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A Justiça de São Paulo bloqueou R$ 143 milhões das contas de Marcelo Odebrecht. A decisão, em caráter liminar, dada na terça-feira (3) pelo juiz Eduardo Pellegrinelli, da 2.ª Vara Empresarial de São Paulo, atende a pedido do próprio grupo Odebrecht, que ajuizou a ação contra seu ex-presidente, sua mulher e suas filhas.

Duas semanas antes do fechamento do contrato de leniência da Odebrecht e dos 77 delatores, em 2016, Marcelo exigiu, como contrapartida ao aceite do acordo de colaboração, o recebimento dos R$ 143 milhões. Metade foi paga à vista e a outra, depositada em plano de previdência em nome da mulher e das três filhas.

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O contrato assinado entre Marcelo e a Odebrecht prevê arbitragem para resolução do conflito, mas a ação foi proposta pelo grupo empresarial para evitar que o dinheiro desaparecesse. Na decisão, o juiz considerou, baseado em mensagens do próprio Marcelo e anexadas ao processo, o risco de uma "tentativa de blindagem" dos valores por parte do seu ex-presidente.

Os dois lados estão em guerra pelo controle do grupo. Até o fim do ano passado, Marcelo, fora do comando do grupo desde 2015 quando foi condenado pela Lava Jato, ainda recebia salário e benefícios da companhia. Mas foi demitido por justa causa a pedido do próprio pai, Emílio. Marcelo havia criticado em carta os atuais executivos pela forma como o grupo, em recuperação judicial, estava sendo conduzido e colocava-se à disposição da família para voltar ao comando.

A Odebrecht abriu investigação interna para identificar eventuais delitos cometidos por Marcelo. A investigação ainda não foi concluída, mas a empresa diz ter levantado elementos contra o seu ex-presidente na ação proposta. Entre os indícios apontados, o juiz citou mensagens que indicariam chantagem de Marcelo contra atuais e ex-executivos do grupo. "Acabarei detonando a todos", diz uma delas. Procurado, Marcelo não retornou o pedido de entrevista.

Com dívidas de R$ 98,5 bilhões, o grupo deverá realizar, no dia 18 de março, assembleia com os credores para aprovação de seu plano de recuperação judicial. Entre os credores, estão Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e BNDES.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A força-tarefa da Operação Lava Jato quer ouvir Marcelo Odebrecht e outros dois ex-executivos da empreiteira sobre a venda da Petroquímica Triunfo, da Petrobras, para a Braskem. Os investigadores identificaram e-mails considerados suspeitos em que os empresários dizem ter acionado parlamentares aliados para barrar, na CPI da Petrobras, o depoimento de um executivo que denunciou supostas irregularidades na negociação.

As mensagens citam inclusive que o ex-senador Romero Jucá (MDB), então relator da CPI, teria confirmado que não chamaria o empresário rival. Em 2018, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um laudo da Polícia Federal no Paraná apontou que o acordo gerou prejuízo de até R$ 191 milhões aos cofres da Petrobras.

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A investigação se iniciou após representação da família Gorentzvaig, dona da Petroplastic, que era sócia da Petroquisa - subsidiária da Petrobras, na Triunfo. Eles afirmam ter feito uma proposta de R$ 350 milhões pela aquisição da Triunfo, que foi rejeitada pela Petroquisa. A subsidiária, então, aceitou uma oferta de R$ 117 milhões da Braskem.

À época, Paulo Roberto Costa - ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera -, primeiro delator da Operação Lava Jato, era diretor da Petroquisa e integrou a negociação. A Petroplastic o acusa de favorecer a Odebrecht.

Costa, que confessou ter recebido US$ 32,5 milhões em propinas da empreiteira, afirmou, por outro lado, não ter conhecimento de irregularidades na aquisição da Triunfo pela Braskem.

Sobre o negócio, os procuradores destacam que a PF conclui que "há inegável discussão sobre os métodos e parâmetros empregados para a avaliação do valor da Petroquímica Triunfo; todavia, entende que eventual subavaliação dos ativos públicos - dado que a Petrobras tinha o controle majoritário da Triunfo -, por si só, não encontra correspondência em nenhum tipo penal previsto em nosso ordenamento".

No entanto, as investigações não foram concluídas. A força-tarefa quer mais diligências para verificar se há indícios de crimes na transação. Em meio ao inquérito, os investigadores passaram a analisar os e-mails fornecidos por Marcelo Odebrecht em sua delação premiada, e entenderam haver "conversas suspeitas".

Nas mensagens, os investigadores encontraram tentativas de barrar depoimentos do empresário Boris Gorentzvaig na CPI da Petrobras, em 2009.

De acordo com os procuradores, em julho de 2009, o executivo Marcos Wilson escreveu a Marcelo: "Marcelo e Nelson: a CPI vai dar um palco para Boris Gorentzvaig. Ele, claro, deve aproveitar a grande chance de fazer denúncias que irão desde 'conluio Petrobras/Braskem' até ataques pessoais ao Dr. Emílio, no estilo do publicado pelo Estadão há uns dois anos".

"Precisamos ficar atentos em Brasília e termos um plano sinérgico (Braskem e Odebrecht) para contrabalançar o depoimento. Conversemos sobre assim que vocês puderem", completou.

Marcelo, então, respondeu: "Para nossa conversa sobre CPI veja quem pediu o requerimento do Boris".

No mesmo dia, o executivo Claudio Melo Filho enviou um e-mail a Marcelo afirmando que, "para variar, o requerimento do Boris foi apresentado pelo Senador Álvaro Dias". "Ou seja: único que não temos acesso. Vamos falar", disse Marcelo, em resposta.

Em agosto, José Carvalho Filho, também executivo da Odebrecht, e, hoje, delator, afirmou a Marcelo e outros colegas do alto escalão da empreiteira que "esteve com o relator, confirmou a posição de não convocar as construtoras, nem o Boris".

À época, o relator da CPI era o senador Romero Jucá (MDB). Atualmente, o emedebista responde a ação penal por suposta propina de R$ 150 mil para atuar em favor da Odebrecht na tramitação das Medidas Provisórias 651/2014, conhecida como "Pacote de Bondades", e da 656/2014, que trata da redução para zero da alíquota de PIS e Cofins. Ao todo, executivos da empreiteira narram repasses de R$ 5 milhões ao político.

Ele chegou a ser alvo da Operação Armistício, em novembro de 2018, que mirava pagamentos da Odebrecht a Jucá em troca de supostos benefícios à Braskem. Jucá, no entanto, não foi delatado neste negócio específico envolvendo a Triunfo.

A PF quer ouvir Marcelo, Claudio Mello, José Carvalho Filho e Marcos Wilson, da empreiteira, a respeito dos fatos investigados. Também pediu acesso aos sistemas de propinas e contabilidade paralela da empreiteira para identificar supostos pagamentos a relacionados à incorporação da Triunfo pela Braskem. O pedido foi feito no fim de novembro, e ainda não foi apreciado pela Justiça Federal no Paraná.

Como Boris Gorentzvag faleceu, seu filho, Auro, continua peticionando nas investigações. Ele reiterou as denúncias feitas pelo pai e acusa o favorecimento da Braskem na transação.

Em 2015, com a Lava Jato nas ruas, uma nova CPI da Petrobras foi instaurada no Congresso. Desta vez, o empresário Auro Gorentzvaig afirmou que sua empresa foi "expropriada" pela estatal para que a Braskem, subsidiária da Odebrecht, fosse beneficiada.

Ele chegou a acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de agir para promover o monopólio no mercado. "A família Odebrecht é dona do Brasil", declarou. Os irmãos Caio e Auro reiteram a afirmação no inquérito.

Em depoimento à PF, em 2015, Caio Gorentzvaig afirmou à PF acreditar no acerto de Lula com a empreiteira porque, em 2002, "ao se lançar candidato à Presidência da República, conheceu Emílio Odebrecht, tendo ocorrido um acerto entre os últimos no sentido de que a Odebrecht iria assumir os gastos de campanha de Lula, demandando em contrapartida que a empresa assumisse o controle do setor petroquímico do país".

Defesas

Procurada pela reportagem, a defesa do ex-presidente Lula não se manifestou. A Odebrecht disse que não iria comentar. Romero Jucá disse: "desconheço esse assunto da Triunfo". O espaço está aberto para manifestações.

Foi por meio de um e-mail do novo diretor presidente da Odebrecht, Ruy Sampaio, que o empresário Marcelo Odebrecht soube, nessa sexta-feira (20), de sua demissão da própria empresa - por justa causa e sem direito a indenização.

A ordem partiu do pai de Marcelo, Emílio Odebrecht. O ex-presidente do conglomerado e um dos pivôs da Operação Lava Jato recebia algo em torno de R$ 115 mil por mês e tinha uma estrutura bancada pelo grupo. A partir de agora, ele terá de arcar com os benefícios perdidos, como secretária, motorista, advogados e assessoria de imprensa.

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O Estado apurou que a justificativa para a demissão por justa causa está relacionada ao entendimento de que Marcelo cometeu crimes de extorsão e ameaça contra a empresa, como pedir contrapartida financeira do grupo para fechar acordo de delação com o Ministério Público Federal. Executivos considerados próximos ao herdeiro devem ser desligados nos próximos dias.

