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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro de "genocida". A fala se deu na Marcha das Margaridas, em Brasília, manifestação política de mulheres ligadas à agricultura familiar.

O petista também assinou oito decretos voltados ao setor de agricultura familiar. Entre eles, o do Programa Quintais Produtivos e outro que dá preferência para famílias chefiadas por mulheres na fila de para assentamento na reforma agrária.

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Lula pediu desculpas por deixar a plateia esperando no sol. A reportagem viu ao menos três mulheres passando mal no meio do público. Uma delas esperou ao menos 25 minutos, deitada no chão, a chegada de uma ambulância. O petista disse que, na terça-feira (15), quando participou da posse do presidente do Paraguai, foi "premiado" com uma cadeira sob o sol.

O presidente da República voltou a se referir a Jair Bolsonaro, seu principal adversário político na atualidade, como "fascista" e "genocida". Lula disse no início de seu discurso que precisaria ser breve porque tinha uma ligação internacional para fazer. Ele fala com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, às 12h45. Mesmo assim, o petista leu um discurso e depois falou de improviso.

Mais de 100 mil mulheres reunidas em Brasília marcham, nesta quarta-feira (16) até o Congresso Nacional, pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver. 

Desde o fim de semana até essa terça-feira (15), centenas de ônibus chegaram ao Pavilhão do Parque da Cidade, trazendo as participantes da 7ª Marcha das Margaridas, coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), pelas federações e sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras. 

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Na mobilização política, considerada a maior da América Latina pela Contag, mulheres de todas as regiões do Brasil querem garantir direitos, pôr fim às desigualdades de gênero, classe e étnico-raciais; enfrentar a violência, que muitas vezes ameaças sua vida, e a opressão, simplesmente, por serem mulheres. As pautas delas foram debatidas durante dois anos, em reuniões regionais e nacionais que resultaram em documento divido em 13 eixos políticos. A pauta da Marcha das Margarida 2023 foi entregue ao governo federal em junho.  

Essas mulheres, no entanto, têm suas próprias reivindicações. Por isso, deixam suas casas e famílias, viajam dias de ônibus, dormem em colchonetes e redes em um grande alojamento, tomam banho em banheiros coletivos.  

A Agência Brasil ouviu histórias das margaridas, que estão em Brasília para marchar e transformar. Conheça suas lutas. 

A indígena Gracilda Pereira, da etnia Atikum-Jurema, chegou de Petrolina, em Pernambuco, e cobra os direitos de saúde e educação para a aldeia onde ela vive. “A nossa área da saúde indígena é descoberta. Não temos agente de saúde, não tem médico. Há duas indígenas com curso de enfermagem e elas fazem os primeiros socorros. A unidade mais próxima, quando a gente vai se consultar, é só para urgência. E há também a questão da educação. Os alunos frequentam escolas no município, fora da aldeia. Há um ônibus bem cedo que leva as crianças Tem pessoas também que não sabem ler, nem escrever. São muitas questões, principalmente no Vale do São Francisco.

Maria Nazaré Moraes, de Belém, no Pará, é estreante na Marcha das Margaridas. Ela representa uma central de seringueiros, extrativistas e pescadores das ilhas da capital paraense. “É tanta coisa que já era para ter sido feita e até agora nada. Regularização fundiária, uma delas. E para os pescadores, os direitos do seguro defeso que não é dado para todo mundo. Por causa do local, nem todos têm direitos porque não é a água salgada. E Maria, que está alojada em uma rede, entende que isso faz parte da luta. “Enfrento qualquer situação. No chão, na rede, na cama, no mato. É assim que a gente é”. 

A lavradora e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira Nova, em Sergipe, Luciana Santos, marcha por mais direitos. “Por mais terra, por mais educação, mais saúde e que as mulheres possam ter mais oportunidades. Infelizmente, tivemos um retrocesso nos últimos quatro anos. Mas, agora, com o governo Lula, que é da democracia, viemos lutar para reconstruir o Brasil juntas, por tantos direitos e tantas perdas que tivemos. 

