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O Itaú Mulher Empreendedora (IME) está promovendo o curso “Sua Paixão, Seu Negócio”. A formação é voltada para mulheres negras do Norte e Nordeste, que são empreendedoras ou pretendem empreender.

A iniciativa oferece trilhas de ensino gratuito com disponibilidade de 24 horas por dia. Não existe prazo de conclusão das aulas e as vagas são ilimitadas.

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A formação é ministrada pela CEO da “Empreender com paixão”, Flávia Paixão, que além de mulher negra é especialista em gestão de negócios e marketing digital. O curso vai oferecer atividades voltadas para a gestão de negócios, permitindo que os participantes desenvolvam habilidades necessárias para alcançar uma melhor qualidade de vida e excelência profissional.

Para mais informações e se inscrever é preciso acessar o site.

 

Apesar dos avanços e programas de diversidade construídos no meio corporativo, mulheres negras sentem os impactos causados pelo racismo estrutural. De acordo com o estudo Oldiversity, realizado pelo Grupo Croma, que referência em pesquisas sobre diversidade e inclusão, apontou que 79% das trabalhadoras negras afirmam que existe discriminação das empresas brasileiras em contratá-las e 44% afirmam já terem sido vítimas de racismo no trabalho.

Além disso, o levantamento mostra que 89% das mulheres pertencentes à comunidade negra concordam que há mais homens em cargos de liderança nas empresas do Brasil e 76% concordam que conseguem executar os mesmos trabalhos que eles.

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Os dados também evidenciam que 86% das entrevistadas dizem que as mulheres estão exercendo funções que antes eram predominantes entre homens, no entanto, quando o assunto é equiparação salarial, 80% das respondentes concordam que no país, os homens ganham mais, mesmo ocupando os mesmos cargos.

Pesquisa da Organização Quilombo Aéreo em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que, em todo o Brasil, não há mulheres negras trabalhando como piloto em companhias aéreas nacionais. 

Em 2022, havia 3.283 formadas, sendo que mulheres atuantes em companhias aéreas eram apenas 992, representando 2,3% dos trabalhadores nessa função. Ou seja, mais de 97% das vagas são ocupadas por homens, sendo que apenas 2% são negros, segundo as estimativas. Quanto aos comissários de bordo, apenas cerca de 5% dos profissionais atuantes são pessoas negras e cerca de 66% são mulheres.

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A Organização Quilombo Aéreo, com o apoio do Grupo de Pesquisa Gênero, Raça e Interseccionalidades no Turismo (GRITus), que é coordenado pela UFSCar em conjunto com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), realizou entrevistas com trabalhadoras e ex-trabalhadoras negras do setor. Há comissárias de bordo e pilotas formadas que não estão atuando setor no momento. 

A pesquisa revelou também cinco barreiras para as mulheres negras adentrarem o setor da aviação civil nacional: custo da formação profissional, falta de informações sobre a carreira e de representatividade de outras mulheres negras, processos seletivos desiguais e não aceitação dos corpos negros. 

Para permanecer no setor, são sete as barreiras reconhecidas: falta de representatividade, nível de cobrança, negação do corpo negro, não aceitação do cabelo crespo, saúde mental/laboral, machismo e assédio.

“As mulheres negras enfrentam barreiras para entrar no mercado de trabalho da aviação civil brasileira, assim como para permanecer atuando no setor”, afirmou a comissária de bordo e pesquisadora Laiara Amorim, idealizadora do Quilombo Aéreo, coletivo criado em 2018 por duas mulheres negras, Laiara e Kenia Aquino, a partir dos projetos "Voe Como Uma Garota Negra” e “Voo Negro". O objetivo é dar visibilidade a profissionais negros da aviação civil, pesquisas acadêmicas inéditas no setor, empregabilidade e saúde mental desses tripulantes.

“Já sabíamos aproximadamente desses dados, o registro científico desses números foi uma constatação. Então, para as pesquisadoras do Quilombo Aéreo não foi nenhuma surpresa, mas é uma surpresa para sociedade e, também, para as companhias aéreas, que não olhavam para esses números até um ano atrás”, disse Laiara. 

Rejeição

"O corpo negro incomoda e é rejeitado”, ressaltou a professora na UFPel e coordenadora do GRITus, Natália Oliveira. “Olhando para o cabelo da mulher negra, por exemplo, identificamos profissionais negras que foram barradas em processos seletivos, porque estavam com seus cabelos naturais soltos nas entrevistas de emprego. É explícito como essas mulheres não são selecionadas, mesmo tendo um currículo bem qualificado ou até melhor que outras candidatas brancas."

Apesar de serem a maioria nos cursos superiores na área do turismo, as mulheres ainda ocupam posições precárias no mercado de trabalho, principalmente nas áreas de alojamento e alimentação.

 "O mercado de trabalho no setor do turismo é bastante dividido em relação às ocupações, levando em conta o gênero dos profissionais. Acompanhamos o processo seletivo de uma das entrevistadas que participou da nossa pesquisa, por exemplo. Ela conseguiu uma vaga como comissária, apesar de estar capacitada para atuar como piloto. A empresa alegou que ela não estava preparada, mas contratou um homem que tinha as mesmas especificidades que ela no currículo", exemplifica Laiara Amorim.

Assédio 

Outro fato identificado na pesquisa foi o assédio sexual, moral e psicológico sofrido pelas profissionais negras, sendo praticado tanto pelos colegas de trabalho como por clientes das companhias aéreas. Dentre as trabalhadoras no turismo, o assédio é frequente entre comissárias de bordo, recepcionistas e camareiras, porém mais acentuado em direção a mulheres negras.

De acordo com as entrevistadas o assédio acontece de várias formas, como, por exemplo, por meio do questionamento da mulher estar naquele lugar. "Uma das profissionais ouviu de uma pilota que ela parecia uma passista de escola de samba. Em outros casos, homens já perguntaram quanto a tripulante ganhava de salário e se ofereciam para pagar mais", relatou Gabriela Santos, uma das pesquisadoras do estudo.

