Tópicos | mulheres

Das 33 milhões pessoas que passam fome no Brasil, 80% são mulheres e a grande maioria é de mães solos e negras. Esses números são acompanhados do aumento de casos de violência, em especial de feminicídio e misoginia. As estatísticas alarmantes foram apresentadas pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que após onze meses à frente da pasta prestou informações à Comissão de Direitos Humanos (CDH), nesta terça-feira (21), quando apresentou o trabalho que está sendo desenvolvido em sua gestão. 

— As mulheres estão num quadro de exclusão social absoluto — alertou a ministra. Portanto, discutir como enfrentar a fome, passa pela discussão de políticas para as mulheres, segundo a Cida. Ela enfatizou que, pela primeira, vez criou-se um ministério exclusivo para a defesa dos direitos das mulheres. 

##RECOMENDA##

Presidente da CDH, o senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou, a propósito, a recente aprovação no Congresso do projeto de lei que culminou na sanção da Lei 14.611/2023, garantindo igualdade de salário e de critérios de remuneração entre trabalhadoras e trabalhadores nas mesmas funções.

  — As mulheres têm de apropriar dessa lei — pregou o senador, ao defender que se faça cumprir a legislação instituída em julho deste ano e que estava há pelo menos 20 anos em debate no Legislativo.

Cida Gonçalves destacou ainda que as mulheres não conseguem ser chefes, porque no fim da tarde têm de pegar os filhos nas creches e outras preocupações domésticas que acabam impossibilitando-as de se dedicarem mais tempo a cargos profissionais.  

"Mesmo que um chefe reconheça suas qualidades para uma função de chefia, ela não aceita. As mulheres não conseguem ter a ascensão porque a responsabilidade do serviço [em casa] e do cuidado ainda é da mulher. (...) Precisamos ter equidade, mas não vamos conseguir discutir equidade, se não tivermos igualdade", argumentou a ministra. 

Na opinião do senador Fabiano Contarato (PT-ES), apesar dos direitos previstos na Constituição, “ainda há muito o que se fazer num Brasil tão desigual, num Brasil tão sexista, num Brasil tão machista". 

O parlamentar disse ter ficado muito feliz com o tema da redação do Enem deste ano: o trabalho e o dever de cuidado, um encargo majoritariamente entregue às mulheres e, ainda por cima, invisibilizado.

 "Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. É uma função nossa dar efetividade a essa garantia constitucional". 

Violência

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) chamou atenção para a falta de autonomia das mulheres, em especial no que toca à questão financeira. A parlamentar lembrou que uma grande parte das mulheres não consegue sequer denunciar atos violentos da parte do marido. Por ser ele o provedor da casa, temem não dispor de recursos para a criação dos filhos caso o cônjuge venha a ser preso: "Mulheres que às vezes não têm o dinheiro do vale transporte para ir à delegacia. Essa é a realidade", expôs Eliziane.   

Em 2021, uma mulher era assassinada a cada sete horas. Em 2022, o feminicídio passou a ocorrer a cada seis horas. Além do aumento da violência, houve aumento dos casos de crueldade, segundo a ministra. "Os agressores matam os filhos, para depois matarem as mulheres. Ou ateiam fogo nas casas com as mulheres e os filhos dentro", relatou a gestora. 

Para Cida, não é preciso haver aumento de pena, mas julgamento e punição. Se há risco de vida, o Estado tem que proteger a mulher. Por isso, a ministra defende, como medida protetiva, o uso de tornozeleira eletrônica por homens que praticam violência contra as mulheres. 

Leila Barros (PDT-DF) também destacou o aumento dos casos de feminicídio e ratificou a necessidade de implementação de políticas para que as mulheres saiam do ciclo de violência. A senadora manifestou o apoio da bancada feminina do Senado a essa luta, para que “possamos juntas levarmos mais orçamento para o ministério”.  Brasil sem Misoginia O combate à misoginia — ódio ou aversão às mulheres — é uma das principais frentes de atuação ministerial, que conta com R$ 23 milhões em orçamento para áreas fins. 

Segundo Cida Gonçalves, a questão da discriminação, do preconceito e do ódio contra as mulheres se sustenta em um país que hoje se rege a partir da intolerância ideológica,

  "Qual é o fenômeno que está acontecendo no Brasil que permite um aumento da violência dessa forma? Enfrentar a misoginia é um passo estratégico para que possamos de fato ter um país que garanta os direitos das mulheres.  Por essa razão, a misoginia não pode ser um problema só do governo, ponderou Cida. Tem de ser combatido a partir de um movimento do indivíduo para a sociedade.

Ela advertiu que há hoje 80 canais que empregam o ódio contra as mulheres no YouTube e desses, 35 são monetizados:  — O que mais assusta é que esses 80 canais têm oito milhões de seguidores. São oito milhões de pessoas todos os dias sendo incentivadas pelo ódio. Não podemos aceitar.  Além de trabalhar pela autonomia econômica das mulheres e o enfrentamento à violência e à misoginia, também é pauta do ministério o empoderamento das mulheres, acrescentou a gestora.

Capilaridade Há 300 unidades voltadas e à elaboração de políticas para as mulheres no país. No entento, seriam necessárias pelo menos 2,5 mil secretarias nos estados e municípios dedicadas a discutir os problemas das mulheres e criar mecanismos para defendê-las: "Não é possível discutir se não tivermos secretarias das mulheres fortes nos estados, nos municípios. Eu posso fazer uma política nacional, mas não tenho capilaridade para discutir a política no restante do país. Precisamos que essa Casa nos ajude", pediu a ministra. 

