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O dia 6 de junho de 2013 ficou marcado na história do Brasil como o início de uma série de manifestações populares reivindicando mais direitos para a população, transparência, além de protestos contra a corrupção. O primeiro ato foi realizado em São Paulo, ainda como uma passeata local, organizada, principalmente, pelo Movimento Passe Livre (MPL), reclamando o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus em todo o estado. No entanto, a caminhada, até então pacífica, se tornou cenário de conflitos entre a população e a polícia, tornando o momento em um estopim de levantes populares realizados em todo o país nas semanas seguintes.

De acordo com o cientista político Victor Barbosa, as jornadas de junho não podem ser analisadas apenas a partir daquele período, devendo ser observado o contexto que já existia no mundo. “As manifestações de junho de 2013 não surgiram repentinamente, em um vácuo. Houve um contexto interno e externo favorável ao surgimento desses protestos. Podemos citar a Primavera Árabe no Oriente Médio e no Norte da África, o Occupy Wall Street nos Estados Unidos da América e os Indignados na Espanha, entre outros. Portanto, naquela época, havia um clima propício à mobilização social”, explica ao LeiaJá.

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Apesar do clima de revolta pelo aumento das passagens, que tomou conta daquela época, o doutorando em Ciências Políticas analisa que o acúmulo de cobranças transformou esse acontecimento em uma gota d’água. “As condições de vida da população, como saúde, educação, transporte e moradia, também desempenharam um papel importante”, observa.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Não eram apenas 20 centavos

“O gigante acordou” era o mote que se espalhou por todo o território, marcando protestos nas capitais para o dia 20 de junho. No Recife, mais de 52 mil pessoas foram às ruas naquele dia 20, pedindo paz, direitos, o fim da corrupção, entre outras reivindicações. Uma dessas pessoas era Pedro Josephi, advogado e militante de movimentos estudantis desde a época da faculdade.

Pedro foi presidente do Diretório Acadêmico de Direito da Universidade Católica, onde fez sua graduação, e também ocupou o cargo de secretário-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Nessa época, ainda em 2012, os grupos em que participava pensaram em abrir as pautas para a sociedade em geral, não apenas centradas nas demandas dos estudantes. “Na nossa gestão, em 2012, nós começamos a inserir o DCE junto com os movimentos na cidade, de discussão do direito urbano, direito à cidade, direito ao transporte”, explica Josephi ao LeiaJá.

A ideia era unir as demandas,de modo a fortalecer os movimentos. O Movimento Passe Livre, segundo Josephi, já tinha aliados e representantes no Recife, mas ainda eram realizadas atividades de forma sazonal, sem muita visibilidade, como em São Paulo, por exemplo. O advogado relatou que, diante do cenário existente na capital pernambucana, onde o poder de decisão estava concentrado nas empresas e em seus empresários, sem uma voz da sociedade civil, foi criada a frente única dos transportes públicos. “Era uma composição de vários outros movimentos. Então foi uma ideia que nós tivemos para poder ampliar a discussão, sair [do eixo] só dos estudantes, e poder pautar a sociedade”, lembra o advogado.

Para além dos transportes

As pautas levantadas por Pedro Josephi naquela época, e até hoje, em sua atuação como membro conselheiro do Conselho Superior de Transporte Metropolitano, representando a sociedade civil, certamente não se resumem apenas à questão do transporte público. Os movimentos nas ruas trouxeram à tona uma infinidade de demandas, vindas de grupos distintos, como o movimento Estudantes Pela Liberdade (EPL). Um dos membros ativos no grupo em 2013, Mano Ferreira, contou ao LeiaJá como as pautas liberais foram levadas às ruas, abordando outras demandas do poder público. “O sentimento geral de quem foi pra rua em junho de 2013 era de uma revolta contra o sistema político, contra a forma como o sistema político vinha funcionando no Brasil”, relata.

Em 2013 o Brasil sediou a Copa das Confederações e as capitais estavam se preparando para receber a Copa do Mundo de 2014, com estádios novos, reformas e construção de estruturas urbanas para a grande demanda de turistas que estariam no país. Mano explicou que um dos argumentos mais utilizados naquela época foi justamente a inversão dos valores e das prioridades nos gastos de verba pública. Estava tendo a inauguração de vários estádios que foram construídos para a Copa, todos muito caros, sem que houvesse a inauguração de muitas dos equipamentos de infraestrutura urbana que tinham sido prometidos como legado da copa nas diversas cidades, de tal modo que um dos cartazes muito presentes é que o país, a população, queria um SUS no selo FIFA. Um padrão FIFA de qualidade, queria educação no padrão FIFA de qualidade, queria transporte no padrão FIFA de qualidade”, compartilha Ferreira.

“Aqueles investimentos bilionários que foram feitos pra copa era um símbolo de uma inversão de prioridade do sistema político, de uma decisão de gastar o dinheiro público de uma forma irracional em coisas que não deveriam ser prioridade, enquanto os serviços essenciais, que são fundamentais para a dignidade como saúde, educação, transporte não tinham a mesma energia, não tinham a mesma atenção, não tinham a mesma qualidade”, complementa.

Manifestante com rosto coberto. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Violência do Estado

Um dos marcos das manifestações dessa época, apesar dos pedidos por paz e atos pacíficos, foi a resposta violenta por parte do poder público, como forma de reprimir os grupos organizados e retomar a ordem da população. No meio de manifestantes, grupos de vândalos, chamados na época de “black blocks”, foram identificados por depredar o patrimônio público. Um dos riscos que Pedro Josephi correu naquele período foi ter sido confundido com um integrante, e chegou a ser acusado de vandalismo. O caso ocorreu no mês de agosto, no dia em que um ônibus foi queimado na área central do Recife. 

“Quando começou o confronto, que o [Batalhão de] Choque estava lá sem permitir que nós passássemos. A gente até tentou conversar com alguns vereadores na época. Como não foi possível, só tinham dois, e disseram que não iam nos receber ali, a câmera estava toda fechada, começou um confronto, e eu e as outras lideranças saímos e fomos para a sede do sindicato dos professores, que é ali próximo. Depois a gente ouviu no rádio que houve queima de ônibus, e por a gente ser a liderança do protesto, eles nos imputaram a isso, ‘você foi o responsável pelo protesto da organização então os atos danosos, você é o responsável’”, relata Josephi. O grupo não chegou a ir a julgamento pois o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu a dissolução do caso por falta de elemento material.

Para Mano Ferreira, o sentimento de revolta se chocou com o aumento dos índices de violência e confronto físico da polícia com os manifestantes, sem haver critérios claros em relação aos alvos do poder público. “A forma do estado brasileiro reagir a isso foi com violência, descendo o cacete, então ao mesmo tempo há uma revolta do ponto de vista do conteúdo das decisões do setor público, e uma revolta em função da forma, ou seja, há uma uma reflexão, um questionamento, uma revolta tanto contra o modelo das políticas públicas, as prioridades de política pública e a incapacidade de entregar, mas também a forma desconectada, a relação assimétrica entre o estado e a sociedade. A forma como o estado se coloca de cima para baixo, impondo a violência, sendo incapaz de ouvir a população, sendo um sistema fechado basicamente”, complementa.

Conflitos entre manifestantes e polícia. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

2013 em diante

A partir dos protestos de junho, o cenário político no Brasil tomou um rumo diferente, havendo um levante da direita e extrema-direita no país, impeachment presidencial em 2016, entre outros desdobramentos na sociedade. É o que observa Victor Barbosa:

“O legado deixado pelas jornadas de junho é tão diverso quanto às questões levantadas durante as manifestações. Embora não haja consenso entre os acadêmicos, é possível observar uma correlação entre as Jornadas de Junho, a queda brusca da popularidade de Dilma Rousseff, o movimento pró-impeachment e o surgimento de uma nova direita, exemplificada pelo MBL. Esses acontecimentos impulsionaram ainda mais o cenário político em Pernambuco e no restante do país para a direita”, observa.

