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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso rejeitou, no domingo (6), uma nova "interpretação criativa" da Constituição ao votar contra a possibilidade de reeleição para os cargos de comando na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Ele foi um dos sete a barrar os planos do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) de tentar novos mandatos na presidência das Casas em fevereiro de 2021. Ele rejeitou a tese de que a questão é "puramente política" e deveria ser resolvida pelo Congresso.

"Entendo não ser possível a recondução de presidente de casa legislativa ao mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, porque esse é o comando constitucional vigente", resumiu o ministro. "Admitir a reeleição para a mesma legislatura faria com que o art. 57, § 4º ficasse totalmente esvaziado, não se aplicando a situação alguma. E a regra na interpretação constitucional é a de que não existem normas inúteis."

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Em seu voto, Barroso disse ter considerado todas as soluções cogitáveis "com a mente aberta". Porém, terminou por manter a expressa proibição prevista no artigo 57 da Constituição.

Barroso disse que o Congresso vem interpretando que não há vedação quando um parlamentar exerce mandato-tampão ou quando ocorre troca de legislatura. Ele chamou as regras vigentes - já questionadas por parlamentares no Supremo, mas não alteradas - de "interpretação criativa". Porém, disse ser "perfeitamente possível reconhecer, em ambas as hipóteses, a formação de um costume constitucional", pois estão vigentes há cerca de 20 anos.

"Não é possível a recondução dos presidentes das casas legislativas para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura. Eventual reconhecimento de uma mutação constitucional tem como limite as possibilidades semânticas do texto", escreveu o ministro. "Não viola a Constituição a interpretação que vem sendo dada pelo Congresso Nacional de admitir a recondução em caso de prévio exercício de mandato-tampão ou de eleição ocorrida em nova legislatura."

O ministro disse que não considera o debate sobre a reeleição no Legislativo uma cláusula pétrea. Ponderou, no entanto, que uma mudança deve vir por meio de proposta de emenda à Constituição (PEC), votada no Congresso.

"Considero legítimo - sobretudo enquanto perdurar a possibilidade de reeleição para a chefia do Poder Executivo - que os presidentes das casas legislativas possam ser reeleitos por uma vez para a legislatura subsequente, se o Congresso Nacional assim desejar. Mas deverá manifestar sua vontade pela via formal da emenda à Constituição", afirmou Barroso.

"É compreensível o sentimento de que existe uma assimetria no sistema constitucional dos Poderes ao não se permitir uma recondução dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Essa tese, embora atraente, não supera duas dificuldades. A primeira delas é que, posteriormente à EC 16/1997 (emenda da reeleição para presidente da República), o § 4º do art. 57 foi objeto da Emenda Constitucional nº 50/2006, que manteve a vedação de reeleição na mesma legislatura. Logo, tendo modificado a redação do dispositivo, o Congresso não quis alterar o tratamento que ele dava ao tema. A segunda dificuldade é que a literalidade de um texto não é a única ou a melhor forma de interpretá-lo, mas as possibilidades semânticas que o texto oferece figuram como limite ao papel do intérprete", acrescentou.

Em um julgamento histórico, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram na madrugada desta sexta-feira (4) para permitir uma eventual reeleição dos atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O entendimento foi acompanhado pelo ministro Ricardo Lewandowski na manhã desta sexta-feira, 4. Na prática, os votos abrem caminho para que Maia e Alcolumbre concorram à reeleição em fevereiro de 2021, quando está marcada a eleição da cúpula do Congresso. Maia nega ser candidato a disputar mais dois anos à frente da Casa.

Relator da ação do PTB que discute a controvérsia, Gilmar Mendes escreveu um longo voto de 64 páginas, em que entende que os membros do Congresso podem até discutir o tema e deliberar sobre o assunto internamente, desde que observado em qualquer caso, o limite de uma única reeleição ou recondução sucessiva ao mesmo cargo.

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No entanto, para Gilmar Mendes a regra de permitir apenas uma reeleição deve valer apenas a partir de agora, por conta do princípio da "anualidade" - para o ministro, não se pode mudar as regras do jogo faltando menos de um ano para o pleito. Dessa forma, o voto do relator permite que Maia (que já está no terceiro mandato consecutivo à frente da Câmara) dispute mais dois anos no comando da Casa.

"O tema foi posto, e cabe ao Tribunal decidir. Decidiremos, entretanto, acerca da constitucionalidade de dispositivos regimentais que tratam sobre a composição da mesa das Casas do Congresso Nacional. Não decidiremos acerca de quem vai compor a próxima mesa: para tanto é preciso de votos no Parlamento, e não no plenário deste Supremo Tribunal Federal. Na eleição de Mesa do Poder Legislativo, é a maioria parlamentar que define quem ‘fala pela Casa’, não um acórdão", escreveu Gilmar Mendes.

O Supremo iniciou nesta sexta-feira o julgamento sobre a controvérsia no plenário virtual da Corte, uma ferramenta que permite a análise de casos pelos magistrados longe dos holofotes da TV Justiça - e dos olhos da opinião pública. Na plataforma, os ministros apenas depositam seus votos no sistema eletrônico, sem discussões ou troca de ideias entre si.

Terceiro ministro a votar em plena madrugada, Nunes Marques votou contra uma eventual candidatura de Maia à reeleição. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo, o ministro novato concordou com Toffoli, Alexandre e Gilmar no sentido de que só pode ser permitida uma única recondução, mas concluiu que esse entendimento deve valer já agora. Ou seja, o voto de Nunes Marques proíbe que Maia comande a Câmara por mais dois anos - mas autoriza a campanha à reeleição de Alcolumbre, já que o senador ainda está no primeiro mandato.

"Se o presidente da República pode ser reeleito uma única vez - corolário do princípio democrático e republicano - por simetria e dever de integridade, este mesmo limite deve ser aplicado aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal", escreveu Nunes Marques em seu voto.

Transparência

O julgamento está previsto para acabar no dia 14 de dezembro, mas pode ser interrompido a qualquer momento caso algum integrante da Corte peça vista (mais tempo para análise) ou destaque. Ainda faltam ser computados oito votos.

No caso de destaque, o julgamento não apenas seria interrompido, como acabaria retirado do plenário virtual - e teria de retornar no plenário "físico", nas tradicionais sessões plenárias do STF, agora realizadas por videoconferência. É isso o que pediram o PTB (autor da ação) e outros três partidos: PP, Podemos e Rede Sustentabilidade.

PP, Podemos e Rede querem que a ação seja julgada no plenário "físico", "com a maior transparência, publicidade, participação social e escrutínio público possíveis". Na avaliação de integrantes da Corte ouvidos pela reportagem, as maiores chances de o Supremo abrir caminho para uma eventual candidatura à reeleição de Maia e Alcolumbre estão no plenário virtual, e não no plenário físico. Isso porque, nas sessões transmitidas ao vivo, os magistrados poderiam mudar o voto sob pressão da opinião pública.

Ofensiva

Na última terça-feira, líderes do Centrão lançaram numa ofensiva para barrar a possibilidade de o Supremo abrir caminho para uma eventual reeleição de Maia e Alcolumbre. Intitulado "Carta à Nação Brasileira e ao Supremo Tribunal Federal", o documento foi preparado pelo Progressistas do deputado federal Arthur Lira (AL), um dos pré-candidatos à eleição na Câmara.