Embora estivesse afastado de funções executivas desde sua prisão, em 2015, Marcelo ainda constava como funcionário licenciado da empresa. A demissão do executivo foi uma das recomendações dos monitores externos independentes do Ministério Público Federal e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Em nota, a Odebrecht afirmou que a recomendação foi acatada e aprovada em 24 de outubro pelo Conselho de Administração da holding, que era presidida por Sampaio, desafeto de Marcelo e homem de confiança de Emílio Odebrecht.

A decisão final, no entanto, só foi efetivada ontem, após Sampaio assumir a presidência do grupo no lugar de Luciano Guidolin, no início da semana - um dos motivos da troca de comando teria sido a demora de Guidolin executar o pedido de demissão de Marcelo, dizem fontes ligadas à empresa.

Em nota, o empresário afirmou que sua demissão "é apenas a demonstração inequívoca de mais um ato de abuso de poder do atual presidente da Odebrecht, que, na tentativa de paralisar a apuração pelo compliance de fatos que lhe atingem e que deveriam estar protegidos por sigilo, retalia o denunciante como forma de intimidá-lo". Marcelo é acionista minoritário, com participação de 2,69%, da Kieppe, holding por meio da qual a família controla a Odebrecht.

Nos últimos dias, ele vinha fazendo uma série de acusações, via imprensa, contra o pai, o cunhado Maurício Ferro e Sampaio. O Estado apurou que Emílio vinha amadurecendo a ideia da demissão há algum tempo para dar um basta aos ataques de Marcelo. Amigos próximos afirmam que o patriarca tentou falar com o filho no fim de semana para uma possível trégua, sem sucesso.

Briga familiar pública

A relação entre Emílio e Marcelo nunca foi muito amistosa, segundo fontes próximas à família. Marcelo competia com o pai pelo controle da empresa, disse um executivo que trabalhou com ambos. Nas reuniões, discordava do estilo de gestão do pai e, por vezes, causava constrangimento entre os executivos.

A situação piorou depois do início da Operação Lava Jato. Marcelo se sentiu traído ao ser condenado sozinho enquanto outros executivos ficaram livres, entre eles seu cunhado Maurício Ferro, casado com Mônica Odebrecht. Desde que saiu da prisão, em dezembro de 2017, Marcelo vem trabalhando para reunir provas contra o cunhado e outros executivos. Em setembro, o empresário obteve a progressão da pena para o regime semiaberto e passou a frequentar a sede da empresa, em São Paulo.

Nas últimas semanas, ele voltou ao ataque com uma série de críticas em relação à condução dos negócios da empresa e acusou o pai de ter levado à companhia à recuperação judicial. A sequência de acusações gerou preocupação em relação às negociações com credores, que poderiam voltar atrás nas conversas.

A troca na presidência da Odebrecht chegou a ser considerada positiva para o plano de recuperação do grupo, que tenta negociar uma dívida de R$ 100 bilhões e manter a empresa de pé. Na próxima semana, os responsáveis pela recuperação vão ter nova rodada de conversas com bancos credores para explicar as mudanças.

Maurício Odebrecht ganha força

A disputa de poder entre Marcelo e Emílio Odebrecht no grupo Odebrecht traz aos holofotes outro integrante da família: Maurício Odebrecht. Aos 47 anos, o herdeiro nunca exerceu funções executivas no conglomerado baiano, mas, desde dezembro de 2017, faz parte do conselho de administração do grupo.

Maurício está sendo preparado para assumir um papel mais importante na Kieppe, holding da família que controla Odebrecht e que tem Emílio no comando. Ele conta com o apoio de suas duas irmãs - Mônica e Márcia -, que estão alinhadas ao pai nesse litígio em família.

Até então, Maurício era responsável pela gestão de outros negócios da família, como propriedades agrícolas. O irmão mais novo de Marcelo não deverá atuar como executivo do grupo, mas deve permanecer como braço direito do pai na holding Kieppe. O herdeiro tem participado como ouvinte de reuniões que discutem a reestruturação da companhia.

No último dia 13, a Odebrecht reuniu seus principais colaboradores no auditório da sede para discutir as perspectivas do grupo. Maurício fez uma apresentação, mas não empolgou a plateia, preocupada com questões imediatas da companhia.

Reestruturação ameaçada

Os credores da Odebrecht estão preocupados com a briga pública entre Emílio e Marcelo Odebrecht e como esse litígio poderá afetar os planos de reestruturação da companhia, que entrou com pedido de recuperação judicial em junho, com dívidas declaradas de R$ 55 bilhões.

A troca de comando do conglomerado, anunciado na segunda-feira passada, 16, foi bem recebida pelos credores. Ruy Sampaio, que ocupava a presidência do conselho de administração do conglomerado, substituiu Luciano Guidolin, com a clara missão de frear a influência que Marcelo Odebrecht ainda tem no grupo.

O plano de reestruturação da companhia está sendo conduzido pela RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, e pelo escritório de advocacia E. Munhoz, de Eduardo Munhoz.

Na quinta-feira, 19, a Odebrecht obteve aval dos credores para adiar para 29 de janeiro a assembleia de credores, quando pretende apresentar - e, eventualmente, votar - um plano de recuperação com maiores detalhes do que tem hoje sobre as condições de pagamento de suas dívidas.

O grupo vem adiando a votação para ganhar tempo e finalizar as negociações com os cinco maiores bancos do País, detentores de créditos de R$ 13 bilhões garantidos por sua fatia de participação na Braskem. São eles: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander.

A negociação é fundamental para o fluxo de caixa do grupo. A Odebrecht pleiteia acesso a 80% dos dividendos equivalentes a sua fatia na Braskem e a não execução dessa garantia por até três anos, período após o qual venderia a companhia. A expectativa da empresa é obter um acordo até o fim do ano, para que os bancos possam avaliar internamente em seus respectivos comitês.

Artilharia

Mas a artilharia entre pai e filho ainda preocupa as instituições. Reuniões estão marcadas para os próximos dias entre os responsáveis pela reestruturação do conglomerado com os principais bancos credores para discutir o assunto.

Uma fonte a par das negociações do conglomerado, que falou com o Estado sob reserva, afirmou que os bancos privados e públicos temem que o litígio entre pai e filho afete o processo de recuperação judicial da empresa.

Apesar de ficarem aliviados com a demissão de Marcelo ontem, os bancos sabem que a medida sofrerá retaliação por parte do empresário. Uma fonte afirmou que os credores ficaram irritados com a notícia de que Marcelo teria recebido R$ 240 milhões para fechar o acordo com o Ministério Público Federal e vão endurecer nas negociações para barrar qualquer tipo de pagamento para o executivo.

Uma das saídas seria criar uma subclasse de credores da Odebrecht dentro da recuperação judicial para isolar os valores a serem recebidos por Marcelo. O empresário tem uma fortuna (mais de R$ 70 milhões) para receber dentro do processo judicial. Mas os credores não vão querer que ele receba. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, disse que a operação Lava Jato foi o "gatilho" para a "derrocada" da construtora, mas que "manipulações internas" também contribuíram para isso. 

Em entrevista concedida para o jornal O Globo, ele afirmou que a empresa poderia estar em uma situação melhor hoje, apesar dos problemas enfrentados nos últimos anos.

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"É fácil dizer que o que quebrou a Odebrecht foi a Lava-Jato. Sim, a Lava-Jato foi o gatilho para nossa derrocada, mas a Odebrecht poderia ter saído dessa crise menor, mas mais bem preparada para um novo ciclo de crescimento sobre bases até mais sustentáveis. Só que nós não soubemos conduzir o processo da Lava-Jato. A Odebrecht quebrou por manipulações internas, não apenas pela Lava-Jato", afirmou.

Marcelo Odebrecht permaneceu preso por dois anos e cinco meses em Curitiba, após ser condenado a mais de 30 anos por corrupção. Em função de seu acordo de delação premiada, ele passou para prisão domiciliar em dezembro de 2017, progredindo para o regime semiaberto em setembro de 2019.

Empresário afirma que existia caixa dois desde a década de 1980

O empresário admitiu que companhia pagava caixa dois, mas disse os isso ocorria desde os anos 1980. Odebrecht afirmou ainda que o Departamento de Operações Estruturadas é em sua maior parte "folclore", algo que ganhou uma dimensão muito maior do que realmente foi.

"Isso é folclore. Esse tal departamento de propina nunca existiu. A verdade é menos espetaculosa. Desde os anos 1980, bem antes de meu ingresso na empresa como estagiário, havia pessoas na Odebrecht que apoiavam os executivos na realização de pagamentos não contabilizados. Eram bônus não declarados para executivos, pagamentos em espécie a fornecedores, especialmente em zonas de conflito, investimentos em que não queríamos aparecer, caixa dois para campanhas, e eventualmente até propinas", explicou.

Marcelo nega corrupção no BNDES

Marcelo negou que tenha ocorrido irregularidades nos financiamentos do BNDES. Disse ainda que a "a presença de Lula" no exterior "trazia algum desconforto porque a intenção dele era abrir o mercado para todas as empresas brasileiras".

O empresário, que está proibido de falar sobre temas relacionados a processos ainda em andamento na Justiça, mencionou a existência da conta Italiano, apontada pela Lava Jato como sendo administrada por Marcelo Odebrecht para pagamento de propina ao PT.

Segundo ele, tratava-se "de uma conta fictícia na qual debitávamos os pagamentos que nos eram solicitados primeiro por Antonio Palocci e depois por Guido Mantega [ambos ex-ministros da Fazenda] para atender os interesses do PT e, dentro dos interesses do PT, do Instituto Lula". O ex-presidente da construtora não explicou se os recursos seriam ilegais, destinados por exemplo ao pagamento de caixa dois ou propina.