O Quilombo Aéreo trabalha com três pilares: empregabilidade, acadêmico e formação técnica. “Neste momento, estamos fazendo nossa campanha de arrecadação para formar mais uma turma do Projeto Pretos que Voam que capacita, profissionaliza e emprega jovens negros periféricos. Para além disso, temos apoio psicológico, acompanhamento de carreira e empoderamento, por meio do reconhecimento estético e econômico.” 

Projeto Pretos que Voam

O Projeto Pretos que Voam é uma iniciativa para profissionalizar e empregar jovens negros periféricos. A primeira turma se formou em 2021. Agora está em andamento uma campanha de arrecadação para a segunda turma. Da primeira turma, afirmou a representante do Quilombo Aéreo, todos estão aprovados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e alguns empregados como comissários de voo. O Projeto Pretos que Voam é financiado por doações pela plataforma Benfeitoria e recebe doações a partir de R$ 10. 

Inclusão 

Nesta semana, a Latam anunciou a abertura de processo seletivo no Brasil exclusivo para mulheres para a função de copiloto de aeronaves da família Airbus A320. A companhia afirmou que busca promover a equidade de gênero com foco na diversidade e inclusão e que pretende preencher pelo menos 50 vagas até dezembro de 2023. 

Para a representante do Quilombo Aéreo Laiara Amorim, é de suma importância que ocorram ações com a inserção de mulheres nesse mercado, mas em relação a gênero e raça é necessário pensar em ações afirmativas para suporte, apoio e formação de mulheres negras. 

“No mapeamento do Quilombo Aéreo, por exemplo, não temos nenhuma mulher negra que preencha os requisitos da vaga em específico, como por exemplo o número de horas de voo, o que reforça as barreiras identificadas na pesquisa, a barreira de acesso à formação. A maioria das mulheres negras são arrimo de família e geralmente têm que escolher entre a formação e a sobrevivência. Quando se consegue fazer os dois não é na mesma velocidade que as mulheres ou homens brancos. As companhias que realmente querem se comprometer com a equidade racial e de gênero, na cabine de comando, vão ter que olhar para o antes e o durante da formação e para a situação atual das mulheres negras no nosso país”, disse.

 

A Abayomi Juristas Negras, coletivo de formação para mulheres negras na área do Direito, esta com inscrições abertas para a primeira turma de base de 2023 para o preparatório oferecido com bolsas de 50 e 100%. O curso é destinado para mulheres que estão se preparando para prestar concurso na área jurídica.

As inscrições podem ser realizadas até o próximo dia 07 de janeiro através do formulário disponibilizado pela equipe nas redes sociais.

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Segundo a equipe, já foram distribuídas sete bolsas de 100% na aula inaugural que aconteceu dia 12 de novembro de 2022 e, neste edital, estão oferecendo 1 vaga para bolsa 100% e 3 para bolsas de 50%.

Um levantamento realizado pela Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, e lançado no final de novembro de 2022, durante a 1ª Conferência Empresarial ESG Racial, realizada em São Paulo nos dias 29 e 30 de novembro, aponta que as mulheres negras são as mais afetadas pelas desigualdades salariais no mercado de trabalho.

A pesquisa inédita intitulada “A mulher negra no mercado de trabalho brasileiro: desigualdades salariais, representatividade e educação entre 2010 e 2022” mostra que o salário da mulher negra é 81,6% mais baixo do rendimento do homem negro, enquanto na comparação entre mulheres brancas e homens brancos este número é de 76,8%.

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Além disso, os dados indicam que a mulher negra recebe cerca de 71% da remuneração média de uma mulher branca no Nordeste, mas, na região Sudeste a diferenciação é de cerca de 62% em comparação a uma mulher branca. No recorte sobre a participação e empregabilidade no mercado de trabalho formal e informa das profissionais negras, o levantamento expõe que elas possuem a menor taxa de participação no ambiente corporativo e, no setor informal, ocupam funções domésticas.

Em contraponto, o estudo também constatou o avanço, em 20 pontos percentuais, no quantitativo de mulheres negras com carteira assinada em comparação ao de homens brancos, entre 2010 e 2020. “Estamos trabalhando para mudar a realidade brasileira. Queremos ser uma ferramenta de apoio na meta de termos uma população conscientizada, começando por ações de letramento racial para convocar cada pessoa à reflexão através de posicionamento teórico e prático, a fim de reeducar, seja racionalizando um debate ou levantando conceitos de termos da pauta racial”, declarou Guibson Trindade, gerente executivo do Pacto.

Mulheres negras, mulheres com baixa escolaridade e mulheres da Região Norte são as mais acometidas pelo câncer do colo do útero. As informações estão na info.oncollect, publicação inédita da Fundação do Câncer, divulgada nesta sexta-feira (25). O boletim traz dados e busca chamar atenção para a incidência da doença que, segundo especialistas, pode ser evitada e até mesmo erradicada do Brasil com vacina e exames preventivos.

Segundo o boletim, o câncer do colo do útero, em sua forma mais grave, acomete 49 a cada 100 mil mulheres no Brasil. Considerada apenas a Região Norte, a incidência é maior, 79 a cada 100 mil mulheres, a maior taxa do país. A Região Sudeste registra a menor incidência: 36 a cada 100 mil mulheres.

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Entre os casos analisados, mais de 60% eram em mulheres negras e cerca da metade, em mulheres com baixa escolaridade. Considerada apenas a forma mais grave do câncer, 62% dos casos foram registrados em mulheres com baixa escolaridade. O boletim usa dados populacionais e registros de mais de 300 hospitais do país de 2005 a 2019.

Em todo país, oito a cada 100 mil mulheres morrem em decorrência desse câncer, segundo dados de 2015 a 2020. Na Região Norte, o número é maior, 15 a cada 100 mil mulheres, enquanto na Região Sudeste cai para aproximadamente 6 mulheres a cada 100 mil.

“Os dados trouxeram informações que mostram o quanto é desigual o atendimento ao câncer do Brasil”, diz o epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer Alfredo Scaff. “O câncer é uma doença tempo dependente. O quanto antes fizermos o diagnóstico, melhor. Quanto mais precocemente conseguirmos fazer o diagnóstico, mais rápido é o tratamento, menos doloroso e maior a sobrevida das pacientes”, acrescenta Scaff.