Principal adversário do grupo comandado por Maia, Lira é o chefe do Centrão e tem hoje o apoio do presidente Jair Bolsonaro para a sucessão na Câmara.

Conforme informou o Estadão nesta quinta-feira, Lira esteve à frente de um esquema milionário de "rachadinha" quando integrou a Assembleia Legislativa de Alagoas, segundo acusação do Ministério Público Federal. Documentos até então sigilosos obtidos pela reportagem indicam desvio, entre 2001 e 2007, de R$ 254 milhões dos cofres públicos. Somente o líder do Centrão movimentou R$ 9,5 milhões em sua conta. As informações estão em uma ação penal que Lira ainda responde na Justiça estadual. Ele já foi condenado pelo caso na esfera cível.

Alerta

Um dos temores dentro do STF com a sucessão na Câmara e no Senado é o de que nomes mais imprevisíveis e automaticamente alinhados a Jair Bolsonaro assumam o comando das duas Casas, o que poderia resultar em retaliações contra o Poder Judiciário, como a abertura da CPI da Lava Toga e até mesmo a votação de pedidos de impeachment de ministros do tribunal. Até agora, Alcolumbre tem resistido à pressão de senadores da ala "lavajatista".

Integrantes do Supremo também avaliam que deixar com os próprios parlamentares a palavra final sobre a reeleição na Câmara e no Senado pouparia a Corte do desgaste político de interferir numa questão interna, com potencial de criar novo desgaste na já tumultuada relação entre Judiciário e Legislativo.

O próprio discurso do presidente do STF, ministro Luiz Fux, ao assumir o comando do tribunal, no dia 10 de setembro, deixou nas entrelinhas sua disposição de não intervir no assunto.

"Alguns grupos de poder que não desejam arcar com as consequências de suas próprias decisões acabam por permitir a transferência voluntária e prematura de conflitos de natureza política para o Poder Judiciário, instando os juízes a plasmarem provimentos judiciais sobre temas que demandam debate em outras arenas", observou Fux na ocasião.

A votação da reforma tributária se transformou em um "jogo de pôquer" no rastro da briga política pela sucessão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Apontada como a principal reforma para acelerar o crescimento da economia, a proposta de mudança do sistema tributário está sendo usada como instrumento de medição de forças para a eleição que acontece só no início de fevereiro.

A aposta da ala política do governo, que apoia a candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL), é que Maia blefou quando disse que tinha 320 votos para aprovar a proposta até o fim do ano (são necessários 308).

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Se for levada adiante, a votação pode acabar virando uma prova de fogo para explicitar os votos que Maia conta para o seu candidato à presidência da Câmara ou para a sua própria candidatura, caso julgamento no Supremo Tribunal Federal que começa hoje abra caminho para a sua reeleição.

Em meio ao clima azedo dos bastidores, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), usou um evento ontem à noite para referendar o apoio do Executivo à aprovação da reforma tributária. "Maia quer votar a tributária, nós votamos com ele", disse Barros. "Quando tem acordo, votamos rapidamente", afirmou.

Apesar do tom conciliador, a fala do líder do governo é vista ainda com desconfiança por apoiadores da Proposta de Emenda Constitucional (PEC-45), de autoria do líder do MDB, Baleia Rossi (SP). Já governistas creditam na conta de Maia uma estratégia de usar a reforma para estender a sua influência e protagonismo na eleição.

O próprio Barros avisou a Maia que o governo "topa" votar a reforma. Em nota, disse que a aprovação da reforma tributária é uma das prioridades do governo Bolsonaro e que o Executivo aguarda relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para emitir seu parecer oficial. Ao Estadão, Aguinaldo disse que tem convicção da disposição dos parlamentares em votar a proposta, que, segundo ele, é de Estado e não de governo. "Não entro nessa disputa mesquinha. Eu tenho outra visão, é briga de menino buchudo, como a gente diz na Paraíba. Estamos num outro patamar de compromisso com o País".

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu o impasse político em torno da reforma. "Esse desentendimento político envolvendo a disputa da presidência da Câmara, a conversa está parcialmente interrompida. O eixo governista quer a aprovação do Banco Central independente e da reforma administrativa, que já está lá, e o relator e o presidente da Câmara preferem começar a tributária agora", disse. Segundo Guedes, os setores de saúde, educação e transportes terão alíquotas menores no futuro imposto que será criado. (Colaboraram Eduardo Laguna e Eduardo Rodrigues)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em um julgamento histórico, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram, na madrugada desta sexta-feira (4), para permitir uma eventual reeleição dos atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O entendimento foi acompanhado pelo ministro Ricardo Lewandowski no período da manhã.

Na prática, os votos abrem caminho para que Maia e Alcolumbre concorram à reeleição em fevereiro de 2021, quando está marcada a eleição da cúpula do Congresso. Maia nega ser candidato a disputar mais dois anos à frente da Casa.

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Relator da ação do PTB que discute a controvérsia, Gilmar Mendes escreveu um longo voto de 64 páginas, em que entende que os membros do Congresso podem até discutir o tema e deliberar sobre o assunto internamente, desde que observado em qualquer caso, o limite de uma única reeleição ou recondução sucessiva ao mesmo cargo.

No entanto, para Gilmar Mendes a regra de permitir apenas uma reeleição deve valer apenas a partir de agora, por conta do princípio da "anualidade" - para o ministro, não se pode mudar as regras do jogo faltando menos de um ano para o pleito. Dessa forma, o voto do relator permite que Maia (que já está no terceiro mandato consecutivo à frente da Câmara) dispute mais dois anos no comando da Casa.

"O tema foi posto, e cabe ao Tribunal decidir. Decidiremos, entretanto, acerca da constitucionalidade de dispositivos regimentais que tratam sobre a composição da mesa das Casas do Congresso Nacional. Não decidiremos acerca de quem vai compor a próxima mesa: para tanto é preciso de votos no Parlamento, e não no plenário deste Supremo Tribunal Federal. Na eleição de Mesa do Poder Legislativo, é a maioria parlamentar que define quem 'fala pela Casa', não um acórdão", escreveu Gilmar Mendes.

O Supremo iniciou nesta sexta-feira o julgamento sobre a controvérsia no plenário virtual da Corte, uma ferramenta que permite a análise de casos pelos magistrados longe dos holofotes da TV Justiça - e dos olhos da opinião pública. Na plataforma, os ministros apenas depositam seus votos no sistema eletrônico, sem discussões ou troca de ideias entre si.

Terceiro ministro a votar em plena madrugada, Nunes Marques votou contra uma eventual candidatura de Maia à reeleição. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo, o ministro novato concordou com Toffoli, Alexandre e Gilmar no sentido de que só pode ser permitida uma única recondução, mas concluiu que esse entendimento deve valer já agora. Ou seja, o voto de Nunes Marques proíbe que Maia comande a Câmara por mais dois anos - mas autoriza a campanha à reeleição de Alcolumbre, já que o senador ainda está no primeiro mandato.