Cherry Almeida é uma das lideranças do bloco afro Afoxé Filhas de Gandhy, com 44 anos de existência, em Salvador (BA). A baiana entende que a mobilização é extremamente importante para o empoderamento feminino. “A marcha é, acima de tudo, para a afirmação das mulheres no nosso lugar de poder nessa sociedade. Nós sabemos que as mulheres que estão aqui querem uma sociedade mais justa, mais igualitária, igualdade de oportunidade, querem espaços de poder nessa sociedade. Portanto, precisamos estar juntas, unidas, marchando com o único objetivo da transformação dessa sociedade. E essa marcha é a cara da mulher brasileira”, declara Cherry Almeida 

A produtora de eventos e trans Dávila Macarena Minaj, de 25 anos, veio com a mãe, uma agricultora famíliar, de Acará, no Pará. Minaj revela que teve um choque de cultura desde que chegou à capital federal, encontrou pessoas de outros estados e entrou em estandes do pavilhão com diferentes temáticas. Ela marcha por mais respeito à sua sexualidade. “A minha cidade é o lugar onde mais sofro transfobia no mundo. Então, busco o direito de ser diferente e ter direitos iguais.” 

O pleito da quebradeira de coco Domingas Aurélia Almeida dos Santos em Timbiras, no Maranhão é continuar quebrando o fruto e fazer o beneficiamento dele para garantir a renda da família. “É nosso direito quebrar o coco, livre. As palmeiras estão acabando porque os donos que compram as terras estão matando. E estamos ficando sem coco para quebrar, porque não tem mais palmeira. Nós tiramos lá a palha do coco, o azeite, fazemos sabonete e sabão, tiramos o leite do coco, tudo. Da casca, fazemos o carvão. E o coco acabando fica difícil de sobreviver. 

A criadora de conteúdo digital e suplente de um parlamentar de Santa Catarina veio aprender sobre feminismo para atuar melhor em defesa dos direitos femininos. “Vim para me organizar, junto com outras mulheres, escutar as reivindicações das mulheres do campo, das florestas, e saber o que está sendo organizado na América Latina. Estar aqui, presente na marcha, escutar o que elas têm para reivindicar, estar nas oficinas, ouvindo as palestras, tudo o que elas estão trazendo, é extremamente importante pra gente fazer políticas públicas, que sejam realistas”, diz a catarinense Sardá. 

A agricultora Maria Francisca da Silva Alcântara parou os cuidados com a plantação de arroz e feijão, em Piranhas, Alagoas, para viajar a Brasília. No momento em que descia do ônibus, conversou com a reportagem da Agência Brasil. “Viemos buscar os projetos para as agricultoras que ficaram nas comunidades, para plantar as sementes sem orgânicos. É tudo sem veneno. Força, fé e coragem -  essa é a receita para vencer batalhas.” 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A bancária do Paraná, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Eunice Myamoto, caprichou nos adereços floridos para marchar com as margaridas. Em reunião, em uma tenda, com outras representantes sindicais, Myamoto falou sobre a luta feminina. “Vim ver todas as mulheres que estão aqui atrás desse sonho, em busca de igualdade, dos direitos que temos. Está sendo lindo porque eu vi a energia dessas mulheres Eu vi que a Margarida [Alves] deixou suas semelhantes E estamos fazendo toda essa primavera em Brasília.” 

A moradora da Ceilândia, no Distrito Federal, Elisa Cristina Rodrigues, faz parte da União da Juventude Socialista. Aos 19 anos, a estudante lembra que muitas lideranças que hoje estão à frente de entidades que defendem direitos sociais ou estão em posto de comando, começaram em movimentos estudantis, nas décadas de 80. “Quanto mais cedo você se engaja, mais vitórias tem. Dentro do movimento, a gente conhece pessoas que passam por situações muito diferentes. Então, acabamos tendo um olhar mais amplo. Ainda mais no nosso país, que é muito desigual”. 