Prevenção e sintomas

A principal causa do câncer do colo do útero, segundo o Ministério da Saúde, é a infecção por alguns tipos de vírus chamados Papiloma Vírus Humano (HPV). Trata-se de um tipo de câncer que demora muitos anos para se desenvolver. As alterações das células que dão origem a este câncer são, no entanto, facilmente descobertas no exame preventivo. Conforme a doença avança, os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.

Para evitar a doença, a principal recomendação, para todas as mulheres que já tiveram relação sexual, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos, é fazer o exame preventivo, o chamado Papanicolau, que é a coleta da secreção do colo do útero, utilizando espátula e escovinha. O material é colocado em uma lâmina de vidro para ser examinado posteriormente em um microscópio.

As lesões que precedem o câncer do colo do útero não têm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do Papanicolau. Quando o câncer é diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%.

Além dos exames, a vacinação é uma forma de combater a doença. A vacina contra o HPV, é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos de saúde. Ela é voltada para meninos e meninas de 9 a 14 anos de idade. Podem também se vacinar homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação contra o HPV em adolescentes é adotada em mais de 100 países. Em vários desses países, existem estudos de impacto dessa estratégia com resultados positivos na prevenção e redução das doenças ocasionadas pelo vírus, como câncer de colo de útero, vulva, vagina, região anal, pênis e orofaringe.

De acordo com o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, é preciso ter informações confiáveis e estratégias para o combate ao câncer de colo de útero, que é um tipo de câncer que pode ser evitado e até mesmo eliminado do país.

“A gente ainda considera um câncer negligenciado. Sabemos a causa, tem como evitar, tem vacina nos postos de saúde e, ainda assim, temos incidência alta em algumas regiões”, diz Maltoni. “A gente precisa dar uma resposta para isso”, enfatiza.

"Câncer é uma doença que tem cura. Câncer do colo do útero no estágio inicial é curável. É um tratamento muito mais fácil de ser feito, muito mais acessível, menos doloroso para a paciente e sua família. O que a gente quer com isso é eliminar o câncer do colo do útero, e isso é possível fazer com uma geração", complementa  Scaff. 

Na sessão administrativa desta terça-feira (13), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) respondeu afirmativamente às indagações apresentadas em consulta formulada pela deputada federal Celina Leão (PP), que questionou o cumprimento do percentual de tempo de propaganda eleitoral relativo a candidaturas de mulheres e pessoas negras. 

A consulta, com cinco indagações acerca de parâmetros e medidas que efetivamente assegurem as candidaturas de mulheres e pessoas negras, assim como o devido espaço de tempo na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, foi deferida por unanimidade pelo Plenário, que acompanhou o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves. 

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Ao explanar sobre cada um dos questionamentos contidos na consulta, Gonçalves afirmou que o tempo de propaganda eleitoral gratuita para candidaturas de mulheres e pessoas negras deve observar não apenas o percentual global, mas também os percentuais individuais, assim considerados separadamente, em rádio e televisão, os blocos e as inserções. 

“O cálculo apenas global poderia representar, entre outras consequências, a redução da efetividade da ação afirmativa, haja vista brechas por meio das quais a propaganda dessas candidaturas poderia ser direcionada a plataformas de menor alcance”, explicou. 

O ministro também votou no sentido de confirmar que os tribunais eleitorais devem disponibilizar as informações do tempo de propaganda gratuita dessas candidaturas com base nos dados fornecidos por partidos políticos, federações e coligações constantes do formulário previsto no Anexo III da Resolução TSE nº 23.610/2019. Segundo o relator, a falta dessas informações inviabiliza quaisquer providências em caso de descumprimento dos percentuais, fazendo com que os interessados busquem, emissora por emissora, tais dados. 

Ainda conforme o ministro, o tempo das referidas candidaturas deve observar o período global da campanha, bem como os ciclos semanais. Segundo ele, a existência de ciclos semanais a um só tempo contempla a periodicidade já prevista na Lei nº 9.504/1997, prestigia a ação afirmativa e preserva a autonomia partidária, garantindo-se às legendas que gerenciem a propaganda, desde que respeitado o critério de cálculo.

  No que tange a eventuais penalidades, o ministro afirmou que a inobservância dos percentuais mínimos de propaganda gratuita para essas candidaturas, embora não autorize a Justiça Eleitoral a impor sanções de direito material, possibilita que os interessados ajuízem representação para fins de compensação e requeiram as imposições de medidas pessoais típicas.

Diante do princípio da reserva legal, Gonçalves reforçou que não cabe ao Poder Judiciário criar sanções, o que não se confunde, porém, com a mera regulamentação dos critérios de aferição dos percentuais da propaganda, tema das demais indagações. 

Por fim, o ministro destacou que, na hipótese de inobservância dos percentuais destinados às referidas candidaturas, deve haver a respectiva compensação nas semanas seguintes, até o fim da campanha.

*Do TSE

Um estudo realizado em Salvador por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) revelou que os lares chefiados por mulheres negras são os mais ameaçados pela fome: 21,2% deles têm insegurança alimentar moderada ou grave e outros 25,6% possuem insegurança alimentar leve.

Somadas as duas categorias, os dados indicam que preocupações em relação ao acesso à comida em quantidade e qualidade estão presentes em mais da metade desses domicílios.

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Os resultados do estudo constam de artigo científico publicado na edição de hoje (5) da Revista Cadernos de Saúde Pública, editada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Os pesquisadores trabalharam com uma amostra de 14.713 domicílios em 160 bairros da capital baiana. Um questionário com 62 perguntas foi aplicado de forma presencial e online. A coleta de dados ocorreu entre 2018 e 2020.

Gravidade

Os pesquisadores utilizaram a classificação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). A situação é considerada grave quando há ocorrência de fome ou quando a quantidade de alimentos para as crianças é restrita, moderada quando os alimentos para adultos são restritos e leve quando as pessoas não sabem se terão acesso à comida num futuro próximo.