"Se o presidente da República pode ser reeleito uma única vez - corolário do princípio democrático e republicano - por simetria e dever de integridade, este mesmo limite deve ser aplicado aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal", escreveu Nunes Marques em seu voto.

Transparência

O julgamento está previsto para acabar no dia 14 de dezembro, mas pode ser interrompido a qualquer momento caso algum integrante da Corte peça vista (mais tempo para análise) ou destaque. Ainda faltam ser computados oito votos.

No caso de destaque, o julgamento não apenas seria interrompido, como acabaria retirado do plenário virtual - e teria de retornar no plenário "físico", nas tradicionais sessões plenárias do STF, agora realizadas por videoconferência. É isso o que pediram o PTB (autor da ação) e outros três partidos: PP, Podemos e Rede Sustentabilidade.

PP, Podemos e Rede querem que a ação seja julgada no plenário "físico", "com a maior transparência, publicidade, participação social e escrutínio público possíveis".

Na avaliação de integrantes da Corte ouvidos pela reportagem, as maiores chances de o Supremo abrir caminho para uma eventual candidatura à reeleição de Maia e Alcolumbre estão no plenário virtual, e não no plenário físico. Isso porque, nas sessões transmitidas ao vivo, os magistrados poderiam mudar o voto sob pressão da opinião pública.

Ofensiva

Na última terça-feira, líderes do Centrão lançaram numa ofensiva para barrar a possibilidade de o Supremo abrir caminho para uma eventual reeleição de Maia e Alcolumbre. Intitulado "Carta à Nação Brasileira e ao Supremo Tribunal Federal", o documento foi preparado pelo Progressistas do deputado federal Arthur Lira (AL), um dos pré-candidatos à eleição na Câmara.

Principal adversário do grupo comandado por Maia, Lira é o chefe do Centrão e tem hoje o apoio do presidente Jair Bolsonaro para a sucessão na Câmara.

`Rachadinha'

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira, 3, Lira esteve à frente de um esquema milionário de "rachadinha" quando integrou a Assembleia Legislativa de Alagoas, segundo acusação do Ministério Público Federal.

Documentos até então sigilosos obtidos pela reportagem indicam desvio, entre 2001 e 2007, de R$ 254 milhões dos cofres públicos. Somente o líder do Centrão movimentou R$ 9,5 milhões em sua conta.

As informações estão em uma ação penal que Lira ainda responde na Justiça estadual. Ele já foi condenado pelo caso na esfera cível.

Alerta

Um dos temores dentro do STF com a sucessão na Câmara e no Senado é o de que nomes mais imprevisíveis e automaticamente alinhados a Jair Bolsonaro assumam o comando das duas Casas, o que poderia resultar em retaliações contra o Poder Judiciário, como a abertura da CPI da Lava Toga e até mesmo a votação de pedidos de impeachment de ministros do tribunal. Até agora, Alcolumbre tem resistido à pressão de senadores da ala "lavajatista".

Integrantes do Supremo também avaliam que deixar com os próprios parlamentares a palavra final sobre a reeleição na Câmara e no Senado pouparia a Corte do desgaste político de interferir numa questão interna, com potencial de criar novo desgaste na já tumultuada relação entre Judiciário e Legislativo.

O próprio discurso do presidente do STF, ministro Luiz Fux, ao assumir o comando do tribunal, no dia 10 de setembro, deixou nas entrelinhas sua disposição de não intervir no assunto.

"Alguns grupos de poder que não desejam arcar com as consequências de suas próprias decisões acabam por permitir a transferência voluntária e prematura de conflitos de natureza política para o Poder Judiciário, instando os juízes a plasmarem provimentos judiciais sobre temas que demandam debate em outras arenas", observou Fux na ocasião

Em um julgamento histórico, com previsão de durar uma semana, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram, na madrugada desta sexta-feira (4), para permitir uma eventual reeleição dos atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na prática, o voto dos dois ministros abre caminho para que Maia e Alcolumbre concorram à reeleição em fevereiro de 2021, quando está marcada a eleição da cúpula do Congresso. Maia nega ser candidato a disputar mais dois anos à frente da Casa.

Relator da ação do PTB que discute a controvérsia, Gilmar Mendes escreveu um longo voto de 64 páginas, em que entende que os membros do Congresso podem até discutir o tema e deliberar sobre o assunto, desde que observado em qualquer caso, o limite de uma única reeleição ou recondução sucessiva ao mesmo cargo.

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No entanto, para Gilmar Mendes a regra de permitir apenas uma reeleição deve valer apenas a partir de agora, por conta do princípio da "anualidade" - para o ministro, não se pode mudar as regras faltando menos de um ano para o pleito. Dessa forma, o voto do ministro permite que Maia (que já está no terceiro mandato consecutivo) dispute mais dois anos à frente da Câmara.

O Supremo iniciou nesta sexta-feira o julgamento sobre a controvérsia no plenário virtual da Corte, uma ferramenta que permite a análise de casos pelos magistrados longe dos holofotes da TV Justiça - e dos olhos da opinião pública. Na plataforma, os ministros apenas depositam seus votos no sistema eletrônico, sem discussões ou troca de ideias entre si.

"O tema foi posto, e cabe ao Tribunal decidir. Decidiremos, entretanto, acerca da constitucionalidade de dispositivos regimentais que tratam sobre a composição da Mesa das Casas do Congresso Nacional. Não decidiremos acerca de quem vai compor a próxima Mesa: para tanto é preciso de votos no Parlamento, e não no Plenário deste Supremo Tribunal Federal. Na eleição de Mesa do Poder Legislativo, é a maioria parlamentar que define quem 'fala pela Casa', não um acórdão", escreveu Gilmar Mendes.

Terceiro ministro a votar em plena madrugada, Nunes Marques votou contra uma eventual candidatura de Maia e Alcolumbre à reeleição. Novato e indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Supremo, o ministro concordou com Toffoli e Gilmar Mendes no sentido de que só pode ser permitida uma única recondução, mas concluiu que esse entendimento deve valer já agora. Ou seja, o voto de Nunes Marques proíbe que Maia comande a Câmara por mais dois anos.

O julgamento está previsto para durar uma semana, mas pode ser interrompido a qualquer momento caso algum integrante da Corte peça vista (mais tempo para análise) ou destaque. Ainda faltam ser computados oito votos.

No caso de destaque, o julgamento não apenas seria interrompido, como acabaria retirado do plenário virtual - e teria de retornar no plenário "físico", nas tradicionais sessões plenárias do STF, agora realizadas por videoconferência. É isso o que pediram o PTB (autor da ação) e outros três partidos: PP, Podemos e Rede Sustentabilidade.

PP, Podemos e Rede querem que a ação seja julgada no plenário "físico", "com a maior transparência, publicidade, participação social e escrutínio público possíveis". Na avaliação de integrantes da Corte ouvidos pela reportagem, as maiores chances de o Supremo abrir caminho para uma eventual candidatura à reeleição de Maia e Alcolumbre estão no plenário virtual, e não no plenário físico. Isso porque, nas sessões transmitidas ao vivo, os magistrados poderiam mudar o voto sob pressão da opinião pública.