A assentada rural Alcimeire Rocha Morais trouxe o filho de José Pietro, de 6 anos, para conhecer a capital do país e lutar pelo direito à terra. “A gente mora em assentamento. Ainda não tem a terra no nome, mas tem o círculo da terra onde pode trabalhar, criar as coisas da gente, fazer a roça. Só que não temos muita condição para cuidar da terra. Só plantamos as coisas boas e criamos os bichos: galinha, porco. Isso” 

Outra trabalhadora do campo, Celeste Gonçalves Barros, de Cândido Mendes, no Maranhão, diz que em sua marcha quer maquinário específico para a pequena produção rural. “Muitas pessoas param até de plantar porque não há condição de trabalhar no braço pesado. Se viessem umas máquinas para ajudar a gente seria muito bom. Só trabalhamos com machado, na foice, no braçal mesmo. Se tivesse máquina, era só revirar a terra, fazer o beneficiamento e plantar. Ficava mais fácil para a gente”. 

Palmeirândia, no Maranhão, é a terra de Ana Luísa Costa Lobato. Lá, ela é diretora do Sindicado de Trabalhadores da Agricultura Familiar e valoriza o diálogo do governo federal com a população do campo. “A gente tem esperança que ele [Lula] mude o nosso país. Esse é o governo que a gente colocou lá. E, desde o início, está dando para dialogar. É notório, porque desde as entidades, os movimentos sociais, até com estrangeiros, vemos a diferença do diálogo. E precisa tê-lo para pedir as coisas. Tem que ter conversa”. 

A extrativista de coco babaçu Maria José Alves Almeida, de Codó (MA), marcha para ter acesso ao crédito bancário. “A gente tem que ter crédito, pois não consegue acesso. Não temos carro, não temos terra. Trabalhamos no território aleiro. Então, isso nos atrapalha muito. Mas, é importante. É independência. Nesses nossos encontros, já descobrimos que temos uma maneira de acessar. Ainda estamos buscando o conhecimento para passar às companheiras, para que tenham acesso ao crédito do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]. 

Essas mulheres estão em marcha nesta quarta-feira, juntamente com mais de 100 mil margaridas em direção à Esplanada dos Ministérios, em um trajeto de aproximadamente seis quilômetros entre o Pavilhão do Parque da Cidade e o centro do Poder Executivo Federal.  

Às 10h30, haverá o ato de encerramento da Marcha das Margaridas, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros, em frente ao Congresso Nacional.  

As margaridas aguardam anúncios do governo que atendam à pauta de reivindicações da 7ª edição do evento.

A programação da 7ª Marcha das Margaridas, realizada nesta terça (15) e quarta-feira (16) em Brasília, contará com diversas atividades que estarão concentradas no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. As trabalhadoras rurais estão acampadas desde o fim de semana no local.  

Em torno do lema da edição de 2023 - Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver - estão previstas diversas atividades nos dois dias do evento voltadas à justiça, defesa da democracia participativa, garantia de direitos, respeito à diversidade e a cobrança de políticas públicas que gerem qualidade de vida e bem-estar às mulheres de todo o país. 

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Estão previstas oficinas temáticas e lúdicas, plenárias, seminários, quatro grandes painéis e rodas de conversas, partilha de saberes, tenda da cura, atividades autogestionadas, apresentações culturais, mostra da produtividade das margaridas, e até um tribunal ético das mulheres do campo, da floresta e das águas em defesa da autodeterminação dos povos e da soberania alimentar, hídrica e energética. 

Nesta terça-feira, no plenário do Senado, haverá sessão solene em homenagem à Marcha das Margaridas, com a presença de mulheres do campo, da floresta e das águas de todos os estados brasileiros e de outros países, com transmissão ao vivo nas redes sociais da Marcha das Margaridas e da TV Senado.  