Já a segurança alimentar se configura quando há acesso à alimentação em quantidade e qualidade. Essa situação está mais presente em lares chefiados por homens brancos. Em 74,5% deles, não há preocupações relacionadas com a comida.

A nutricionista Silvana Oliveira, uma das pesquisadoras que assina o artigo, explica que diversos estudos comprovam que a insegurança alimentar se relaciona com fatores socioeconômicos como renda e escolaridade. Ela pondera, no entanto, que eles não explicam tudo e a discriminação racial também deve ser considerada.

"As pessoas ainda têm uma visão que o lugar da mulher negra é no trabalho doméstico. São alguns estereótipos que estão associados, por exemplo, à falta de oportunidades de ter melhor renda. Mesmo que tenha a escolaridade igual a de uma mulher branca, a mulher negra tende a ter um salário menor porque paira no imaginário social que ela tem uma menor valoração", analisa.

Segundo Silvana, para ter efetividade, as ações para combater a fome precisam estar associadas ao reconhecimento da desigualdade racial e ir além de medidas universais que desconsideram especificidades.

"As políticas públicas devem incorporar a interseccionalidade, que é esse olhar para as diferenças dentro dos grupos e para a interação entre os diferentes eixos de opressão. A desigualdade racial afeta toda a população negra. Mas também existem demandas específicas da mulher negra. E é preciso levar em conta essas demandas que estão sendo colocadas", diz.

Desigualdade racial

Embora a pesquisa tenha se debruçado sobre a realidade de Salvador, a nutricionista afirma que os resultados dialogam com dados que documentam a desigualdade racial no país.

Além disso, explica que o referencial teórico foi composto com estudos nacionais. "Considero que a pesquisa veio para somar e contribui para a discussão do quadro de insegurança alimentar não apenas de Salvador, mas do Brasil", afirma.

Ao mesmo tempo, ela observa que as características específicas da capital baiana foram levadas em conta. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aproximadamente três milhões de habitantes, Salvador tem 80% de sua população autodeclarada preta ou parda.

Dentre os 14.713 domicílios que compuseram a amostra da pesquisa, a maioria (50,1%) tinha como responsável uma mulher negra, seguida de homem negro (35,4%), mulher branca (8,3%) e homem branco (6,2%). "Apesar de ter uma população majoritariamente negra, Salvador tem uma desigualdade muito profunda que não foi enfrentada", finaliza Silvana.

Com a finalidade de capacitar mulheres negras para as disputas políticas e ampliar o acesso aos poderes Legislativo e Executivo no Nordeste do Brasil, a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, em parceria com a Casa da Mulher do Nordeste e o apoio da Open Society, irá realizar, entre os dias 9 e 12 de junho, um treinamento de Media Training com especialistas em disputa eleitoral para mulheres negras pré-candidatas do Nordeste em 2022.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 2% do Congresso Nacional é composto por mulheres negras, enquanto na Câmara dos Deputados elas compõem apenas 1% das cadeiras. Para reverter esse quadro, a iniciativa já formou a primeira turma, que conta com 25 mulheres dos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Alagoas. No momento, elas já participam do curso de Mídia Advocacy, que aborda conteúdos a respeito da democracia representativa no Brasil e as funções atribuídas a cada cargo eletivo.

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A programação do treinamento em Media Training será aberta na quinta-feira (9), com discussões a respeito de direito eleitoral, propaganda eleitoral, violência política de gênero e fake news, no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco. Durante a tarde, as pré-candidatas irão participar de um sessão de fotos com o fotógrafo Rennan Peixe para compor seus materiais de campanha.

Na sexta-feira (10), o curso será voltado para debates sobre o exercício da fala pública para mulheres negras, que será apresentado pelas jornalistas Ana Veloso e Nataly Queiroz. No sábado (11) e domingo (12), serão realizados exercícios práticos de entrevista para TV, rádio e veículos impressos, além da abertura de uma discussão a respeito dos elementos de planejamento de comunicação para as campanhas e redes sociais.

Após o encerramento das atividades com este grupo, será aberta uma nova turma no final de junho com a participação de mais 25 pré-candidatas às eleições. Para Piedade Marques, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, a participação política em cargos eletivos no Brasil ainda é uma disputa desigual, sendo um desafio que afeta principalmente mulheres negras, população LBTQIA+, jovens, pobres, pessoas pertences a religião de matriz africana e residentes em periferias.

Serviço

Curso de Media Training para pré-candidatas negras do Nordeste 

Data: 9 a 12 de junho

Local: 09/06 (9h às 12h), na Sala de sessões do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco. Av. Agamenon Magalhães, 1160, Graças. 

09/06 (14h às 18h) a 12/06 (9h às 18h), no Cecosne, Rua José Osório, 124 - Madalena, Recife.

A Movida, empresa de aluguel de carros, lança o primeiro programa de estágio, exclusivo para mulheres negras, o “Movida pela Tecnologia”. As inscrições podem ser feitas até o dia 21 de abril, através do site WoMakersCode.

Ao todo serão oferecidas 23 vagas, divididas entre diferentes áreas de atuação: Análise de sistemas; Business Intelligence e Analytics; Desenvolvimento de sistemas PHP/MySQL/Web; Infraestrutura e suprimentos Lojas; Segurança da informação e Service Desk. 

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O Movida pela Tecnologia, é voltado para estudantes pretas ou pardas que residam em Mogi das Cruzes, demais cidades do Alto Tiete, Guaianases, São Miguel, Paulista e Itaim Paulista. Não é necessário ter experiência profissional ou inglês, para se inscrever.  

“A iniciativa tem como objetivo promover a inclusão e a diversidade, incentivando o protagonismo das mulheres negras na área de TI”, explica Luiz Peixoto, diretor de TI da Movida. “Buscamos mulheres que sejam resilientes e dinâmicas, com muita energia, motivadas a fazer a diferença com seu trabalho e que queiram mover suas carreiras conosco”, complementa. 

O programa terá duração de 12 meses e possibilidade de efetivação. O estágio permitirá desenvolver soft e hard skills na área de Tecnologia da Informação, que está em crescimento no mercado e oferece diversas possibilidades para desenvolvimento de carreira, seja técnica ou de gestão.  