Há hoje 12 casas das Mulher Brasileira em funcionamento, mas somente em 2023 foram recebidas 62 solicitações de implantação de novas unidades.

Cida disse ser ainda um desafio a implementação das delegacias 24 horas, conforme determinado pela Lei 14.541 de 2023, sancionada em abril deste ano para garantir o funcionamento ininterrupto das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher.

A ministra explicou que os governadores alegam falta de condições para implementarem essa medida — pelo menos por enquanto. A saída é desenvolver um planejamento para que a lei 14.541 possa ser aplicada. Somente pelo Ligue 180, são recebidas 1.525 ligações diariamente. O serviço oferece espaço para denúncias e presta informação básica sobre os direitos das mulheres.

Além do uso das tornozeleiras pelos agressores, a ministra defendeu a Patrulha Maria da Penha, com profissionais que acompanhem as mulheres em situação de risco:  — Esse acompanhamento é fundamental. Quando uma mulher morre, todos nós somos culpados. O silêncio da sociedade brasileira é que assassina as mulheres todos os dias.

*Da Agência Senado

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu a aplicação de provas dos concursos públicos da Polícia Militar do Estado do Pará (PM-PA). Isso porque o concurso limitava a 20% as vagas destinadas a mulheres, totalizando 880 vagas para elas, enquanto 3.520 ficariam para os homens.

O ministro observou que o edital do concurso viola o princípio constitucional da isonomia, ou seja, a regra de que todos são iguais perante a lei, destacando que a Constituição Federal proíbe a diferenciação de sexo como critério de admissão nas relações de trabalho.

##RECOMENDA##

Segundo o ministro, não havia nenhum dado ou informação que justificasse a diferença de aptidão entre os sexos para exercer as funções policiais, e, portanto, não há qualquer justificativa racional para a discriminação.

A decisão é uma resposta a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7486, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) questionando o dispositivo da Lei estadual 6.626/2004, que autoriza a distinção de sexo conforme necessidade da administração da PM. A porcentagem fixada nos concursos da corporação eram respaldados pela lei. Com a decisão, o ministro suspende os efeitos desse dispositivo legal.

Na última semana, houve outra decisão do STF envolvendo concursos da Polícia Militar que limitava a participação feminina. O ministro Cristiano Zanin autorizou que o concurso da PM do Rio de Janeiro que havia sido suspenso pudesse prosseguir, mas que as cotas por gênero fossem retiradas. Edital previa apenas 10% das vagas para mulheres.

As provas para oficiais e para praças, estavam marcadas para os dias 10 e 17 de dezembro. A decisão será submetida ao voto do Plenário do Supremo. Por enquanto, a continuidade do concurso fica suspensa até a decisão final da ação ou com a publicação de um novo edital, que garanta às mulheres o direito a concorrer a totalidade das vagas.

O grupo de teatro “A Próxima Companhia” anunciou que a temporada do espetáculo “Conjugado” será prorrogada. A peça ficará em cartaz em São Paulo entre os dias 18, 19, 25 e 26 de novembro, às 19h na sede da associação, localizada no bairro Campos Elíseos.

A trama acompanha a jornada de sete mulheres, que convidam o público a conhecer seus universos. A luta de quem vive em um espaço mínimo, numa grande cidade, com um salário abaixo do ideal de sobrevivência. Também aborda assuntos como: aborto, abandono feminino carcerário, sexualidade na velhice, tráfico humano, vítimas de violência, materniadade solo, situação de rua, entre outros. 

##RECOMENDA##

O preço dos ingressos vai de R$15 a 30 reais. Eles podem ser adquiridos na plataforma Sympla ou na bilheteria do local uma hora antes. 

Esse recorte aborda uma problemática do Brasil. Tudo o que é dito pelas personagens é facilmente reconhecido na rotina da maioria que compõe o nosso país. Essas mulheres estão presentes em nosso dia-a-dia, seja na minha família, em nossas casas, no vai e vem apressado das ruas.. Mulheres carregadas de humanidade que, mesmo com todos os motivos do mundo para estarem em sofrimento, se mostram ancoradas na teima e na garra de continuar seguindo”, comenta a atriz Paula Praia.

Ficha Técnica

Concepção, Atuação e Dramaturgia: Paula Praia

Direção e Preparação Corporal: Gabriel Küster

Cenografia: Caio Marinho

Figurino: Magê Blanques

Iluminação: Giovanna Gonçalves

Direção Musical: Laruama Alves

Mixagem e desenho de som: Leandro Goulart

Voz em off (amiga da Irene): Catarina Milani

Orientação de mimeses corpórea: Caio Franzolin 

Operação de Luz: Giullia Kelly

Operação de som: Juliana Oliveira

Criação de vídeo e teaser: Weslley Nascimento

Design Gráfico: Magê Blanques

Produção: Juliana Oliveira

Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini

Fotografia: Noélia Najera

Serviço - Espetáculo “Conjugado”

Data: Até 26 de novembro de 2023

Horários: Sábados e domingos, às 19h

Local: Espaço Cultural A Próxima Companhia

Endereço: Rua Barão de Campinas, número 529 - Campos Elíseos, São Paulo/SP

Classificação Etária: 14 anos

Ingressos online

Empreendedoras de Fernando de Noronha concluíram, na última sexta-feira (10), a capacitação do programa “Empreenda como uma Mulher – Coca-Cola Brasil dando um gás no seu negócio”. O momento foi marcado por uma feira gastronômica, na Praça São Miguel, e agradou moradores e turistas pela diversidade e qualidade dos produtos.