Ofensiva

Na última terça-feira, líderes do Centrão lançaram numa ofensiva para barrar a possibilidade de o Supremo abrir caminho para uma eventual reeleição de Maia e Alcolumbre. Intitulado "Carta à Nação Brasileira e ao Supremo Tribunal Federal", o documento foi preparado pelo Progressistas do deputado federal Arthur Lira (AL), um dos pré-candidatos à eleição na Câmara.

Principal adversário do grupo comandado por Maia, Lira é o chefe do Centrão e tem hoje o apoio do presidente Jair Bolsonaro para a sucessão na Câmara.

`Rachadinha'

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira, 3, Lira esteve à frente de um esquema milionário de "rachadinha" quando integrou a Assembleia Legislativa de Alagoas, segundo acusação do Ministério Público Federal. Documentos até então sigilosos obtidos pela reportagem indicam desvio, entre 2001 e 2007, de R$ 254 milhões dos cofres públicos.

Somente o líder do Centrão movimentou R$ 9,5 milhões em sua conta. As informações estão em uma ação penal que Lira ainda responde na Justiça estadual. Ele já foi condenado pelo caso na esfera cível.

Alerta

Um dos temores dentro do STF com a sucessão na Câmara e no Senado é o de que nomes mais imprevisíveis e automaticamente alinhados a Jair Bolsonaro assumam o comando das duas Casas, o que poderia resultar em retaliações contra o Poder Judiciário, como a abertura da CPI da Lava Toga e até mesmo a votação de pedidos de impeachment de ministros do tribunal. Até agora, Alcolumbre tem resistido à pressão de senadores da ala "lavajatista".

Integrantes do Supremo também avaliam que deixar com os próprios parlamentares a palavra final sobre a reeleição na Câmara e no Senado pouparia a Corte do desgaste político de interferir numa questão interna, com potencial de criar novo desgaste na já tumultuada relação entre Judiciário e Legislativo.

O próprio discurso do presidente do STF, ministro Luiz Fux, ao assumir o comando do tribunal, no dia 10 de setembro, deixou nas entrelinhas sua disposição de não intervir no assunto.

"Alguns grupos de poder que não desejam arcar com as consequências de suas próprias decisões acabam por permitir a transferência voluntária e prematura de conflitos de natureza política para o Poder Judiciário, instando os juízes a plasmarem provimentos judiciais sobre temas que demandam debate em outras arenas", observou Fux na ocasião.

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a decidir nesta sexta-feira (4) sobre a possibilidade de reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara e Davi Alcolumbre (DEM-AP) ao comando do Senado.

O julgamento será no plenário virtual, ferramenta que permite aos ministros analisarem os casos sem reunião física ou por videoconferência. A ação foi ajuizada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que pede ao Supremo que proíba a recondução em qualquer situação.

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Na avaliação de advogados ouvidos pela reportagem, apenas uma mudança constitucional permitiria reeleição aos atuais presidentes da Câmara e do Senador.

O advogado Bruno Salles, sócio do Cavalcanti, Sion e Salles, lembra que atualmente a reeleição para os cargos é vedada apenas na mesma legislatura. "No entanto, há o entendimento de que, caso se inicie nova legislatura, não se aplica a vedação, podendo um parlamentar que se reelegeu nas urnas, se reeleger para novo mandato de presidência da casa", explica.

Este é o caso de Rodrigo Maia. Ele foi eleito para comandar a Câmara no biênio 2017-2018. Com novo mandato conquistado nas urnas, foi novamente escolhido como presidente do Parlamento para o período 2019-2020.

"A matéria que ora se discute é eminentemente relativa à organização interna do Poder Legislativo (interna corporis). A intervenção da Suprema Corte é sempre vista com delicadeza. Por outro lado, não se pode negar ao Supremo Tribunal Federal a sua prerrogativa de interpretação da Constituição", diz Salles.

O advogado defende ainda que, para vedar ou permitir expressamente a reeleição dos presidentes das Casas, é necessário alterar o texto constitucional, incumbência exclusiva do Poder Legislativo. "Sem sombra de dúvidas seria mais fácil convencer o STF a dar uma interpretação mais estrita ou mais modificativa ao texto constitucional, como ocorreu na temporária admissão da prisão após o julgamento em segunda instância. Mas, certamente, não poderia haver caminho mais equivocado", complementa.

O advogado constitucionalista Adib Abdouni também entende que apenas uma mudança na Constituição pode alterar o atual sistema. "O texto constitucional em seu artigo 57 é expresso ao afirmar que a eleição das Mesas de cada uma das Casas do Congresso Nacional prevê um mandato de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. De tal sorte - por mais que compreenda que a Câmara e o Senado têm independência para regular suas próprias eleições -, descabe ao STF deixar de enfrentar a questão constitucional posta, haja vista que as violações à Constituição Federal, ainda que ocorridas no âmbito de procedimentos parlamentares, não são, de acordo com a jurisprudência do STF, questões 'interna corporis'", diz.

Adib também não vê possibilidade em adotar a interpretação extensiva de que, pelo fato do presidente da República poder buscar um segundo mandato, a reeleição para presidir as Casas Legislativas também seria permitida.

"Somente uma emenda constitucional teria o condão de alterar esse quadro, não servindo a esse propósito simples previsão regimental dissonante do texto constitucional, tampouco a aplicação de interpretação extensiva - por simetria - da norma que autoriza o Presidente da República a reeleger-se", observa.

Para a advogada Vera Chemim, especialista em direito constitucional, o Supremo deve impor o 'devido respeito à norma constitucional' e exigir o seu cumprimento, mesmo que questão seja reconhecida como 'interna corporis' do Poder Legislativo.

"O STF deve inquestionavelmente enfrentar o tema e decidir sobre o óbvio: o respeito incondicional ao texto constitucional, sob pena de perder mais uma vez a sua credibilidade, sem mencionar o fato de que estaria se omitindo para se livrar de uma responsabilidade que lhe é inerente, além de concorrer para o desvirtuamento da dita norma que muito provavelmente será modificada oportunamente pelo Poder Legislativo, para atender objetivos e finalidades diversas do interesse público e, por consequência, da Constituição brasileira e do Estado Democrático de Direito', conclui Chemim.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou do governo uma pauta com os projetos econômicos prioritários para o Executivo para as próximas semanas e reforçou, mais uma vez, que não colocará em pauta a prorrogação de mecanismos extraordinários como o estado de calamidade e o orçamento de guerra.

"O governo deveria ter começado o dia hoje com uma coletiva para falar qual é a pauta de seu interesse para os próximos dois meses", disse Maia em entrevista ao UOL.

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Para ele o deputado, não quis enfrentar os desafios durante o processo eleitoral e deveria, findo o segundo turno, tratar de projetos como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial e das reformas que pretende apoiar.

"Senti falta na manhã de hoje de uma posição mais clara e de urgência, nesse momento, em relação às pautas que tratam das despesas públicas", disse. "Teremos aí dois, três meses que vão definir o futuro do País e da eleição de 2022", afirmou.

Maia mandou recado para o governo não deixar suas ações para os últimos dias do ano e ressaltou que não haverá prorrogação do estado de calamidade e nem da PEC da Guerra. Ele voltou a dizer ainda que os desafios para o País são grandes e que não vai apoiar nenhuma criação de novo imposto.

