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O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou neste sábado (31) que suas declarações sobre as caricaturas de Maomé foram manipuladas, já que "líderes políticos e religiosos" deram a entender que esses desenhos são "uma manifestação do governo francês" contra o Islã.

"As reações do mundo muçulmano ocorreram devido a muitas mentiras e ao fato de que as pessoas entenderam que sou a favor dessas caricaturas", disse o jovem líder em entrevista à rede árabe Al-Jazeera.

"Sou a favor de podermos escrever, pensar e desenhar livremente no meu país pois considero isso importante, representa um direito e as nossas liberdades", acrescentou.

A campanha contra os produtos franceses gerada pela polêmica é "indigna" e "inadmissível", declarou ainda o presidente. A campanha "tem sido feita por alguns grupos privados porque não entenderam e se basearam em mentiras sobre as caricaturas, às vezes por parte de outros líderes. É inadmissível", completou.

O pai de uma aluna e um militante islamita radical emitiram uma "fatwa", ou decreto religioso, contra o professor francês Samuel Paty, decapitado na sexta-feira na região de Paris depois de exibir durante uma aula algumas caricaturas de Maomé, afirmou o ministro do Interior, Gérald Darmanin.

"Lançaram claramente uma fatwa contra o professor", disse o ministro à rádio Europe 1.

A fatwa é um pronunciamento legal emitido por um especialista em islamismo, normalmente um mufti.

O pai da aluna e o militante islamita Abdelhakim Sefrioui estão entre as 11 pessoas detidas pelo crime, executado por um checheno de 18 anos.

Nesta segunda-feira a polícia efetuou várias operações de busca em círculos islamistas, anunciou o ministro do Interior.

Desde o assassinato na sexta-feira do professor Samuel Paty, várias pessoas foram detidas e quase 80 investigações foram iniciadas por um suposto crime de ódio nas redes sociais, informou Darmanin.

Dezenas de milhares de pessoas compareceram no domingo a homenagens ao professor decapitado na França, um atentado que comoveu o país, cenário de vários atentados jihadistas desde 2015 que provocaram mais de 250 mortes.

O diretor do semanário satírico Charlie Hebdo, Riss, disse nesta quarta-feira que "não se arrepende" da publicação das charges de Maomé, que tornaram a publicação alvo dos jihadistas, no julgamento contra o atentado de 2015 que dizimou a redação.

"Não quero viver sob a arbitrariedade maluca dos fanáticos", disse o cartunista, cujo nome verdadeiro é Laurent Sourisseau, a um tribunal especial em Paris. "Não há nada a lamentar" sobre sua publicação, disse.

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"O que lamento é ver como as pessoas são tão pouco combativas na defesa da liberdade", afirmou. "Se você não luta pela sua liberdade, você vive como um escravo", acrescentou.

A publicação de charges de Maomé, o profeta do Islã, em 2006, tornou o jornal um alvo dos jihadistas.

Riss, de 53 anos, foi gravemente ferido no ombro durante o ataque dos irmãos Said e Chérif Kouachi, que em 7 de janeiro de 2015 invadiu a sede do Charlie Hebdo em Paris e matou 10 de seus colaboradores.

"Crescemos sem imaginar que um dia poderíamos questionar nossas liberdades", insistiu Riss, que substituiu Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, morto no ataque. No entanto, "a liberdade que desfrutamos" não cai "do céu", lembrou.

O diretor do Charlie Hebdo, que falou longamente sobre as circunstâncias do ataque e os ferimentos infligidos pelos terroristas, também prestou uma homenagem emocionada aos seus "amigos" cartunistas mortos.

"A sensação imediata após o ataque foi que te cortaram em dois, como se tivessem cortado seu corpo em dois e tirado parte de você", descreveu o cartunista, que, como vários outros sobreviventes, pensou que morreria no ataque.

"É outra mutilação que talvez seja ainda mais terrível do que a dos corpos. É uma amputação”, continuou Laurent Sourisseau, que vive sob a proteção permanente de guarda-costas e cuja vida mudou completamente desde os ataques.

"É como estar em prisão domiciliar. Tenho que avisar sobre tudo que faço", disse o diretor do Charlie Hebdo, que decidiu republicar, no dia da abertura do julgamento, 2 de setembro, desenhos animados de Maomé, que valeu ao seu antecessor a sua inclusão na lista de alvos da Al Qaeda.

"Se tivéssemos renunciado ao direito de publicar esses desenhos, isso significaria que estávamos errados em fazer isso", justificou Riss.

Desde 2 de setembro, 14 pessoas - três delas ausentes - estão sendo julgadas em Paris por terem prestado apoio logístico aos responsáveis pelo atentado ao Charlie Hebdo, que chocou a França e o mundo.

Os perpetradores do ataque foram mortos pela polícia em 9 de janeiro em uma gráfica a nordeste de Paris.

O semanário francês Charlie Hebdo voltou a publicar as caricaturas de Maomé que transformaram sua redação em alvo de um atentado jihadista, assegurando que "nunca" se renderá, na véspera do início do julgamento pelo ataque de 2015.

"O ódio que nos atingiu ainda está aí e, desde 2015, teve tempo de se transformar, de mudar de aspecto para passar despercebido e continuar sem ruído sua cruzada implacável”, disse Riss, diretor da publicação satírica, em uma edição cuja capa retoma as caricaturas.

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A edição foi liberada nesta terça-feira na internet e chega às bancas na quarta-feira.

Diante do ódio e medo que gera, "nunca nos renderemos, nunca renunciaremos", completou.