'Levantar o moral de nossa tropa'

Por fim, Marcelo Odebrecht disse que os "dois maiores pecados" da companhia foram "a falta de transparência do caixa dois, e a crença de que os fins justificavam os meios". Mas apesar dos problemas, transpareceu confiança na recuperação da empresa.

"Primeiro temos que vencer o desafio da recuperação judicial, e levantar o moral de nossa tropa, voltando a valorizar a nossa cultura empresarial. Tinha um antigo diretor nosso que dizia: “Enquanto tiver bala, atire”. E é isso que temos que fazer", afirmou.

Da Sputnik Brasil

O empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou, na primeira entrevista que concedeu após ser solto em dezembro de 2017, que a construtora se instalou em Cuba a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao falar para o jornal Folha de São Paulo, Marcelo, que comandou a Odebrecht até 2015 quando foi preso, também negou que haja algum tipo de 'caixa-preta' da empresa no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Questionado sobre como se deu a expansão internacional da Odebrecht para países alinhados politicamente com o governo brasileiro, como Cuba, Venezuela e Angola, Marcelo disse que existiu uma orientação de Lula apenas para Cuba.

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"Eu diria que, nesses 20 anos, só uma exportação teve uma iniciativa por parte do governo brasileiro e que, apesar da lógica econômica por trás, teve uma motivação ideológica e geopolíticas, que foi Cuba. Em todos os países, nós íamos por iniciativa própria, conquistávamos o projeto e buscávamos uma exportação de bens e serviços. Em Cuba houve um interesse do Brasil de ajudar a desenvolver alguns projetos. E aí, Lula pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba”, revelou. 

Segundo Marcelo, o pedido foi para que a empreiteira fizesse uma estrada  que estava deteriorada, após um desastre ambiental, e isso ajudaria na geração de emprego no país, mas a construtora decidiu fazer um porto. "A gente avaliou as oportunidades e identificou que o melhor para o Brasil, economicamente e do ponto de vista de exportação de bens e serviços, era fazer um porto em Cuba. A obra de um porto tem muito mais conteúdo que demanda exportação a partir do Brasil. Para fazer uma estrada ou casa, em geral, é mais difícil fazer exportação. No caso de um porto, tem estrutura metálica, maquinário, produtos com conteúdo nacional para exportar do Brasil", detalhou. 

O herdeiro do grupo Odebrecht admitiu ainda que não foi fácil escolher ir para Cuba, mas eles aceitaram. Já quando perguntado sobre interferências internacionais de Lula, ele disse que viviam um "dilema" com as viagens internacionais de Lula. "Ele vendia bem o Brasil. E na maioria dos países, a gente já estava havia mais de dez anos, 20 anos. Muito antes do Lula. E éramos a única empresa brasileira”, disse.

“A gente queria se beneficiar da ida do Lula para reforçar os links com países e, portanto, melhorar a nossa capacidade de atuar lá. Mas, ao mesmo tempo, quando Lula chegava ele não defendia só a Odebrecht. A gente se esforçava, passava notas para o Lula. Porque a gente fazia questão de deixar claro o que a Odebrecht já fez em outros países para Lula, Dilma e Fernando Henrique”, emendou.

BNDES

Marcelo também tratou durante a entrevista sobre o BNDES. O empreiteiro garantiu que a Odebrecht não tem nenhum tipo de 'caixa-preta' com o banco estatal. 

"O pessoal diz que o BNDES praticou políticas, principalmente de juros baixos e condições favoráveis de financiamento, que eram compatíveis com o mercado. Questionam o jatinho e constroem a história  de uma maneira espetaculosa... De fato, as condições gerais do BNDES, tanto de juros quanto de prazo, são muito melhores. Em relação ao mercado brasileiro, são distorcidas. Mas eram extremamente compatíveis com o que se praticava no resto do mundo", esclareceu. 

Segundo Marcelo Odebrecht, o BNDES financiava a exportação de conteúdo nacional para projetos do exterior, mas "nunca deu dinheiro para que se produzisse no exterior".  "A parcela de gastos no exterior tinha que ser bancada pelo cliente e outras fontes", explicou.

O empresário Marcelo Odebrecht disse nesta segunda-feira, 7, que "o Instituto Lula era uma romaria de empresários". Em depoimento à Justiça Federal, no âmbito de ação penal em que o ex-presidente é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, Odebrecht declarou que, após a saída de Lula da Presidência, "havia sim um descontentamento enorme da classe empresarial em relação ao rumo que estava tomando o governo Dilma".

Segundo Odebrecht, era "extremamente difícil" de lidar com Dilma. "Essa a avaliação de todos. Esses empresários, entre os quais, meu pai, não cansavam de ir até Lula para tentar ver se ele influenciava ela (Dilma) de alguma maneira."

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O empresário foi ouvido em uma Vara Federal de Osasco (Grande São Paulo), por meio de vídeo conferência. O processo, sobre negócios em Angola, na África, tramita na 10.ª Vara Federal de Brasília.

O juiz Vallisney Oliveira perguntou a Odebrecht. "Os srs utilizavam o ex-presidente Lula para fazer algum pedido ao governo da ex-presidente Dilma? Ele (Lula) trabalhava, entre aspas, pela empresa?, fazia algum favor para a empresa junto ao governo? Aqui (no processo) tem um crime de tráfico de influência. O sr como colaborador o que pode dizer sobre isso?"

"A maior dificuldade que tinha com a presidente Dilma era, por exemplo, no nosso caso, o projeto do etanol que o presidente Lula incentivou a Odebrecht entrar e, depois, a presidente Dilma fez várias medidas que foram contra", respondeu o empresário. "Então, tinha sim, nós, empresários, recorríamos a Lula para tentar influenciar Dilma porque entendíamos que os rumos do governo não estava sendo dos mais adequados."

Odebrecht reiterou que "o Instituto Lula virou uma romaria de empresários".

"Mas eu não diria que nesse processo foi feito nada de ilícito, era uma coisa normal de um presidente que saiu e que colocou a sucessora dele."

O juiz insistiu. "E por que o sr. se utilizava do ex-presidente?'

O empresário começou a responder. "Excelência, a percepção que existia em todo o meio empresarial..."

O juiz interrompeu e retomou a palavra. "Quero entender porque (o processo) é um tráfico de influência. Tem que ter alguma promessa do réu nesse caso específico."

"Nesse caso específico não me lembro de nada, a gente pode ter pedido para ele reforçar lá alguma coisa. Acho que é normal, a gente fazia isso com os presidentes quando viajavam, presidentes e ex-presidentes, nós atualizávamos eles o que estávamos fazendo nesses países, lobby positivo a favor das empresas."

Ainda ao ser indagado sobre palestras relativas ao Instituto Lula, Odebrecht explicou. "Soube que houve um combinado do meu pai com Lula, ou Alexandrino (Alencar, executivo do grupo), não sei ao certo, para se fechar algumas palestras. Assim como soube que várias outras empresas no Brasil e no exterior contrataram o presidente Lula para fazer palestras. Qual foi a motivação que meu pai contratou essas palestras, acho mais correto escutar diretamente dele."

Odebrecht seguiu. "Havia duas razões: havia intenção de ajudar o Instituto Lula, como ajudamos o Instituto FHC. O presidente Lula era pessoa que tinha imagem bastante positiva em vários países em que a gente atuava. Ao contratar ele para umas palestras não deixara de ser um trabalho de relações públicas."

O empresário ressaltou que avisou o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) que R$ 15 milhões foram reservados a Lula e que esse valor sairia da "Planilha Italiano" - fluxo de dinheiro da empreiteira para o PT e para o Instituto. Ele disse que o dinheiro das palestras seria descontado da planilha, sem avisar Lula.

"No nosso entendimento, Instituto Lula fazia parte do projeto político do PT."

O empresário Marcelo Odebrecht confirmou nesta segunda-feira, 7, o acerto de propinas ao PT em favor de Luiz Inácio Lula da Silva, relacionados ao financiamento pelo BNDES de exportação de serviços do grupo em Angola, na África. Ouvido nesta segunda-feira, 7, como delator pelo juiz federal Vallisney Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, disse que manteve o teor de suas delações e apontou contradições nos depoimentos do pai, Emílio Odebrecht.

O caso dos negócios da Odebrecht em Angola tem Lula como réu em dois processos penais abertos na Justiça Federal, em Brasília, resultado na Operação Janus - deflagrada em 2016 em desdobramento às descobertas da Lava Jato. O principal, que trata do suposto acerto de US$ 40 milhões de propinas ao PT pela liberação dos recursos pelo BNDES, tem como alvos Lula e Paulo Bernardo - ele foi ouvido na sexta-feira, 4, nesse caso. O outro, é o que apura corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência contra o ex-presidente e Taiguara Rodrigues dos Santos, conhecido como "sobrinho de Lula".

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"Naquela época, eu tinha uma conta corrente que eu e Palocci administrávamos, e que pertencia ao PT, Lula e que, na verdade, era fruto de um combinado de Lula com meu pai. Quando havia pedidos de valores para ajudar o PT, saia dessa conta corrente." A conta corrente está registrada na "Planilha Italiano", que a Lava Jato apreendeu, que era a contabilidade informal de um crédito de R$ 300 milhões que os Odebrecht reservou para pagamentos ao PT.