Para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), o revés do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à reeleição batido pelo prefeito eleito Eduardo Paes (DEM), não significa uma derrota do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que foi seu principal apoiador.

"Não tem nada a ver com a eleição nacional. É uma vitória da política, e o Bolsonaro sempre fez política. Não tem nenhuma relação com a eleição nacional, é uma vitória daqueles que fazem política e administram com qualidade, e o Eduardo Paes representa isso pra gente. É a vitória do Rio de Janeiro. Tínhamos um prefeito que não cuidou da cidade, teremos um prefeito que sempre cuidou e vai continuar cuidando", afirmou Maia, que após a apuração dos votos acompanhou Paes em uma entrevista coletiva concedida em um hotel de São Conrado (zona sul).

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Para o parlamentar, a eleição presidencial "ainda está muito longe" e "tem pouca relação" com a eleição municipal: "Apenas uma vinculação de vereadores com a eleição de deputados. O resto é uma questão de construção política para cada um dos campos políticos do Brasil."

Maia disse que, a partir desta segunda-feira (30), espera que o governo federal encaminhe questões relativas ao orçamento para 2021. "Nós temos um problema grande, uma operação difícil de ser construída, que é manter o orçamento dentro do teto de gastos, (isso) depende muito do governo. Eu espero que o governo amanhã mostre à sociedade a sua coragem, a sua capacidade de enfrentar os problemas. A Câmara está pronta para isso, mas depende do Senado, que essa matéria será votada primeiro no Senado. A gente precisa cortar despesas para poder aprovar o orçamento. Isso no dia de amanhã parece desgastante, mas a partir de dois, três meses é o correto para o Brasil", afirmou o deputado.

"O governo precisa mostrar onde vai cortar. Se nós não cortarmos na indexação das aposentadorias, se não cortarmos em benefícios para servidores, se não mudarmos o abono salarial para outro programa, seguro defeso, todos programas difíceis de serem acabados, nós vamos ter dificuldade de aprovar o orçamento. O teto vai ser garantido com essas mudanças", seguiu Maia. Segundo ele, até o final do ano deve ser votado o projeto que concede autonomia ao Banco Central: "A Câmara está madura para isso, depende do diálogo", afirmou.

Questionado sobre a hipótese de sua reeleição ao cargo de presidente da Câmara, Maia foi enfático: "A Constituição hoje não permite".

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que rejeite mandado de segurança proposto por parlamentares da oposição que pedem a suspensão da tramitação da reforma administrativa (PEC 32/20). No ofício encaminhado ao ministro Marco Aurélio Mello, que analisa a ação, Maia sustenta que a proposta não deveria ser interrompida porque sequer começou a tramitar em razão do não funcionamento das comissões permanentes.

As PEC's precisam ser analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), que verifica sua admissibilidade, e por uma comissão especial, que decide sobre o mérito do texto. Maia ponderou ainda que, em razão da pandemia, a tramitação de propostas de emenda constitucional que não possuem consenso é dificultada.

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“Enquanto a Câmara não retomar as deliberações presenciais, sequer é possível constituir a comissão especial que futuramente seria responsável pela apreciação do mérito da PEC impugnada. Diante desse conjunto de circunstâncias, a Presidência da Câmara dos Deputados não chegou sequer a distribuir a matéria”, afirmou Maia no documento.

Provas

Maia também argumenta que não cabe análise probatória por meio de mandado de segurança. Os parlamentares de oposição alegam que o governo não encaminhou análises e estudos sobre os impactos orçamentários que podem ser gerados pela reforma. Na ação, a oposição diz que o documento existe, mas não foi entregue pelo governo. O ministério da Economia atesta a inexistência desses estudos.

“Haveria necessidade de recorrer à instrução probatória para dirimir a divergência entre o que é afirmado por uma das autoridades apontadas como coautoras e os impetrantes, o que se revela inviável pela via mandamental”, defendeu Maia.

Outro argumento da ação do presidente da Câmara é o fato de haver senadores entre os impetrantes do mandado. Segundo Maia, os senadores não possuem direito subjetivo de coibir atos no processo legislativo da Câmara dos Deputados. Por fim, Maia ressaltou que trata-se de uma matéria “interna corporis”, e, portanto, não caberia análise do Judiciário.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

Sem citar nomes ou partidos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o resultado das eleições do domingo (15) mostrou uma quebra do ciclo registrado em 2018 e "recoloca a política no ambiente do diálogo". Para o deputado, as ações do Supremo no combate aos ataques nas redes sociais e na disseminação de fake news também surtiram efeitos nestas eleições.

"É claro que a eleição municipal não tem essa influência toda na eleição nacional, mas você poderia ter tido o ambiente de uma continuação de uma certa onda que foi quebrada e acho que será outra eleição em 2022", disse ele em evento organizado pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). "Acho que o ciclo de 2018 só vamos ter daqui a 30 ou 40 anos de novo, em um outro ciclo político".

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O bolsonarismo não teve um bom desempenho nas urnas. Candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, grande campeão de 2018, derraparam e os candidatos do seu ex-partido o PSL também.

Para Maia, políticos com experiência administrativa foram os que tiveram sucesso neste ano. "Há uma diferença muito grande entre o sonho e a concretização desse sonho", disse. "As ideias precisam estar baseadas em experiência administrativa, experiência política para que isso possa se tornar realidade. Vimos aí muitos estados com problemas, Rio de Janeiro, Santa Catarina, entre outros, onde a falta de experiência, entre outros problemas, gerou crises muito grandes", afirmou.

Outra característica da eleição para Maia foi a redução dos ataques na internet. "Em 2018 foram usadas formas muito heterodoxas, com muitas agressões e fake news que continuaram no ano passado, mas acho que a própria ação do Supremo Tribunal Federal, naquele inquérito do ministro Dias Toffoli e relatado pelo ministro Alexandre de Moraes gerou limites", afirmou. "Isso limitou a força dos extremos".

Após um dia agitado para a política e economia do País, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu no Twitter às falas do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que mexeram com o cenário nacional nesta terça-feira, 10.

"Entre pólvora, maricas e o risco à hiperinflação, temos mais de 160 mil mortos no País, uma economia frágil e um Estado às escuras. Em nome da Câmara dos Deputados, reafirmo o nosso compromisso com a vacina, a independência dos órgãos reguladores e com a responsabilidade fiscal. E a todos os parentes e amigos de vítimas da covid-19 a nossa solidariedade", escreveu ele em duas postagens no Twitter.

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As duas primeiras palavras de Maia se referem a falas de Bolsonaro feitas em uma cerimônia no Palácio do Planalto na tarde de hoje. Diante da ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, de aplicar sanções econômicas ao Brasil, caso não haja atuação mais firme para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia, Bolsonaro reagiu e disse que "apenas pela diplomacia" não daria. "Depois que acabar a saliva, tem que ter pólvora. Não precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem", disse Bolsonaro mais cedo.

Depois, ao se referir à pandemia de covid-19, o presidente disse que o Brasil precisa deixar de ser "um país de maricas" e enfrentar a doença. "Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas", disse em cerimônia no Palácio do Planalto. Para completar, chamou a imprensa de "urubuzada".