A abertura oficial da Marcha das Margaridas está prevista para ocorrer no Pavilhão do Parque da Cidade, às 17h (horário de Brasília), com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de diversos ministros e representantes de organizações parceiras. De acordo com a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que coordena o evento, o ato será um momento cultural e de reafirmação da pauta das margaridas. A cerimônia de abertura também será transmitida ao vivo nas redes sociais da Contag e do Canal Gov .  

Paralelamente aos eventos com autoridades, na área externa do pavilhão foi montada estrutura com tendas para receber a Mostra Nacional da Produção das Margaridas. São diversos produtos que identificam a cultura, o modo de vida e produção, o território e demais características das chamadas guardiãs dos saberes. No local, ocorrerão também troca de sementes e rodas de conversa. 

No local do credenciamento das participantes da marcha, está instalado um ponto de coleta da campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis e de roupas em bom estado e limpas, principalmente de agasalhos, para doação a entidades que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade econômico-social no Distrito Federal. Na área interna do Pavilhão, na Casa de Margarida Alves, haverá o lançamento de livros, espetáculos, exibição de filmes e documentários. Esse espaço funcionará apenas hoje, das 9h às 17h. 

Marcha lilás 

O momento mais esperado pelas margaridas, a cada quatro anos, é a tradicional marcha das mulheres em direção à Esplanada dos Ministérios, em um trajeto de aproximadamente seis quilômetros entre o Pavilhão do Parque da Cidade e o centro do Poder Executivo Federal. 

Na quarta-feira (16), a partir das 7h, as mulheres se organizam com suas delegações estaduais e começam a ocupar as ruas da capital. Vestidas de lilás, portando bandeiras, chapéus de palha, faixas e cartazes, elas serão acompanhadas no percurso por carros de som e agentes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Historicamente, as participantes entoam o Canto das Margaridas* e gritam palavras de ordem de luta por direitos. A população poderá participar. A organização da marcha convida os interessados a conhecerem mais sobre “as margaridas” e suas lutas sociais. 

O ato de encerramento, em frente ao Congresso Nacional, na altura do Ministério de Minas e Energia, contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros, às 10h30, e e estimativa é de 100 mil participantes. São agricultoras familiares, indígenas, camponesas, assentadas, acampadas sem-terra, ribeirinhas, quilombolas, extrativistas, pescadoras, quebradeiras de coco, raizeiras, benzedeiras, marisqueiras, caiçaras, assalariadas e outras mulheres que representam a pluralidade brasileira. 

A coordenadora-geral da Marcha das Margaridas e secretária de Mulheres da Contag, Mazé Morais, disse que espera novos anúncios de políticas públicas por parte do governo federal. A liderança fez um balanço sobre as conquistas das margaridas em 23 anos de existência do evento. “A primeira marcha em que a gente entregou uma pauta foi em 2003. De lá para cá, conseguimos vários avanços, como a titulação conjunta de terra, porque nós mulheres trabalhadoras rurais não tínhamos o direito de ter nossos nomes no documento de propriedade; a documentação da trabalhadora rural, pois, no século XXI, ainda há trabalhadora que infelizmente não tem a documentação; a campanha de combate à violência contra as mulheres; o crédito [rural] e a assistência técnica para as mulheres. Foram muitos avanços. Houve uma interrupção e perdemos muitas dessas conquistas ao longo desse caminhar”. 

O retorno das delegações estaduais das margaridas está previsto para as 12h30, após o almoço. 

Confira a programação da Marcha das Margaridas 2023.

Trânsito 

Em função do evento, o trânsito no Eixo Monumental, que dá acesso à Esplanada dos Ministérios, terá alterações nos dois dias da Marcha das Margaridas para garantir segurança, mobilidade e fluidez no tráfego. De acordo com a PMDF, a Esplanada dos Ministérios ficará fechada aos veículos, a partir das 23h45 desta terça-feira. Não será permitido também o acesso de veículos à Praça dos Três Poderes.  