Odebrecht afirma que na "Planilha Italiano" havia duas "contrapartidas" - que seriam os negócios onde houve cobrança condicional de propinas - o caso do chamado "rebate", dos negócios em Angola e BNDES, e o Refis da Crise. "Esses dois foram de fato contrapartidas solicitadas, e que geraram créditos."

No caso do financiamento de Angola, apontou envolvimento do ex-ministro Paulo Bernardo. "A Planilha Italiano era a conta corrente onde havia créditos que eram colocados em função de pedidos, que eram feitos, principalmente através de Palocci. Basicamente por Palocci e, no caso do rebate, por Paulo Bernardo."

Contradições

Em quase uma hora e meia de depoimento ao juiz da 10.ª Vara Federal, Odebrecht confirmou o que sabia sobre o caso e acusou o pai e o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar de "contradições" ao falarem à Justiça sobre a participação do ex-presidente e o acerto de valores.

"Como a relação de Lula pertencia ao meu pai, eu tinha que referendar esses valores com ele, buscar a autorização dele. Só que agora ele está dizendo em depoimento que nunca conversou com Lula sobre valores."

Como delator, ele explicou que não teve participação direta nos supostos acertos com o ex-presidente, mas que tanto o pai, como Palocci e outros executivos relataram pedidos de Lula. Afirmou ainda que manteve o teor de sua colaboração premiada - homologada em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após depoimento de sexta, no processo principal, defesas dos réus viram "recuo" do empresário.

"Aquilo que eu sabia, era via Alexandrino e meu pai. E os dois têm várias contradições nos depoimentos deles em relação ao que me contaram à época", afirmou Odebrecht.

"O grande ponto da questão é que tem alguns itens, que eu tinha obtido através de meu pai informação de que ou ele tinha falado com Lula, ou ia falar com Lula e eu autorizava. Mas que basicamente nesse momento, ou ele esqueceu, e está no direito dele, ou ele falava uma coisa comigo e falava com Lula outra. Então isso que precisava esclarecer."

O delator disse que nunca afirmou ter tratado diretamente com o petista sobre propinas e que isso confirma sua delação. "Sempre deixei bem claro, em todas minhas colaborações, em todos meus depoimentos, sempre, não só o da sexta passada na ação penal do rebate (de Angola), em todas as ações penais em que eu tive, em toda colaboração, eu sempre deixei bem claro que nunca tive relação nem responsabilidade pelas tratativas com presidente Lula."

Presidente do grupo de 2009 até 2015, quando foi preso pela Lava Jato - cumpriu dois anos de prisão e agora está em regime domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica -, Odebrecht disse que a "relação de Lula pertencia" ao pai, Emílio, mas que referendava valores com ele. "Só que agora ele está dizendo em depoimento que nunca conversou com Lula sobre valores".

"Respondo pela minha colaboração e pelo o que eu falei. Se pessoas acertaram propinas e disseram que não acertaram, eles é que têm que responder. Posso responder pela minha colaboração."

Sobrinho

No processo em que Odebrecht foi ouvido nesta segunda-feira, as acusações são relacionadas aos supostos pagamentos feitos para Lula e para o "sobrinho", relacionados a negócios em Angola. O delator explicou que não teve envolvimento direto com o caso.

"Não tive nenhuma relação com esse assunto da contratação do sobrinho, e o que eu soube, soube depois. Como também não era responsável pela relação com o presidente Lula, nem constava nos meus anexos. Quando veio a denuncia (do MPF, em 2016) eu ainda não tinha fechado o acordo de colaboração, eu apenas citei em um dos meus anexos o que eu sabia dos fatos", explicou Odebrecht, ao juiz.

O delator voltou a contar que o diretor da Odebrecht em Angola Ernesto Bayard o comunicou, após os acertos, que havia a solicitação de apoio. "O que eu soube foi que por volta de 2011, que o Ernesto Bayard me alertou, que houve pedido de Lula, não sei se a meu pai ou Alexandrino para que nós pudéssemos subcontratar o sobrinho dele em Angola."

Odebrecht disse também que tempos depois Alexandrino também relatou novo pedido para ajuda ao "sobrinho". "Não tinha falado nada, porque não tinha me envolvido."

Marcelo foi questionado se confirmava a denúncia do MPF de 2016, inicial do processo, que vinculava o empresário à negociação com Lula para pagamento de R$ 20 milhões por meio da contratação da empresas Exergia, de Taiguara, em troca do financiamento do BNDES. O delator disse que é falso.

Odebrecht disse que a denúncia do caso, que o coloca como responsável direto pelos acertos e pagamentos a Lula e ao sobrinho, segundo o Ministério Público, gera uma situação "injusta". "Ocorreu quando não tínhamos fechado a colaboração. Portanto, foi o que o Ministério Público conseguiu angariar sem a nossa colaboração." Ele disse que tentou alertar a Procuradoria sobre o fato dele não estar envolvido.

"Não sei em relação a todos os fatos, mas o meu envolvimento não houve. E a gente, ao meu modo de ver, corroborou isso com vários depoimentos de outras pessoas. Mas o Ministério Público manteve a denúncia e meu envolvimento, o que criou uma situação ao meu modo de ver injusta."

Defesa

O advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse na última sexta que os depoimentos de Marcelo e de Emílio, somados, deixam claro que "o ex-presidente não praticou nenhum ato ilícito que foi imputado a ele nessa ação."

"Não há como sustentar vínculo com o ex-presidente. Se ocorreu algum fato ilícito, não tem qualquer participação de Lula", disse Zanin.

O empresário e delator Marcelo Odebrecht presta nesta segunda-feira, 7 de outubro, mais um depoimento à Justiça Federal de Brasília, como testemunha em processo aberto contra Luiz Inácio Lula da Silva por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, em negócios em Angola, na África, envolvendo a Odebrecht, o sobrinho Taiguara Rodrigues dos Santos e financiamento do BNDES.

"Intime-se o colaborador, por meio de sua defesa, para que compareça à Subseção Judiciária mencionada, no dia 7 de outubro de 2019 às 10h, a fim de prestar seu depoimento, a exemplo do que ocorreu nos autos da Ação Penal 1004454-59.2019.4.01.3400 em 4 de outubro de 2019."

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Na sexta-feira, dia 4, Odebrecht foi ouvido em outro processo criminal sobre o caso da liberação do financiamento do BNDES para a Odebrecht em negócios em Angola, que tem como alvos o ex-ministro Paulo Bernardo e suposta propina de US$ 40 milhões para o PT. Na ocasião, afirmou ver como injusta uma eventual condenação do Lula por corrupção no caso, devido a "contradições" que identificou nas versões do ex-ministro Antonio Palocci e do pai Emílio Odebrecht sobre a participação do ex-presidente no caso.

A afirmação feita ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, foi interpretada, em especial pela defesa do ex-presidente Lula, como um recuo de Odebrecht em relação às acusações inicialmente feitas em seu acordo de colaboração premiada, fechado com a Lava Jato.

Pessoas que acompanham o processo afirmam, em reservado, que a fala de Odebrecht tem como alvo o pai, Emílio, com quem está rompido.

No processo em que é ouvido nesta segunda-feira, aberto em 2016, as acusações são relacionados ao mesmo fato - o negócio da Odebrecht em Angola e financiamento do BNDES - do processo de sexta, mas os alvos são o sobrinho Taiguara e outros, relacionados à suposta lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

Ao juiz da 10ª Vara, o delator terá a chance de explicar melhor sua fala no processo em que se apura o acerto de US$ 40 milhões em propinas ao PT, via Paulo Bernardo e Palocci.

Rotina

Delator desde 2016, Marcelo Odebrecht conseguiu deixar a prisão no final de 2017. Ele cumpre pena de 30 anos de prisão, em regime domiciliar. E presta depoimento por videoconferência do prédio da Justiça Federal, em Osasco, na Grande São Paulo. O depoimento começou por volta das 10h.

Preso em junho de 2015, Marcelo foi afastado do comando das empresas e viu as sucessivas tentativas de anular sua prisão e as investigações da Lava Jato nos tribunais frustradas. Ficou dois anos preso em Curitiba. Fez acordo de delação premiada em 2016 e desde janeiro de 2018 cumpre prisão domiciliar.

Por força do acordo de delação que prevê uma cláusula de desempenho, ele passou a "ajudar" a força-tarefa na tradução dos incontáveis arquivos digitais , e-mails e arquivos, boa parte criptografado ou escrito com cifras. Faz relatórios de análise - como fazem os agentes da Polícia Federal -, em que traduz as siglas de mensagens, contextualiza as conversas e as intenções, presta novos depoimentos, corrige inconsistências que vê nas denúncias.

Defesa

O advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse na última sexta-feira que os depoimentos de Marcelo e de Emílio, somados, deixam claro que "o ex-presidente não praticou nenhum ato ilícito que foi imputado a ele nessa ação." "Não há como sustentar vínculo com o ex-presidente. Se ocorreu algum fato ilícito, não tem qualquer participação de Lula", disse Zanin.

O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht disse nessa sexta-feira (5) em depoimento à Justiça que seria "tremendamente injusto" condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção em uma ação envolvendo um financiamento do BNDES para obras da empreiteira no exterior. O motivo, segundo ele, são "contradições" em versões do ex-ministro Antonio Palocci e do empresário Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, sobre a participação do petista no caso. A afirmação representa um recuo do ex-presidente da Odebrecht em relação a seu acordo de delação premiada.