Já o ministro da Economia disse, pela manhã, que o Brasil pode "ir para uma hiperinflação muito rápido" se não rolar a dívida satisfatoriamente. Houve reação à declaração, com alta do dólar.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) usou as redes sociais para parabenizar Joe Biden pela projeção de vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, apontada pelos principais veículos de comunicação do país. Para Maia, o triunfo do democrata sobre o republicano Donald Trump restaura os valores “verdadeiramente liberais”.

“A vitória de @JoeBiden restaura os valores da democracia verdadeiramente liberal, que preza pelos direitos humanos, individuais e das minorias. Parabenizo o presidente eleito e, em nome da Câmara dos Deputados, reforço os laços de amizade e cooperação entre as duas nações”, escreveu Maia, em sua conta no Twitter.

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Na tarde deste sábado (7), Biden passou os 270 delegados necessários para se tornar o 46º presidente dos Estados Unidos, segundo indicam as projeções. A expectativa é de ele faça o discurso da vitória no estado de Delaware, onde se encontra, ao lado da vice Kamala Harris.

Defendida por agentes do mercado financeiro e uma das bandeiras da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro, o projeto de autonomia do Banco Central (BC) deve avançar na Câmara só após a reforma tributária andar, no que depender do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Para ele, o projeto sobre a instituição presidida por Roberto Campos Neto não é urgente no curto prazo.

"Aceito votar autonomia do Banco, aceito, é claro, votar os depósitos voluntários, mas aí temos que organizar melhor a pauta até o fim do ano. É só o governo ter boa vontade na reforma tributária", disse Maia, ao participar de evento organizado pelo Itaú. "A reforma tributária tem importância muito maior que autonomia do Banco Central", comentou.

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O projeto de autonomia do BC foi aprovado na terça-feira, 3, pelo Senado e agora precisa do aval dos deputados para virar lei. O texto mantém o controle dos preços como objetivo central, mas inclui ainda duas novas metas acessórias, sem prejuízo à principal: suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego no País. O governo concordou com a redação da proposta, apesar de o BC ser historicamente contrário a ampliar o escopo da atuação.

Maia já reclamou outras vezes da falta de empenho e atuação do governo para se aprovar a medida. Na semana passada, acusou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de ter vazado informações sobre conversa que os dois tiveram no dia da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa Selic em 2% ao ano.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Maia criticou a articulação do presidente do BC em alertar sobre os reflexos para a economia da dificuldade do Congresso em avançar com as votações da pauta de ajuste fiscal. Segundo o presidente da Câmara, Campos Neto tentou fazer uma articulação política, sem combinar, o que não seria papel dele, mas dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da articulação política, Luiz Eduardo Ramos.

Nesta sexta-feira, o presidente da Câmara lembrou que havia uma proposta de autonomia do BC semelhante na Câmara, mas que não foi votada, e disse que não comentou até agora sobre o tema porque não foi procurado pelo governo para falar sobre o assunto. "Se eu conseguisse conversar com alguém do governo, eu poderia te responder, mas ninguém me procura. Não vou conversar com a imprensa antes de conversar com o governo", disse.

Como o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou na quinta-feira, deputados já se articulam na Câmara para modificar o projeto aprovado pelo Senado. O partido Novo, por exemplo, quer enxugar a proposta que recebeu aval dos senadores para reduzir os chamados acessórios que foram colocados para o Banco Central.

Sobre a reforma tributária, Maia deu sinais de que quer aprovar o projeto antes de deixar a presidência da Casa e acredita que com acordo pode fazer isso rapidamente.

Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já se mobilizam para construir sua candidatura à reeleição. O assunto foi tratado em jantar na casa de Maia, na noite de terça-feira (3), após diagnósticos preocupantes sobre crise política e econômica, avanço do Centrão na Esplanada e impacto da disputa pela Casa Branca no governo de Jair Bolsonaro.

O grupo de Maia trabalha com um cenário no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) lavará as mãos e decidirá tratar a disputa para o comando da Câmara e do Senado, marcada para fevereiro de 2021, como assunto a ser resolvido pelo próprio Congresso. Sem um nome competitivo até agora para se opor ao deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), candidato à presidência da Câmara com a chancela de Bolsonaro, aliados avaliam que o próprio Maia deve enfrentar o líder do Centrão.

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O argumento usado na reunião de terça foi o de que não se pode entregar a Câmara para o Centrão. Em um passado não muito distante, esse bloco de partidos foi carimbado por Bolsonaro como "velha política", mas hoje o apoia e tem cada vez mais ampliado sua fatia de poder com a ocupação de cargos. Um dos participantes do encontro disse ao Estadão que, numa gestão "sem rumo" como a de Bolsonaro, ganhar a Câmara é o mesmo que ganhar o controle do governo. As circunstâncias, afirmou, exigirão a candidatura de Maia.

O presidente da Câmara tem afirmado que não é candidato a novo mandato. "A Constituição não permite", desconversou ele ontem, mais uma vez, quando questionado pelo Estadão. "Não é hora de tratar desse assunto". Nessa toada, Maia pediu mais responsabilidade ao acusar a própria base do governo de obstruir votações importantes. Por causa dessa tensão entre os grupos de Maia e de Lira, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) ainda foi instalada.

Estiveram presentes no jantar na casa de Maia dois deputados aliados com interesse em concorrer à cadeira ocupada por ele: Baleia Rossi (SP), presidente do MDB, e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB), adversário de Lira. Lá estava, ainda, Elmar Nascimento (DEM-BA), nome defendido pelo grupo de Maia para comandar a CMO. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) também marcou presença, assim como os ministros do Supremo Gilmar Mendes e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.

A certa altura da conversa houve ali comentários sobre o maior isolamento do Brasil no cenário internacional, em caso de vitória de Joe Biden no duelo com Donald Trump para a presidência dos EUA, e a necessidade de reorientação na política externa e na agenda do meio ambiente.

Vizinho de Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não participou do encontro, mas tem feito articulações ao lado dele. Alcolumbre é candidato declarado a novo mandato e partiu dele a iniciativa de acionar o Supremo para dar um veredicto sobre o imbróglio, já que a Constituição proíbe a recondução da cúpula do Congresso na mesma legislatura.

Na prática, Maia ainda está fazendo contas na tentativa de agregar a esquerda e "desgarrados" do Centrão para esse projeto. Se lançar mesmo a candidatura, o PT e o PSDB também vão apoiá-lo para o quarto mandato consecutivo à frente da Câmara. 

Dois dias após a revelação de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) reabriu uma investigação sobre supostos pagamentos da empreiteira OAS ao presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado afirmou que é importante a autonomia da instituição e que o procurador-geral, Augusto Aras, tem sido "uma pessoa correta".

"Me perguntaram se tinha algo de estranho na reabertura do inquérito, tenho convicção que não", disse Maia em live organizada pelo jornal Valor Econômico, nesta segunda-feira, 2. "O procurador tem sido uma pessoa correta e eu espero que assim ele mantenha o trabalho dele que não pareça que nesse caso e qualquer outro caso possa ter uma interferência de qualquer outro poder em relação a qualquer assunto que seja", disse.

