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As emissões de dióxido de carbono (CO2) e dos demais gases de efeito estufa na atmosfera dobraram na primeira década do século 21 em relação aos últimos 30 anos do século 20. A revelação consta do relatório que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas deve apresentar amanhã em Berlim. As negociações entre cientistas e delegados nacionais, porém, são lentas: até a noite de ontem, após cinco dias de trabalho, apenas 50% do documento havia sido revisado.

O relatório diz respeito às estratégias de controle e redução dos efeitos das mudanças climáticas geradas pela intervenção humana. Segundo o rascunho que ainda hoje será discutido pelos cientistas, "as tendências atuais de emissões de gases de efeito estufa estão no topo dos níveis projetados para a próxima década".

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O IPCC adverte ainda que o crescimento médio das emissões, de 2,2% ao ano na primeira década do século 21, foi superior ao 1,3% registrado entre 1970 e 2010. No biênio 2010 e 2011, o nível chegou a 3%, conforme o jornal britânico The Guardian.

Outro dado alarmante é que as emissões não pararam de crescer mesmo com a crise financeira internacional, que desacelerou o ritmo da atividade econômica mundial. Para cumprir o objetivo de limitar o aumento médio da temperatura da Terra a 2°C até 2100, países desenvolvidos, como os Estados Unidos, seriam obrigados a cortar até 2030 pela metade suas emissões de gases de efeito estufa em relação a 2010. Países emergentes, como China, Índia e Brasil, também precisam participar de esforços semelhantes - a despeito de terem contribuído menos para as emissões de CO2 desde o início da revolução industrial.

Custos- O rascunho do documento tende a desapontar investidores e líderes políticos que aguardam um balanço financeiro do custo das medidas de mitigação do aquecimento global. De acordo com dados obtidos pela agência Reuters, o texto afirma que uma dura redução das emissões de gases de efeito estufa implicaria uma perda "de consumo" avaliada entre 1% e 4% até 2030, de 2% a 6% até 2050, e de 2% a 12% até 2100, se comparado a nenhuma ação. "Estes custos não consideram os benefícios da mitigação, incluindo a redução dos impactos climáticos", ressalta o texto.

Os cientistas indicam, portanto, que haverá perda econômica, mas não detalham os dados, nem explicam o que consideram "consumo". "Nós vamos oferecer mais análise econômica desta vez, mas não vamos colocar isso como o único impacto", afirmou à agência o coordenador do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri.

A distribuição de peixes e outras espécies marinhas deve sofrer uma grande redistribuição pelos oceanos em todo o mundo até 2060, diminuindo nas regiões tropicais e crescendo nas latitudes médias e altas, em decorrência das mudanças climáticas, indica o novo relatório do IPCC.

O relatório indica uma redução do potencial de pesca de até 20% em algumas regiões costeiras da América do Sul. Na região Antártica e na linha do Equador, pode chegar a 50%. Já em partes do Oceano Índico e no Hemisfério Norte, o potencial pode crescer 100%. A redistribuição pode reduzir suprimentos, lucros e empregos nos países tropicais.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma noção bastante divulgada sobre as mudanças climáticas a fim de sensibilizar governantes a agir é que elas são democráticas - já estão atingindo e vão continuar afetando o mundo inteiro, sem exceção. O novo relatório do painel do clima da ONU (IPCC) que será divulgado no final do mês confirma esse cenário, mas deixa bem claro que os impactos dependem muito do grau de preparação de cada país para lidar com a questão. E aí os mais pobres ou as populações mais vulneráveis tendem a ser muito mais prejudicados. É o que se observa no segundo volume do relatório, que trata somente do impactos regionais. De acordo com uma versão preliminar do "Sumário para Formuladores de Políticas", documento mais político que acompanha o relatório, os riscos vão variar através do tempo e de país para país. De acordo com o relatório, países em desenvolvimento e comunidades rurais tendem a ser os mais atingidos por causa de impactos para a produção de alimentos, meios de subsistência e as economias locais.

Nesta parte, o documento distingue o nível de confiança de cada risco, partindo do médio para o muito alto, de modo a orientar governantes sobre onde pode ser melhor agir primeiro. As características físicas são determinantes (por exemplo, se uma região já é afetada por tempestades ou secas), mas fatores socioeconômicos são decisivos para estabelecer a vulnerabilidade de uma população e sua capacidade de adaptação. "A vulnerabilidade aumenta não só pelo clima, mas por fatores não climáticos, como o planejamento urbano, por exemplo", comenta o pesquisador argentino radicado no Brasil José Antonio Marengo, do Instituto Nacional de Mudanças Climáticas (Inpe). Autor líder do capítulo sobre América Central e do Sul, ele é o único representante do Brasil no grupo que define o "Sumário para Formuladores de Políticas". Os mais afetados serão os mais pobres e, entre eles, as mais vulneráveis são as mulheres. "Em muitos casos, elas não saem de casa, não veem quando está subindo uma enchente ou um deslizamento de terra", comenta Marengo.

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Brasil- Para o País, analisado dentro do bloco de América do Sul, fica claro o aumento já observado da média anual de chuva no sudeste (0,6 mm/dia de 1950 a 2008). Apesar de parecer um contraste com o cenário de seca que a região está vivendo, o dado tem de ser visto como uma média. Além disso, há um agravante. Boa parte dessa chuva tende a cair de uma vez só, em grandes tempestades, causando inundações e deslizamentos - e não chega a ser armazenada. Em outros dias, há pouca ou nenhuma chuva, o que pode dar a noção de seca, mesmo sem o volume total cair. Para o Nordeste, o IPCC volta a reafirmar o risco de aumento da aridez. A disponibilidade de água deve diminuir com a redução das chuvas e aumento da evapotranspiração nas regiões semiáridas.

Cerrado - Uma versão preliminar do relatório completo, que também está circulando na internet, traz alguns alertas para a Amazônia e o Cerrado brasileiro. O texto comenta que "mudanças no uso da terra contribuem significativamente para a degradação ambiental, exacerbando os impactos negativos das mudanças climáticas". Os cientistas reconhecem que o desmatamento na Amazônia está em queda, mas lembram que o do Cerrado segue crescendo. "A expansão da agricultura, em algumas regiões associadas a um aumento da precipitação, tem afetado ecossistemas frágeis, como as fronteiras da floresta amazônica e os Andes tropicais."

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