Pedro Josephi observa que, apesar dos conflitos políticos, houve ganhos para a população devido aos trabalhos realizados pelas lideranças dos movimentos. “O grande saldo, o grande salto político que nós acreditamos, foi pautar a cidade, pautar o direito ao transporte junto com o direito da cidade. E que esse tema inclusive continua sendo uma necessidade”, analisa.

Para o advogado e militante, a pauta do transporte se mescla com diversos outros direitos da população, que foram conquistados com o passar do tempo, mas que ainda há um caminho a ser trilhado.

No mesmo tom, Mano Ferreira observa que as passeatas de junho de 2013 deram à população um poder que perdurou ao longo da década. “Acho que junho de 2013 teve também um papel de fazer com que uma geração de pessoas de diversos aspectos políticos fosse pra rua assim. Então acho que romperam um tabu pra muita gente. Então teve esse sentimento catártico de que as coisas estavam mudando e que a rua não era monopólio de um grupo”, finaliza,

Com o objetivo de estabelecer uma gestão participativa entre o Governo do Estado e a sociedade civil, a Secretária de Justiça e Direitos Humanos, Lucinha Mota, recebeu nesta quinta-feira (11), representantes dos movimentos LGBTQIAP+.

No encontro foram tratados, dentre outros temas pertinentes, acerca das políticas públicas em execução e a serem implementadas, traçando objetivos e estratégias em conjunto com os beneficiários do serviço público.

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“Unindo as forças do Estado, da sociedade civil e dos movimentos sociais poderemos avançar muito na promoção e proteção da população LGBTQIAP+, em Pernambuco. A nova gestão redesenhará, em participação com os diversos grupos de pessoas, as políticas públicas, tornando-as mais efetivas. É preciso, também, que elas cheguem a todas as pessoas do nosso Estado.”, explica a Secretária Lucinha Mota.

Participaram da reunião os representantes da ONG Leão do Norte, Marconi Costa (ABGLT Nordeste) e Gilvan Rufino; a presidenta da ONG Cores, Alzyr Brasileiro, presidenta da ONG Cores e representante da Rede LGBT do Interior de PE; e a representante da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE) e RENFA, Maria Daniela.

Alzyr informou que o Estado registra uma subnotificação das violências direcionadas ao público LGBTQIAP+ e sugeriu que a secretária seja também uma porta-voz do público junto às demais estruturas do Governo, atuando em mudanças de grandes desafios, como a tipificação da LBTQIAP+. 

O gestor dos programas de proteção e promoção dos direitos humanos da SEDH, Lucas Barros; a chefe de gabinete da SJDH, Kleanne Oliveira e a consultora técnica da SJDH, Gláucia Andrade, também acompanharam a reunião, que também abordou a questão da empregabilidade da população LGBTQIAP+ como política a ser trabalhada pelo Governo do Estado.

“Através do nosso Centro de Combate à Homofobia, o CECH, buscaremos fortalecer as políticas de promoção e prevenção e, o que é mais importante, descentralizá-las, levando-as também para as outras regiões do Estado que precisam dessa assistência tanto quanto a capital e a Região Metropolitana”, completou Lucinha.

Nesta segunda-feira (20), as Jornadas de junho completam nove anos. Foram uma série de mobilizações de massa ocorridas simultaneamente em mais de 500 cidades do Brasil no ano de 2013. Na época, chegaram a contar com até 89% de apoio da população brasileira. Para os especialistas, foi o primeiro levante nacional no país no século XXI tendo ocorrido em todas as regiões. Ainda que os atos de rua tenham ocorrido no mês de junho, muitas mobilizações ocorreram também por todo aquele ano.  

Os protestos tiveram como críticas principais o aumento das tarifas de transporte público, a violência policial, a falta de investimentos em serviços públicos, os gastos com os megaeventos esportivos, o poder dos oligopólios de comunicação, a hegemonia e dominação de partidos políticos sobre movimentos populares e as falhas da democracia representativa.

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Reivindicou principalmente a tarifa zero nos transportes públicos, assim como as reivindicações trabalhistas e classistas. Os métodos e práticas utilizados foram protestos de massa, assembleias populares, mídia alternativa, ciberativismo, destruição e incêndio de ônibus, pichações, cartazes e faixas, ataques a símbolos do capitalismo e do poder, entre outros métodos.  

“O movimento da reivindicação a respeito das tarifas de ônibus não foi um movimento isolado, ele fez parte de uma série de outros movimentos que se alastraram para uma série de jornadas de passeatas, de movimentos que discutiam com a política nacional na época. Em nove anos, observou uma participação da população com esses eventos, mas uma participação isolada, onde muitas vezes não se confirmou a consolidação de movimentos. Então, não se deve pensar simplesmente no aspecto financeiro, um movimento que reivindica melhores condições financeiras para o país, porque isso é amplo, mas politicamente, alguns movimentos se fortaleceram no sentido da cobrança política. O movimento da ‘tarifa zero’ era isolado de outros movimentos e apoiava que a pauta era antiga. Se continuar antiga, então é inacessível para muita gente. Devemos considerar que o aumento da tarifa dos combustíveis fica difícil das pessoas continuarem sobrevivendo com uma gradativa inadimplência e uma gradativa situação financeira de inflação”, explica a professora da UNG, socióloga e antrópologa doutoranda em Ciências da Comunicação pela USP, Ana Cláudia Fernandes Gomes.  

“Numa sociedade capitalista tudo gira em torno da desigualdade econômica gerada a princípio. Realmente os pobres vão sofrer mais por conta da desigualdade do país. Para reivindicar a tarifa zero é importante para as pessoas que usam o transporte público, para quem não usa transporte público, isso fica perdido no espaço, tem que ficar relacionado ao aumento de combustível. O núcleo central da desigualdade social é a referência econômica, porém, o movimento é muito maior. Então, quando eu reivindico o acesso à educação e outros acessos, a parte econômica interfere, mas a reivindicação é mais volumosa. O ato de reivindicar por melhores condições nunca vai se perder, porém, existem vários mecanismos de alienação e conformismo das pessoas. Ir à rua e reivindicar uma vez, não significa que você participa de um movimento social de mudança política. Para participar, tem que ter uma conscientização de que é um processo que se desenrola no decorrer do tempo, que as conquistas são gradativas, mas a gente precisa atingir esse núcleo que é a desigualdade social. A tarifa zero é uma parcela de toda a discussão social, ela acompanhou os movimentos sociais que discutiam corrupção. Mas para os movimentos sociais não se perderem precisam garantir as pequenas conquistas dentro de um processo político de acompanhamento. Não é modismo em termos de quantidade, é uma questão mais ampla de reeducação e conscientização política”, continua a professora.  

Essas movimentações foram vitoriosas em sua crítica principal, cancelando o aumento das tarifas de transporte público em diversas cidades naquele ano, e também em outra política econômica, a aprovação de uma lei que garantia royalties do petróleo para a saúde e educação pública. No entanto, os participantes sofreram uma violenta repressão por parte dos governos estaduais e federais com tiros de bala letal e armas menos letais, prisões, vigilância presencial e pela internet e processos judiciais.

Um vídeo intitulado “Anonymous Brasil – as cinco causas!” de autoria do coletivo Anonymous, foi lançado na internet em resposta à mídia que frequentemente anunciava a falta de reivindicações claras durante os protestos, e sugere cinco motivos pelos quais as pessoas estariam se manifestando como foco nos próximos protestos. O vídeo foi bem aceito chegando a milhões de visualizações e publicações, gerando inúmeras matérias em jornais, revistas, televisão e rádio, incluindo repercussão internacional.  