As 12 caricaturas de Maomé foram publicadas inicialmente pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten em 30 de setembro de 2005 e depois pelo Charlie Hebdo em 2006.

Os desenhos mostram o profeta com uma bomba na cabeça, ao invés de um turbante, ou armado com uma faca, ao lado de duas mulheres com véu.

Além das caricaturas dinamarquesas, a capa da nova edição do Charlie Hebdo, com o título "Tudo isto por isso", também reproduz a charge do profeta feita pelo chargista Cabu, assassinado no atentado de 7 de janeiro de 2015.

"Desde janeiro de 2015 recebemos com frequência pedidos para produzir outras caricaturas de Maomé. Sempre recusamos, não porque é proibido, a lei autoriza, e sim porque era necessário ter uma boa razão para fazê-lo, uma razão que faça sentido e que aporte algo ao debate", explica o semanário em um editorial.

Uma publicação "indispensável"

"Reproduzir estas caricaturas na semana de abertura do processo dos atentados de janeiro de 2015 nos pareceu indispensável", completa a equipe do Charlie Hebdo, que considera os desenhos "elementos de prova" para seus leitores e para o conjunto dos cidadãos.

O julgamento do atentado jihadista contra o Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos e que foi seguido poucos dias depois por ataques contra uma policial e um supermercado de alimentos judaicos, começará na quarta-feira e deve prosseguir até 10 de novembro para sentenciar 14 acusados.

A decisão do Charlie Hebdo de voltar a publicar os desenhos, justamente na véspera da abertura do julgamento histórico, provocou muitas reações.

Depois da publicação inicial na Dinamarca, as caricaturas provocaram manifestações violentas em vários países muçulmanos e sua divulgação na revista francesa foi muito criticada.

A representação dos profetas é estritamente proibida pelo islã sunita e ridicularizar ou insultar o profeta Maomé pode resultar em pena de morte.

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Mohammed Moussaoui, pediu para que as pessoas "ignorem" as caricaturas e pensem nas vítimas do terrorismo.

"Nada pode justificar a violência", disse Moussaoui, que pediu uma concentração no processo.

"Nós aprendemos a ignorar as caricaturas e pedimos para que todos mantenham esta atitude em qualquer circunstância", disse à AFP.

Vários integrantes da redação do Charlie Hebdo morreram no atentado, incluindo os desenhistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, o que provocou um movimento de apoio sem precedentes a favor do semanário satírico, na França e no exterior.

A última caricatura de Maomé publicada pela revista apareceu na capa da primeira edição após o atentado. O desenho mostrava um Maomé com uma lágrima no rosto e um cartaz com a frase "Eu sou Charlie". Acima do profeta, a mensagem "Está tudo perdoado".

Um professor universitário acusado de ofensa ao profeta Maomé em 2013 e cujo advogado foi assassinado no ano seguinte, após uma ameaça de morte durante uma audiência, foi condenado à morte por blasfêmia neste sábado no Paquistão.

Junaid Hafeez será executado por enforcamento, de acordo com a sentença do tribunal de primeira instância de Multan (centro). "Graças a Deus, este caso chegou a sua justa conclusão", comentou o promotor Zia ur Rehman.

Junaid Hafeez, professor de Universidade Bahauddin Zakariya de Multan, foi acusado de ofender o profeta Maomé em 2013. Em maio de 2014, três homens armados assassinaram seu advogado, Rashid Rehman, depois de ter sido ameaçado de morte por outros advogados durante uma audiência.

Hafeez, muçulmano, está preso e isolado desde 2014. Suas condições de detenção pioraram no último ano. Ele foi trancado em uma cela de 8 metros quadrados em um quartel, onde é o único prisioneiro e não tem o direito de sair, segundo seu advogado Asad Jamal.

"Não existe um processo justo em temas de blasfêmia. Vamos apelar contra o veredicto", disse Jamal à AFP. "A condenação à morte de Hafeez é um erro judicial flagrante, extremamente decepcionante e surpreendente", reagiu Rabia Mehmood, pesquisador da Anistia Internacional (AI).

Desde o início do caso, oito juízes passaram pelo processo: os sete primeiros foram transferidos, informou a AI em setembro, que denunciou "graves atrasos de procedimento".

A blasfêmia é um tema sensível no Paquistão, onde até mesmo as acusações não provadas de insultos ao Islã podem resultar em assassinatos e linchamentos.

A absolvição no fim de outubro da cristã Asia Bibi, que passou mais de oito anos no corredor da morte por blasfêmia, algo que ela sempre negou, provocou manifestações violentas em todo país. Asia Bibi vive agora no Canadá com sua família.

O jornal satírico francês "Charlie Hebdo", alvo de um atentado terrorista em janeiro de 2015, ironizou em sua edição desta quinta-feira (23) o desabamento da Ponte Morandi, em Gênova, na Itália, que deixou 43 pessoas mortas.

A charge critica a qualidade da infraestrutura italiana e ainda faz relação com a crise migratória no Mediterrâneo. Na imagem, a ponte aparece no alto do lado esquerdo, acima de um carro destruído, enquanto um homem negro varre o chão com uma vassoura.

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"Construída pelos italianos... Limpa pelos migrantes", diz a charge. Nos últimos anos, o "Charlie Hebdo" sempre deu espaço às tragédias da vizinha Itália, com capas polêmicas sobre o terremoto de Amatrice, em 24 de agosto de 2016, e a avalanche sobre o hotel Rigopiano, em 18 de janeiro de 2017.