Foram seis dias de curso, em que as mulheres que já trabalham ou querem trabalhar com gastronomia puderam aprender e trocar experiências sobre Gestão e Rotina, Cliente e Cardápio, Pacificação e Vendas, Finanças e Contabilidade, Comunicação e Marketing, entre outros temas. A capacitação foi recebida muito bem pelas empreendedoras da ilha, a exemplo de Lídia Guedes e Carol Santana.

##RECOMENDA##

 “A oportunidade me fez mergulhar de novo no meu negócio, redescobrir possibilidades, rever pontos errados e planejar o futuro. Foi uma experiência incrível”, destacou Lídia.

“Foi muito massa, pois, além do aprendizado, conhecer a experiência de cada uma, saber o que estão fazendo e o que eu não estava fazendo no meu negócio, foi para lá de conhecimento, foi uma questão de vivência mesmo entre as mulheres”, disse Carol.

Isangêla Patrícia, da Coordenadoria da Mulher de Noronha, acredita que outras jornadas como essa devem acontecer na ilha. “A administradora Thallyta Figuêroa quer que acreditemos cada vez mais no potencial das mulheres e a gente levanta essa bandeira junto com ela e a Superintendência de Assistência Social, para que as noronhenses cresçam cada vez mais. Essa ação veio trazer um ganho de conhecimento extremamente importante e espero que esse seja o primeiro passo de muitos outros”, afirmou.

A ação foi uma iniciativa da Coca-Cola e do Sebrae Nacional, em parceria com a Administração da ilha, através da Superintendência de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e da Coordenadoria da Mulher. Segundo a gestora do Sebrae Delas, Andrea Vianna, Noronha foi escolhida entre os dez lugares de Pernambuco para receber o programa, que está capacitando 500 mulheres.

*Da assessoria de imprensa

Projeto apresentado no Senado Federal quer mudar a regras sobre vagas no Legislativo de todo o País destinando 30% das vagas obrigatoriamente para candidatas mulheres. Só na Câmara dos deputados seriam eleitas a cada eleição pelo menos 154 mulheres. A cota também serve para a composição de Assembleias Legislativas e Câmaras municipais. No caso do Senado, o texto determina que no ano em que estiverem em disputa 54 vagas, 27 terão que ser destinadas a mulheres.

O texto, de autoria do senador Wellington Fagundes (PL-MT) e de relatoria de Zenaide Maia (PSD-RN). Zenaide afirmou que a proposição é "relevante e digna de acolhimento". Atualmente, já há obrigação de que os partidos lancem pelo menos 30% de candidatas mulheres, mas não há obrigatoriedade em relação a quantas vagas deve ser preenchidas pelo sexo feminino.

##RECOMENDA##

"Entendemos que as cotas de gênero na política representam avanço significativo para equilibrar a balança de representatividade feminina no cenário político nacional", disse. "Os avanços legais brasileiros voltados ao incentivo das candidaturas femininas não têm se mostrado suficientes para a construção de nova práxis associada à participação mais equitativa das mulheres no Parlamento."

Ela aponta que as mulheres são 51,8% do eleitorado, mas ocupam apenas 17,7% das cadeiras na Câmara e 14,8% no Senado. "É preciso desnaturalizar a ausência feminina no exercício de direitos político-eleitorais", argumentou. Atualmente, a Câmara tem 99 deputadas e o Senado 15 senadoras.

A proposta está na Comissão de Direitos Humanos do Senado e será votada em duas semanas. O projeto seria votado nesta quarta-feira, 8, e mas foi retirado de pauta a pedido da relatora. O governo pretende analisar o texto para tratar de possíveis alterações.

O presidente do colegiado, senador Paulo Paim (PT-RS), acredita que a matéria deverá ser aprovada. Caso seja, ela irá para a Comissão de Constituição e Justiça.

Neste ano, a Câmara tentou avançar com dois projetos que afetariam negativamente as candidaturas femininas. A primeira foi a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Anistia, que visava perdoar as infrações impostas aos partidos que não cumpriram, em duas eleições, o envio de 30% dos recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral para candidaturas femininas.

A PEC não avançou pela articulação de algumas legendas que pediam justamente uma reserva de 20% a mulheres para os Legislativos, em todos os níveis. Partidos do Centrão foram contra. O texto aguarda aprovação na comissão especial.

A segunda iniciativa foi a minirreforma eleitoral, desmembrada em dois projetos de lei. As matérias permitiam que os partidos federados não precisassem apresentar nenhuma mulher como candidata, desde que o resto da federação cumprisse preencher 30% do total de vagas reservadas.

Como em todos os anos, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem ampla repercussão no país. Na tarde deste domingo (5), primeiro dia das provas do Enem 2023, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou o tema do texto dissertativo exigido pelo exame: "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil".

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, enquanto os homens utilizam 11,7 horas. Ao detalhar a proporção do trabalho doméstico entre as mulheres, a pesquisa verificou que as pretas têm o maior índice de realização das tarefas (92,7%), superando as pardas (91,9%) e brancas (90,5%).  