 

Movimentos sociais estão convocando a população a realizar um panelaço durante o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que será transmitido pela televisão, às 20h30 desta quarta (2). A fala do chefe de estado acontecerá depois de um fim de semana marcado por manifestações a favor de seu impeachment em mais de 200 cidades em todas as regiões do país.

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“Prepare as panelas de casa e um gigantesco #ForaBolsonaro! Hoje às 20:30, as emissoras de televisão e rádio irão transmitir o pronunciamento de Bolsonaro. Vamos mostrar que o Brasil não aguenta mais”, publicou o perfil da União da Juventude Socialista (UJS) no Twitter.

O último pronunciamento em rede nacional de Bolsonaro ocorreu em 23 de março, há dois meses. Na ocasião, o presidente foi ar para prometer a compra de mais vacinas contra a Covid-19. Agora, o Brasil enfrenta uma crise de abastecimento do imunizante Coronavac, cuja segunda dose chegou a ser suspensa em cidades de pelo menos 18 estados.

Movimentos sociais assinam um abaixo-assinado pedindo a liberdade da ativista Sara Rodrigues, de 24 anos, presa no bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, na terça-feira (16), por tráfico de drogas. As advogadas de Sara Rodrigues, que está grávida de quatro meses e tem uma criança de cinco anos, alegam que a Polícia Militar (PM) agiu com violência, invadiu a residência sem mandado e forjou a presença de drogas e instrumentos na casa da ativista. 

 "Os agentes de segurança pública invadiram (sem nenhum mandado) a casa de Sara, localizada em uma das periferias do Recife, onde a lei não tem o mesmo valor para as pessoas que lá vivem", diz texto do abaixo-assinado. Sara Rodrigues participa de vários projetos sociais e integra a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas e Coletivo de Mães Feministas Ranúsia Alves. Na noite anterior, ela organizava a entrega de kits de alimentação e limpeza para a comunidade com uma mulher que foi presa na mesma ocorrência.

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 Segundo a defesa dela, os policiais violentaram psicologicamente a mulher diversas vezes, reviraram a casa em que vive com o companheiro sem mandado ou permissão e forjaram a presença de drogas, acusando os moradores de estarem realizando atividades ilícitas. "A prática de forjar situações para incriminar pessoas pobres e negras é muito recorrente na atuação da polícia, infelizmente essa realidade se repete colocando em risco a vida e liberdade de pessoas inocentes", segue o abaixo-assinado.

 Em audiência de custódia, ocorrida na quarta-feira (17) de forma remota, sem a presença dos acusados e defensores - como tem se dado no período de pandemia -, Sara teve a prisão preventiva decretada pela juíza Blanche Maymone Pontes Matos. Ela foi encaminhada à Colônia Penal Feminina do Recife. As advogadas de Sara consideram a prisão injusta por ausência de motivos concretos. A defesa elenca que Sara é: "mãe de uma criança, gestante, trabalhadora formal, com vínculo empregatício comprovado, com residência fixa e sem antecedentes criminais, não apresentando risco algum para a sociedade ou para o processo."

A Agenda Nacional pelo Desencarceramento já emitiu um posicionamento contrário ao projeto do CNJ de audiência de custódia por chamada de vídeo. O movimento destaca que o objetivo da audiência é garantir que a pessoa seja conduzida ao juiz para avaliação de possíveis irregularidades e ilegalidade na prisão, violações de direitos e sinais de violência e tortura.

 As advogadas de Sara argumentam que a prisão preventiva é arbitrária por desrespeito à legislação. "A Lei da Primeira Infância determina que devem ser colocadas em liberdade provisória ou em prisão domiciliar a gestante, a lactante ou a mãe de criança com deficiência ou até 12 anos que não responda por crime violento ou praticado sob forte ameaça. Em 2018, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu conceder prisão domiciliar a todas as detentas grávidas ou mães de crianças de até 12 anos. Além disso, conforme o Art. 318-A do Código de Processo Penal, a prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; e não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente", acrescenta.

 Em nota, a Polícia Militar (PM) relatou que uma equipe do 13º Batalhão, durante patrulhamento, visualizou uma mulher em frente a uma residência entrando em um veículo de Uber em atitude suspeita. "De imediato, o efetivo realizou a abordagem, momento em que foi encontrado em sua mochila cocaína e maconha", afirma o texto.

 Segundo a PM, a mulher confessou ter obtido a droga na residência que havia acabado de sair. A polícia diz ter feito diligências na propriedade, onde mora Sara, e apreendido crack e cocaína. A polícia alega ter encontrado 345g de crack, 22g de cocaína, 22g de maconha, 11 'petecas' de cocaína, R$ 211 em espécie, três balanças de precisão e três celulares. 

Sobre as acusações de violência, a PM diz que o comando do 13º Batalhão foi informado das denúncias e se comprometeu a apurar os fatos. "No entanto, destaca que o Batalhão é pautado pela legalidade e legitimidade em suas ações."

 A Polícia Civil de Pernambuco informou ter prendido em flagrante duas mulheres de 24 e 26 anos e um homem de 23 por tráfico de entorpecentes e associação para o tráfico. Na lista da Polícia Civil de apreensões no local estão cocaína, maconha e crack, R$ 111 em espécie e três balanças de precisão.

 A defesa de Sara impetrou um habeas corpus na quinta-feira (18), que ainda não foi analisado.

Em evento virtual da maior conferência da direita conservadora dos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou que o Brasil não tem casos como o de George Floyd, morto em Minneapolis após abordagem policial truculenta. Para o filho do presidente Jair Bolsonaro, a onda de protestos gerada com o episódio não é antirrascista, mas apenas uma "estratégia esquerdista" para "tomar o poder".

O parlamentar foi convidado pela Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) para falar, entre outras coisas, dos reflexos no Brasil das revoltas que eclodiram nos Estados Unidos. Na transmissão, realizada na última sexta-feira, 12, o brasileiro referiu-se às manifestações como "riots", palavra usada por críticos dos movimentos. Tem significado semelhante a baderna, vandalismo.

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"Se você observar o que está acontecendo nos Estados Unidos, os protestos... eles dizem manifestações, eu diria baderna. Eles dizem contra racistas... eles estão tentando importar isso aqui para o Brasil mesmo não havendo caso como o de Floyd, que infelizmente morreu, ninguém quer que isso aconteça. Mas eles estão tentando trazer para cá esse tipo de 'protestos'. No final das contas, sabemos que é só estratégia dos esquerdistas para tentar tomar o poder", afirmou o Zero Três.

Como mostrou o Estadão, no Brasil, assim como nos Estados Unidos, uma pessoa negra corre mais risco de ser morta pela polícia do que uma pessoa branca. Lá, o risco é 2,9 vezes maior. Aqui, 2,3 vezes. No entanto, a polícia brasileira mata mais, mesmo com população menor. Em todo o ano passado, só no Rio de Janeiro a polícia matou quase o dobro do que matou a polícia americana em todo o País, no mesmo período.

Os protestos originados no Estado de Minnesota, que se espalharam pelo mundo, têm inspiração não apenas na revolta pela morte de mais um homem negro, mas em uma oportunidade de gritar contra o racismo sistêmico e institucional.

Durante seus comentários, Eduardo recorreu à estratégia do Palácio do Planalto para tirar a legitimidade das manifestações que ganharam as ruas há três finais de semana com pautas antifascistas, antirrascistas e contra o governo. Governistas têm tentando ampliar episódios pontuais de violência e vandalismo para desmerecê-las no todo, como mostrou o Estadão. O temor é o de que os atos cresçam e se tornem pró-impeachment.

