mesmo no interior, e busca raízes para essas e outras máculas, sempre sob a alcunha do cinema de gênero e no lançar mão das mais diversas convensões do horror clássico, com direito a jumpscares e tudo. 

Os curtas se alternam em ritmo, até por terem sido dirigidos por cineastas diferentes, e isso prejudica um pouco a experiência do todo. Mas o filme tem um bom número de boas ideias e, acima de tudo, se encerra sob uma forte aura de resistência que parece tentar trazer esperança a um povo que já foi humilhado, torturado, exterminado, mas, sim, continua resistindo. Isso mesmo que esqueçam de sua história. Isso mesmo que usem a palavra vitimismo para legitimar preconceito. Isso mesmo que ataquem com toda sorte de horrores. Ainda bem que o cinema continua sendo social em quaisquer de suas arestas e Janelas.          

                                                                  PROGRAMAR PARA 12H15

O curta-metragem pernambucano Sem Coração é o único representante do Brasil no Festival de Cannes 2014. Dirigido por Nara Normande e Tião, o filme participa da mostra Quinzena dos Realizadores.

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Sem Coração conta a história de Léo, um adolescente de classe média urbana que vai passar férias na casa de um primo, numa pequena vila pesqueira. Durante sua estadia, o rapaz conhece uma menina chamada "Sem Coração".

Os dias na praia proporcionam a Léo novas descobertas, abordando no curta a importância de experiências ainda não vividas. Os atores principais são todos estreantes no cinema: Eduarda Samara (Sem Coração), de 14 anos; Rafael Nicácio (Léo), 15; e Ricardo Lavenère (Vitinho, o primo), de 14. A preparação dos atores foi realizada por Maeve Jinkings (O Som ao Redor).

O curta-metragem foi rodado em sua maior parte no litoral norte de Alagoas, entre as cidades de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. Os atores principais foram selecionados em testes realizados nesse Estado.

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