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A primeira etapa do Programa de Investimento em Logística, anunciada nesta terça-feira (9), pelo Governo Federal, tem uma série de concessões para Pernambuco, entre elas a da requalificação e duplicação da BR-232. Gargalo da infraestrutura viária no estado, a rodovia passará por um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), em que empresas privadas vão estudar a viabilidade para a concessão e, em seguida, passar por uma seleção em edital. 

A inclusão da BR-232 no pacote, segundo o engenheiro de trânsito e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Pina, “é uma medida extremamente acertada” já que a gestão federal e estadual está “sem capacidade para investimentos devido à conjuntura econômica nacional”. 

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“A BR-232 está com o pavimento deteriorado a olhos vistos por causa do excesso de carga que é intenso e a falta de investimentos. A concessão é uma maneira de conseguir capital privado para que sejam recuperadas as malhas viárias e, certamente, a empresa que ganhar a licitação vai ter mais cuidados com a infraestrutura local”, opinou o estudioso. 

Sob a ótica de Pina, a concessão já deveria ter acontecido há muito tempo. “As demandas são tão grandes que não sobra recursos para estados e municípios gerirem as estradas”, argumentou. “São vias importantes para o Estado (BR 232 e a BR 101) que se tornam cada vez mais intransitáveis”, acrescentou. 

“O trecho que corta o Recife, por exemplo, tem buracos que estão colocando a vida das pessoas em risco. É importante que se estabeleça um nível de serviço decente, bem feito e que o governo se prepare para fiscalizar”, corroborou o engenheiro de trânsito e também professor da UFPE, Oswaldo Lima Neto. 

Para o estudioso, além de melhorar o serviço da infraestrutura estadual, a concessão deve ser benéfica para a economia local. “Sem sombras de dúvidas a concessão impulsiona o desenvolvimento. Além da própria geração de emprego que as obras em si vão gerar, ao manter as rodovias em boas condições, será reduzido o custo de manutenção dos veículos e o valor dos produtos produzidos pelo estado ou advindos de outros locais”, disse Lima Neto. 

A confirmação das concessões ajudam o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), a cumprir promessas de campanha. No ano passado ele prometeu que duplicaria a BR-232 até Arcoverde e frisou que, mesmo sendo uma obra federal, se a presidente não instalasse o Arco Metropolitano, a gestão estadual tomaria à frente. 

Além da BR-232, também foi incluído no pacote de concessões para Pernambuco o Arco Metropolitano e três terminais do Porto de Suape (grãos, minérios e contêineres). O Aeroporto de Guararapes entrará na primeira rodada de 2016.

A Comissão Especial de Mobilidade Urbana da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizou na última segunda-feira (7), a sétima e última reunião de trabalho e promete apresentar até o final de maio uma carta aberta à sociedade sobre questões relacionadas à mobilidade urbana, na Região Metropolitana do Recife. No documento constará um panorama da situação no Grande Recife e em Pernambuco, sugestões, planos e metas para os próximos dez anos.

Na audiência, a Comissão ouviu o consultor em transporte público, Germano Travassos. Ele enfatizou a necessidade de mudar a cultura e a política pública, investindo no transporte coletivo e restringindo o uso de automóveis nas ruas.

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Na opinião do engenheiro civil e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Maurício Pina, a mobilidade está diretamente associada ao desenvolvimento urbano devido ao alto número de veículos que circulam pelas ruas. São mais de dois milhões de automóveis licenciados no Estado. Na Região Metropolitana, ultrapassa a marca de um milhão de veículos e, só no Recife, detém pouco mais de 580 mil, de acordo com dados fornecidos em março de 2012 pelo Detran. Para o professor, a restrição na circulação de automóveis, a cobrança de pedágio e o rodízio de veículos são algumas das alternativas que podem amenizar o problema.

O aumento de aproximadamente 374% na frota de motocicletas entre os anos de 2001 e 2012, no Grande Recife, foi comentado pelo pesquisador em Planejamento de Transportes e Engenharia de Tráfego, Leonardo Meira. Segundo o pesquisador, também é preciso investir em melhoria das calçadas, parques, áreas arborizadas, ciclovias e na qualidade de vida urbana. Para o deputado federal João Paulo, do PT, o debate ampliou a discussão sobre um tema do dia a dia dos pernambucanos.

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