"Nas últimas oito semanas tivemos protestos pró-Bolsonaro, mas o que aconteceu foi que esses esquerdistas foram às ruas, com pessoas violentas, e começaram brigas. Depois do que isso aconteceu, na semana passada, a partir de agora, não estamos organizando... as pessoas não estão indo às ruas mais mostrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Eles usam a violência como ferramenta política para atacar inimigos", comentou o deputado.

As declarações de Eduardo Bolsonaro foram feitas em conversa transmitida pela internet com Matt Schlapp, ex-conselheiro de George W. Bush, líder da União Conservadora Americana (ACU) e marido de Mercedes Schlapp, que entre 2017 e 2019 foi diretora de Comunicações Estratégicas da Casa Branca.

A crítica do presidente Donald Trump à maneira como Jair Bolsonaro conduz a crise sanitária não foi pauta da participação de Eduardo na transmissão. No dia 5 de junho, o americano citou o Brasil como mau exemplo de enfrentamento ao novo coronavírus.

"Se você olhar para o Brasil, eles estão passando por grandes dificuldades. A propósito, eles vivem citando o exemplo da Suécia. A Suécia está passando por um momento terrível. Se tivéssemos feito isso, teríamos perdido 1 milhão, 1 milhão e meio, talvez até 2 milhões ou mais de vidas", disse o republicano. Apesar da alfinetada, Jair Bolsonaro minimizou a crítica.

Eduardo Bolsonaro participou de evento da CPAC, em fevereiro, em Washington, ocasião que aproveitou para se aproximar de líderes da extrema-direita americana. O deputado pretende organizar uma nova versão brasileira da conferência conservadora ainda este ano, em Brasília, com a presença do pai.

Ainda embrionários, fragmentados e sem liderança única, os movimentos contra o governo que ganharam força nas últimas semanas já obrigam o presidente Jair Bolsonaro e apoiadores a pôr em prática uma plano de reação. Sem saber a dimensão que os manifestos nas redes sociais e nas ruas alcançarão, a estratégia bolsonarista é tentar sufocar ainda no início esses grupos construindo a narrativa de que são violentos e, por isso, devem ser criminalizados. Eventuais confrontos com a polícia serão explorados como exemplo de que "o governo é o lado certo."

Bolsonaro, que durante sete domingos consecutivos participou de atos em Brasília, pediu, diante do avanço dos protestos contra ele, para seus apoiadores ficarem em casa no final de semana passado. Publicamente, o argumento era para se evitar um confronto entre manifestantes contra o governo. Nos bastidores, no entanto, a preocupação é política.

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O Palácio do Planalto temia que a comparação entre os números contra e a favor do presidente possam mostrar um cenário desfavorável, evidenciando que a proporção crítica ao governo era maior. A avaliação é a de que, se isso ocorrer nos próximos protestos, pode entusiasmar opositores, assim como ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016.

Na Câmara, há 45 pedidos de impedimento de Bolsonaro. Até agora, nenhum foi apreciado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Parlamentares alegam que os processos não avançaram porque, em meio ao isolamento social, falta clima nas ruas para um impedimento. O temor dos bolsonaristas é que o ambiente comece a ser criado agora.

Nas últimas semanas, Bolsonaro aplicou vacinas contra os atos e adjetivou os manifestantes contrários a ele de "terroristas", "marginais", "desocupados", "maconheiros" e "viciados".

Pediu aos pais que não deixem os filhos participar de atos. "Isso não é liberdade de expressão, é quebra-quebra", disse em transmissão na "live" da quinta-feira passada.

E fez uma explanação condenando grupos antifascistas e os associando aos black blocks, que ganharam as ruas nas manifestações de 2013 com episódios de violência. Os protestos ocorridos naquele ano, no entanto, foram marcados também pela atuação de agentes infiltrados das polícias e das Forças Armadas para provocar confusão e, assim, justificar uso de bombas.

Na segunda-feira passada, depois dos atos, Bolsonaro avaliou que as manifestações contrárias ao governo são "o grande problema do momento". "Estão começando a colocar as mangas de fora", disse o presidente a apoiadores, no Palácio da Alvorada.

Os atos ocorreram no Distrito Federal e em ao menos 11 capitais. A adesão foi maior em São Paulo, onde também houve panelaços e buzinaços contra o presidente. Novos atos estão marcados para este domingo.

Escalada

A arquiteta Monica Benício, companheira da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada em 2018, avalia que a onda de protestos pode crescer diante da conduta do presidente. "Fomos os primeiros a falar que ficar em casa era ato de responsabilidade, mas também é urgente que a gente ocupe as ruas com responsabilidade, com cuidados com a saúde, para mostrar ao governo que não ficaremos silenciados diante da barbárie e desse projeto genocida em curso", afirmou.

Integrante da torcida Gaviões da Fiel e organizador do protesto do domingo passado em São Paulo, o estudante de História Danilo Pássaro diz que as falas do presidente reforçam um caráter autoritário. "É mais uma prova de que ele não sabe lidar com manifestações e expressões do pensamento diferentes", ressalta.

Nas redes sociais, os filhos do presidente criaram a narrativa de que os movimentos contra o governo são ilegítimos. O temor é perder espaço na internet, onde o grupo se organizou e onde o presidente tem sua maior força.

Parlamentares ligados a Bolsonaro também entraram em ação, como os deputados estaduais de São Paulo Gil Diniz (PSL) e Douglas Garcia (PSL), ambos citados no inquérito das fakes news no Supremo Tribunal Federal.

Diniz, que era assessor do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) antes de se eleger, anunciou na sexta, dia 5, que protocolaria um pedido para a abertura de uma CPI para investigar os "antifas", após, segundo ele, ter recebido denúncia de "violência e outros crimes cometidos por membros do grupo".

Já a Garcia é atribuído o vazamento de dados de mil pessoas que supostamente integrariam grupos antifascistas. "É contra este tipo de gente que se diz antifa que eu entreguei (não vazei) o dossiê à polícia!", escreveu no Twitter, ao publicar imagens de protesto no México. O parlamentar defende que os manifestantes sejam enquadrados na Lei de Segurança Nacional.

Pela primeira vez desde o início do governo, Bolsonaro enfrenta uma narrativa negativa nas redes sem dispor de seus principais influenciadores no melhor momento, já que o inquérito das "fake news" no Supremo Tribunal Federal passou a mirar o "gabinete do ódio".

Uma análise da empresa de consultoria AP Exata apontou queda imediata de 14% para 10% nas publicações dos chamados perfis de interferência. Há 77 dias, a empresa computa mais interações contrárias do que a favor do presidente.

"Até o final de 2019, Bolsonaro dominava. Na virada do ano, começou a perder. Só que apesar de ele ter mais críticas do que menções positivas não se podia dizer que tinha uma oposição forte. Não era uma coisa concentrada até a narrativa do movimento Somos Todos 70%", observou o diretor da empresa, Sérgio Denicoli.

SP e vários Estados

Movimentos de oposição ao presidente da República, Jair Bolsonaro, convocaram novas manifestações de rua para este domingo. A expectativa é de que os atos ocorram em 17 Estados e no Distrito Federal.

O principal ato - convocado pelo movimento Somos Democracia - será em frente ao Masp, na Avenida Paulista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Movimentos de oposição ao presidente da República, Jair Bolsonaro, convocaram novas manifestações de rua para este fim de semana. A expectativa é de que os atos ocorram em até 17 Estados, além do Distrito Federal, segundo os coordenadores de algumas das principais entidades oposicionistas.

O principal ato - convocado pelo movimento Somos Democracia - deve acontecer neste domingo (14), em frente ao Masp, na Avenida Paulista. No entanto, algumas manifestações de oposição já ocorreram no sábado (13).