O jornal é conhecido por suas sátiras do profeta Maomé, que serviram de motivação para um atentado terrorista em janeiro de 2015, quando os irmãos Said e Chérif Kouachi invadiram a redação do semanário e mataram 12 pessoas.

Da Ansa

O principal tribunal administrativo do Egito decidiu neste sábado (26) que os órgãos reguladores devem bloquear o site de vídeos YouTube por um mês em todo o país por causa de um vídeo que denigre o profeta Maomé. As informações são da agência Reuters.

O filme "Innocence of Muslims", um vídeo de baixo custo e duração de 13 minutos, foi feito com financiamento privado e postado no YouTube em 2012. Uma das atrizes do elenco, Cindy Lee Garcia, tentou remover o conteúdo do site depois de receber ameaças de morte.

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Para muitos muçulmanos, qualquer representação do profeta é considerada blasfêmia. O advogado que apresentou o caso em 2013 disse que a decisão também ordena que todos os links que transmitem o filme sejam bloqueados. Segundo o jornal egípcio Al Shorouq, a sentença é definitiva e não cabe apelação.

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As charges de Maomé publicadas em um jornal dinamarquês há 10 anos seguem alimentando o debate sobre os limites da liberdade de expressão.

Estes 12 desenhos, publicados no jornal Jyllands-Posten no dia 30 de setembro de 2005, mostravam o profeta portando uma bomba no lugar de um turbante, ou um nômade armado com uma faca junto a duas mulheres com um véu preto.

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Os atentados frustrados contra o Jyllands-Posten, assim como o lançado contra o semanário francês Charlie Hebdo em Paris em janeiro, mudaram a visão do Islã e da imigração em muitas redações europeias.

"Em muitos meios de comunicação, isso gerou o temor sobre a percepção dos muçulmanos em relação a certos tabus", estima Anders Jerichow, editorialista internacional do jornal Politiken. "E penso que é triste tanto para o mundo muçulmano quanto para o resto do mundo".

Após o ataque com um fuzil que deixou 12 mortos em Paris, publicações de Rússia, China ou Malásia, assim como de outros países com uma concepção mais restrita da liberdade de expressão, criticaram a revista Charlie Hebdo por ter ofendido o Islã.

Jornalistas ocidentais, especialmente no Reino Unido ou nos Estados Unidos, também se sentem incomodados com a concepção da liberdade de expressão praticada pelo semanário satírico francês.

Polarização

Desde o caso do Jyllands-Posten, "as atitudes em relação à liberdade de expressão se polarizaram", estima Angela Phillips, professora de jornalismo na Goldsmiths College de Londres.

Segundo Phillips, a violência gerada por simples desenhos "fez muitos jornalistas refletirem sobre como representam as minorias", enquanto em outros casos "tornou muitos jornalistas menos sensíveis a estas questões".

A representação dos profetas está estritamente proibida no Islã sunita, e ridicularizar o profeta Maomé é tradicionalmente passível de pena de morte.

No Oriente Médio, muitos universitários sunitas são partidários de uma tolerância zero, enquanto outros defendem respostas mais pragmáticas.

A faculdade Al-Azhar do Cairo, grande centro de estudos sunitas, condenou, por exemplo, em janeiro os desenhos da Charlie Hebdo, mas convocou os muçulmanos a ignorá-los, embora seu apelo não tenha esfriado a tensão no mundo muçulmano.

"E esta polêmica não se limita à região. As caricaturas também geram revolta e indignação em muitos muçulmanos nos Estados Unidos e na Europa", ressalta Scott Stewart, analista da companhia americana especializada em serviços de inteligência Stratfort. "Por sorte, muitos não transformam esta ira em violência".

A ameaça provém sobretudo, segundo ele, dos grupos islamitas radicais, que instrumentalizam as charges para "encorajar os jihadistas de base a lançar ataques violentos no Ocidente".

Muito perigoso

Assim, em fevereiro, um dinamarquês de origem palestina, Omar al-Hussein, atacou um centro cultural em Copenhague durante um debate sobre a liberdade de expressão, no qual participava o artista sueco Larsk Vilks, que em 2007 representou Maomé como um cachorro. Em poucas horas, matou duas pessoas.

Para o Jyllands-Posten, a decisão de publicar estas charges teve repercussões espetaculares, embora a redação a considerasse uma rotina.

O correio é inspecionado cuidadosamente antes de ser aberto, as janelas estão projetadas para resistir a bombas e os alarmes de incêndio, que antes faziam os trabalhadores saírem às ruas, agora podem conduzi-los a salas fortificadas.

O jornal foi a única publicação dinamarquesa que não divulgou em janeiro a caricatura da Charlie Hebdo.

Quando são completados dez anos desde o caso das charges, os meios de comunicação dinamarqueses deveriam falar disso, mas sem mostrá-las. "Seria considerado muito perigoso", confirma à AFP o autor de um destes desenhos, Kurt Westergaard.

Flemming Rose, o então chefe da seção cultural que havia pedido para os chargistas representarem Maomé, classificou recentemente de ingênua sua decisão.

Para Rose, é aceitável que os editores decidam não publicar os desenhos desde que eles sejam honestos sobre os motivos para isso.

"Você não deve apontar o dedo porque as pessoas estão com medo. Mas você tem o direito de apontar o dedo se as pessoas não são honestas sobre seus medos e tentam encontrar outras justificativas", havia declarado ao jornal Politiken.