 Amanhã, a partir das 7h, três faixas de rolamento do Eixo Monumental ficarão fechadas, desde a saída do Parque da Cidade até a Catedral Metropolitana de Brasília. 

A liberação das vias vai ocorrer após avaliação técnica dos agentes de trânsito. 

Canto das Margaridas 

Conheça o Canto das Margaridas

“Olha Brasília está florida 

Estão chegando as decididas 

Olha Brasília está florida 

É o querer, é o querer das margaridas 

Somos de todos os novelos 

De todo tipo de cabelo 

Grandes, miúdas, bem erguidas 

Somos nós as margaridas 

Nós que vem sempre suando 

Este país alimentando 

Tamos aqui para relembrar 

Este país tem que mudar! 

Olha Brasília está florida... 

O Canto das Margaridas 

Água limpa sem privar 

Sede de todos acalmar 

Casa justa pra crescer, 

Casa justa pra crescer 

Saúde antes de adoecer 

Terra sadia pra lucrar 

Canja na mesa no jantar 

Um mínimo para se ter, (bis) 

Direito à paz e ao prazer 

E dentro e fora punição 

Pra quem abusa do bastão 

Do ser patrão, do ser machão 

Não pode não, não pode não (bis) 

Olha Brasília está florida (bis) 

É o querer, é o querer das margaridas! 

É o querer, é o querer das margaridas!” 

 

Mais de 100 mil mulheres brasileiras do campo, da floresta, das águas e das cidades, além de representantes de 33 países, são esperadas nesta terça (15) e quarta-feira em Brasília, na 7ª Marcha das Margaridas. O evento, coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), federações e sindicatos filiados e 16 organizações parceiras, ocorre a cada quatro anos e a edição de 2023 tem o lema Pela Reconstrução do Brasil e pelo bem viver. 

São trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos. Para a Contag, a marcha é a maior ação política de mulheres da América Latina. 

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Pautas  

As principais demandas reivindicadas este ano pelas "margaridas" estão divididas em 13 eixos políticos que serão debatidos nos dois dias do evento: 

Democracia participativa e soberania popular; 

Poder e participação política das mulheres; 

Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo; 

Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade; 

Proteção da natureza com justiça ambiental e climática; 

Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética; 

Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios; 

Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns; 

Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional; 

Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda; 

Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária; 

Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo; 

Universalização do acesso à internet e inclusão digital. 

A coordenadora-geral da Marcha das Margaridas e secretária de Mulheres da Contag, a piauiense Mazé Morais, comentou, em entrevista à Agência Brasil, a expectativa para a marcha e a pauta construída em diversas reuniões realizadas desde 2021 pelo país. “Construímos uma pauta e a entregamos ao governo [federal] em 21 de junho. Um governo do campo popular democrático. A nossa expectativa é que as autoridades, no ato de encerramento da marcha, possam, de fato, fazer anúncios relevantes em relação às políticas públicas, a programas, espaços importantes, que realmente causem impacto na vida das mulheres em todos os territórios do Brasil”.  

Destaque

“Essa é a marcha da esperança, porque estamos muito confiantes quanto à retomada dos programas, das políticas, conquistas, que ao longo do caminhar de muita luta, nós, as margaridas, conquistamos. Infelizmente, muitas delas foram retiradas, extintas. Então, há uma expectativa muito grande de que vai ser uma grandiosa marcha, com a representatividade linda da diversidade que somos todas nós”. 

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, disse que nos últimos meses a pasta trabalhou em parceria com outros ministérios para garantir respostas às diversas reivindicações das margaridas. “Desde ações de enfrentamento à violência contra as mulheres e garantia da autonomia econômica, à proteção dos biomas e justiça climática, por exemplo”. 

