Barras de ferro e revestimento antiderrapante nos banheiros, cerâmica crespa por toda a casa e materiais improvisados para ajudar na hora de trocar de roupa são alguns dos recursos que Lúcia Nolasco de Souza, 65 anos, deficiente física, utiliza para se virar sozinha em seu lar, ter independência. Apesar de não usar muitos recursos de adaptação dentro de casa, Lúcia conta que precisa tomar alguns cuidados nas atividades cotidianas.
“Preciso tomar algumas precauções para não me machucar. Como não posso me abaixar para apanhar um objeto no chão, tenho uma pazinha alta que ajuda na hora de pegar uma correspondência que caiu”, conta a aposentada. Mesmo morando sozinha, Lúcia diz que o fato de seu apartamento ser pequeno facilita a locomoção. No entanto, sentar na sala para assistir TV quando está sozinha, só se for numa cadeira com braço. Para usufruir do sofá só nos momentos em que há visitas, já que ela precisa de ajuda para sentar e levantar.
##RECOMENDA##
Quando questionada sobre o fato de morar sozinha, ela responde com orgulho quem é independente: “Graças a Deus, moro só e me viro muito bem. Só não posso cometer abusos, de modo geral me viro muito bem sozinha. Tenho uma diarista que arruma a casa, lava e passa minhas roupas e faz as compras. Não me preocupo com essas questões de casa. Quando tenho que sair de casa, uso o serviço de táxi e conto com a ajuda das pessoas, porque aí já é mais complicado”, conta.
Por causa de suas medidas de precaução, Lúcia diz que nunca sofreu nenhum acidente dentro de casa. A preocupação da aposentada com a segurança é mais fora do lar. “Quando estou fora de casa sempre tenho que contar com a boa vontade das pessoas para me ajudar a subir uma escada, entrar na piscina da hidroginástica, que não é adaptada, no cinema e outros locais que não são adaptados para nós (pessoas com deficiência)”.
Moradora do bairro da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, há 30 anos, Lúcia diz que comprou sua casa com recursos próprios e comemora o fato de existir hoje o Plano Viver sem Limites, que é direcionado para as pessoas com deficiência. O plano versa sobre saúde, mobilidade, educação, acessibilidade, entre outros assuntos.
No eixo acessibilidade, o programa prevê ações conjuntas entre União, estados e municípios, tais como o programa Minha Casa, Minha Vida 2. O programa inclui 100% das unidades projetadas com possibilidade de adaptação, ou seja, 1,2 milhão de moradias que podem ser habitadas por pessoas com deficiência. O governo também está distribuindo kits de adaptação para moradores beneficiados pela primeira edição do programa habitacional, de acordo com as deficiências específicas.
De acordo com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, foram contratadas até agosto deste ano 99.185 moradias adaptáveis e outros nove mil kits de adaptação foram entregues no Minha Casa, Minha Vida 1.
Para qualquer pessoa, casa significa segurança e conforto. Para Lúcia, a moradia também está relacionada com a independência de realizar as atividades cotidianas sozinha.
Confira as características das moradias adaptáveis:
1. Portas com vão livre de 0,80 m e maçanetas de alavanca a 1,00 m de altura;
2. Previsão de área de aproximação para abertura das portas e área de manobra para cadeira de rodas de 180º em todos os cômodos;
3. Piso com desnível máximo de 15 mm;
4. Banheiro:
• largura mínima de 1,50 m;
• box para chuveiro com dimensões mínimas de 0,90 m x 0,95 m;
• área de transferência ao vaso sanitário e ao box com previsão para a instalação de barras de apoio e banco articulado, segundo a ABNT NBR 9050.
5. Instalações elétricas:
• tomadas baixas a 0,40 m do piso acabado;
• interruptores e interfones e tomadas altas a 1,00 m do piso acabado;
• lavatório suspenso sem coluna e torneira com acabamento de alavanca ou cruzeta.
Confira todas as matérias do especial Sem Limites.