##RECOMENDA##

Essa situação, na avaliação de especialistas ouvidas pela reportagem, penaliza excessivamente as mulheres, principalmente negras, criando barreiras para entrada no mercado de trabalho em igualdade de condições, bem como para a participação na vida pública e em outros espaços sociais ainda dominado por homens.

"É uma realidade para a qual não se presta muita atenção, há uma naturalização de que a tarefa de cuidar das pessoas é algo que compete às mulheres, algo que se entende como uma natureza feminina. Isso tem a ver como uma forma que se organiza as tarefas de gênero na sociedade, a provisão de recursos, o que sobrecarrega as famílias", aponta a socióloga Laís Abramo (foto), secretária nacional de Cuidados e Família, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). 

Para ela, que está à frente de um grupo de trabalho (GT) para elaborar a Política Nacional de Cuidados, o tema ter sido cobrado na redação do Enem é algo muito necessário. "Sabemos da importância dessa prova em termos de democratização do acesso ao ensino superior e de que todos os temas colocados na redação são momentos de reflexão. Quando vi, fiquei muito contente", comentou em entrevista à Agência Brasil.

A expectativa de Laís Abramo é que, em maio do ano que vem, o governo federal apresente propostas de um marco normativo que reconheça efetivamente o direito ao cuidado, e os direitos de quem cuida, além de fomentar a ampliação de políticas públicas já existentes e até mesmo a criação de novos direitos.  

A jornalista e pesquisadora Ismália Afonso, oficial para os temas de gênero e raça do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, também destaca o alcance que o assunto ganhou ao ser cobrado na prova do Enem, "que tem uma força para pautar do debate público". "Além disso, o tema da redação parte da ideia de que a gente olha para desigualdade, não se discute se o problema existe ou não. Isso nos coloca em outro patamar de discussão", observa.

Autora do livro Nem trabalha nem estuda? Desigualdade de gênero e raça na trajetória das jovens da periferia de Brasília (Appris, 2018), a pesquisadora também argumenta que a invisibilidade do trabalho de cuidado feito por mulheres, não apenas no Brasil, é uma expressão da desigualdade de gênero, ou seja, da estrutura social que valoriza homens e mulheres de maneiras diferentes. "Homens não são preparados para naturalizar certos tipos de trabalho, enquanto mulheres são socialmente construídas para isso. Ainda que haja legislações que remunerem mulheres pelo trabalho de cuidar, a gente precisa fomentar uma mudança cultural", defendeu em entrevista à Agência Brasil.

Referências internacionais

A retomada das políticas sociais por igualdade de gênero no país, que foram descontinuadas nos últimos anos, também busca colocar o Brasil no patamar de outros países latino-americanos que avançaram nos últimos anos. Um decreto editado pelo governo argentino, em 2021, passou a reconhecer o cuidado materno como tempo de serviço considerado para a concessão de aposentadoria.

"Estamos, desde o começo dessa discussão, olhando muito para as experiências internacionais. Existem vários países da América Latina que estão mais avançados na estruturação de políticas nacionais de cuidado", aponta.

Laís Abramo cita uma experiência de Bogotá, capital da Colômbia, que instituiu os chamados Quarteirões do Cuidado, que são equipamentos públicos como lavanderias coletivas, cozinhas solidárias e restaurantes populares concentrados em um raio territorial pequeno, como forma mitigar o tempo e o esforço do trabalho de cuidado.

No Brasil, a secretária nacional de Cuidados e Famílias destaca, por exemplo, o pagamento adicional de R$ 150 aos beneficiários do programa Bolsa Família com crianças até 6 anos de idade, que foi instituído em março. "O cuidado é um direito humano. Todas as pessoas precisam de cuidado. E a gente entende que o cuidado é um trabalho, que implica muitas horas diárias ao longo da vida inteira. Você não pode fazer com que a provisão desse cuidado recaia sobre as mulheres de maneira não remunerada", argumenta Laís Abramo.

Na próxima quarta-feira (8), em Brasília, o governo federal vai sediar um seminário internacional, envolvendo altas autoridades da área de assistência social dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), justamente para debater o fortalecimento de políticas públicas sobre o cuidado. O evento ocorre no contexto da presidência temporária do Brasil à frente do bloco regional sul-americano.  

Propostas em debate

Entre as propostas que estão em debate no GT criado pelo governo federal está a ampliação da licença-maternidade para mães que estão fora do mercado de trabalho. A licença-paternidade, atualmente de apenas 5 dias para trabalhadores com carteira assinada, é considerada insuficiente por especialistas. Também está em estudo a ideia de instituir uma licença-parental, que seria um período de afastamento a ser dividido entre os pais ou responsáveis legais da criança.

Há também metas na área da educação que têm impacto direto na mitigação desse trabalho não-remunerado, como a meta de ampliar o acesso à creche para 50% das crianças de 0 a 3 anos. Atualmente, essa cobertura está em 35%. A ampliação da escola em tempo integral desde o Ensino Fundamental também é considerada medida fundamental para evitar que mulheres tenham que abdicar de trabalho ou carreira para cuidar dos filhos durante o turno em que não estão na escola.

Para Ismália Afonso, enfrentar esse desafio requer um leque amplo de medidas, inclusive um novo pacto social. "Precisamos atuar tanto do ponto de vista das políticas públicas quanto do ponto de vista de um novo acordo social, sobre quem faz o quê dentro das famílias, dentro do mundo trabalho não remunerado e dentro da estrutura social que atribui poderes diferentes para homens e mulheres", diz. 