O grande mufti da Arábia Saudita, o xeque Abdulaziz bin Abdullah al Sheikh, autoridade máxima religiosa do país, denunciou nesta quarta-feira (2) que o filme iraniano "Maomé" é contrário ao Islã. "É um filme pagão e uma obra hostil ao Islã", afirmou o mufti em uma declaração publicada pelo jornal Al Hayat.

Segundo o líder religioso, exibir o filme, segundo a sharia (a lei islâmica) é algo ilícito. "É uma distorção do Islã", sentenciou o mufit, um dos religiosos mais importantes do Islã sunita, que proíbe qualquer representação do profeta Maomé.

Por sua parte, a Liga Mundial Islâmica, com sede em Meca, criticou o filme, denunciando o fato de "representar o profeta Maomé". Em um comunicado, o secretário-geral Abdullah al-Turki pediu aos dirigentes iranianos que "suspendam a exibição do filme, uma violação de nossas obrigações em relação ao profeta". Ele também pediu que todos os muçulmanos boicotem a obra.

No início do ano, o grande imã da Universidade de Al Azar, do Cairo, Ahmed al Tayeb, uma das principais autoridades do Islã sunita, já havia se oposto a qualquer representação do profeta que, segundo ele, "diminui seu status espiritual". No entanto, no filme em questão, o rosto de Maomé jamais é visto, e sim apenas sua silhueta.

Leitura equivocada

O filme "Maomé", que narra os primeiros anos da vida do profeta e se converteu no filme mais caro da indústria cinematográfica iraniana, estreou nos cinemas do Irã na semana passada, com um enorme interesse por parte do público.

Dirigido por Majid Majidi, o filme de 171 minutos contou com um orçamento de 40 milhões de euros, em parte financiado pelo Estado iraniano, e levou mais de sete anos para chegar às telas. A estreia da superprodução estava prevista para quarta-feira, mas acabou adiada em um dia por motivos técnicos, segundo o produtor e distribuidor do filme, Mohammad Reza Saberi.

Majid Majidi, um dos cineastas mais renomados do Irã, conta em sua mais recente produção a infância do profeta para tentar acabar com a "imagem violenta" do islã, segundo afirmou em uma entrevista à AFP antes da estreia do filme.

As filmagens aconteceram em uma reprodução da cidade de Meca ao sul de Teerã. O experiente ator e cineasta, de 56 anos, que já dirigiu filmes premiados no exterior ("Baran", "Filhos do Paraíso"), afirma que a escolha do tema é bem clara. "Nos últimos anos, uma leitura equivocada do Islã no mundo ocidental originou uma imagem violenta deste que não tem nenhuma relação com sua verdadeira natureza", disse.

Para Majid, esta "leitura equivocada" se deve a "grupos terroristas como o Estado Islâmico, que não tem vínculos com o islã, de cujo nome se apropriaram e que desejam passar uma imagem aterrorizante no mundo desta religião". "Como artista muçulmano, meu objetivo era criar uma visão (do Islã) que mude a que existe no Ocidente, que se resume geralmente a um terrorismo islâmico vinculado à violência", afirmou o cineasta. "O Islã é diálogo, bondade e paz", complementa.

Majid tenta ser otimista a respeito da polêmica e possível violência que seu filme pode provocar no mundo muçulmano, no qual a representação do profeta Maomé está proibida. "Países como a Arábia Saudita terão problemas com este filme, mas muitos outros países muçulmanos o pediam", disse.

Majidi considera que seu filme deve "unir" e não dividir os muçulmanos sunitas e xiitas, que travam batalhas violentas em vários países da região, como Iraque, Iêmen ou Síria. Antes do lançamento, o filme foi exibido a líderes religiosos das duas confissões no Irã e na Turquia, que o avaliaram "positivamente", segundo o diretor.

O cineasta deseja que "Maomé" represente o primeiro filme de uma trilogia, pois "não é possível mudar a imagem ruim do islã com apenas um filme". A segunda e a terceira parte não têm data para o início das filmagens e estas produções não serão necessariamente dirigidas por Majid, que convida todos os cineastas muçulmanos a seguir o seu caminho.

Confira o trailer da produção:

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A justiça turca ordenou que o Facebook bloqueie as páginas cujo conteúdo consista em um insulto para a imagem do profeta Maomé, e ameaçou bloquear o acesso à rede social na Turquia se a empresa não cooperar, informaram nesta segunda-feira os meios turcos.

O mandado do tribunal de Ancara, emitido no domingo à noite, já foi comunicado à autoridade administrativa encarregada das telecomunicações (TIB) e aos provedores de acesso, afirmou a agência governamental Anatolia.

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Há 15 dias um tribunal de Diyarbakir proibiu a difusão na internet de uma caricatura do profeta publicada pelo semanário satírico Charlie Hebdo, que sofreu um atentado com 12 vítimas mortais no último 7 de janeiro.

Em um número extraordinário da publicação francesa, publicado uma semana depois do atentado, um Mamomé aflito segura um cartaz com o popular lema de solidariedade com as vítimas do ataque e de apoio à liberdade de expressão, "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie).

Em Istambul, foi aberta uma investigação judicial contra dois jornalistas do diário opositor Cumhuriyet que havia ilustrado seus editoriais com o mesmo desenho de Maomé, julgado ofensivo em todo o mundo islâmico.

No ano passado, o governo islâmico-conservador turco bloqueou temporariamente o acesso às redes sociais YouTube e Twitter para impedir a difusão de gravações de conversas do atual chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan, que o envolviam em um escândalo de corrupção.