O processo seletivo é divido em 5 etapas, sendo elas a participação das selecionadas em cinco workshops entre os dias 2 e 6 de maio, que ocorrerão por meio da plataforma WoMakersCode; a etapa painel entre os dias 17 e 20 de maio; as entrevistas com o gestor nos dias 23 e 24 de maio; a admissão e integração das candidatas aprovadas na seleção, que irão ocorrer no dia 2 de junho, finalizando o processo.  

Para se candidatar, as estudantes devem ter entre 16 e 26 anos e estar cursando bacharelado ou tecnólogo, a partir do segundo semestre. Em caso de cursos técnicos, as candidatas devem ter um grau de escolaridade superior ao segundo ano do ensino médio.  

Os cursos visados para bacharelado e tecnólogo são de ciência da computação, engenharia da computação, análise e desenvolvimento de sistemas, engenharia de controle e automação, engenharia de informação, engenharia de sistemas, engenharia de software, sistemas da informação ou cursos relacionados. Para técnico os cursos são de desenvolvimento de sistemas, informática, sistemas da informação ou cursos relacionados.  

As vagas de estágio oferecidas possuem benefícios como bolsa-auxílio compatível com o mercado, auxílio transporte, assistência médica e odontológica, refeitório no local, seguro de vida e clube de descontos do colaborador.

Estudo inédito da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS) do Rio de Janeiro confirmou que a pandemia da Covid-19 piorou o cenário, já desfavorável, para mulheres negras que buscam emprego no município. A taxa de participação das mulheres negras no mercado de trabalho caiu nove pontos percentuais (pp) no primeiro trimestre do ano em comparação a igual período do ano passado, passando de 56% para 47%.

É a maior variação na taxa de participação entre os grupos analisados. Mulheres brancas tiveram queda de 5,9 pp, a mesma de homens negros, mas ocupam um patamar maior (68,9%). Em relação aos homens brancos, a queda da taxa de participação no mercado foi de 4,3 pp, chegando a 64,5%. Embora representem 22,5% da população em idade ativa (acima de 14 anos), as mulheres negras ocupavam apenas 18% dos postos de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre de 2021.

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A publicação visa investigar as desigualdades por gênero e raça no mercado de trabalho na capital fluminense, fornecendo dados para subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas de qualidade pela prefeitura que possam solucionar essa questão.

Opção remota

O estudo verificou que o fechamento das escolas levou muitas mulheres a parar de trabalhar para ficar em casa com os filhos. Além disso, os setores nos quais as mulheres negras estão mais concentradas, como emprego doméstico, alojamento e alimentação e serviços pessoais não são possíveis de serem realizados de forma remota.

O desemprego das mulheres negras, que era de 17,6% no último trimestre de 2019, chegou a 22% ao longo de 2020. A queda na ocupação ocorreu para todos os grupos socioeconômicos, sendo mais intensa, entretanto, para a população negra, que perdeu cerca de 20% do total de ocupados, entre o primeiro trimestre de 2020 e de 2021, enquanto os brancos tiveram redução de 8% entre as mulheres e 4%, homens.

O estudo mostra ainda que mulheres negras respondem por 68,2% dos trabalhadores em serviços domésticos no Rio de Janeiro, enquanto representam apenas 15,2% nos setores de informação, comunicação e atividades financeiras e 10,8% nas áreas de administração pública, defesa e seguridade social. 

Desenvolvimento

O subsecretário da SMDEIS, Marcel Balassiano, disse que o planejamento estratégico da prefeitura contém 93 metas e 200 programas para os quatro anos da gestão Eduardo Paes, até 2024. “Dentro desses programas, tem metas para atacar esses problemas e melhorar a participação das mulheres negras no mercado de trabalho”.

Segundo ele, trata-se de um problema estrutural que se agravou com a pandemia, porque as pessoas mais vulneráveis foram as que mais sofreram, em especial os trabalhadores informais. “E a taxa de informalidade entre as mulheres negras é maior do que entre as mulheres brancas”. Lembrou também que os informais não têm direitos trabalhistas.

O subsecretário disse que nas atividades com mais alta remuneração e maior escolaridade, as negras detêm percentual de 10% a 15%. No quesito escolaridade, enquanto 44,6% das mulheres brancas possuem superior completo, isso só acontece com 21,3% das mulheres negras.

Olhando mais para a frente, Marcel Balassiano indicou que a SMDEIS tem diversos projetos, alguns específicos para atacar esse problema. Um deles é o Crédito Carioca, lançado em março deste ano, para ajudar micro e pequenos empresários durante a pandemia, com taxa de juros baixa. Já foram desembolsados R$ 4 milhões, mas ainda estão disponíveis R$ 8 milhões para financiamentos. Mais de 100 mil micro e pequenos empresários foram atendidos. A secretaria pretende lançar um programa nesse sentido para mulheres negras.

Dentre as políticas públicas em andamento, está o fomento a programas de capacitação em atividades que remuneram mais e que têm maior empregabilidade. No final deste ano ou começo de 2022, a SMDEIS vai lançar o Programadores Cariocas, cujo foco são cursos de programação para jovens, para prepará-los para o mercado de tecnologia, importante não só para o futuro, mas para o presente. Por ser um setor que ainda é predominantemente masculino, o projeto contará com metas para incentivar a formação de mulheres, principalmente mulheres negras.

Liberdade econômica

Marcel Balassiano disse que uma das metas principais da prefeitura do Rio é reduzir a taxa de desemprego de 14,7%, registrada no final do ano passado, para até 8%, no final da gestão. “Para melhorar a situação no mercado de trabalho, e as mulheres negras estão inseridas nisso”.

O subsecretário informou, ainda, que um dos projetos principais da SMDEIS, que é a lei de liberdade econômica, foi enviado à Câmara de Vereadores no início do ano e deve ser votado neste segundo semestre. A lei vai incentivar o empreendedorismo, facilitar o ambiente de negócios. 