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se as regras de ingresso e formação das Forças Armadas privilegiam candidatos homens e discriminam mulheres. Três ações de inconstitucionalidade sobre os critérios de seleção e ensino nas carreiras militares aportaram no Tribunal nesta semana.

Os processos são movidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão deu entrada nas ações em bloco, mas dividiu os processos por organização militar - Aeronáutica, Marinha e Exército.

##RECOMENDA##

Veja as regras questionadas pela PGR:

- Exército: não assegura expressamente a participação de mulheres em todas as linhas militares bélicas de ensino;

- Marinha: estabelece que o comando da Marinha tem autonomia para definir capacitações e atividades com base no gênero dos oficiais e que cabe ao Poder Executivo estabelecer os porcentuais de mulheres e homens por cargo;

- Aeronáutica: não há previsão expressa na lei que impeça a criação, por atos administrativos, de requisitos prejudiciais às mulheres nos concurso da carreira. A PGR cita como exemplo o curso de formação de oficiais de infantaria, que destina todas as vagas para candidatos do sexo masculino.

A Procuradoria afirma que, embora tenham avançado na inclusão das mulheres, as Forças Armadas ainda privilegiam e beneficiam os homens. O órgão argumenta que o patamar de proteção da mulher previsto na Constituição "não pode retroceder".

"Por inexistir respaldo constitucional para oferecimento de tratamento prejudicial e contrário às mulheres na concretização do direito de acesso a cargos públicos, havendo, pelo contrário, dever expresso imposto ao Estado de inclusão, de inserção e de concessão de tratamento mais benéfico às candidatas do sexo feminino em concursos públicos, não podem os poderes públicos criar restrições, proibições ou impedimentos", diz um trecho das ações.

Pauta feminina

Os processos são iniciativa da procuradora-geral interina Elizeta Paiva Ramos. Como mostrou o Estadão, ela tem buscado reforçar a pauta feminina durante seu mandato tampão. Elizeta defendeu, por exemplo, ser "inadmissível" anistiar partidos que descumpriram cotas para mulheres em eleições passadas.

As mulheres são, pela primeira vez em cinco décadas, maioria em todas as grandes regiões do Brasil. Faltava apenas a Região Norte para consolidar a tendência histórica de predominância feminina. Não falta mais, segundo o Censo Demográfico de 2022, que teve novos resultados divulgados hoje (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O país tem uma população residente de 203.080.756. Deste total, 104.548.325 (51,5%) são mulheres e 98.532.431 (48,5%) são homens. O que significa que existe um excedente de 6.015.894 mulheres em relação ao número de homens. O IBGE considera, para fins de registro, o sexo biológico do morador atribuído no nascimento.

##RECOMENDA##

O principal indicador usado pelo IBGE nessa categoria censitária é chamado “razão de sexo”, que leva em consideração o número de homens em relação ao de mulheres. Se o número for menor do que 100, há mais mulheres. Se for maior do que 100, há mais homens. Se em 1980, havia 98,7 homens para cada 100 mulheres, em 2022 essa proporção passou a ser de 94,2 homens para cada 100 mulheres.

Na divisão por regiões, a razão de sexo do Norte era 103,4 em 1980. No último Censo, em 2010, era 101,8. Agora, é 99,7. No Nordeste, considerando os mesmos anos, passou de 95,8 para 95,3 e agora é 93,5. No Sudeste, de 98,9 para 94,6 e 92,9. No Sul, de 100,3 para 96,3 e 95,0. E no Centro-Oeste de 103,4 para 98,6 e 96,7.

Quando se consideram os grupos etários no Brasil, a proporção de homens é maior entre o nascimento e os 19 anos de idade. Entre 25 e 29 anos, a população feminina se torna majoritária e a proporção continua crescendo nas idades mais avançadas. O IBGE explica a diferença inicial pelo número maior de nascimentos de crianças do sexo masculino. E a mudança na idade adulta pelas taxas maiores de mortalidade masculina na juventude.

“As causas de morte dessa população jovem masculina estão relacionadas às causas não naturais. Que são as causas violentas e os acidentes que acometem mais a população entre 20 e 40 anos de idade. Muito mais do que acontece com as mulheres”, afirma a pesquisadora do IBGE Izabel Guimarães.

Unidades da Federação

A análise por Unidades da Federação mostra que o Rio de Janeiro é o que tem a maior proporção de mulheres. A razão de sexo do estado é de 89,4 homens para cada 100 mulheres. Em números absolutos, são 16.055.174 de habitantes. Deste total, 8.477.499 (52,8%) são mulheres e 7.577.675 (47,2%) são homens.

Entre os cinco primeiros desse ranking, vêm logo na sequência o Distrito Federal (91,1), Pernambuco (91,2), Sergipe (91,8) e Alagoas (91,9).

O Mato Grosso lidera a lista de estados com maior proporção de homens. A razão de sexo é 101,3 homens para cada 100 mulheres. Em números absolutos, são 3.658.649 de habitantes. Deste total, 1.817.408 (49,7%) são mulheres e 1.841.241 (50,3%) são homens.

Apenas outros três estados do país têm predomínio masculino na população: Roraima (101,3), Tocantins (101,3) e Acre (100,2).