A declaração de Marcelo foi dada em depoimento ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal em Brasília, em processo que trata do pagamento de propina a integrantes do PT em troca de facilidades no governo à Odebrecht. Além de Lula e Palocci, o ex-ministro Paulo Bernardo é réu na ação.

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"Tudo que eu soube de Lula foi através de meu pai, Palocci e Alexandrino (Alencar, ex-executivo da Odebrecht que fez delação). E os depoimentos deles estão cheios de contradições", disse Marcelo, que foi ouvido via videoconferência. Ele prestou o depoimento em Osasco.

Marcelo havia mencionado antes, em delação, ter sido procurado no fim de 2009 por Paulo Bernardo, a mando de Lula, para tratar de um pagamento de US$ 40 milhões em troca da liberação de uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para exportação de bens e serviços. O dinheiro seria usado pela Odebrecht para obras em Angola.

Na audiência de ontem, porém, o empreiteiro citou um depoimento prestado no mês passado por Emílio no qual ele isentou Lula de qualquer pedido indevido para aprovação do financiamento. Como Marcelo se baseava em um relato de seu pai envolvendo Lula, ele disse não ter como sustentar a versão.

Contradição

Em depoimento em 27 de agosto na mesma ação, Emílio disse que, "em nenhum momento", tratou com Lula sobre o assunto. "Eu lhe confesso que tenho minhas dúvidas se ele estava efetivamente envolvido nisso. Não acredito, até pela relação de mais de 25 anos."

A contradição citada por Marcelo é porque Palocci apresentou outra versão no depoimento que prestou em julho à CPI do BNDES, mantido sob sigilo. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o ex-ministro afirmou ter tratado com Lula sobre a destinação desses recursos acertados com a Odebrecht em contrapartida à ampliação do crédito da empresa no banco de fomento.

"A essa altura do campeonato, eu não posso dizer nada. Porque eu digo uma coisa, meu pai disse que falou comigo, falou com o Lula outra. Então, eu acho que precisa esclarecer a participação de Lula especificamente. Precisa ser esclarecida por meu pai e por Alexandrino. Por meu pai e Palocci", disse Marcelo ontem. "Meu pai já disse que falava para mim uma coisa e falava para Lula outra. Ele disse que se esqueceu de um bocado de coisa."

Marcelo também corrigiu uma informação sobre os valores pagos como propina pela Odebrecht para obter o financiamento. Em vez de US$ 40 milhões, disse que foram US$ 36,5 milhões. Ele manteve a versão de que o pedido partiu de Paulo Bernardo e que Palocci foi o responsável por gerenciar os valores indevidos destinados ao PT.

O procurador Carlos Henrique Martins de Lima, que atua no caso, disse ainda não ser possível avaliar se há provas de envolvimento de Lula na negociação. "Estamos numa fase da ação em que não acabamos de ouvir todas as testemunhas", afirmou. Ele lembrou que o próprio Palocci ainda não prestou depoimento na ação.

'Vínculo'

Para o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, os depoimentos de Marcelo e de Emílio mostram que o petista "não praticou nenhum ato ilícito". "Não há como sustentar vínculo com o ex-presidente. Se ocorreu algum fato ilícito, não tem qualquer participação de Lula."

Em nota, a defesa de Marcelo Odebrecht disse que ele "sempre afirmou não ser o responsável pelas tratativas e pela relação da Odebrecht com Lula" e "reafirma seu compromisso com a efetividade do seu acordo e com a verdade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Era pouco mais de duas horas, quando Marcelo Odebrecht chegou à sede da empreiteira, na Marginal Pinheiros, em São Paulo, quatro anos depois de ser preso na Operação Lava Jato. O empresário - um dos principais personagens do maior escândalo de corrupção da história País - teve a progressão da pena para o regime semiaberto autorizada nesta quarta-feira, 11. E o primeiro lugar visitado foi o prédio da empresa.

Marcelo chegou logo depois que muitos funcionários tinham acabado de voltar do almoço - e causou surpresa. Ninguém sabia da decisão da Justiça, muito menos que ele iria à empresa. Acompanhado de advogados, ele passou por alguns andares e cumprimentou cada empregado. Em troca, recebeu sorrisos e mensagens de apoio, segundo fontes ouvidas pela reportagem. "Vi uma reação humana de pessoas que trabalharam anos com o Marcelo", diz um executivo, que prefere não se identificar.

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De acordo com funcionários, Marcelo estava bem fisicamente e vestia roupa social, de escritório. Apesar da postura austera, estava sorridente, diz uma outra fonte. O acionista da Odebrecht, que estava em prisão domiciliar desde dezembro de 2017, passou cerca de uma hora no prédio da empresa.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestação pelo indeferimento de diversos pedidos da defesa do empresário Marcelo Odebrecht. Apresentados no âmbito do acordo de delação firmado em 2016 pelo empresário com a Procuradoria-Geral da República, os pedidos referem-se a aspectos como a progressão de regime e valores de perdimento de bens em favor da União. A decisão cabe ao relator do caso no STF, ministro Edson Fachin.

As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

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Marcelo foi preso na Operação Erga Omnes, fase da Lava Jato deflagrada em junho de 2015. Condenado a 19 anos e quatro meses de prisão, em março de 2016, pelo então juiz Sergio Moro, o empresário fechou acordo de delação premiada.

Após dois anos e meio na cadeia da Lava Jato, Odebrecht migrou para regime domiciliar, em dezembro de 2017.

O primeiro pedido da defesa é o de reconsideração dos valores declarados para efeito de perdimento.

Raquel pede o indeferimento de reconsideração dos valores declarados, mantendo-se o perdimento sobre a quantia que consta do Apenso VI do acordo - US$ 34,4 milhões.

Na manifestação, a PGR destaca que "após firmado o acordo, não pode o colaborador contestar valores financeiros por ele mesmo indicados, livremente e com a assistência de seus advogados".

A procuradora também requer que seja determinado ao colaborador que "comprove ter depositado os valores integrais em substituição ao perdimento dos bens móveis e imóveis".

Ela ainda entende que devem ser indeferidos o pedido de levantamento das restrições patrimoniais contra o colaborador, decorrentes de medidas judiciais, e o pedido de progressão do regime fechado diferenciado para o semiaberto diferenciado.

Raquel Dodge também se manifesta contrariamente à diminuição da pena imposta a Marcelo Odebrecht, que, segundo ela, "foi fixada em estrita observância do acordo e da lei".

Outras manifestações

Nas duas últimas semanas, a procuradora-geral enviou ao Supremo uma série de manifestações relativas a acordos de colaboração de ex-executivos das empreiteiras OAS e Odebrecht.

Raquel faz várias solicitações, como a confirmação da Caixa Econômica Federal sobre o recebimento de remessas vindas de outros países e a conversão desses valores para a moeda nacional.

Alguns pedidos referem-se à expedição de ofícios à 13.ª Vara Federal de Curitiba para que faça a transferência de valores já apreendidos de alguns colaboradores. É solicitado também que sejam comprovados pagamentos e perdimentos de bens.

A PGR ainda indica empresas, entes e órgãos públicos lesados para receber valores pagos pelos colaboradores.

Como há investigação sobre a atuação das empreiteiras brasileiras em outros países, a procuradora-geral também autorizou a remessa diretamente às autoridades do Panamá, por meio de Cooperação Jurídica Internacional, de cópias de termos de depoimento de alguns colaboradores, conforme solicitado pelas autoridades daquele país.

Nesses casos, a PGR ressalta que a validade da cooperação depende da observância do termo de compromisso de especialidade e de limitação do uso da prova já assinado.

Também foram compartilhados dados com a Justiça Eleitoral, a Justiça Federal e a Polícia Federal brasileiras.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht entregou à Polícia Federal (PF) um documento no qual explica a identidade de alguns codinomes citados em e-mails apreendidos em seu computador. No material enviado à Lava Jato, em Curitiba ele diz que "amigo do amigo do meu pai" refere-se ao ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

O codinome foi citado em um e-mail de 13 de julho de 2007 enviado por Marcelo aos executivos Adriano Maia e Irineu Meireles. À época, Toffoli era Advogado-Geral da União (AGU) no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"Refere-se a tratativas que Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do Rio Madeira. 'Amigo do amigo de meu pai' se refere a José Antônio Dias Toffoli. A natureza e o conteúdo dessas tratativas, porém, só podem ser devidamente esclarecidos por Adriano Maia, que as conduziu", diz o documento enviado por Marcelo Odebrecht.

Procurado pela reportagem, o ministro não se manifestou.

Em interrogatório nesta quarta-feira, 7, o empresário Marcelo Odebrecht, delator da Operação Lava Jato, afirmou que as reformas do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, estavam ligadas à "pessoa física" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro, por supostamente ter recebido propinas da Odebrecht e da OAS em reformas e melhorias da propriedade rural. Ele será interrogado no dia 14. O empreiteiro também é réu neste processo.

À juíza federal Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro nos processos da Lava Jato, o empreiteiro contou que soube do sítio de Atibaia quando "a obra já estava em andamento", em 2010. Odebrecht citou o ex-executivo do Grupo Alexandrino Alencar e seu pai Emílio Odebrecht.