Mais de quatro franceses em cada dez (42%) estimam que a publicação de caricaturas do profeta Maomé deve ser evitada, e a metade é favorável a uma limitação da liberdade de expressão na internet, segundo uma pesquisa publicada neste domingo (18).

Neste pesquisa do instituto IFOP publicada pela revista Journal du Dimanche, diante da informação de que "alguns muçulmanos se sentem feridos ou agredidos pela publicação de caricaturas do profeta Maomé", 57% responderam que "não se deve levar em conta estas reações e continuar publicando este tipo de charges", contra 42%, que pensam que "é preciso levar em conta estas reações e evitar publicar este tipo de charges". Além disso, 1% manifestaram não ter opinião a respeito.

Cinquenta por cento das pessoas interrogadas declararam ser favoráveis a uma limitação da liberdade de expressão na internet e nas redes sociais contra 49%, que não estão de acordo com isso, e outros 1% sem opinião.

Além disso, 81% dos interrogados são favoráveis a retirar "a nacionalidade francesa das pessoas com dupla nacionalidade condenadas por atos de terrorismo em solo francês" e 68% defendem "a proibição de retornar à França para os cidadãos franceses suspeitos de ter ido lutar em países ou regiões controlados por grupos terroristas".

Segundo a pesquisa, 68% das pessoas são favoráveis à "proibição de sair do território para os cidadãos franceses suspeitos de querer viajar a estes países ou regiões controlados por grupos terroristas".

Já 57% não estão de acordo com "outras intervenções militares francesas na Síria, Iêmen ou Líbia, e 63% não querem "uma intensificação das operações militares francesas no Iraque".

Esta pesquisa foi realizada por telefone nos dias 16 e 17 de janeiro sobre uma amostra de 1.003 pessoas, representativa da população francesa adulta.

Governos, autoridades islâmicas e meios de comunicação estatais de todo o Oriente Médio criticaram a decisão do jornal satírico francês Charlie Hebdo de colocar o profeta Maomé na capa da edição desta quarta-feira (14). Segundo as críticas, a medida foi uma provocação.

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O instituto egípcio Dar al-Iftaa disse, na terça-feira, que a publicação na nova caricatura era uma "provocação injustificada aos sentimentos dos 1,5 bilhão de muçulmanos ao redor do mundo, que respeitam e amam seu profeta".

Em comunicado, o instituto afirmou que a publicação pode levar a uma nova onda de ódio na França e no Ocidente, prejudicando os esforços para se chegar à paz.

O presidente egípcio Abdel Fattah Al Sisi também emitiu um decreto na terça-feira que permite ao primeiro-ministro proibir publicações estrangeiras consideradas ofensivas ao Islã, segundo informações divulgadas por meios de comunicação estatais, medida que parece ter como alto publicações como o Charlie Hebdo.

Muitos muçu

Ibrahim Negm, conselheiro do grande mufti (acadêmico islâmico a quem é reconhecida a capacidade de interpretar a lei islâmica) do Egito pediu autocontrole durante uma palestra em Nova York, pedindo aos muçulmanos que corrijam a imagem distorcida do Islã, segundo informações do site do Dar al-Iftaa. Ele disse também que os muçulmanos devem exigir que a difamação de símbolos e crenças religiosos sejam criminalizados.lmanos dizem que a representação visual do profeta Maomé é proibida, em parte porque o Alcorão adverte contra a idolatria ou qualquer coisa que possa contribuir para a adoração de "falsos ídolos".

No Irã, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Marzieh Afkham, reiterou nesta quarta-feira as críticas anteriores ao ataque ao Charlie Hebdo, segundo informações divulgadas pela agência Bloomberg. "Por outro lado, nós desaprovados as medidas provocativas e o compromisso desse semanário é o insulto, o que vai provocar os sentimentos dos muçulmanos", disse a porta-voz.

Izzat al-Risheq, integrante do escritório político do Hamas, disse em postagem no Facebook que ofender a pessoa ao profeta "é considerado uma violação a todos os cânones celestiais e um ato racista, que tem como alvo espalhar o ódio, e não tem nada a ver com a liberdade de opinião. O Hamas controla a Faixa de Gaza.

"O Charlie Hebdo se aproveitou da solidariedade de alguns líderes e autoridades árabes para manter sua abordagem ofensiva ao profeta", escreveu Risheq.

Na Turquia, a polícia invadiu a gráfica de um jornal de esquerda, na manhã desta quarta-feira, depois de os editores da publicação terem prometido publicar trechos da edição de hoje do Charlie Hebdo. As autoridades, porém, permitiram que o jornal fosse às bancas depois de verificarem que as caricaturas estavam publicadas no interior do jornal, e não na capa.

A polícia bloqueou ruas ao redor do jornal, sediado em Istambul, no final do dia, deixando claro o potencial incendiário que as caricaturas têm no país, de maioria muçulmana. O governo turco, de maioria islamita, criticou os ataques ao Charlie Hebdo, mas advertiu que o aumento do ódio em relação aos muçulmanos na Europa alimenta o extremismo. Fonte: Dow Jones Newswires.

Veículos de comunicação do mundo inteiro - de jornais a sites - publicaram nesta terça-feira (13) a capa do próximo número do semanário satírico "Charlie Hebdo", mais uma vez com o profeta Maomé e que chega na quarta-feira (14) às bancas francesas. A imagem foi considerada "provocadora" por autoridades do mundo muçulmano.