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Na própria Avenida Paulista, um grupo apartidário fez um protesto relembrando os mortos pela Covid-19 foi realizado durante a tarde do sábado. Em Brasília foi realizada uma carreata e um buzinaço contra o presidente durante a manhã.

Os atos são, mais uma vez, convocados por torcedores de futebol que se tem se manifestado politicamente através do movimento Somos Democracia.

Segundo Danilo Pássaro, fundador do movimento, representantes de torcidas organizadas de 14 Estados entraram em contato com ele durante as últimas semanas e devem aderir ao movimento do domingo em suas capitais (veja a lista de torcidas por Estado no fim da matéria).

"Fizemos reuniões online com representantes de torcidas de 14 Estados", disse Pássaro.

Apesar da presença do Somos Democracia estar restrita a 14 Estados e o DF, a estimativa dele é que 18 Estados registrem movimentações, pois, além dos torcedores, os atos devem congregar coletivos ligados ao movimento negro e outras entidades, como a Frente Povo Sem Medo.

De acordo com o advogado Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) - entidade ligada a Frente Brasil Popular, que não aderiu formalmente aos atos -, vários grupos populares vão comparecer às manifestações para se opor ao fascismo e em defesa da democracia, como a Frente Povo Sem Medo, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a própria CMP - que já participou do buzinaço no DF e deve estar presente nos atos em São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Natal, São Luís, Belém, Goiânia e Aracaju.

Em um comunicado enviado aos membros do movimento, Bonfim reforçou a importância de adotar precauções em razão da pandemia do novo coronavírus: "Nós, da CMP, sabemos da importância de seguir com a política de isolamento social. Mas é também fundamental, neste momento, sair às ruas pelo fim do governo Bolsonaro, sua política autoritária, genocida e racista", afirmou.

A recomendação da entidade é que apenas as pessoas fora dos grupos de risco participem da manifestação e que todos usem máscaras de proteção, levem álcool em gel e mantenham distância de 1,5 metros uns dos outros.

Veja a lista de Estados e torcidas com representantes ligados ao Somos Democracia:

- SP - Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos;

- RJ - Flamengo, Fluminense e Vasco;

- MG - Atlético-MG, Cruzeiro e Corinthians-SP (torcida no Estado);

- RS - Internacional e Grêmio;

- SC - Avaí e Figueirense;

- PR - Coritiba e Athletico Paranaense;

- BA - Vitória e Bahia;

- CE - Ceará e Fortaleza;

- PE - Sport e Santa Cruz;

- RN - ABC;

- MA- Sampaio Corrêa e Moto Clube;

- PB - Corinthians-SP (torcida no Estado);

- DF - Gama, Corinthians-SP (torcida no DF)) e Vasco-RJ (torcida no DF);

- GO - Goiás, Vila Nova, Atlético Goianiense e Corinthians-SP (torcida no Estado);

- PA - Remo.

Na manifestação contra o governo Jair Bolsonaro do domingo passado no Largo da Batata, Pinheiros, zona oeste de São Paulo, nenhum político com mandato discursou no carro de som, e isso deve ser de repetir no próximo fim de semana, quando ativistas prometem voltar às ruas. Os líderes dos atos já enviaram um protocolo à Polícia Militar requisitando a Avenida Paulista no domingo, e dizem que não irão abrir mão do local.

A avaliação entre os organizadores, muitos deles filiados a partidos, é que a participação de parlamentares no ato pode causar divergências internas em um movimento heterogêneo e de equilíbrio frágil, além de afastar manifestantes que não são de esquerda. No domingo passado havia poucas bandeiras e faixas de partidos como PCO, PCB e PSOL.

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O foco de resistência aos políticos é a aliança entre lideranças das torcidas organizadas, que compõem o principal eixo de mobilização. Muitos participantes dessas organizações têm aversão aos partidos e alguns são ex-bolsonaristas. A exceção aberta no carro de som foi para o ex-presidenciável e pré-candidato a prefeito da capital Guilherme Boulos (PSOL), que falou em nome da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

O PSOL é o partido que mais se destaca nos bastidores do movimento. Apesar de ser filiado ao partido de Boulos, o líder do movimento Somos Democracia, que representa as torcidas, Danilo Pássaro, disse que detentores de cargos eletivos têm outro papel. "Nas ruas temos que dar voz aos movimentos sociais. Não são só torcidas, mas a população tem resistência aos políticos", disse o ativista, que faz parte da Gaviões da Fiel.

"É uma construção coletiva. Se a organização dos atos avaliar que é melhor evitar falas de parlamentares, assim será. Mas o fundamental não é quem fala. É o ato em si, a mobilização e o que se defende nela", pontuou Guilherme Simões, da Frente Povo sem Medo.

A ideia de evitar parlamentares não é consenso entre os organizadores e causou desconforto em petistas, que reservadamente reclamaram do espaço aberto a Boulos. Embora o PT não esteja na organização, quadros do partido têm defendido e incentivado os atos de rua.

"Eu avalio que o movimento precisa dialogar para que os partidos que queiram participar das manifestações. A negação do partidos políticos nas primeiras manifestações do MPL em 2013 teve um resultado desastroso. Ali teve início a criminalização da política, especialmente a política de esquerda", afirmou Raimundo Bonfim, dirigente da Central de Movimentos Populares (CMP), que integra a coordenação dos atos.

Os partidos de esquerda optaram por não convocar nem participar institucionalmente dos atos, mas também não censuram a participação dos militantes. Pelo contrário. Após reunião da executiva nacional, o PT divulgou uma nota se dizendo "solidário" aos atos e recomendando precauções aos ativistas, além de cuidado com provocações e possíveis infiltrados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde o último domingo (31), quando grupos antifascistas ligados a torcidas organizadas de times de futebol organizaram atos pela democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em várias cidades, têm surgido postagens nas redes sociais com imagens de uma bandeira associada ao movimento antifascista, com usuários se identificando com esse posicionamento político. O LeiaJá ouviu professores e uma ativista para explicar o conceito de antifascismo e o que significa a bandeira antifa, como o movimento também é chamado. 

O que é o fascismo?

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Karl Schuster é historiador e professor há 17 anos, fez pós-doutorado em História Contemporânea pela Universidade Livre de Berlim e atualmente é livre docente da Universidade de Pernambuco (UPE). Ele explica que: “entende-se por fascismo o conjunto de movimentos políticos que pavimentaram a chegada da extrema-direita ao poder na Europa durante a década de 1920”, mas também as manifestações contemporâneas que se dão dentro de sistemas democráticos e tentam destruir o estado democrático de direito aos poucos. 

“O modo de atuar no novo fascismo promove uma erosão do ambiente democrático. A erosão é gradual, cria inimigos internos, produz isolamento, enfim, ameaça o sistema como um todo. Daí a importância do uso do plural, fascismos. O nazismo foi, em verdade, um tipo de fascismo. Esses movimentos são aquilo que o historiador alemão Ernst Nolte chamou de Anti, são antiliberais, anticomunistas, antimarxistas. O alimento da política e do discurso fascista é a eterna sensação de que o país vai de mal a pior e que apenas eles, os fascistas, seriam capazes de restituir o que a sociedade perdeu, seja por defender um ultra fanatismo em costumes, retomando pautas já superadas, ou com o discurso de que são a própria renovação de uma política carcomida pela corrupção”, explicou o professor. 

No Brasil, de acordo com o professor de história José Carlos Mardock, o fascismo teve uma relação forte com o governo de Getúlio Vargas no período ditatorial do Estado Novo, perseguindo seus opositores. “O escritor alagoano Graciliano Ramos, que era membro do Partido Comunista Brasileiro, foi um dos presos políticos do Estado Novo a transitar pelos calabouços da repressão. Toda a sua experiência está relatada no livro Memórias do Cárcere”, contou Mardock.