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A reabertura do inquérito foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Broadcast na sequência. O inquérito corre em sigilo e investiga supostos repasses de caixa dois da OAS a Maia, com base na delação premiada de funcionários do setor de contabilidade paralela da empreiteira.

"Tenho certeza que esse inquérito aberto quase um ano e meio depois voltará a ser arquivado no prazo mínimo necessário para sua reavaliação", disse Maia.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, informou a interlocutores que já identificou o ex-assessor que supostamente teria usado o seu perfil no Twitter para ofender o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Salles quer tratar o caso como "assunto encerrado".

O nome do responsável, no entanto, não foi divulgado. A versão de Salles, de que sua conta na rede social foi "utilizada indevidamente", é vista com desconfiança dentro do governo e causa constrangimento no entorno do ministro.

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Nesta quinta, 29, pela manhã, segundo relatos ao Estadão, Salles disse que havia pedido que Agência Brasileira de Investigação (Abin) para apurar a suposta invasão. Procurada pela reportagem, a Abin não se manifestou. À tarde, o ministro deu uma nova explicação a interlocutores, afirmando que um ex-assessor admitiu ter se equivocado e publicado a ofensa a Maia no perfil de Salles, em vez de usar a conta pessoal dele.

O chefe do Meio Ambiente justificou que diversas pessoas tinham seu login e senha de seu perfil pessoal, por causa da campanha eleitoral de 2018, quando concorreu a deputado federal pelo partido Novo, em São Paulo. Agora, sem identificar o suposto responsável, o ministro passou a tratar o episódio como "assunto encerrado" e abriu mão de pedir uma investigação.

Na noite de quarta, uma publicação do perfil de Salles em resposta a Maia chamava o deputado de "Nhônho". O apelido é utilizado de forma pejorativa pelos bolsonaristas contra o presidente da Câmara, em referência ao personagem da série mexicana "Chaves". Nhônho, interpretado pelo ator Édgar Vivar, é um menino gordo e apontado como uma "pessoa tonta".

Em pouco tempo, a ofensa a Salles se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter. Diante da repercussão política, o ministro postou, por volta das 6h30 desta quinta-feira, outro comentário na rede social: "Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto a conta do Presidente da Câmara dos Deputados, com quem, apesar de diferenças de opinião sempre mantive relação cordial".

Em seguida, a conta na rede social saiu do ar. O ministro, então, alegou que suspendeu o perfil por um "procedimento de segurança", segundo relatos à reportagem. Qualquer usuário do Twitter pode solicitar um relatório com histórico de acessos, o que indica, inclusive, os lugares onde a pessoa estava enquanto usava o aplicativo, além do IP do dispositivo, ou seja, seu registro.

O chefe do Meio Ambiente está em viagem oficial ao arquipélago de Fernando de Noronha (PE), acompanhado do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio. Também participam da comitiva o presidente da Embratur, Gilson Machado, e o secretário especial da Pesca, Jorge Seif Junior. Salles prometeu que só deve voltar ao Twitter na próxima semana, quando retornar à Brasília.

Descrédito. A versão de Salles de que teve a conta invadida não foi comprada por integrantes do governo. Colegas de Executivo, em conversas reservadas com o Estadão, afirmam acreditar que a ofensa a Maia partiu do ministro ou de alguém de sua equipe.

Apesar disso, ministros que têm boa relação com Salles argumentam que o presidente da Câmara exagerou no tom, ao criticar o chefe do Meio Ambiente. No dia 24, Maia escreveu: "Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo".

Já críticos de Salles aproveitaram o episódio no Twitter para reforçar internamente a defesa de que o ministro do Meio Ambiente deve deixar o governo. Reforçaram ainda que ele tem se aproximado do ala ideológica e ocupado o lugar do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub.

A suposta reação a Maia, entretanto, não incomodou o presidente Jair Bolsonaro, que pediu à equipe, em reunião ministerial, que não "lavasse roupa suja" em público para evitar desgaste ao governo. Segundo interlocutores do Planalto, o recado do presidente foi para parar brigas entre ministros.

Maia é presidente da Câmara, tem um histórico de atritos com Bolsonaro e é alvo frequente da ala ideológica e militância bolsonarista. O presidente da Câmara não comentou o episódio, mas disse a interlocutores não acreditar na história de que a conta foi usada por outra pessoa.

A ofensa de Salles a Maia ocorreu na sequência de atritos na Esplanada, que se tornaram públicos na quinta-feira, 22. Também no Twitter, Salles chamou o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de "Maria Fofoca".

O ataque ocorreu na esteira de uma nota publicada pelo jornal O Globo, afirmando que Salles estava "esticando a corda" com militares do governo. O ministro do Meio Ambiente viu ali o dedo de Ramos e, além disso, atribuiu ao colega uma ação para desidratar sua pasta, convencendo a equipe econômica a retirar verbas que deveriam ser destinadas ao Meio Ambiente para o combate às queimadas.

No último domingo, 25, em mensagem também publicada nas redes sociais, Salles pediu "desculpas pelo excesso" ao chamar Ramos de "Maria Fofoca". O ministro da Secretaria de Governo, por sua vez, disse que "uma boa conversa apazigua as diferenças".

Apesar da trégua, o confronto continuou nos bastidores do governo, escancarando novamente as divergências entre a ala ideológica, que apoia Salles, e o núcleo militar, que ficou ao lado de Ramos. O general também ganhou o respaldo de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, pelo Twitter, que não está "à altura de um presidente de Banco de um país sério" a atitude do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de divulgar à imprensa conversa particular que tiveram nesta quarta-feira (28). Escreveu Maia: "a atitude do presidente do Banco Central de ter vazado para a imprensa uma conversa particular que tivemos ontem não está à altura de um presidente de Banco de um país sério".

Conforme mostrou o Broadcast Político/Estadão, nesta quarta-feira o presidente do Banco Central havia procurado o presidente da Câmara para tratar da crise política que ameaça o andamento das reformas no Congresso. Desde o dia 6 de outubro não são realizadas votações na Casa. O motivo é a obstrução feita pelos partidos da base do governo para tentar emplacar um nome alinhado ao líder do PP na Casa, deputado Arthur Lira (AL), na presidência da Comissão Mista de Orçamento.

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A oposição também segura os trabalhos para tentar colocar em pauta a medida provisória que prorroga o auxílio emergencial pelo valor de R$ 300. Maia criticou, em conversa com jornalistas, a articulação da base do governo.

Com poucas semanas até o final do ano, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende que governo e lideranças dos partidos fechem com a máxima urgência um cronograma para votação de medidas de corte de gastos para garantir a adoção do Renda Cidadã e dar tranquilidade fiscal ao País nos próximos dois anos.

Em entrevista ao Estadão, Maia afirma que não há mais tempo a perder porque, segundo ele, a crise "está muito mais perto, o prazo é curto e não se tomou a decisão até agora do que fazer".

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Depois do jantar na casa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas, no início do mês, que selou a paz entre Maia e o ministro da Economia, Paulo Guedes, os dois se uniram em defesa do novo programa social, com alcance e benefício maiores que os do Bolsa Família, e limitado ao teto de gastos - a regra constitucional que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. "Dentro do teto, pode tudo", afirma Maia.