Nesta última edição, Maomé aparece de roupa e turbante brancos e deixa correr uma lágrima. Nas mãos, segura o cartaz com a inscrição "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie). Este foi o slogan dos milhões de manifestantes que foram às ruas na França e em cidades do mundo todo em repúdio aos ataques em Paris e suas 17 vítimas fatais na semana passada. Logo acima do profeta, aparece a frase "Tudo está perdoado".

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Organizações que representam os entre 3,5 e 5 milhões de muçulmanos franceses fizeram um apelo pela "calma" e que "se evite reações emocionais". Já no exterior, o tom foi de revolta, como no caso do mufti egípcio, Ibrahim Negm, que classificou de "provocação injustificada para os sentimentos de 1,5 bilhão de muçulmanos no mundo".

"Denunciamos a violência e respeitamos a liberdade de opinião, mas a outra parte deve compreender que amamos o profeta Maomé", explicou.

Traduzida para vários idiomas, incluindo o português, o árabe e o turco, a nova edição terá uma tiragem de 3 milhões de exemplares, contra os habituais 60 mil. Serão 16 páginas de humor e de homenagem aos mortos da equipe de redação. Entre eles, estão cinco dos mais importantes cartunistas franceses. O valor arrecadado com a venda dos exemplares será destinado às famílias das vítimas.

"Foi por causa de uma charge de Maomé que morreram, é com uma charge de Maomé que voltarão à vida", escreveu o "Jornal de Negócios" de Portugal, nesta terça.

Nos veículos muçulmanos, a capa não foi reproduzida, porque o Islã proíbe a representação do profeta. Em outros países, os jornais que decidiram publicá-la justificaram sua escolha.

"Por um lado, ao publicar essa capa, corremos o risco de ofender alguns dos nossos leitores. Por outro, se não a publicarmos, ofenderemos um número ainda maior dos nossos leitores, que querem que tomemos uma posição contra o que esses ataques na França representaram", explicou o editor-chefe do site australiano, Daniel Sankey.

- Europa em massa publica capa do Charlie -

Na maioria dos países europeus, jornais e sites reproduzem a capa do "Charlie". Na Grã-Bretanha, porém, "The Independent" é o único dos grandes jornais a publicá-la em sua versão impressa.

O jornal "The Guardian" reproduz a imagem em sua página online, destacando que "o editorialista sobrevivente do semanário satírico francês afirma que essa capa é um pedido de perdão aos terroristas que assassinaram seus colegas na semana passada".

Já o "Daily Telegraph" optou por reduzir a reprodução para não expor a figura do profeta. O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, defendeu a disseminação da capa do "Charlie" por ser, segundo ele, parte do "combate ideológico" para manter uma sociedade livre.

Na Dinamarca, vários jornais publicaram a capa em suas versões online, entre eles "Berlingske", "Politiken", "Information" e "Ekstra-Blade", enquanto "Jyllands-Posten" preferiu não reproduzi-la. Foi esse último que provocou a primeira grande polêmica mundial, ao divulgar uma série de charges de Maomé em 2005. Desde então, tem tido uma postura mais discreta sobre o tema.

Na Rússia, apenas o jornal "Kommersant" apresenta a capa do "Charlie". Na Turquia, um país muçulmano, a imprensa descreve o novo número do semanário satírico, mas não o exibe.

No Irã, o site de notícias "Tabnak" afirma que o Charlie "insulta mais uma vez o profeta". "A onda de insultos contra as entidades sagradas do Islã, na qual esse semanário teve um papel preponderante no passado, combinada com a islamofobia, aumenta no Ocidente", denunciou.

Em 2006, o "Charlie Hebdo" publicou uma sequência de charges de Maomé, o que resultou em protestos entre os muçulmanos e ameaças de morte ao jornal.

As principais organizações muçulmanas na França pediram nesta terça-feira (13) calma a sua comunidade e apelaram para que ela evite as reações emocionais, diante do lançamento na quarta-feira (14) do primeiro número da Charlie Hebdo desde o atentado contra a revista satírica.

Este número traz em sua capa Maomé, com uma lágrima nos olhos, segurando um cartaz com a frase "Je suis Charlie", como fizeram as milhares de pessoas que se manifestaram no domingo na França e em muitas cidades do mundo.

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Acima do desenho aparece o título "Tudo está perdoado", um sinal de apaziguamento que contrasta com a habitual feroz ironia da revista.

Para esta edição, a publicação voltou a escolher uma caricatura do profeta, desta vez assinada pelo cartunista Luz, para um número especial com tiragem de três milhões de exemplares, que será publicado na quarta-feira, após o atentado jihadista de 7 de janeiro contra a sede do jornal, que matou 12 pessoas, entre elas 5 chargistas.

Este número - denominado "a edição dos sobreviventes" - terá três milhões de exemplares, contra os 60.000 normalmente impressos, será traduzido para 16 idiomas e vendido em 25 países.

Seu distribuidor já recebeu uma avalanche de pedidos da França e do exterior, e por isso decidiu ampliar a 3 milhões a tiragem desta edição especial, inicialmente prevista para 1 milhão de exemplares.

Em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu as caricaturas de Maomé cuja publicação no jornal dinamarquês JyllandsPosten desencadeou violentos protestos. A partir de então, o jornal satírico francês sofreu um incêndio criminoso e várias ameaças.

Os dois jihadistas que mataram 12 pessoas na sede do jornal, na semana passada, saíram gritando, "Vingamos o profeta! Matamos o Charlie Hebdo!".

Um jornal australiano publicou neste sábado (10) uma charge do profeta Maomé falando com Jesus e fez um apelo a favor da liberdade de expressão depois do atentado contra a revista francesa Charlie Hebdo.