Jones Manoel tem 30 anos, é historiador, mestre em serviço social, educador e comunicador popular, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do movimento negro. Ele explica uma das manifestações do fascismo no Brasil se deu por meio do Integralismo, liderado por Plínio Salgado, num grande partido que chegou a ter mais de 80 mil militantes. 

“Basicamente defendia resgatar uma ideia de brasilidade dentro de um programa nacionalista conservador, violentamente anti comunista, anti sindicatos, anti militância que misturava positivismo com fascismo e supostas tradições reais do Brasil. O Brasil desde os anos 1930 para cá nunca teve movimentos de massa fascistas, mas sempre teve pequenos grupos que reivindicam o nazismo, o nazifascismo, via de regra agindo numa perspectiva de gangue, fazendo ataques contra mendigos, homossexuais, pessoas em situação de rua e por aí vai”, disse Jones.  

Movimento e bandeira antifascista

Os movimentos de resistência aos diferentes tipos de fascismo surgem porque, como explica o professor Karl, “O fascismo não morreu com Hitler ou com o fim da segunda guerra mundial. Da mesma forma que os fascistas e as condições sociais para sua existência continuaram existindo, a resistência também. Sempre existirão [ameaças fascistas] enquanto continuarmos com as condições sociais do fascismo. Para mim, fascismo é a negação do outro. É um forte problema de alteridade e de entendimento de existência do outro como inimigo a ser aniquilado”, explicou o professor. 

Ele também conta que o enfrentamento ao fascismo nem sempre nasce de grupos necessariamente denominados antifascistas ou em momentos em que a ameaça é iminente e muito forte, mas também de pautas de movimentos da sociedade civil em busca de mais democracia. 

“[Há movimentos que] não são necessariamente antifascismo, eles abraçam essa pauta por serem movimentos que vigiam, garantem o mínimo de manutenção do estado democrático. Eles são fundamentais para a democracia e existem mesmo sem o fascismo como perigo eminente. Eles nascem da sociedade civil organizada. Nascem da natureza desigual do estado e se fundam numa luta constante por reconhecimento e autonomia das minorias ou de pautas de inclusão, de direitos humanos ou mesmo de reforma agrária, no caso do passado recente do Brasil”, disse o professor Karl Schuster. 

Os movimentos conhecidos como “antifas” surgiram, segundo o professor Mardock, da união entre os partidos Comunista Alemão (KPD) e o socialista alemão (SPD) da luta contra o fortalecimento nazista na década de 1930. “Os partidos KPD E SPD, juntos, venceram Hitler nas eleições de 1933, daí a justificativa para as bandeiras”, explicou ele.

Já o professor Karl conta que a imagem das duas bandeiras, que também aparecem em vermelho e preto, representam uma ideia da criação de uma frente única contra o fascismo e também representam o anarquismo. “Essa bandeira representa a ideia de frente única, a ideia de que todos que são antifascistas estariam unidos, ao menos naquele momento, contra a avalanche fascistizante. As cores representam o anarquismo, o socialismo libertário. Liberdade de quaisquer tipos de hierarquia e coerção são fundamentais nessas duas correntes, que têm rejeitam o socialismo clássico por não aceitarem a hierarquia. Para ambos, o controle centralizado deve ser destruído e abolir o controle autoritário sobre os meios de produção é a ideia central”, contou ele.

De acordo com o historiador, educador e mestre em serviço social, Jones Manoel, havia uma disputa entre anarquistas e comunistas pela “cabeça” do movimento operário, mas diante da ameaça de um grande inimigo maior, foi necessário unir forças. “Como o fascismo tem a característica de montar suas tropas de choque, suas milícias armadas, o antifascismo se dava a partir de ações de massa, debates, ações culturais, mas também ações de rua para tentar intimidar os fascistas e não deixar que eles tomassem conta da arena pública. Aqui no Brasil teve um famoso evento antifascista, a batalha da Praça da Sé, quando antifascistas de variadas matizes se uniram para expulsar os integralistas numa batalha que envolveu muita porrada, agressões físicas e alguns tiros, num episódio em que os comunistas colocaram os fascistas para correr no episódio que ficou conhecido como a ‘revoada das galinhas verdes’. Basicamente os grupos antifas surgem da percepção do movimento operário do perigo que o fascismo representa”, explicou ele.

Reunião de grupo da Juventude Integralista, grupo fascista brasileiro/Domínio Público

Militância on-line e nas ruas

A advogada Ana Cristina Rossi, de 28 anos, é natural de Florianópolis mas mora em São Paulo desde 2013, ano em que começou a participar de manifestações de rua. Em 2016, junto com outros dois amigos, ela fundou o Coletivo Pela Democracia, com o objetivo de promover atos e impedir o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Recentemente, em decisão conjunta com os demais administradores do coletivo, o grupo mudou de nome e passou a se chamar “Coletivo Democrático Antifascista M14”. 

“Com o avanço dos retrocessos e os absurdos que o Presidente vinha propagando dia a dia, a ineficiência desse governo no combate ao Covid-19, foi gerando uma revolta muito grande, então sugeri um novo nome. Sempre tivemos esse posicionamento antifascismo, contra a extrema-direita, racismo, xenofobia. Nossa ideologia é completamente voltada ao socialismo, comunismo, de forma que a gente era a oposição da oposição para esse governo. O discurso desse governo é fascista, nossa principal pauta é a democracia”, contou ela. 

Questionada sobre a razão para, em sua opinião, ter crescido o volume de pessoas nas redes sociais se identificando como antifascistas, Cristina aponta uma conexão entre os atos contra a violência policial que têm ocorrido nos Estados Unidos e a realidade violenta que também é fortemente enfrentada nas periferias do Brasil. 

“Eu acredito que tenha relação em primeiro lugar com o movimento #blacklivesmatter. Esse movimento se alinhou muito com o que está acontecendo aqui no Brasil, o número de mortos nas periferias do Brasil, a forma como a polícia atira indiscriminadamente no povo preto. Dois coletivos se reuniram para combater esse fascismo crescente na América: Democracia Corinthians e Palmeiras antifascista, se eu não me engano, estavam na [Avenida] Paulista com uma pauta muito bacana, Anti Bolsonarista, e houve confronto com a polícia. Isso tudo foi uma das razões para deixar bem claro o que eu já sei desde sempre sofremos com a ação da PM do governo de SP, mas agora eles se sentem legitimados”, afirmou a advogada. 

Jones Manoel, de 30 anos, nasceu na favela da Borborema, zona sul do Recife. Negro, filho de empregada doméstica e órfão de pai aos 11 anos, precisou trabalhar ainda na adolescência e conta que aos 19 anos um amigo lhe apresentou a universidade. A partir desse momento, ele começou a se empenhar para o vestibular e conseguiu a aprovação, montando depois um cursinho popular ao descobrir que junto a outros dois amigos de sua comunidade, eles eram os primeiros daquela região a entrar na universidade. O projeto durou dois anos e ajudou 30 jovens a serem aprovados. 

Durante sua vida de militância, além do PCB e do movimento negro, Jones participou de outros espaços de luta política, como o movimento estudantil, movimento passe livre e jornadas de junho, entre outras atividades. Questionado sobre as razões pelas quais acredita que as imagens da bandeira antifascista passaram a ter um compartilhamento massivo nas redes sociais desde o último final de semana, Jones aponta tanto para o perfil autoritário do projeto bolsonarista de governo quanto para os atos pró-democracia e antifascistas realizados no domingo (31). 