Segundo apurou a reportagem, no Ministério da Economia a expectativa é que esse entendimento com o Congresso saia o mais rápido possível por causa do tempo curto até o fim do ano. Guedes tem dito que, quem dá o ritmo, é a classe política. O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, tem defendido que discussões sobre contenção de gastos fique para depois das eleições municipais.

Para Maia, o importante agora é definir o cronograma e o alcance das medidas, até como sinalização para os investidores - que passaram a cobrar cada vez mais para financiar o governo na rolagem da dívida pública.

Medidas

O leque de medidas, segundo Maia, não é muito diferente do que as alternativas que têm sido faladas nas últimas semanas no Congresso e pela equipe econômica. O Estadão mapeou as propostas, que incluem extinção do abono salarial (espécie de 14.º pago a quem ganha até dois salários mínimos), corte nos salários e jornada de servidores públicos e congelamento de aposentadorias e pensões para quem ganha acima de três salários mínimos (mais informações nesta página).

Pelos seus cálculos, a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) emergencial, que vai prever as medidas de cortes de gastos, estará com votação concluída em dois turnos na Câmara e Senado até 15 de janeiro.

Esse calendário proposto por ele leva em conta o início das discussões para votação depois de 15 de novembro, quando termina o primeiro turno das eleições municipais. Se esse processo começar somente após o segundo turno, em 29 de novembro, a conclusão da votação ficará para o final de janeiro.

"Temos de sentar sob o comando dos ministros Luiz Ramos (Secretaria de Governo) e Paulo Guedes (Economia) com os líderes que defendem a agenda de centro-direita na economia para organizar o calendário e o que vai votar", propõe Maia.

O presidente da Câmara diz que não há outro caminho a não ser votar a PEC emergencial antes do Orçamento de 2021. Com essa sinalização de calendário, na prática, a votação do Orçamento deve acabar ficando para o ano que vem.

Para ele, não haverá saída com "furinho" do teto de gastos, com soluções "criativas e heterodoxas". "Essa bomba estoura muito mais rápido do que a gente imagina."

'Gatilhos'

Além de abrir espaço nas despesas para financiar o Renda Cidadã, a PEC emergencial vai regulamentar o teto de gastos, com o acionamento automático dos chamados "gatilhos", medidas de corte de despesas, como a suspensão de concursos e aumentos salariais que já estavam previstos.

"O grande drama é que a regulamentação do teto de gastos com os gatilhos não pode ser só para a renda mínima. Ela tem de servir para dar uma sinalização de curto prazo, de 24 meses, de alguma economia para que possamos olhar a questão da dívida e redução do déficit", afirma.

O que mais preocupa, diz ele, é a tentativa de tornar permanente medidas que foram adotadas em caráter emergencial, por conta da Covid-19. Maia é contrário, por exemplo, à prorrogação do auxílio emergencial e do orçamento de guerra (que tirou as amarras fiscais e permitiu, na prática, que o governo ampliasse os gastos com a justificativa de combate à pandemia) em 2021. "Outro dia, vi na imprensa que o governo vai tirar dos ricos e dar para o pobre. O problema é que os temas que interessam aos ricos não estão no Orçamento público, como tributação do Imposto de Renda e renúncias", afirma.

Maia reconhece que todas as propostas em discussão são de difícil aprovação, mas argumenta que é preciso construir um consenso em torno de delas. Sobre propostas de senadores para deixar o Renda Cidadã fora do teto ganhar força e ser incluída na PEC emergencial que tramita primeiro no Senado, Maia é taxativo: "Não vou ficar discutindo com o Senado. O Senado está entendendo qual é a posição da presidência da Câmara e o que vai pautar".

O presidente Jair Bolsonaro classificou como "fofoca" a especulação de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), poderia assumir uma vaga como ministro no seu governo. A apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que continuará tratando Maia como chefe do Legislativo.

"Se eu respondo não (é verdade), o Rodrigo Maia vai perguntar 'Ué, não posso ser opção?'; Se eu falo sim, o outro lado vai falar 'por que o Rodrigo Maia?'. Então é só fofoca, não interessa se responda sim ou não. Rodrigo Maia é chefe do Legislativo e vai continuar sendo tratado, da minha parte, como chefe do Legislativo, com todo o respeito que ele, o Alcolumbre (presidente do Senado) e agora o Fux (presidente do STF) merecem", declarou.

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No último domingo (18), o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, escreveu que está em curso uma articulação para Maia assumir uma vaga de ministro quando acabasse seu mandato de presidente da Câmara. A negociação estaria sendo conduzida por chefes de outras pastas do governo. Segundo o colunista, Bolsonaro estaria ciente da movimentação.

Viagens

Na conversa com os apoiadores, Bolsonaro informou que deve ir ao município de Balsas (MA) nesta sexta-feira (23). Ele comentou ainda que pode ir ao Espírito Santo na semana que vem. Amanhã, o chefe do Executivo tem viagem prevista para Campinas (SP), onde deve participar de evento no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), agradeceu, nesta terça-feira (13), ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello por todos os serviços prestados à democracia brasileira. Aos 74 anos, o magistrado se aposenta hoje da Suprema Corte. A despedida acontece três semanas antes da data prevista, 1º de novembro, quando o decano completará 75 anos de idade.

Por meio de nota, Maia afirma que não foram poucos os votos do ministro que se transformaram em lições. "Não há nenhum aspecto de nossa Constituição que não tenha se beneficiado do trabalho do decano do Supremo Tribunal Federal nesses últimos trinta e um anos. Sua história na magistratura entrelaça-se e confunde-se com a história de nossa Constituição."

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"Arrisco dizer, contudo, que a maior lição legada por Celso de Mello, como é típico dos que sabem ensinar, vem do gesto e do exemplo, antes mesmo de se traduzir em palavra. Por isso, na apresentação do volume publicado em sua homenagem pelo Supremo Tribunal Federal, o Ministro Luiz Fux refere-se ao ministro Celso como o 'farol' da Corte. Não só pelas suas ideias brilhantes, mas pela sua conduta, Celso de Mello inspira e orienta seus Pares."

"Pelo seu trabalho diuturno e abnegado em cada um de seus processos; pela defesa inflexível e intransigente da democracia e das instituições democráticas; pela sua visão abrangente do papel do Supremo Tribunal Federal na história constitucional brasileira; e, em especial, pelo compromisso com o aprofundamento da lógica que marcou a fundação de nossa Constituição: a afirmação da cidadania, do direito a ter direitos", continua.

Maia finaliza a nota desejando sucesso ao desembargador Kassio Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga aberta na Corte. A previsão é que ele passe por sabatina no Senado Federal no próximo dia 21.

"Uma vez confirmada sua indicação pelo Senado Federal, nos termos da Constituição, desejo-lhe sucesso na árdua tarefa de substituir o ministro Celso de Mello, esperando que as lições e o exemplo de seu antecessor lhe sirvam sempre como bússola para navegar os tempos desafiadores que temos diante de nós, tempos em que o País certamente necessitará da sabedoria e temperança de sua mais alta Corte de Justiça".

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