Municípios

O Censo 2022 também leva em consideração o sexo da população em cada município. E os números mostram que o número de habitantes em cada um deles influencia diretamente na diferença entre homens e mulheres. Quanto mais populosos, maior é a presença feminina.

Nos municípios com até 5 mil habitantes, a razão de sexo é, em média, de 102,3 homens para cada 100 mulheres. Entre 5 mil e 10 mil habitantes, o indicador fica em 101,4. Entre 10 mil e 20 mil, 100,3. As mulheres começam a ser maioria naqueles que têm entre 20 mil e 50 mil: razão de sexo é 98,4. Entre 50 e 100 mil, 96,2. Entre 100 mil e 500 mil, 93,3. E para aqueles que possuem mais de 500 mil, o indicador é 88,9.

Na lista dos municípios brasileiros com a maior razão de sexo, nove dos dez primeiros são do estado de São Paulo. O líder é Balbinos, que fica na Região Geográfica de Bauru, e tem 443,64 homens para cada 100 mulheres. Na sequência vêm Lavínia-SP (286,63), Pracinha-SP (250,27), Iaras-SP (209,51), Álvaro de Carvalho-SP (204,5), Pacaembu-SP (195,35), São Cristóvão do Sul-SC (184,57), Florínea-SP (181,92), Serra Azul-SP (178,54) e Marabá Paulista-SP (165,72).

“Esse número maior de homens vai acontecer em muitos municípios com uma população carcerária grande. Ela é contada por meio dos domicílios coletivos no Censo Demográfico e, em Balbinos e outros municípios principalmente de São Paulo, a razão de sexo vai ser muito alta por causa dessa população que vive em presídios masculinos”, disse Izabel Guimarães.

Entre os municípios com menor razão de sexo, o destaque é Santos, em São Paulo, com 82,89 homens para cada 100 mulheres. Logo vêm Salvador-BA (83,81), São Caetano do Sul-SP (84,09), Niterói-RJ (84,53), Aracaju-SE (84,81), Recife-PE (84,87), Olinda-PE (84,89), Porto Alegre-RS (85,24), Vitória-ES (86,18), Águas de São Pedro-SP (86,45).

Quatro mulheres foram presas, na noite dessa terça-feira (24), após furtarem 71 calças jeans de uma loja. O estabelecimento fica localizado no Shopping Patteo, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

De acordo com a Polícia Militar, agentes faziam rondas pela área quando viram a primeira envolvida correndo e pessoas aos gritos de “pega ladrão”. Foi feito o acompanhamento e ela foi presa. Durante a abordagem, a equipe foi avisada que outras três suspeitas haviam sido detidas por um popular, com mais produtos do mesmo furto.

##RECOMENDA##

Calças jeans furtadas pelas suspeitas em shopping de Olinda Foto: Divulgação/Polícia Militar

Diante dos fatos, o grupo foi encaminhado para a Delegacia do Varadouro, juntamente com o material subtraído. Os agentes também apreenderam com as suspeitas três celulares. As 71 peças de calças jeans furtadas totalizavam um valor de R$ 9.015,34 em roupas. 

Com informações da assessoria

Dados dos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial divulgados nesta segunda-feira (23) mostram que a mortalidade materna no Brasil atinge desproporcionalmente mulheres negras.

A morte materna por hipertensão, por exemplo, aumentou 5% entre mulheres pretas no período de 2010 a 2020. Nos demais grupos, houve queda na mortalidade por hipertensão – entre mulheres indígenas, os registros caíram 30%; entre mulheres brancas, 6%; e entre pardas, 1,6%.

##RECOMENDA##

“É inadmissível morrer de hipertensão durante a gravidez, algo que nós temos vários medicamentos para controlar, temos como fazer o manejo. Infelizmente, tivemos queda em todas as outras categorias, mas, entre as mulheres pretas, tivemos um aumento de 5% nesse período de 2010 a 2020”, avaliou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.  

De acordo com o boletim epidemiológico Saúde da População Negra, a covid-19 foi um dos principais motivos de morte materna no país em 2020, representando 22% do total de óbitos maternos registrados. Os números mostram ainda que, do total de mortes maternas por covid-19 registradas no país, 63,4% foram entre mulheres pretas e pardas.    

“Toda vez que se tem um evento inesperado, aqui vou colocar a pandemia, aquelas pessoas que já são vulnerabilizadas pelas nossas políticas e pela nossa sociedade são as que mais sofrem o impacto. Então, a mortalidade materna por covid-19 foi maior entre mulheres negras – 63%. A gente precisa mudar isso.”  

Pré-natal  

O boletim indica crescimento geral na proporção de mães que relataram realizar sete ou mais consultas de pré-natal, subindo de 60,6% em 2010 para 66,5% em 2015 e mais de 71% em 2020. O maior aumento foi registrado entre mães pretas e pardas, um incremento de 22,6% e 19,5% em 2010 e 2020, respectivamente.

Entretanto, mulheres que se declaram brancas seguem com maior acesso proporcional ao pré-natal: 80,9% delas tiveram acesso a sete ou mais consultas durante a gestação, seguidas pelas amarelas (74,3%), pretas (68,7%), pardas (66,2%) e indígenas (39,4%).  

“Quando a gente coloca a proporção de sete ou mais consultas é porque esse é um indicador internacional utilizado para que a gente possa saber se as pessoas tiveram acesso, se chegaram às unidades, se fizeram pelo menos essas sete consultas durante a gravidez. E a gente observa que tivemos um crescimento entre todas as categorias, mas, infelizmente, ainda, entre as mulheres pretas, a desigualdade é enorme. Temos o menor percentual aí.”    