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"Deve ter sido lá para final de dezembro, em algum momento eu soube não sei se por Alexandrino, pelo meu próprio pai ou por alguém que eu me encontrei. Em algum momento eu soube, no início, eu, inclusive, reagi, fui contra por duas razões específicas. Eu até reclamei porque primeiro eu achava que eu achava que era uma exposição desnecessária, porque seria até então, fora a questão que eu já sabia que havia, que eu também tinha me posicionando contra, mas que era uma coisa bem antiga, que era o assunto do irmão, o apoio ao irmão, mas pelo que eu soube era uma coisa bem antiga e que foi renovado, chegou um momento eu acho que acabou, fora essa questão, seria a primeira vez que a gente estaria fazendo uma coisa pessoal para o presidente Lula", disse.

Ele citou a história de um terreno em São Paulo que sua empreiteira iria adquirir para supostamente alojar as dependências do Instituto Lula - episódio que sustenta uma outra acusação da força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente.

"Até então, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do Instituto. O terreno do Instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula não era para a pessoa física dele (Lula)", seguiu Odebrecht em seu relato à juíza.

"Quando eu vi lá, que eu soube, tinha um bando de gente trabalhando na obra (do sítio). Quer dizer, a dificuldade de você manter isso em sigilo, em algum momento vazar, era enorme. Outra coisa, que é uma coisa mais pragmática, eu tinha uma discussão com meu pai, que o alinhamento que eu tinha com ele era de que tentasse todo acordo que ele fizesse com Lula, passar pelo contexto da planilha Italiano. Quer dizer, a conta corrente que eu tinha com Palocci, para que a gente não pagasse duas vezes."

O ex-presidente está preso em Curitiba desde 7 de abril. Ele cumpre pena de 12 anos e um mês de reclusão, no processo do caso triplex, também por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O petista nega enfaticamente ter recebido valores ilícitos da empreiteira.

Durante a audiência, Gabriela Hardt perguntou a Marcelo Odebrecht se Lula "tinha ciência da reforma que estava sendo custeada em parte pela Odebrecht".

"Ah tinha, com certeza. E, olha, ele sabia que tinha. Eu não escutei isso de Lula, mas meu pai sempre deixou isso claro para mim que ele sabia que estava sendo custeado e, dentro de casa, todos nós entendíamos que aquele sítio era de Lula", disse o delator.

"O que eu soube foi que esse pedido chegou via Alexandrino, foi autorizado por meu pai e a obra era para o sítio do presidente. Não entrei nos outros detalhes."

O ex-presidente Lula nega ser o dono do sítio.

Crocodilo

Em outro trecho de seu interrogatório, o empresário disse que reclamou com seu pai sobre "valores muito altos" que o PT, via ex-ministro Antônio Palocci, pedia ao grupo. Numa dessas ocasiões, o patriarca da Odebrecht teria dito ao próprio Lula que o pessoal do PT ia "da boca de jacaré para boca de crocodilo".

"De fato, em vários momentos reclamei de valores muito altos. Falei com meu pai e, de alguma maneira, ele ia lá e reclamava com o Lula. De fato, não foi uma ou duas vezes só que fui reclamar com meu pai das demandas do Palocci, mais o Palocci, que estavam muito altas."

A juíza questionou Marcelo Odebrecht se, em determinada reunião, houve discussão sobre contratos de interesse da empresa.

"Eu não diria contratos, na verdade, a gente tratou os temas. A gente nunca discutiu, eu, acho que meu pai também, nunca discutiu detalhe de contrato com o presidente. A gente foi discutindo, a agenda é bem clara", disse.

"Foram os temas que a gente achava relevante da relação, seja da Odebrecht com o Governo, seja da Odebrecht com outros países de Geopolítica brasileira, alguns temas que a gente sempre levava para contribuir com o presidente de maneira institucional, com o país. Quer dizer, não foi nada a ver com contrato. Eu, pelo menos, eu acho que, meu pai também, nunca discutimos contratos, essas coisas, com os presidentes."

A magistrada perguntou a Odebrecht se, no início do Governo Lula, ele participou de reuniões para "reclamar de dificuldades com diretoria de Petrobras".

"Não, não participei dessas reuniões. Essas reuniões foram mais no contexto da Braskem. Em relação à Petrobras, por exemplo, eu tinha uma discordância com meu pai. Eu sempre entendi que Petrobras devia ser tratada pelos executivos que lidavam com a Petrobras, junto aos diretores. Se isso incluía fazer contribuição política, eles que deviam avaliar", relatou.

"Eu nunca levei, nunca tratei esse assunto Petrobras por cima, digamos assim. Eu achava que isso devia ser conduzido pelos executivos. Meu pai tinha uma visão um pouco diferente. Ele gostava do tema Petrobras, principalmente relativo a relação Petrobras com Braskem, então, ele costumava ter o tema Petrobras na agenda dele com o presidente. Não estou dizendo que tratava-se nada ilícito, mas que o tema Petrobras de modo geral, na agenda com o presidente."

Durante a audiência, o Ministério Público Federal perguntou ao delator se ele sabia que os "líderes empresariais tinham que efetuar pagamento no interesse do PT, PMDB, PP, no âmbito das diretorias da Petrobras".

"Eu seria ingênuo se eu dissesse que eu não sabia. Eu confirmo que eu tinha ciência", declarou.

O empresário Marcelo Odebrecht afirmou nesta quarta-feira, 11, em depoimento à Justiça Federal que, conforme ele analisa e envia para os investigadores da Lava Jato seus e-mails recuperados, "mais complica" a vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na operação.

Na audiência, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou ao juiz Sérgio Moro que não teve acesso ao conteúdo integral dos e-mails e que só questionaria em relação àqueles que o empresário selecionou. "Quantos e-mails o senhor analisou, senhor Marcelo?", disse Zanin.

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"Eu já devo ter encaminhado mais de 3 mil e-mails, entendeu? Eu digo para o senhor o seguinte: é melhor que a defesa do Lula fique com os e-mails, porque quanto mais eu vou... mais complica a vida dele", respondeu Odebrecht.

O empresário foi ouvido por Moro como colaborador no processo em que é réu - junto com Lula -, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro na compra de um terreno que abrigaria o Instituto Lula, em São Paulo, no valor de R$ 12,5 milhões.

Odebrecht disse que o valor era propina que vinha de uma "conta geral" do PT, de R$ 200 milhões, e que os e-mails recuperados confirmam caixa 2 no negócio e o envolvimento de amigos de Lula na negociação.

A ação penal relativa ao terreno para o Instituto Lula - apontado como propina da empreiteira paga ao ex-presidente - é a próxima a ser julgada contra o petista.

Em fase de conclusão, o processo deve entrar agora nas alegações finais, etapa em que a defesa vai fazer pedir a absolvição e o Ministério Público Federal fará sua manifestação final pela condenação.

Condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em segunda instância no caso triplex do Guarujá (SP), Lula está preso na sede da Polícia Federal na capital paranaense. Odebrecht, atualmente, cumpre sua pena em casa.

Ao condenar o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine a 11 anos de prisão, o juiz federal Sérgio Moro também sentenciou o executivo Marcelo Odebrecht a 10 anos e seis meses, no âmbito da Operação Lava Jato. O magistrado afirmou que "não cabe perdão judicial" ao delator, mas decidiu substituir a sanção pelas penas previstas no acordo de colaboração premiada.

Segundo o acordo de delação, Marcelo pegou pena de 10 anos, dentre os quais dois anos e seis meses em regime fechado, já cumprido - ele está em domiciliar desde dezembro de 2017. Além dele, o ex-executivo da Odebrecht Fernando Reis também foi condenado nesta ação, a oito anos e seis meses.

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O doleiro Álvaro Novis, que também é delator, foi sentenciado a quatro anos e seis meses, mas também substituída por aquela prevista em acordo de delação.

André Gustavo Vieira da Silva, que confessou crimes e admitiu a operação de supostos repasses a Bendine, teve a pena fixada em seis anos e seis meses, e a prisão preventiva substituída por regime semiaberto.

A ação penal se refere às investigações da Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato, que pôs Bendine e André Gustavo na cadeia em julho de 2017. O ex-presidente da Petrobras é acusado de receber R$ 3 milhões da Odebrecht e o publicitário de operacionalizar os valores, supostamente acertados com Marcelo e Fernando Reis. Novis teria sido usado para a entrega dos valores.

Defesa

A reportagem entrou em contato com a defesa de Aldemir Bendine, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Em prisão domiciliar há um mês e meio e proibido de atuar nos negócios da Odebrecht até 2025, conforme acordo de delação premiada, Marcelo Odebrecht pediu à Justiça para receber visitas do atual presidente do grupo, Luciano Nitrini Guidolin, e da chefe da recém-criada área de compliance da empresa, Olga de Mello Pontes.

A defesa recuou da solicitação após o Ministério Público Federal ver a possibilidade de "ingerência de Marcelo Odebrecht na gestão do grupo" e quebra do acordo de colaboração fechado com a Procuradoria-Geral da República no âmbito da Operação Lava Jato.

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Uma das cláusulas do acordo determina "o afastamento de cargos e funções de direção em empresas do Grupo Odebrecht que negociem ou contratem com o poder público pelo período em que estiver cumprindo pena privativa de liberdade".

"A realização de visitas de tais executivos a Marcelo Odebrecht vai de encontro à cláusula mencionada. Se o colaborador deve ser afastado de tais cargos e funções de direção, não se mostra adequado que, durante o cumprimento da pena privativa de liberdade, em regime fechado diferenciado, possa manter contato com os atuais diretores do grupo empresarial", afirmaram os procuradores em requerimento entregue no dia 15 de janeiro à Justiça.

