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O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, recusou-se a receber um prêmio ao lado do hoje presidente Jair Bolsonaro (PSL) e de "outros radicais de direita" em 2016. É o que revelam conversas divulgadas nesta quarta-feira (14) pelo UOL, a partir das mensagens recebidas pelo site The Intercept Brasil. 

O prêmio foi o "Liberdade 2016", concedido no Fórum Liberdade e Democracia, organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo. 

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Segundo a reportagem, em mensagem publicada no grupo do Telegram Filhos do Januário 1 no dia 5 de outubro, que reúne procuradores que atuam na Lava Jato, Deltan disse que havia sido convidado para receber a premiação e considerava positivo o convite para a Lava Jato, mas preferia que a equipe toda fosse reconhecida pela instituição. 

"Vou receber porque me parece positivo para a Lava Jato, mas vou pedir para ressaltarem de algum modo, preferencialmente oficial, que entregam a mim como símbolo do trabalho da equipe", destaca Dallagnol.

Dias depois, um dos assessores da força-tarefa aconselha o procurador a evitar a participação no evento para não ter a imagem associada com a do então deputado federal. 

"Você vai mesmo no evento deles neste sábado? Com Bolsonaro como palestrante? Por favor, repense... Tudo o que você e a força-tarefa não precisam é serem 'associados' ao Bolsonaro. É a mesma coisa que receber prêmio do Foro de BSB. Estou quase implorando", argumenta o assessor, que não foi identificado pela reportagem.

"Péssimo isso aí", responde Deltan, já sugerindo, em seguida, os argumentos que o assessor deve utilizar para justificar sua ausência. "Imprevisto. Mil desculpas", recomenda ao assessor, acrescentando que ele poderia ver se o promotor Roberto Livianu poderia receber a premiação em seu lugar e ponderar que ele gostaria de escrever uma mensagem em nome da força-tarefa para agradecer a honraria. "Diz que não costumo cancelar, apenas quando não consigo fazer diferente (estou me sentindo mal com o cancelamento ainda rs... mas manda ver)", ainda observa Deltan.

Na madrugada do dia 20 de outubro, o procurador avisou no grupo Filhos de Januário 1 sobre a desistência e justificou que não iria porque na programação tinha políticos com perfil "muito de direita": "com Jair Bolsonaro como um dos vários palestrantes e com homenagem a um vereador de SP [Fernando Holiday, do DEM-SP] que foi um dos líderes do impeachment".

Roberto Livianu recebeu o prêmio em nome de Deltan Dallagnol no dia 22 de outubro. 

Em resposta ao site, promotor disse que os procuradores da Lava Jato pediram que ele recebesse o prêmio por dificuldade de agenda. Além disso, afirmou também que  não viu Jair Bolsonaro ou Fernando Holiday na plateia. Holiday, por sua vez, mostrou-se surpreso pelo fato de Deltan ter cancelado a ida ao evento por causa de sua participação, apesar de ter ressalvas sobre as mensagens vazadas.

Já a Lava Jato disse não reconhecer a legitimidade das conversas divulgadas, mas mesmo assim considerou que evita a "participação direta de seus membros em eventos que possam gerar, ainda que indevidamente, a vinculação do trabalho técnico feito na Lava Jato a bandeiras ideológicas e político-partidárias".

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse nesta segunda-feira (17) que ainda não é possível avaliar mensagens vazadas com diálogos supostamente mantidos entre membros da força-tarefa da operação Lava Jato. “Para isso, nós dependemos, primeiro, que todo o material seja divulgado. Segundo, que sejam atestadas a autenticidade e a veracidade desse material. Quando se coloca a conta-gotas não é possível ter uma visão de conjunto, nem da veracidade, nem da autenticidade”, disse após participar de um evento promovido pelo Grupo Bandeirantes.

Desde a semana passada, o site The Intercept tem divulgado trechos de mensagens atribuídas a Moro e a procuradores da Lava Jato. De acordo com o site, os diálogos apontam para uma “colaboração proibida” entre o então juiz federal responsável por julgar processos decorrentes da operação em Curitiba e os procuradores, a quem cabe acusar os suspeitos de integrar o esquema de corrupção.

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Para Moraes, as informações foram obtidas de forma criminosa, apesar de destacar que o material tem interesse “jornalístico” e “público”. “As invasões que ocorreram nos telefones de agentes públicos são criminosas. Falo com absoluta tranquilidade que vazamentos, fake news, falsidade em notícias divulgadas é questão de polícia. Esses hackers que, eventualmente, invadiram devem ser alcançados, punidos e presos”, acrescentou o ministro ao falar sobre os vazamentos.

O ministro também defendeu a importância da Operação Lava Jato para o combate à corrupção: "É uma operação séria, conduzida dentro do devido processo legal. É uma realidade que realmente mudou o combate à corrupção no Brasil”.

 

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