A charge, intitulada "Oremos", foi publicada pelo jornal The Weekend Australian e mostra Jesus com o Corão na mão dizendo a Maomé que "Eu já te disse que precisa de uma segunda parte", em referência ao fato de que a Bíblia cristã tem um Antigo e um Novo Testamento.

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Maomé, que tem nas mãos um jornal com a manchete "O mundo em guerra", responde a Jesus que agora não pode voltar à forma humana porque seria "crucificado" se o fizesse. As representações de Maomé, como as publicadas pela Charlie Hebdo em 2006, são proibidas pelo Islã e qualquer tipo de humor relacionado com o profeta irrita muitos muçulmanos.

Em seu editorial, o Weekend Australian pede ao mundo que defenda os valores ideias universais e que não ceda ante os ataques à liberdade de expressão.

"Seja deliberado ou não, um dos aspectos mais devastadores desta atrocidade [o ataque à Charlie Hebdo] é que atinge nossa civilização em um lugar que já está se convertendo em nosso calcanhar de Aquiles: a crescente e covarde tendência do politicamente correto", afirma o jornal. "Nos últimos anos, frente aos que sempre se sentem ultrajados, nossas sociedades plurais, democráticas e livres cederam terreno frente à liberdade de expressão que conquistamos", acrescenta.

O autor do desenho, Bill Leak, explicou em um artigo publicado na sexta-feira que os extremistas que cometeram o massacre na Charlie Hebdo, onde morreram 12 pessoas, escolheram de propósito "um símbolo da liberdade de expressão, a base da civilização ocidental".

A revista satírica francesa de esquerda Charlie Hebdo, alvo nesta quarta-feira (7) de um atentado devastador com armas automáticas, reivindicava seu lado provocante e era alvo constante de ameaças desde que publicou em 2006 uma série de charges de Maomé que indignaram o mundo islâmico.

Após a publicação das controversas caricaturas do profeta, inicialmente divulgadas pela revista dinamarquesa Jyllands-Posten, a redação da Charlie Hebdo vivia em estado de alerta.

"Havia ameaças permanentes desde a publicação das caricaturas de Maomé", declarou o advogado da revista, Richard Malka, após o ataque desta quarta-feira por desconhecidos que abriram fogo com armas automáticas e que custou a vida de várias das figuras mais famosas da redação, incluindo Cabu, Charb, Wolinski e Tignous.

"Vivíamos há oito anos sob ameaças, estávamos protegidos, mas não há nada que possa ser feito contra bárbaros que invadem com kalachnikovs", acrescentou o advogado. "É uma revista que apenas defendeu a liberdade de expressão, ou simplesmente a liberdade", disse.

A última edição da revista, lançada nesta quarta-feira, inclui na capa uma caricatura do escritor Michel Houllebecq, autor do polêmico livro "Submissão" publicado neste mesmo dia e que imagina uma França islamizada.

"Em 2015 perco meus dentes, em 2023 faço o Ramadã", afirma a caricatura do escritor na capa da Charlie Hebdo, cujos números se esgotaram nas bancas logo depois do atentado que deixou a França em estado de comoção. Outro desenho mostra o cartunista dizendo: "Em 2036, o Estado Islâmico entrará na Europa".

Após a divulgação em 2011 de uma edição que fazia piada com a sharia, ou lei islâmica, um atentado com coquetéis molotov incendiou parte da sede da revista no distrito 11 do leste de Paris.

Ameaça permanente

Apesar disso, a Charlie Hebdo permaneceu fiel a sua linha de conduta e dizia não ser inimiga do Islã. "Há provocação, como fazemos todas as semanas, mas não mais contra o Islã que com outros temas", afirmou em 2012, após o atentado incendiário, seu diretor de publicação Charb, que morreu no ataque desta quarta-feira.

Após o primeiro atentado de 2011, Charb e outros membros da redação viviam sob proteção policial e sua sede era alvo de custódia pela polícia francesa.

"Prevíamos o pior, e o ministério do Interior havia avaliado as ameaças a tal nível que vivíamos sob proteção permanente, mas não foi suficiente", disse o advogado Richard Malka.

O equivalente na França à revista argentina "Humor" ou à espanhola "El Jueves", a Charlie Hebdo foi fundada em 1970, quando substituiu "Hara Kiri", semanário que reivindicava seu tom "estúpido e malvado", fundado por Cavanna - falecido no ano passado - e Georges Bernier.

A linha inicial era anticlerical e denunciava a ordem burguesa, mas buscava, principalmente, fazer seus leitores rirem com um humor corrosivo implacável.

Em 1970, misturando o drama de uma discoteca no qual 146 pessoas morreram com o falecimento de Charles De Gaulle, a revista intitulou "Baile trágico em Colombey (a localidade onde o general morreu): um morto". O governo proibiu imediatamente a difusão da Hara Kiri.

A redação optou, então, por uma nova fórmula editorial que combinava quadrinhos com posições parecidas com as da Hara Kiri, mas sob um novo título, Charlie Hebdo, em referência a Charlie Brown, o Charlie dos Peanuts, as famosas tirinhas americanas de Charles Schulz.

A partir de então, cultivou uma linha editorial irreverente com uma ótica de esquerda radical forjada durante a presidência de Valéry Giscard d'Estaing (centro-direita, 1974-81).

Em sua longa história choveram julgamentos por difamação. Os processos da Igreja, de empresários, ministros ou famosos que eram alvo permanente de suas sátiras acabaram derrubando uma revista que em 1981, ano da eleição do socialista François Mitterrand, havia perdido muitos leitores.