Os nomes de Luciano Guidolin e Olga Pontes - que chefia o chamado departamento de Conformidade -, dois dos principais executivos do Grupo Odebrecht, estavam na lista de 15 pessoas que Marcelo Odebrecht tem o direito de indicar à Justiça Federal para receber nos dois anos e meio em que vai cumprir prisão domiciliar - a segunda etapa da pena de 10 anos de reclusão imposta pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba.

O acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal estipula que o delator pode receber visitas de parentes de até 4.º grau, como primos e tios-avós, profissionais de saúde, para tratamento médico autorizado pelo juiz, advogados constituídos e "pessoas estabelecidas em uma lista de 15 nomes previamente fornecida" ao Ministério Público e à Justiça.

Outros delatores

A defesa de Marcelo Odebrecht entregou a lista com dez nomes à 12.ª Vara Federal de Curitiba em 19 de dezembro, quando ele deixou a cadeia e seguiu para São Paulo para prisão domiciliar. Antes, o empreiteiro havia passado dois anos e meio em regime fechado.

A lista tinha ainda oito ex-diretores do grupo, também delatores da Odebrecht: Alexandrino Alencar, Benedicto da Silva Júnior, Carlos José Fadigas de Souza Filho, Ernesto Sá Vieira Baiardi, Euzenando de Azevedo, Fernando Reis, Luiz Antônio Mameri e Márcio Faria.

Todos são ex-subordinados de Marcelo e pessoas de sua confiança nos anos em que comandou o grupo, de 2008 a junho de 2015, até ser preso pela Polícia Federal na 19.ª fase da Lava Jato. Márcio Faria, que era ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial - unidade responsável pela montagem das refinarias da Petrobras -, ficou parte do tempo na mesma cela do empreiteiro. Para o Ministério Público Federal, não há veto aos encontros com os ex-executivos.

O movimento de Marcelo Odebrecht se tornou um impasse legal no processo de execução de pena, que passou a ser arbitrado pela juíza substituta da 12.ª Vara Federal de Curitiba, Carolina Moura Lebbos.

Depois da manifestação da Procuradoria contra as visitas do atual presidente do Grupo Odebrecht e da chefe do compliance, a defesa de Marcelo Odebrecht apresentou nova lista sem os nomes de Guidolin e Olga Pontes.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que os dois executivos do grupo desconheciam terem sido listados como pessoas a serem autorizadas a visitar o empresário.

Por meio de nota, a defesa de Marcelo Odebrecht negou que tenha tentado criar dificuldades no acordo. "Embora o tema de sua lista de visitantes esteja sob sigilo, a defesa de Marcelo Odebrecht esclarece que não há óbice no acordo de colaboração a indicação de qualquer pessoa, valendo ressaltar que da sua lista de visitantes constam apenas oito nomes, todos eles ex-executivos do grupo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso há 2 anos e meio em Curitiba, chegou às 15h56 no condomínio Jardim Pignatari, no Morumbi. Ele chegou em um Kia Preto (EXI 7427). Esse mesmo carro já havia entrado e saído do edifício entre 15h15 e 15h35. Nas duas vezes, ele foi cercado por fotógrafos, mas era impossível identificar os ocupantes.

Mais cedo, por volta das 10h, um morador foi flagrado entrando no Condomínio com um adesivo de apoio à Lava Jato colado no vidro de trás. Sem se identificar, moradores se dizem preocupados com o transtorno de um morador tão "polêmico" na vizinhança. Uma das preocupações é com a desvalorização dos imóveis do próprio condomínio e com a presença constante e ostensiva da imprensa.

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Preso há 2 anos e meio em Curitiba, Marcelo deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) em um carro descaracterizado às 9h52 desta terça-feira, 19.

O empresário foi levado em um carro da PF para a Justiça Federal onde colocou uma tornozeleira eletrônica para iniciar o cumprimento de sua prisão domiciliar.

Minutos depois, o empreiteiro chegou à sede da Justiça Federal para uma audiência com a juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara Federal. A magistrada vai acompanhar a execução da pena de Marcelo.

Na chamada audiência admonitória (advertência), aquela realizada quando ocorre suspensão condicional da pena, o juiz de execução relatou ao condenado quais são as condições da nova etapa do cumprimento da pena e as consequências caso ele não siga esses termos.

No caso de Odebrecht, além das explicações, o empreiteiro também recebeu a tornozeleira durante a audiência com a juíza.

Terminada a audiência, Marcelo partiu do aeroporto de Bacacheri, em Curitiba, em torno de 13h, para desembarcar em São Paulo, de onde seguirá para sua casa num condomínio no Morumbi, na zona sul de São Paulo.

Pelo acordo, ele ficará 2 anos e meio em prisão domiciliar com direito a duas saídas por ano com autorização da Justiça. Enquanto estiver em casa, o empresário poderá receber 15 pessoas previamente cadastradas e autorizadas no processo. Além deles, parentes em até 4.º grau (primos e tios-avôs) poderão visitá-lo.

Depois de 913 dias de cárcere, a saída do empresário ocorre em um momento em que a Odebrecht busca um substituto para o presidente do conselho de administração, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Quando a Polícia Federal prendeu o empreiteiro em 19 de junho de 2015, a empreiteira baiana acabara de ultrapassar o faturamento de R$ 100 bilhões pela primeira vez em sua história. O grupo tinha 170 mil funcionários espalhados por quase 30 países.

A saída de Marcelo da prisão tem gerado ruídos na família e na empresa. O empresário está proibido de ocupar cargos na companhia até 2025, quando terminará sua pena. Apesar da restrição, quem conhece o executivo classifica seu comportamento como imprevisível. Há temor de que ele constranja antigos aliados a informá-lo sobre o dia a dia do grupo.

A imprevisibilidade fez com que o patriarca da família tomasse medidas públicas às vésperas da saída do filho da prisão: anunciou sua saída antecipada do comando do conselho de administração e a decisão de que os Odebrecht não mais ocuparão a presidência do grupo. As medidas reforçam a tentativa de acelerar o soerguimento do grupo e sinalizam um esforço para blindar os negócios da influência do filho.

As últimas 24 horas de Marcelo na carceragem da PF em Curitiba permaneceram a mesma dos 30 meses de prisão. O empresário acordou um pouco antes do sol nascer, fez exercícios físicos e tomou café da manhã preparado em uma cafeteira localizada no corredor próximo a cela em que o empresário divide com o lobista Adir Assad, também acusado de fazer parte do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

No final da tarde de segunda-feira, os advogados do empreiteiro conversaram com ele para acertar os últimos detalhes da transferência. Nos últimos dias, a saída de Marcelo chegou a ser dúvida quando o Ministério Público Federal de Curitiba afirmou que precisava avaliar "documentos faltantes" do empresário para saber se ele estava "adimplente com seu acordo" e, assim, receber os benefícios.

O criminalista Nabor Bulhões entregou a documentação à Justiça na segunda-feira, 18, e falou à reportagem sobre o pedido dos investigadores: "A própria Justiça concordou com os termos quando ele foi assinado. Como a previsão do acordo é que ele seja solto amanhã (hoje), estamos aguardando que isso seja cumprido", disse Bulhões ontem.

Marcelo ficará 10 anos preso. Além dos 2 anos e meio de regime fechado já cumprido e os outros 2 anos e meio de regime domiciliar fechado, o empresário terá que cumprir ainda 5 anos de pena - 2 anos e meio em regime diferenciado, com obrigação de recolhimento noturno e nos fim de semanas e feriados, e 2 anos e meio de aberto, com a obrigação de comunicação à Justiça.

Defesa

Em nota, a empresa Odebrecht manifestou solidariedade ao empreiteiro. "A Odebrecht manifesta solidariedade com Marcelo, esposa e filhas por seu retorno ao convívio familiar. Marcelo conta com o reconhecimento da empresa por enfrentar as adversidades atuais com coragem e espírito de colaboração", diz o texto.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso há 2 anos e meio em Curitiba, deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) por volta das 9h45 desta terça-feira, 19. O empresário foi levado em um carro da PF para a Justiça Federal onde vai colocar uma tornozeleira eletrônica e iniciar o cumprimento de sua prisão domiciliar.

Ele deve viajar em um jatinho para São Paulo, de onde seguirá para sua casa num condomínio no Morumbi, zona sul de São Paulo. Pelo acordo, o empresário ficará 2 anos e meio em prisão domiciliar com direito a duas saídas por ano com autorização da Justiça.

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Enquanto estiver em casa, Marcelo Odebrecht poderá receber 15 pessoas previamente cadastradas e autorizadas no processo. Além deles, parentes em até 4º grau (primos e tios-avôs) poderão visitá-lo.

As últimas 24 horas de Marcelo na carceragem da PF em Curitiba foram iguais aos 30 meses de prisão. O empresário acordou um pouco antes do sol nascer, fez exercícios físicos e tomou café da manhã preparado em uma cafeteira localizada no corredor próximo a cela em que divide com o lobista Adir Assad, também acusado de fazer parte do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

Marcelo Odebrecht ficará 10 anos preso. Além dos 2 anos e meio de regime fechado já cumprido e os outros 2 anos e meio de regime domiciliar fechado, o empresário terá que cumprir ainda 5 anos de pena - 2 anos e meio em regime diferenciado, com obrigação de recolhimento noturno e nos fim de semanas e feriados e 2 anos e meio de aberto, com a obrigação de comunicação à Justiça.

Advogados de Marcelo Odebrecht trabalharam na segunda-feira (18) para garantir que o empresário conseguisse deixar o regime fechado nesta terça-feira (19) - prazo previsto em seu acordo de colaboração premiada - após cumprir pena de dois anos e seis meses de prisão.