“Os atos de domingo abertamente se colocando em defesa da democracia numa perspectiva popular e antifascista, deram um gás, renovaram esperança e chamaram atenção. Eu acho que é por isso que se colocou essa ideia do antifascismo, porque não existe mais dúvidas que o projeto bolsonarista é fascista. O governo não é fascista, o Estado não é fascista, o fascismo enquanto regime político não está implantado no Brasil e nem eu acho que vai, espero estar certo, mas Weintraub, Ricardo Salles, Bolsonaro, são ideologicamente fascistas, têm uma simbologia fascista e vários grupos fascistas os apoiam”, diz.

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O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que os manifestantes que foram às ruas contra seu governo são, na verdade, "terroristas". Pelo Twitter, Bolsonaro disse os promotores do "caos" e os que se valem da violência como forma de protesto não são meros manifestantes.

"Quem promove o caos, queima a bandeira nacional e usa da violência como uma forma de 'protestar' é terrorista sim! Manifestante, contra ou a favor do governo, é outra coisa", publicou Bolsonaro.

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O tuíte foi acompanhado do link de uma matéria do Estadão intitulada "Bolsonaro chama manifestantes contra seu governo de terroristas", que reproduzia uma fala de ontem à noite do presidente da República. Na ocasião, Bolsonaro falou que os manifestantes antifascistas que foram à Avenida Paulista no último domingo são "terroristas" e "marginais".

Um dos nomes fortes à frente do "Basta!", manifesto de profissionais do Direito contra o que chamam de "ataques", "agressões" e "afrontas" do presidente Jair Bolsonaro às instituições e que já conta com quase 40 mil assinaturas, o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira afirmou ao Broadcast Político que o mais importante no momento para as entidades da sociedade que vêm somando vozes sob o mote pró-democracia é "sair da inércia". "Agora, não sabemos aonde vão desembocar e os seus efeitos futuros."

O jurista vê no quadro atual do País "risco de ruptura institucional e ruptura social" e defende que, diante desse diagnóstico, "não é possível mais continuarmos omissos, porque a omissão acaba sendo cumplicidade".

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"Precisamos mostrar que há incompatibilidade absoluta entre os interesses da nação e o governo", aponta Mariz. "O modo pelo qual o País está sendo governado não vem atendendo a essas necessidades, quer sob o aspecto da saúde quer sob o aspecto institucional."

Ele diz que não é favorável às manifestações de rua, como a vista na Avenida Paulista no último domingo (31) e em Curitiba (PR) na segunda-feira (1º). "Podem levar ao confronto. Os ânimos estão muito acirrados e há por parte daqueles que apoiam o presidente da República uma tendência muito agressiva. Já agrediram jornalistas, enfermeiros, enfermeiras", comentou.

Movimentos de luta por moradia vão se unir às categorias e grupos que paralisam nesta sexta-feira (14), data da Greve Geral contra a Reforma da Previdência. A manifestação está marcada para as 11h na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife.

Participam desse ato o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) e a Organização e Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP). Os manifestantes também são contrários às mudanças propostas pelo Governo Federal para o programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

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A concentração do protesto ocorrerá em frente à Comunidade Construindo Sonhos, na Avenida Agamenon Magalhães, na altura do bairro do Torreão, Zona Norte do Recife.

 

Os juros futuros de longo prazo terminaram a terça-feira, 19, em queda, alguns deles renovando pisos históricos, enquanto a ponta curta ficou estável, configurando um movimento de desinclinação da curva a termo. Mais uma vez, o otimismo sobre a tramitação da reforma da Previdência, embora o noticiário não tenha trazido grande novidade sobre o assunto, ajudou as taxas longas a fecharem, num dia positivo para boa parte dos ativos de economias emergentes. Já as curtas oscilaram de forma moderada, refletindo o compasso de espera pela reunião do Copom nesta quarta. Permanece o consenso de que a Selic será mantida em 6,50% - a maior expectativa é pelo comunicado e alguma possível sinalização sobre futuros cortes na Selic depois da recente safra de indicadores fracos da atividade.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,360%, de 6,355% no ajuste de segunda, e o DI para janeiro de 2021 encerrou com taxa de 6,90%, de 6,921% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2023 renovou sua mínima histórica ao fechar em 7,96%, de 8,002% no ajuste de segunda. O DI para janeiro de 2025 encerrou em 8,49%, também novo piso histórico, de 8,541% na segunda no ajuste.

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O mercado está na expectativa sobre como será a primeira reunião de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central. Para alguns analistas, o comunicado não deve trazer novidades em relação ao anterior. Parte do mercado, porém, não descarta que o texto possa indicar redução do nível de assimetria do balanço de riscos para a inflação registrado no encontro anterior. "Há um debate sobre se o comunicado vai dar peso maior para a atividade e é isso o que o mercado vai olhar como sinalização, se a assimetria está menor. É um cenário bem plausível dada a abertura do hiato do produto", disse o trader de renda fixa do Banco Sicredi, Getúlio Ost.

Nos longos, o alívio vem da melhora da percepção sobre o risco fiscal após membros do Executivo terem elevado o esforço junto aos parlamentares para defender a reforma da Previdência. "Os recentes discursos, principalmente o de Paulo Guedes (ministro da Economia) e Onyx (ministro da Casa Civil), sinalizam que a articulação está sendo afinada", disse Ost.

Há, ainda, confiança de que a proposta para a aposentadoria dos militares, a ser apresentada quarta no Congresso, fique alinhada às convicções da equipe econômica, de forma a não prejudicar o potencial de economia de R$ 1,1 trilhão estimado na Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Outro fator que ajudou a ponta longa foi o exterior, onde o movimento de "risk on" alimentou a queda do dólar ante a maioria das moedas e a venda de Treasuries.

Um dos maiores defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal eleito Carlos Veras (PT) foi responsável por comandar diversos atos em prol do líder petista enquanto esteve à frente da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE). Agora, vitorioso na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados, Veras prometer fazer uma forte oposição ao governo Bolsonaro e trabalhar sempre pensando nos trabalhadores brasileiros.

Em entrevista concedida ao LeiaJá, Veras falou que tem a missa de poder ajudar nessa luta travada. “Como agricultor familiar, a gente tem essa missão. O presidente eleito trata os movimentos do campo como terroristas, ataca diretamente a agricultura familiar, o agronegócio assume vários setores do governo, vários órgãos importantes de controle, que coloca em risco inclusive muitas conquistas. Os agricultores possuem uma responsabilidade muito grande com o desenvolvimento desse país”.

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Veras criticou as medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em menos de um mês de mandato. “O governo Bolsonaro, até agora, é um governo desastroso. É o governo que leva o tempo todo para voltar atrás nas suas próprias decisões. Ele volta atrás até do que voltou atrás. Ele anunciou que acabaria com o Ministério do Trabalho, anuncia depois que não acabaria com o Ministério, depois volta atrás e acaba com a pasta. Então, o início do governo Bolsonaro é um governo do volta atrás do desenvolvimento do país. Também volta atrás do processo das políticas públicas, que é um retrocesso muito grande, volta atrás nas suas decisões, então não passa segurança alguma”, alfinetou.

O deputado eleito, que estará ao lado da também deputada eleita Marília Arraes (PT) na Câmara, também comentou os escândalos envolvendo não somente Bolsonaro como também os seus filhos. “Denúncias graves. Mourão disse que o problema era Flávio ter o sobrenome Bolsonaro. E se o sobrenome dele fosse Silva? Eu respondo: se o sobrenome dele fosse Silva, ele [Flávio] estava encarcerado, ele estava preso, ele já estava condenado por Sergio Moro, sem nenhuma prova concreta. Bastava ter o sobrenome silva e as informações que tem até hoje. 