Para atividades de baixo risco, será proposta a eliminação de necessidade de alvará, que vai ser feita por autodeclaração. A estimativa da secretaria é que no período de até dez anos deverão ser gerados no município 115 mil empregos formais, aumentando o PIB per capita em R$ 4 mil, passando de R$ 54,4 mil para R$ 58,4 mil. “As mulheres negras estariam inseridas nesse cômputo geral”, afirmou Marcel Balassiano. Outro programa é o Educação Financeira Carioca, com turmas e questões específicas para mulheres negras.

Há 15 meses atuando na linha de frente da covid-19, profissionais de saúde no Brasil ainda se sentem despreparados para lidar com a pandemia, mostra estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre as mulheres, 72,2% das entrevistadas disseram não ter informações suficientes para trabalhar. Essa condição atinge 61,1% dos homens. Para profissionais negras, o percentual é ainda maior e chega a 78,22%. Os pesquisadores destacam que os indicadores de sensação de despreparo refletem os dados sobre quem recebeu mais treinamento, orientações ou recursos.

“Essas desigualdades têm marcas de gênero e de raça. As mulheres estão em situação pior e essa diferença vem aumentando em relação aos homens ao longo do tempo [da pandemia]”, diz Gabriela Lotta, uma das pesquisadoras responsáveis pelo trabalho. O relatório foi produzido com dados de uma enquete online, com 1.829 profissionais de saúde, entre os dias 1º e 20 de março deste ano.

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Esta é a quarta rodada da pesquisa e faz parte de uma série realizada pelo Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB-FGV), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Rede Covid-19 Humanidades. A proposta é compreender as percepções dos profissionais que atuam na linha de frente da pandemia sobre as condições de trabalho nesse período

Sobre o recebimento de equipamentos, treinamento e testagem, também observam-se disparidades. Enquanto 57,93% dos homens brancos disseram ter recebido equipamentos de forma contínua, o percentual cai para 38,12% entre os homens negros. Em relação ao treinamento, 43,9% dos homens brancos relataram ter recebido, e as mulheres negras foram as que menos receberam, com 20,94%. A testagem de forma contínua foi citada por 22,5% dos homens brancos e 11,5% das mulheres negras.

“A gente achava que ao longo do tempo essas desigualdades fossem amenizadas, mas, pelo contrário, elas foram se acentuando”, afirma a pesquisadora. Gabriela explica que a análise por gênero e raça se mostrou fundamental ao longo do trabalho. “Nas outras etapas ficou cada vez mais evidente que embora a pandemia afetasse a todas as pessoas, e especialmente os profissionais de saúde, ela atingia de maneira diferente mulheres e homens, especialmente as questões de raça.”

A desigualdade aparece também nas áreas de saúde mental e divisão do trabalho doméstico. Para 67,3% dos homens entrevistados, a saúde mental teve impacto durante a pandemia. Entre as mulheres, o índice chega a 83,7%. Mais da metade das profissionais de saúde disseram dedicar mais de 14 horas por semana às tarefas domésticas, contra 39% dos homens.

Em termos comparativos das etapas do levantamento Gabriela mostra que, no geral, os indicadores se mantiveram ruins. “O sentimento de despreparo diminuiu um pouco, o acesso a equipamentos de proteção individual aumentou, o acesso à testagem aumentou, o suporte e orientação aumentaram mas outros indicadores se mantiveram muito ruins o tempo inteiro.”

Gabriela chama atenção para o esgotamento dos profissionais de saúde. “Estamos com alto percentual de adoecimento, mortalidade muito alta também, especialmente antes da vacinação, profissionais que estão com a saúde mental abalada e precisam continuar cuidando dos pacientes. Eles não estão tendo descanso, não têm férias, não têm licença e estão no limite.”

A pesquisadora destaca a necessidade de políticas que observem as desigualdades estruturais. “Essas políticas deveriam ser para todos os profissionais, elas precisariam ter um olhar muito cuidadoso, pois o estudo revela os reflexos também dessa desigualdade estrutural de gênero na sociedade", diz. Para ela, as políticas sempre devem ter um olhar diferenciado para homens e mulheres, porque "se elas tratam todo mundo igual, a gente está só reproduzindo desigualdades.

O “lll Seminário Mulheres Negras Afro-latinas, Afro-americanas e Afro-caribenhas: Mulheres Ladino Amerifricanas”, realizado pelo Centro de Estudos Avançados (CEA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com as coordenadorias da América Latina e da África, será realizado no dia 20 de julho. O evento é gratuito e aberto para mulher negras e não negras. As inscrições estão abertas até o dia 16 de julho para quem irá participar como ouvinte por meio de formulário on-line.

Promovido em alusão ao Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, celebrado dia 25 de julho, e ao Dia Internacional da Mulher Africana, em 31 de julho, o evento trará expressões artísticas, exposições fotográficas, conferências e rodas de diálogos acerca dos temas abordados como. Serão eles: Pensamentos Sociais Latino-Americanos e Caribenhos: Colonialidade  e Pós-De-Descolonialidade; Sociedade, Desenvolvimento e Natureza; Ancestralidade, Subjetividades, Identidades Coletivas e Diálogos Interculturais; e Democracia, Instituições, Movimentos Sociais, Movimentos Comunitários e Comunicação.

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O seminário será transmitido pelo YouTube do Instituto de Estudos da América Latina da UFPE. Mais informações do cronograma do evento podem ser encontradas no Facebook do instituto.

A modelo mirim Clarinha Archet tem usado o seu perfil pessoal no Instagram para compartilhar as histórias de mulheres negras importantes de todo o mundo. Posando como cada uma delas para as fotos, a menina de apenas oito anos publica o resultado das releituras acompanhado de uma pequena biografia da homenageada. Já passaram pela galeria de Clara a astronauta Mae Carol Jemison, a ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama e a líder quilombola, Tereza de Benguela.

O perfil da pequena, administrado por sua mãe, Daiane Braz, traz postagens do cotidiano da modelo mirim e alguns vídeos com mensagens de empoderamento e encorajamento. No entanto, o que mais tem chamado a atenção dos seguidores, são as publicações que homenageiam mulheres negras de destaque na história do mundo. 