 “Hoje, temos um governo que respeita as mulheres do campo, da floresta e das águas e que tem a participação social como eixo fundamental na construção e implementação de políticas públicas. Então, a Marcha das Margaridas é essa força que move estruturas e que impulsiona o Brasil rumo ao desenvolvimento sustentável, ao bem viver”. 

Inspiração 

Desde 2000, o nome da marcha é uma homenagem a Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, devido à luta pelos direitos da categoria. Desde então, a liderança se tornou símbolo da resistência de milhares de homens e mulheres que buscam justiça e dignidade. Latifundiários da região são suspeitos do homicídio. Mas, até hoje, o crime segue sem solução e os mandantes não foram condenados.

O caso de Margarida Maria Alves chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde, de acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, se tornou um marco na denúncia das violações sistemáticas dos direitos fundamentais. Em abril de 2020, a comissão publicou o Relatório de Mérito 31/20 sobre o caso. O documento concluiu que o Estado brasileiro é responsável pela violação dos direitos à vida, integridade pessoal, proteção e garantias judiciais de Margarida Alves e as pessoas indicadas no relatório internacional. O relatório ainda faz recomendações ao Estado brasileiro sobre como reparar integralmente os familiares da vítima; a investigação efetiva para esclarecer os fatos; o fortalecimento do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, concentrando-se na prevenção de atos de violência. 

Quatro décadas após o assassinato da paraibana, a secretária Mazé Morais defende a memória da sindicalista que lutou pelos trabalhadores do campo. “Margarida será sempre a nossa inspiradora e é por isso que a gente segue em marcha”. 

 

Trabalhadoras rurais do campo e da floresta realizam, nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, a sétima edição da Marcha das Margaridas. A mobilização deste ano tem o lema Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver. 

A marcha é organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com o apoio de outras entidades sindicais. Participam camponesas, quilombolas, indígenas, cirandeiras, quebradeiras de coco, pescadoras, marisqueiras, ribeirinhas e extrativistas de todo o Brasil.  Ministros e ministras do governo receberam, nesta quarta-feira (21), a pauta de reivindicações das mulheres, em cerimônia no Palácio do Planalto. 

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 “Representamos milhares de mulheres que enraízam a sua existência em uma diversidade de territórios rurais, mulheres que vêm de uma realidade bem difícil. Desempenhamos um importante papel na produção de alimentos saudáveis, aquela comida que chega, de verdade, na mesa do brasileiro. Somos fundamentais para preservação da biodiversidade e para a conservação dos nossos biomas, somos guardiões dos saberes populares que herdamos das nossas ancestralidades”, destacou a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais. 

Apesar disso, segundo ela, essas mulheres vivem “as piores condições de acesso à terra, aos territórios, à água, a renda, aos bens da natureza, a moradia digna, saneamento básico e aos serviços e equipamentos de saúde”. “Além de vivenciarmos diversas situações de violência, somos constantemente colocadas na invisibilidade social e política”, acrescentou a trabalhadora. 

De acordo com Mazé Morais, a pauta da Marcha das Margaridas de 2023 foi construída em diversas reuniões pelo país, realizadas desde 2021, e apresenta aquilo que as mulheres consideram necessário para “combater a violência sobre os nossos corpos” e “efetivar programas, medidas e ações que contribuam para nossa autonomia econômica”. 

“Nós nos guiamos pelos princípios de um feminismo anticapitalista, antirracista, anti-patriarcal que reflete cada uma das nossas realidades; o feminismo que valoriza a vida, vinculando a defesa da agroecologia, dos territórios, dos bens comuns.” 

A pauta de reivindicações é composta por 13 eixos: Democracia participativa e soberania popular Poder e participação política das mulheres Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade

Proteção da natureza com justiça ambiental e climática

Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios (territórios costeiros, influenciados pela maré) Direito de acesso e uso social da biodiversidade e defesa dos bens comuns Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo Universalização do acesso à internet e inclusão digital.