Carlos Veras já avisou que não está preocupado com as críticas porque já as enfrenta há muito tempo. “Eu tenho certeza que os trabalhadores que acordam todos os dias cedo, que lutam para trabalhar, não vão estar nos criticando. Aqui em Pernambuco fui escolhido pelo conjunto dos dirigentes sindicais do campo e da cidade e dos movimentos sociais para representá-los nesse projeto”, ressaltou.

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Coletivos paraenses uniram-se na última quinta-feira (10) para protestar contra posicionamentos do governo federal. O ato “Azul e Rosa +10” ocorreu na frente do Mercado de São Brás, em Belém.

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“As perdas desastrosas desses dias aliadas às declarações da titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, deixam claro que é urgente mostrar ao novo governo que a população não ficará inerte”, declarou o movimento em nota.

Além de apresentações artísticas como o grupo drag “Demônias”, houve a abertura do “Fórum de Resistência pela Diversidade e Lutas Sociais”. O fórum será um espaço de articulação e organização das diversas pautas que se apresentem como urgentes.

Os grupos Comunicadores pela Democracia, Cade.as 3, Rede Paraense de Pessoas Trans, Instituto Nangetu, Juntos, Afronte!, Olívia, Resistência LGBTI+, Noite Suja, Fórum Estadual de Juventude de Terreiro, Quilombo Raça e Classe, Bloco da Canalha, Batuque do Mercado de São Brás, Rede de Mulheres Negras e Coletivo Sapato Preto assinaram o manifesto

Por Wesley Lima.

Integrantes de movimentos indígenas realizaram nesta segunda-feira (19), no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, um ato em defesa dos direitos dos povos tradicionais previstos na Constituição Federal de 1988. O grupo liderado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e pela Mobilização Nacional Indígena se reuniu para lembrar os 30 anos da Constituição, completados no mês passado.

As lideranças indígenas avaliam que as garantias constitucionais que reconhecem o direito à terra, a legitimidade das organizações sociais e das tradições culturais estão ameaçadas pela conjuntura atual.

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Os manifestantes citam como exemplo projetos que tramitam no Congresso Nacional, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que pretende transferir do poder Executivo para o Legislativo a atribuição de demarcar as terras indígenas e o Projeto de Lei 490/2007, que pode dificultar o processo de demarcação e facilitar a instalação de obras e a exploração de recursos naturais em terras indígenas.

Eles citam ainda um parecer jurídico que tramita na Advocacia Geral da União (AGU) e pretende aplicar a toda a administração pública a tese do chamado Marco Temporal. De acordo com o marco, os povos indígenas só teriam direito às terras ocupadas a partir da data de promulgação da Constituição vigente, em 5 de outubro de 1988.

Os representantes dos movimentos indígenas temem que as mudanças em curso na legislação possam aumentar os casos de invasão a terras, ameaça a lideranças, violência e conflito no campo.

Participaram do ato cerca de 150 pessoas, entre indígenas de várias etnias do país, a primeira mulher indígena eleita deputada federal, Joenia Wapichana, além de representantes de organizações indigenistas e de órgãos públicos que trabalham com o tema.

candidata a governadora de Pernambuco pelo Psol, Dani Portela, também participou de um debate sobre a “criminalização” dos movimentos durante agenda com o pré-candidato a presidente do Brasil Guilherme Boulos (PSOL). Durante discussão que ocorreu, na noite dessa quarta-feira (16), dentro da “Ocupação Marielle Franco”, Portela defendeu um tema polêmico: a ocupação que o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizou no prédio localizado na Praça da Independência, bem como outros. 

A pré-candidata contou detalhes da madrugada em que o prédio foi ocupado. “Sou professora e advogada e fui chamada para auxiliar no jurídico, caso fosse necessário, como eu já fiz como advogada popular em várias outras ocupações. Eu passei a madrugada aqui e, na madrugada, a gente ficava de fora caso acontecesse alguma coisa”, disse. 

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“Mas quando o pessoal começou a entrar nesse prédio, alguns vidros quebrados, tinham muitas crianças, inclusive, um bebê de dois meses. “Eu não consegui ficar fora só no papel de advogada. Peguei as crianças no colo e entrei porque a gente precisa compreender que o sonho de cada um aqui ele tem que ser representado e que a luta de vocês também é a nossa luta. Então, se a gente não tem a capacidade de se colocar no lugar do outro, no lugar onde morar é privilégio, ocupar sempre vai ser um direito”, complementou. 

Durante o evento, a psolista também falou que o movimento do PSOL, com outros apoiadores, está crescendo. “Chegou o nosso momento de participação, de dar voz a quem foi silenciado ao longo da história. O nosso momento chegou e é agora”.

Dani Portela ainda lembrou que a chapa majoritária do PSOL é composto por mulheres e que isso tem ocasionado reações diversas. “Você começa a sentir na pele o que esse senso comum traz para a questão de ocupar a política, de ter mais mulheres participando”, pontuou reforçando a importância de uma construção heterogênea, plural, participativa e, acima de tudo, horizontal. 

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL) falou sobre o incêndio e desabamento de um prédio no centro de São Paulo. O psolista disse que estão “instrumentalizando politicamente” o que chamou de tragédia. Ele ressaltou que o desabamento aconteceu para criminalizar os movimentos de luta por moradia e o pré-candidato a presidente Guilherme Boulos (PSOL), líder do MTST. “Não podemos admitir esse jogo sujo”, ressaltou. 

Wyllys também disse que a luta por moradia no Brasil é urgente e necessária. “Temos mais de 6 milhões de família sem casa e mais de 7 milhões de imóveis abandonados. Há mais casa sem gente do que gente sem casa. Enquanto morar for privilégio, é um direito ocupar propriedades que não cumprem uma função social como determina a nossa Constituição”, ressaltou. 

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O edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, pegou fogo e desabou na madrugada de terça-feira (1º). O local era uma ocupação irregular, e moradores afirmam que o fogo começou por volta da 1h30, no 5º andar, e se espalhou rapidamente pela estrutura.

Por sua vez, Boulos exigiu “celeridade nas buscas e também respostas de alternativa habitacional às famílias” e salientou, em uma postagem no facebook, que o MTST nasce da luta por moradia digna, um direito garantido pela Constituição Federal de 1988. Ele contou que o movimento ocupa terrenos abandonados sem função social e, em geral, nas periferias. 

 

Após um ato contra a prisão de Lula, que aconteceu na última segunda-feira (26), no centro do Recife, organizado por movimentos sociais e demais grupos pró-Lula, é a vez do Vem Pra Rua convocar uma manifestação a favor da prisão do ex-presidente. O protesto acontece, na próxima terça-feira (3), a partir das 18h, com concentração na Avenida Boa Viagem, em frente à Padaria de Boa Viagem, na zona sul da capital pernambucana. Os grupos contra Lula irão sair em caminhada até o segundo jardim da avenida. 

O Vem Pra Rua explicou que mais uma manifestação foi marcada pela “indignação” dos últimos acontecimentos ocorridos no Supremo Tribunal Federal (STF), mais especificamente em relação ao adiamento do julgamento do habeas corpus preventivo impetrado pela defesa do líder petista de modo a evitar sua prisão. “Convocamos para participar do ato cívico em defesa da Justiça igual para todos e pela manutenção da prisão de condenados em segunda instância”, ressaltou a organização. 

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No convite chamando o povo é destacado que “ou você vai ou ele volta”, em referência a Lula poder voltar a ser presidente do Brasil, já que ele aparece em primeiro lugar em pesquisas eleitorais divulgadas recentemente. 

No último ato promovido pela Rua, em janeiro passado, os participantes chegaram a comemorar com champanhe a condenação do ex-presidente, bem como o aumento da pena do petista. O Movimento Brasil Livre também comemorou a decisão da Justiça. 

 

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