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Em cada postagem dessa, Clarinha surge caracterizada como a homenageada, em uma releitura das fotos originais. Nas legendas, uma pequena biografia conta um pouco da história de cada uma dessas personalidades. Ela já falou sobre Michelle Obama, Tereza de Benguela e Mae Carol Jemison, além da escritora Maria da Conceição Evaristo, da ativista Ruby Neil Bridges Hall; da poetisa Amanda Gorman; e da atriz Isabel Fillardis, entre outras. 

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Nos comentários, os seguidores elogiam muito as publicações e agradecem pelos conhecimentos que estão adquirindo com cada postagem. “Eu amo essa representatividade”; “Amei saber mais, amei a inspiração”; “Continue trazendo esses conteúdos perfeitos que nós amamos”; “Muito bom ver um feed que traz conhecimento”; “Sempre nos inspirando a conhecer mais, parabéns”.

A partir desta sexta-feira (18), o Grupo de Estudos de Pesquisa e Autobiografia, Racismo e Antirracismo (Gepar), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizará a Feira Umba de Pretos e Negócios. O evento serguirá até o dia 20 deste mês, das 10h às 20h, durante os três dias de evento. 

Devido a restrição de circulação de pessoas na UFPE, em razão da pandemia da Covid-19, excepcionalmente, nesta edição, o evento será realizado no Palácio Yemanjá, localizado no Alto da Sé, Olinda, Região Metropolitana do Recife. Na feira, o público terá acesso a itens da moda afro, culinária e artesanato. 

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“A feira tem como objetivo apontar possibilidades para os alunos cotistas de superação das dificuldades financeiras a partir da produção e vendas de produtos que poderiam ser feitos por eles e seus familiares”, diz nota à imprensa. Em 2020, o evento conta com a parceria da Feira das Mulheres Pretas/Mulheres de Passarinho.

Um novo relatório da Nielsen Media Research examinando a diversidade e inclusão na televisão observou que as mulheres negras tendem a ser os grupos mais sub-representados em todas as plataformas, especialmente a TV a cabo.

O estudo, que analisou os 300 programas mais populares de 2019, descobriu que 92% dos programas tinham “algum nível de diversidade” em seus elencos. Mas quando comparado com as estimativas da população, o estudo concluiu que a programação da TV falha consistentemente em representar certos grupos, particularmente os nativos americanos e as mulheres hispânicas ou latinas.

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As populações asiático-americanas e negras foram consideradas "bem representadas nas plataformas de streaming’’, como pontuou a pesquisa, entretanto, ao olhar para a representação interseccional, o estudo também descobriu que homens LGBTQ ou negros tinham muito mais probabilidade de serem representados em paridade ou acima do que mulheres dos mesmos grupos.

A saúde da mulher negra no Brasil depende de fatores que vão além das condições de atendimento em hospitais e oferta de médicos. Os fatores sociais a que os negros são expostos diariamente são fundamentais para entender a maior vulnerabilidade dessa parcela da sociedade. Essa foi uma das conclusões apresentadas no debate promovido hoje (20) pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados.

“Saúde tem a ver com moradia, saneamento básico, com emprego, com renda, com acesso à educação, à cultura e a políticas de lazer. Saúde é muito mais do que o corpo estar funcionando”, disse psicóloga especialista em saúde coletiva e atenção primária pela Faculdade de Medicina da USP, Luana Alves.

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Luana também apresentou dados que mostram que a saúde mental das populações negras no Brasil está mais comprometida do que a de pessoas não negras. Os fatores são vários, e isso influencia diretamente nos aspectos físicos. “A gente vê as mulheres negras como grandes vítimas de depressão, adoecimentos afetivos, ansiedades, insônias, de todo tipo de adoecimento que tem a ver como nosso bem-estar”.

Segundo a psicóloga especialista em saúde coletiva, a diabetes atinge 50% a mais as mulheres negras do que as brancas e causa problemas muito antes do que em brancas. “Isso não tem a ver com uma predisposição natural do nosso corpo. São condições de vida, de alimentação, moradia, psíquicas. Tudo isso leva aos nossos indicadores de saúde serem muito piores”.

O debate sobre saúde da mulher negra na pandemia foi mediado pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ). Ela defendeu o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), para muitos a única forma de cuidar da saúde. “É fundamental defender o SUS. É o modelo no qual o mundo se espelha. Quando a gente congela investimentos no SUS, a gente precariza o trabalho e dificulta o acesso a esse serviço, que é usado na maioria pela população negra”.

Covid-19 e a população negra

A coordenadora do Observatório da Saúde da População Negra (Popnegra) do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Marjorie Chaves, considerou “emblemático” a primeira morte por covid-19 no Rio de Janeiro ter sido uma empregada doméstica, cuja patroa havia contraído o vírus em uma viagem à Europa.

A deputada e mediadora do debate acrescentou que o vírus “não é democrático”. “A covid encontra corpos que estão circulando nas cidades e vivenciando muita desigualdade. Vai ter gente que não terá acesso à prevenção, possibilidades de distanciamento social e, caso adoeça, vai chegar em um hospital lotado, sem respiradores. Infelizmente, a maior crise sanitária da história recente escracha uma desigualdade racial histórica e a aprofunda”.

Marjorie chamou atenção para a descontinuidade da Política Nacional de Saúde da População Negra. A política havia sido idealizada em 2006 com participação da sociedade civil, mas perdeu força a partir de 2017, com o desmembramento de comitês técnicos nos estados e nos municípios. “Hoje, a gente não tem notícia de como estão esses comitês. Eles foram enfraquecidos, desmembrados e isso é muito perigoso para pensarmos uma discussão democrática sobre saúde”.

 

O Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira, anunciou na última quinta (22), os seus finalistas e Pernambuco está entre eles. A escritora Jaqueline Fraga concorre na categoria Biografia, Documentário e Reportagem com o livro ‘Negra sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho’. O resultado da premiação está previsto para o dia 26 de novembro. 

‘Negra sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho’ é o livro de estreia da pernambucana e foi produzido de forma totalmente independente. A obra, lançada na Bienal Internacional de Pernambuco em outubro de 2019, conta histórias de mulheres negras que atuam em profissões consideradas valorizadas, como Medicina e Direito. 