Passaram-se 11 anos antes que Charlie Hebdo voltasse a ser publicada, em 1992. Desde então, a revista abriu suas colunas aos melhores cartunistas irreverentes da França, de Wolinski a Cabu, ambos mortos no atentado.

O número de 2006 que havia reproduzido as caricaturas da imprensa dinamarquesa alcançou um recorde de vendas de 400.000 exemplares. Até o dia do atentado, a revista, que passava por dificuldades financeiras, publicava semanalmente cerca de 30.000 exemplares.

Um artista sueco que recebeu ameaças de morte depois de ter representado o profeta Maomé como um cachorro anunciou nesta quarta-feira (20) que tem a intenção de expor novamente usando como tema o fundador do Islã.

"É importante continuar porque se cedermos às ameaças e retrocedermos, abandonaremos o princípio da democracia", declarou à AFP Lars Vilks, de 66 anos.

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Vilks atraiu a atenção dos meios de comunicação de todo o mundo depois da publicação em 2007 de uma caricatura de Maomé no jornal regional Nerikes Allehanda, junto em um editorial sobre a liberdade de expressão.

O artista pretende expor em julho, em Malmo, a terceira cidade da Suécia, onde 40% da população, segundo a municipalidade, é integrada por imigrantes de primeira ou segunda geração de pessoas procedentes do Iraque, Bósnia, Líbano, Irã e Turquia.

O pintor indicou que vai retomar a mesma charge do profeta, com um corpo de cachorro, para caracterizá-lo em quadros de célebres de pintores como Monet, Rubens o Anders Zorn.

Oito pessoa, incluindo Colleen LaRose, uma islamita que se chama de "Jihad Jane", foram presas em 2009 por ter planejado matar o artista.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu ontem (25) liminar  à União Nacional das Entidades Islâmicas (UNI) determinando  a retirada de vídeos que contenham cenas do filme Inocência dos Muçulmanos do Youtube. O filme gerou uma série de ataques em vários países contra representações diplomáticas norte-americanas e de seus aliados por ser considerado pelos muçulmanos como anti-Islã.

Em um dos ataques, em Benghazi, na Líbia, o embaixador norte-americano Chris Stevens e mais três funcionários foram mortos.

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O juiz da 25ª Vara Cível deu até dez dias para o Youtube retirar os trechos do filme do ar. Do contrário, o site terá de pagar multa de R$ 10 mil por dia por descumprimento da decisão liminar.

O pedido contra a Google Brasil Internet, proprietária do site, foi encaminhado à Justiça pela União Nacional das Entidades Islâmicas (UNI). O juiz indeferiu, porém, um segundo pedido da UNI para impedir futuras publicações desses vídeos. Na decisão, o juiz diz que “apesar de não ser possível determinar à ré que, na prática, controle previamente todos os arquivos que são enviados para armazenamento em sua base de dados, nada impede que a UNI, munida das informações necessárias, informe ao juízo tal reinserção, que por sua vez  poderá, em extensão aos efeitos da tutela já antecipada, determinar sua retirada, abrindo novo prazo para a ré cumprir tal obrigação”.

Nessa quarta-feira (26), o Google afirmou que não irá retirar o trailer do filme do YouTube por conta de decisões judiciais.

A companhia informou a imprensa que irá recorrer das decisões e não é responsável pelo conteúdo publicado por usuários no Youtube. "O Google está recorrendo da decisão que determinou a remoção do vídeo do YouTube porque, em sendo uma plataforma, o Google não é responsável pelo conteúdo postado em seu site."

(Com informações da Agência Brasil)

 

Escolas e empresas ficarão fechadas e o transporte público será interrompido em Bangladesh por conta de uma greve geral imposta por grupos islâmicos conservadores que protestam contra o filme "Inocência dos Muçulmanos", que ridiculariza o profeta Maomé. Milhares de agentes de segurança foram mobilizados na capital, Daca, para tentar evitar a violência durante a paralisação deste domingo. A greve foi convocada em resposta à ação da polícia de Bangladesh contra apoiadores de grupos que se manifestaram contra o filme, produzido nos Estados Unidos.

No sábado (22), dezenas de pessoas foram presas e outras dezenas ficaram feridas, quando manifestantes entraram em confronto com a polícia. Vários veículos foram queimados, incluindo uma van da polícia.

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Em Israel, uma mulher palestina tentou esfaquear um policial israelense em uma rua do leste de Jerusalém neste domingo (23), aparentemente como um protesto contra o filme, afirmou o porta-voz da polícia de Israel Micky Rosenfeld. "Uma mulher árabe tentou esta manhã atacar um policial israelense, que conseguiu controlar a situação. Ninguém ficou ferido", disse o porta-voz. Segundo ele, a mulher, de 32 anos, foi presa e teve sua faca apreendida. "Questionamentos preliminares revelaram que ela estava tentando protestar contra o filme", acrescentou Rosenfeld. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

O governo do Paquistão ofereceu neste sábado uma recompensa de US$ 100 mil pela morte do diretor do filme contra o Islã produzido nos Estados Unidos e que espalhou protestos violentes em todo o mundo muçulmano.

"Anuncio que a pessoa que matar o homem que violou a santidade do profeta receberá o prêmio de US$ 100 mil", afirmou o ministro Federal, Ghulam Ahmed Bilour, que também convidou os membros do Taleban e Al-Qaeda a tomarem parte nessa "ação nobre". As informações são da Dow Jones.

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