A soltura estava atrelada a entrega de uma série de documentos solicitados pelo Ministério Público Federal - o material foi entregue, segundo apuração da reportagem. A saída de Odebrecht está prevista para às 13h desta terça.

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"A própria Justiça concordou com os termos quando ele foi assinado. Como a previsão do acordo é aquele seja solto amanhã (hoje, terça), estamos aguardando que isso seja cumprido", disse advogado Nabor Bulhões ao sair do prédio da PF onde acabara de entregar para a juíza Carolina Lebbos, responsável por acompanhar a execução da pena de Marcelo, uma série de documentos solicitados pelo MPF.

Na sexta-feira (15) passada a força-tarefa da Lava Jato cobrou a defesa de Marcelo Odebrecht para que apresentasse "documentos faltantes" - extratos de contas, valores de bens móveis e imóveis, por exemplo - à 13.ª Vara Federal, em Curitiba, responsável pela execução penal do empreiteiro.

A Procuradoria da República queria avaliar se o empresário estava fazendo "jus aos benefícios" de seu acordo de delação premiada e se, por consequência, poderia mudar de regime de cumprimento de pena.

A defesa ficou no local por cerca de 20 minutos. Na saída, o advogado Nabor Bulhões apontou os "dois maiores objetivos" do empreiteiro. "Ele está preocupado com dois pontos: primeiro, voltar para a família, segundo, ser efetivo na colaboração dele como ele vem sendo efetivo na colaboração com a Justiça. São os dois maiores objetivos dele", afirmou.

Além dos pontos citados por Bulhões, o herdeiro da família Odebrecht terá de enfrentar as arestas criadas com seus parentes mais próximos ao longo do processo de prisão e de negociação e assinatura da colaboração premiada. Descontente com sua pena e com a decisão do pai, Emílio Odebrecht, em aceitar os termos do acordo, Marcelo rompeu com o patriarca do clã, com a irmã e o cunhado, o diretor jurídico da empresa Maurício Ferro.

Último dia

A rotina de Marcelo no último dia em regime fechado foi a mesma: acordar, se exercitar e comer salada, arroz, feijão e uma proteína no almoço. A possibilidade da saída do empresário tampouco alterou o funcionamento do prédio Polícia Federal, em Curitiba.

Dezenas de pessoas que adentraram ao edifício de três andares, no bairro Santa Cândida, só queriam saber de um assunto: onde ficava o guichê do passaporte. A presença do preso mais famoso do local e as movimentações de seus advogados passaram despercebidas.

Acordo

Marcelo Odebrecht foi preso pela Polícia Federal em 19 de junho de 2015, na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato, e condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro. Ao fechar seu acordo de delação premiada, o empreiteiro obteve o benefício de deixar o regime fechado após 2 anos e 6 meses de prisão. Ao todo, o empreiteiro vai cumprir 10 anos de pena por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Na próxima terça-feira, dia 19, o empresário Marcelo Odebrecht vai ficar frente a frente com o juiz de execução penal da 12ª Vara Federal de Curitiba, Danilo Pereira Junior, e indicará ao magistrado o endereço onde vai cumprir sua prisão domiciliar. A formalidade é o último passo para que o empreiteiro, herdeiro de uma das maiores construtoras do País, volte para casa exatos 914 dias depois de ser preso na 14ª fase da Operação Lava Jato.

Marcelo vai trocar a cela mal iluminada de 12 metros quadrados, nos fundos da Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense - que dividia com outros acusados e delatores -, por sua residência em um condomínio de segurança máxima no Morumbi, área nobre de São Paulo. O local foi onde a Polícia Federal o prendeu no dia 19 de junho de 2015.

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Sua defesa começou a fazer os preparativos finais para que ele deixe a prisão a tempo de passar o Natal em casa. A multa imposta no acordo de delação premiada - R$ 73,3 milhões - já foi quitada. Como ele vai voltar para casa ainda está indefinido.

Os advogados têm em mente três opções para levar o empresário para a capital paulista. A primeira é fazer como o que foi feito com outros delatores e colocar Marcelo em um voo comercial escoltado por policiais. A hipótese preocupa os defensores que temem algum tipo de hostilidade.

Outra opção seria colocar o empresário em um carro e fazer o trajeto de 416,6 quilômetros até a residência. A última, que é a mais atrai a todos, é um avião fretado. No trajeto, agentes acompanhariam o empreiteiro. Cabe aos defensores indicarem o modo, mas o juiz costuma ouvir a PF para dar o "OK" final.

Em São Paulo, sai de cena o beliche estreito de concreto e a rotina de exercícios em um corredor improvisado e entra a vida em uma casa ampla com piscina, campo de futebol e uma academia recém-reformada para atender as novas necessidades do empreiteiro. Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão, mas por causa de sua colaboração à Justiça cumpre 10 anos por lavagem de dinheiro e associação criminosa no âmbito da Operação Lava Jato. Pelo acordo, os primeiros 2 anos e meio, permaneceria preso em Curitiba. O restante, em casa, com tornozeleira.

A mudança de regime faz parte do acordo de colaboração premiada homologada pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, em 30 de janeiro, dias após a morte do ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato. Marcelo vai progredir ao regime domiciliar fechado. O empresário só volta a pisar na rua sem qualquer tipo de restrição em 2025 quando terminam os prazos acordados com a força-tarefa da Lava Jato. Pessoas próximas ao empresário afirmam que a mulher, Isabela, e as três filhas adolescentes não escondem que encaram a progressão do regime fechado para o domiciliar como "liberdade" nas visitas à carceragem da PF. Em casa, ele poderá receber parentes de até 4º grau, como primos e tios-avós, além 15 pessoas indicadas por ele à Justiça.

A nova "cela" de Marcelo Odebrecht tem mais de 3 mil metros quadrados, ampla área de lazer, quartos com closet e banheiros exclusivos - bem diferente do buraco usado como vaso sanitário na cela na PF. Corretores consultados pelo Estado avaliam que a casa custe entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. O condomínio é vendido no mercado como "o mais seguro de São Paulo". O custo de manutenção é de cerca de R$ 20 mil mensais para cada morador. Parte desse custo vai para a manutenção de um jardim privativo projetado pelo paisagista Burle Marx. Além da casa de Marcelo, outras 39 residências compõe o empreendimento. Nenhuma do tamanho da do empresário.

Para entrar ou sair do condomínio, o visitante precisa ser autorizado por um morador, fornecer documento de identificação e digitais. O imóvel é vigiado por câmeras por toda a sua extensão. Só na entrada, a reportagem contou 5 funcionários (entre seguranças e porteiros). Entrar pela primeira vez no condomínio pode demorar mais de 5 minutos. A reportagem tentou contato com a associação de moradores, mas as ligações foram atendidas por funcionários do condomínio - que além de serem proibidos de falar com a imprensa não garantiram nem sequer transmitir recados ou pedidos de entrevista.

Até a confirmação de que Marcelo Odebrecht de fato voltaria ao condomínio, a grande preocupação dos vizinhos era com os saguis que costumam frequentar um parque colado ao empreendimento. O temor era de que os casos de animais infectados com febre amarela registrados na zona norte da capital chegassem às suas portas. Agora, a volta de Marcelo virou uma preocupação.

A calma do lugar, que só costumava ser alterada em dias de jogo no Estádio do Morumbi, começa a ser quebrada com a volta do empresário. "Ouvi alguns moradores brincando e dizendo que ‘nosso vizinho famoso está voltando’", disse um porteiro da região. Os moradores temem que com o retorno de Odebrecht a rua fique "apinhada de imprensa e curiosos".

Cárcere

Durante os 30 meses de reclusão, Marcelo mudou. Do empresário reativo que se recusava a responder a perguntas de policiais e do próprio juiz Sérgio Moro, o empreiteiro se tornou mais simpático, dividindo o dia a dia com os outros detentos, ajudando a colegas de cela e até desconhecidos que passavam apenas uma noite na prisão. De acordo com pessoas que viram de perto a mudança, o empreiteiro chegou a doar roupas a um preso por contrabando de cigarro falsificado que chegou à carceragem sem casaco durante o período de inverno.

Dominado pela ideia de "liberdade", abandonou nos último dias o hábito de escrever e a dieta rigorosa que seguia com frutas e barras de cereais, mas ainda manteve a rotina de exercícios físicos diários. Marcelo e o companheiro de cela, o lobista Adir Assad, acordam antes do sol nascer, fazem flexões, abdominais e step (exercício em que se sob e desce um degrau repetidas vezes). Na Custódia da Polícia Federal em Curitiba, onde Odebrecht passou a maior parte do tempo de presidiário - ele chegou a ficar um breve período no Complexo Médico-Penal - a limpeza é feita pelo presos.

A PF fornece três refeições: um café com leite e pão com manteiga pela manhã e almoço e jantar, onde o cardápio é uma variação de arroz, macarrão, feijão e carne. Foram raras as vezes que Marcelo aceitou a comida fornecida. Ele possui uma rede, que apelidou de "logística", montada pela empreiteira para levar alimentos frescos e refeições que aquecia em um micro-ondas ou em um fogão elétrico instalados na carceragem.

Em nota, a Odebrecht afirmou que "Marcelo Odebrecht está inteiramente empenhado em continuar contribuindo de forma efetiva com as autoridades nos termos do seu acordo de colaboração". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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