Transversalidade

O diálogo com a coordenação da marcha está sendo liderado pela Secretaria-Geral da Presidência e pelos ministérios das Mulheres e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, em uma agenda transversal com os demais ministérios do governo. 

Segundo o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macedo, na próxima segunda-feira (26) já há uma reunião marcada para as equipes dos três ministérios se debruçarem sobre a pauta da marcha, “para que possam ser alcançados os sonhos, os desejos e as necessidades das margaridas, as mulheres desse país inteiro”.

O objetivo é já ter respostas para as demandas durante o evento em agosto.  A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que o governo está aberto ao diálogo e afirmou a importância da Marcha das Margaridas para democracia.

  “Nós precisamos garantir a democracia, nós precisamos garantir que homens e mulheres, que os pobres sejam incluídos em todo o processo de construção desse país. Mas também é um momento de discutir a questão da participação política das mulheres”, disse, defendendo o enfrentando à misoginia e à perseguição às lideranças femininas. 

Já o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou que os estímulos do plano safra para agricultura familiar, que deve ser lançado na semana que vem, estarão centrados na agricultura que é dirigida por mulheres, na agroecologia e no desenvolvimento de máquinas menores para apoio à produção. “Vai ser um plano safra feminista”, disse.

“Dessa cartilha que vocês entregaram, praticamente todos os itens dizem respeito, também, ao nosso ministério. Nós queremos o Pronera [Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária] na zona rural, nós queremos a cobertura de internet, nós queremos a agroindústria, nós queremos programas para a sucessão rural que envolva as jovens mulheres, nós queremos atenção à saúde na zona rural e nós vamos fazer um diálogo intragovernamental”, acrescentou Teixeira. 

Machismo

Organizada a cada quatro anos desde o ano 2000, o nome do evento é uma homenagem à trabalhadora rural e líder sindical paraibana Margarida Maria Alves, assassinada em 1983. Margarida é um dos maiores símbolos da luta das mulheres por reconhecimento social e político, igualdade e melhores condições de trabalho e de vida no campo e na floresta. 

O presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, destacou que a marcha é das mulheres, mas a luta por direitos e igualdade envolve a todos, no combate ao machismo e aos preconceitos. “Nós, os homens, temos que acabar com essa pecha de superioridade, que de superioridade nós não temos nada”, disse.

  “Nós temos que entender que esse mundo é pela igualdade, esse mundo é de respeito e o respeito tem que ser tratado com muita força. A marcha traz todo esse processo. Nós não fazemos uma marcha apenas para reivindicar, mas também para mudar a alma e o coração das pessoas e seus comportamentos. O Brasil precisa enfrentar esse debate, nós vivemos em uma sociedade dividida, uma sociedade muito violenta”, acrescentou Santos.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) expressou apoio através do seu perfil oficial no Twitter nesta quarta-feira (14) a mulheres trabalhadoras rurais que realizaram a Marcha das Margaridas, em Brasília. 

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“Um grande viva às margaridas. Mais de 100 mil na Marcha das Margaridas, em Brasília. Trabalhadoras rurais, mulheres fortes, na luta por reforma agrária, saúde, educação e contra o fascismo”, endossou a petista.

O ato das mulheres, que compareceram de diversas partes do Brasil, reivindicava mais políticas públicas para o campo, além de ações que visem melhorar a saúde pública direcionada para elas. 

“Sempre estive com as Margaridas. Sempre estarei”, complementou Dilma em sua publicação. O tema da manifestação deste ano é "Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência".

 

Centenas de mulheres trabalhadoras rurais realizaram, nesta quarta-feira (14), a Marcha das Margaridas em Brasília. As participantes, de diversas partes do país, reivindicam mais políticas públicas para o campo, além de ações que visem melhorar a saúde pública direcionada para o gênero. O tema da manifestação deste ano é "Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência".