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Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Jaqueline se disse muito orgulhosa por estrear em um prêmio de tamanha importância, como o Jabuti. Além do reconhecimento do seu trabalho, a escritora assinala a relevância de participar da premiação abordando temas tão urgentes. “É uma comprovação de que a pauta que a gente reivindica é essencial. Por mais que haja dados que comprovem isso, mas você ter uma premiação de nível nacional, como o Jabuti dando destaque pra esses temas, da questão racial e da representatividade, sobretudo nesse momento que vivemos, é algo muito importante”. 

Além disso, o livro da pernambucana é o único de produção independente a concorrer na categoria, e apenas um dos 10 em toda a premiação lançado dessa forma. “Foi meu projeto de empreendedorismo mesmo e ter esse reconhecimento é maravilhoso”, disse a autora. O Prêmio Jabuti anuncia seus vencedores no dia 26 de novembro. A lista com todos os finalistas pode ser vista no site da premiação.



 

As mulheres negras representam 27,8% da população brasileira, entretanto tem baixa representatividade na política. Em ano de eleições municipais, dados divulgados pelo Movimento Mulheres Negras mostram que, em 2016, o número de eleitas, tanto para vereadoras quanto para prefeitas não chegou a 5%. Tanto em número de candidatas quanto de eleitas, elas ficaram atrás de homens brancos, homens negros e de mulheres brancas nos dois cargos. Para as eleições de 2020 houve um pequeno aumento no número de candidatas negras tanto para vereadoras quanto para prefeitas.

Nas eleições de 2016, 4,1% dos candidatos às prefeituras eram mulheres negras (691). Em comparação, os candidatos homens brancos somavam 57,7%, homens negros, 28,7% e mulheres brancas, 8,8%. Das candidatas negras, 3,2% (180) foram eleitas. O maior percentual de eleitos foi de homens brancos, com 62,2%. Em comparação com a eleição deste ano houve um aumento no número de candidatas negras, de 0,4 ponto percentual.

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Para o cargo de vereador, em 2016 15,4% dos candidatos eram mulheres negras (71.066). Em comparação, o número candidatos homens brancos foi 33%, negros, 33,3% e brancas, 17,5%. Das candidatas negras, 5% (2.870) foram eleitas. O maior percentual de eleitos foi de homens brancos, com 48,7%. Em comparação com 2020, houve um crescimento de 1,4 ponto percentual no número de candidatas negras.

Para a cofundadora e coordenadora do Movimento Mulheres Negras Decidem, Diana Mendes dos Santos, as mulheres negras não são vistas como um grupo demográfico. O movimento, que qualifica e promove a “agenda liderada por mulheres negras na política institucional”, está presente em 16 unidades da Federação (Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rondônia, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins).

"Enquanto movimento, tem muito essa missão de estar olhando justamente para suprir a falta de representatividade de mulheres negras dentro das instâncias de poder. Acaba focalizando isso, porque a gente trabalha muito com pesquisas, mas também tenta trabalhar uma narrativa que identifique o problema e potencialize essas mulheres que já estão, de alguma forma, trabalhando com essa agenda. Um dos principais dados que a gente tenta visibilizar, da Pnad Contínua 2019, é que mulheres negras representam cerca de 28% da população brasileira. O que isso significa? Que somos o maior grupo demográfico do país e, consequentemente, a maior força eleitoral", disse Diana.

Para a coordenadora, as mulheres negras comprometidas com a agenda da população negra têm um projeto político de país. “Coisas que a gente entende em uma escala ampla de saúde e educação, que é uma política de igualdade racial que a gente deseja pro país como um todo. É realmente uma visão de futuro possível, que, claro, é desafiador, mas, ao mesmo tempo, a gente tem essa potência", disse. Diana acrescentou que o fortalecimento da democracia, de acesso a direitos e de uma agenda que contemple coisas que tenham a ver com a realidade da população negra e, especialmente, das mulheres negras têm a ver com esse fortalecimento nessas instâncias de poder. "É estar lá para nos representar."

O Brasil está entre os países da América Latina que mais apresentam obstáculos para os direitos políticos das mulheres e a paridade política entre homens e mulheres, de acordo com estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres). O país ocupa o 9º lugar em um ranking com 11 países.

Um projeto de extensão da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) irá discutir a presença de mulheres negras nas ciências. Titulado como ‘Bate-papo com mulheres que inspiram’, o evento recebe inscrições gratuitas por meio de um formulário on-line.

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O encontro será realizado nesta sexta-feira (7), às 14h, por meio da plataforma virtual da Rede Nacional de Ensino e Pesquisas (RNP).  Haverá emissão de certificado.

O evento contará com a participação da docente do Colegiado de Psicologia Monica Tomé, especialista em Estatística, Experimentação Agropecuária e Demografia. Ela abordará sua trajetória acadêmica, comentando, ainda, sobre questões como lugar de fala e condição social, além de apresentar inquietações e conselhos para mulheres que estão no início da carreira na academia.

Em sua quarta edição o projeto está sendo promovido pelos Colegiados de Engenharia de Produção (Prodsal) e Ciência da Computação (Ccicomp) da Univasf, Campus Salgueiro (PE), em parceria com o Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Com a temática “Mulher negra em STEM: o caminho da representatividade”, o encontro tem o objetivo de apresentar possibilidades profissionais e discutir sobre a presença de mulheres nas áreas de 'STEM', sigla em inglês para que representa os campos das Ciências, Tecnologia, Engenharias e Matemática.

A professora do Prodsal e coordenadora do projeto, Glauce Guerra, explica que a realização de uma atividade como essa é de extrema importância, tendo em vista que, segundo ela, apenas 28% dos pesquisadores de todo o mundo são mulheres e essas abandonam as disciplinas de STEM em quantidades desproporcionais durante seus estudos e carreira. “Nosso objetivo é apresentar as diversas possibilidades para profissionais no meio acadêmico e construir uma rede de assistência para promover a permanência das mulheres no ensino superior com êxito”, afirmou Glauce. 

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