A passeata saiu do Pavilhão do Parque e seguiu até o Congresso Nacional, com a participação de agricultoras familiares, ribeirinhas, quilombolas, pescadoras, extrativistas, camponesas, quebradeiras de coco, trabalhadoras urbanas e dos movimentos feministas, além de indígenas.

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A Marcha das Margaridas acontece desde o ano de 2000 e o seu nome é em homenagem a Margarida Maria Alves, assassinada em 12 de agosto de 1983. Ela foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.

Diversos parlamentares de partidos como PSOL e PT também participaram da caminhada. 

Entre as presentes, também foi possível ver posturas contra discursos e medidas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). 

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Um dia após o relator da comissão especial do impeachment apresentar o parecer favorável à saída da presidente Dilma Rousseff (PT), representantes femininas de movimentos sociais e sindicais se reuniram no Palácio do Planalto em um ato em apoio à petista. No evento, intitulado Encontro com Mulheres em Defesa da Democracia, as mulheres repreenderam a agenda do legislativo, condenaram o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) e pontuaram que se depender delas, Dilma finaliza seu mandato apenas em 2018. 

Ao som de palavras de ordem como “o meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher”, “não vai ter golpe, vai ter luta” e “Dilma fica, Cunha sai”, integrantes da Marcha das Margaridas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Marcha Mundial da Mulheres, da Marcha das Mulheres Negras, da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatraf), e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) discursaram.

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Representante do Partido Comunista, Márcia Tiburi, comparou, o que ela chamou de investidas contra Dilma, com atentados de violência moral e sexual contra as mulheres. Para ela, Dilma sofre um ‘estupro político’. “O que se faz com a presidenta Dilma nesse momento é do mesmo nível da violência sempre sofrida pelas mulheres”, argumentou.

Presidente do Conselho Nacional da Paz, Socorro Gomes Coelho também saiu em defesa da petista. “O egoísmo da elite brasileira parece perene e Dilma tem mostrado dignidade, sem baixar a cabeça. Dilma tem demonstrado grande coerência e responsabilidade defendendo valores mais preciosos da sociedade: tolerância e o respeito”, cravou.

"Queremos repudiar atos e manifestações que atentam contra cada uma de nós. Dilma, nós, mulheres, envergamos juntas, mas não quebramos. Nós estamos sempre na rua em defesa da democracia. Não admitiremos que desmontem os instrumentos de luta!", corroborou Alessanda Lunas, da Marcha das Margaridas.

Durante o evento, o deputado federal Jair Bolsonaro passou no hall do Palácio do Planalto, o que agitou as presentes. Em coro elas gritavam “fora Bolsonaro” e “facistas não passarão”. No fim do ato, as representantes entregaram manifestos das mulheres em Defesa do Direito da Democracia. 

Desde que a comissão especial do impeachment foi reistalada na Câmara dos Deputados, Dilma tem recebido apoios em atos organizados no Palácio do Planalto. Ela já se reuniu com juristas, intelectuais, artistas e movimentos sociais.

A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (12) que o governo quer e precisa de diálogo constante com as mulheres para construir políticas que permitam fazer do Brasil um país onde elas e os homens tenham direitos e oportunidades. "Quero me somar a vocês nessa manifestação por justiça, igualdade, liberdade, democracia e não ao retrocesso", afirmou, em evento de encerramento da Marcha das Margaridas, no Estádio Nacional Mané Garrincha. "Vocês mulheres inspiram a mim, Presidente da República, e todo o meu governo", completou.

No evento, que chamou de "espetáculo de sentido político", Dilma citou conquistas e políticas para as mulheres obtidas durante os seus mandatos. "O governo brasileiro hoje chega mais próximo das mulheres que precisam de carinho e proteção, para evitarmos a violência", acrescentou, citando as leis Maria da Penha e do Feminicídio.

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