Recém-nascidos com baixo peso  

Outro dado relevante indica que a proporção de crianças nascidas vivas com peso menor que 2,5 quilos (kg) aumentou entre mães negras, passando de 8% em 2010 para 10,1% em 2020. O percentual também foi maior entre pardas e indígenas, ao mesmo tempo em que caiu para as amarelas e ficou estável entre as brancas.

Na média geral, o número de recém-nascidos com baixo peso permaneceu estável, de 8,4% para 8,6% no mesmo período.    De acordo com o Ministério da Saúde, o peso ao nascer é um dos indicadores de maior influência na saúde e sobrevivência infantil, uma vez que dados epidemiológicos mostram que crianças nascidas com peso abaixo de 2,5kg apresentam maior risco de mortalidade.

“Fatores como vulnerabilidade socioeconômica e falta de assistência médica estão entre os principais causadores do baixo peso e da morbimortalidade neonatal e infantil”, destacou a pasta.  

Malformações e óbitos infantis  

O boletim indica ainda que malformações congênitas — alterações estruturais ou funcionais que ocorrem durante a vida intrauterina — e prematuridade foram as principais causas de morte infantil entre 2010 e 2020. As condições responderam, respectivamente, por 21,6% e 16,3% dos óbitos registrados.    

A malformação congênita, a partir de 2015, se tornou a principal causa de mortes infantis na população preta e parda, superando a prematuridade e as infecções perinatais. Para os recém-nascidos negros, a proporção de óbitos por malformação congênita passou de 16,7% em 2010 para 19,1% em 2020, enquanto para os pardos, subiu de 16,1% para 20,3% no mesmo período.    

Em contrapartida, os óbitos por prematuridade caíram ao longo dos anos analisados. Em 2010, as proporções de óbitos por prematuridade em crianças pretas e pardas eram de 17,1% e 19,7%, caindo para 14,8% e 15,5% em 2020, respectivamente.  

HIV  

Em 2021, mais de 60% dos casos e óbitos por aids foram diagnosticados em pessoas pretas e pardas. O boletim destaca que, nos últimos dez anos, os casos de HIV entre pretos e pardos aumentou 12%, passando de 20,3% em 2011 para 62,3% em 2021. Entre menores de 14 anos, a proporção de negros infectados é superior a 70%, sendo 6,3% pretos e 64,9% pardos.    

O maior número de óbitos por aids também se concentra na população negra, que representa dois terços do total de mortes em relação a pessoas brancas. Em 2011, eram 52,6%, passando para 60,5% em 2021.

“Isso mostra de forma muito evidente como nós precisamos diminuir essa desigualdade de acesso a medicamentos e da continuidade desses medicamentos. Há várias barreiras porque os próprios medicamentos têm efeitos adversos e a gente precisa de outros especialistas durante esse manejo clínico”, destacou a secretária.  

Além disso, no Brasil, 67,7% das gestantes diagnosticadas com HIV são negras. Em 2021, houve prevalência de casos de gestantes com infecção pelo HIV autodeclaradas negras, sendo que a maior proporção está entre as gestantes de 15 a 29 anos (69,6%).

“Isso impacta na qualidade de vida dessa criança, na transmissão vertical [de mãe para filho durante a gestação ou no momento do parto] se não prestarmos atenção a esse grupo, a essa gestante, a educação em saúde”, completou Esther.  

Sífilis congênita  

Outro dado revela que mais de 70% das crianças com sífilis congênita (transmitida para a criança durante a gestação) são filhas de mães negras, apesar da proporção ter diminuído nesse grupo ao longo dos últimos anos, passando de 13,3% em 2011 para 9,5% em 2021. Já entre as mães pardas, houve aumento, no mesmo período, de 61% para 65,2%.  

“Esse é um dado inaceitável. É inaceitável que, no século 21, nós tenhamos ainda transmissão vertical de sífilis, sífilis congênita e uma concentração tão grande em filhos de mulheres negras. Mostra, de forma contundente, o caminho que nós precisamos percorrer para a diminuição dessas desigualdades”, avaliou a secretária.  

Tuberculose  

A tuberculose também é citada pela pasta como uma doença socialmente determinada – os dados mostram que em 2022, 78 mil pessoas foram diagnosticadas com a enfermidade no Brasil, sendo 49.381 casos foram entre pretos e pardos (63,3%). Além disso, o país registrou, entre 2010 e 2020, uma média de 4,5 mil óbitos por tuberculose, sendo que o percentual de pessoas negras mortas pela doença ficou em 64,4%.  

“É uma doença socialmente determinada, mas com forte recorte nessa variável raça/cor, com incidência muito maior na população negra”, lembrou Esther.  

Doença falciforme  

O ministério destacou que a doença falciforme é uma das patologias genéticas mais comuns no mundo e afeta principalmente a população preta e parda. No Brasil, estima-se que há entre 60 mil e 100 mil pessoas com a doença, sendo a Bahia o estado com maior incidência (9,46 casos para cada grupo de 100 mil habitantes), seguida por São Paulo (6,52 casos a cada 100 mil habitantes) e pelo Piauí (6,23 casos a cada 100 mil habitantes).    

Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) mostram que, entre os anos de 2014 e 2020, a mortalidade por doença falciforme foi de 0,22 a cada 100 mil habitantes. Quando se trata de faixa etária, pessoas entre 20 e 29 anos correspondem ao maior percentual de mortes pela patologia no país. 

Em uma sala, localizada no primeiro andar da Avenida Manoel Borba, na área central do Recife, Jaqueline Pinheiro prova que serviços que envolvem elétrica, hidráulica ou manuseio de ferramentas, como furadeira, independem de gênero. Desde 2016, Jaqueconserta, como a empreendedora é conhecida, realiza serviços de manutenção residencial, destinada ao público feminino e LGBTQIA+, e incentiva outras mulheres a busca pela autonomia na realização desses serviços, através de oficinas.

Ao LeiaJá, Jaqueline conta que as formações são promovidas em alguns sábados, com duas turmas de até seis alunas, pela manhã e à tarde [das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30]. O investimento é R$ 110. Na ocasião, as participantes aprendem elétrica básica, hidráulica básica e manuseio de ferramentas de forma teórica e prática. À reportagem, Jaqueconserta explica que as oficinas são pontuais, ou seja, em datas específicas, para evitar uma sobrecarga de trabalho.

##RECOMENDA##

“Além das oficinas, eu realizo serviços de manutenção residencial durante a semana. Como todo trabalho braçal, exige esforço. Preciso de momentos de descanso. Mas, está nos planos que as oficinas se tornem mais rotineiras, como também pleitear editais para que elas sejam ofertadas para mulheres das comunidades do Recife”, comenta.

A oficina de manutenção residencial para mulheres é realizada por Jaqueline Pinheiro na área central do Recife. Foto: Elaine Guimarães/LeiaJá

Nas aulas, não existe certo ou errado. O que há são momentos de trocas, incentivo e acolhimento. Para Jaqueline Pinheiro, o afastamento das mulheres dos serviços de reparos residenciais é reflexo do machismo e de uma sociedade patriarcal, que ainda enxerga essas habilidades ligadas ao masculino e tolhe o público feminino nessa busca pela autonomia. Nesse contexto, a capacidade feminina para a realização dessas atividades é, muitas vezes, colocada em xeque e transformada em medo.

“O meu trabalho foi a forma que eu achei de aliar minha militância e sobrevivência, geração de renda. A premissa principal do meu trabalho é ajudar nesse processo de autonomia dessas mulheres. A gente é deixada de fora disso [serviços de manutenção] por uma questão cultural e é importantíssimo você saber, pelo menos, o básico para ser uma pessoa autônoma. As oficinas são espaços para as mulheres se sentirem seguras, sem se sentir idiotas porque os homens têm esse costume de fazer a gente se sentir idiota quando a gente se aventura a ocupar algum espaço que eles se consideram como um Deus”, ressalta.

A formação promove autonomia nas mulheres na realização de manutenções e manuseio de ferramentas. Foto: Elaine Guimarães/LeiaJá

Jaqueconserta desde cedo

As habilidades de Jaqueline Pinheiro com as ferramentas começou ainda na infância. Ao LeiaJá, ela relembra que quando criança costumava passar as férias na loja de materiais de construção da avó paterna. "Minha brincadeira preferida era montar carrinho de mão", relata. Ela ressalta ainda que esse universo nunca "foi um bicho de sete cabeças". 

O nome Jaqueconserta, segundo a empreendedora, foi dado pelo irmão mais novo. "Tenho um irmão, que é 10 anos mais novo que eu. Na época, eu tinha 13 [anos] e ele três [anos] e acretitava que eu, realmente, consertava qualquer coisa. Uma vez ele acordou e viu minha mãe chorando, com uma pinha na mão. Ele olhou para mim e disse 'Jaque conserta, Jaque conserta tudo'", disse aos risos. 

Anos depois, Jaqueline começou a divulgar os serviços na internet. "Em duas horas, o card teve 200 compartilhamentos. Muita gente me procurou. Vi que era uma necessidade esse serviço direcionado para as mulheres e feito por uma mulher. Acaba que meu trabalho preenche uma lacuna bem importante". 

Jaqueline Pinheiro durante a realização da oficina. Foto: Elaine Guimarães/LeiaJá

Associada às alterações sexuais, de humor e ondas de calor e frio, a menopausa é o período de transição da fase reprodutiva para a fase pré-menopausa em mulheres entre 45 e 55 anos de idade. Confira a seguir, cinco maneiras para lidar com cada problema na menopausa, segundo especialistas. 

Gerencie o estresse: Nessa fase, a mulher apresenta alterações de humor, ficando mais irritada do que o normal e também com sintomas depressivos.   

##RECOMENDA##

Faça exercícios regularmente: É comum que a mulher se sinta mais cansada com atividades do dia a dia e fique desanimada.  

Cuide da alimentação: A queda hormonal também impacta o funcionamento do metabolismo, que fica mais lento e dificulta a manutenção da massa magra do corpo. Como resultado, a mulher tende a ganhar mais peso, mesmo realizando atividade física regular.    

Controle os horários de sono: Por conta das ondas de calor, é comum que as mulheres durante o climatério sintam dificuldades para dormir. Além disso, a oscilação hormonal provoca insônia ou piora a qualidade do sono.  

Tenha um objeto para aliviar o calor: Conhecidas como fogachos, trazem a sensação de calor em diferentes partes do corpo, como colo, face e pescoço. Podem ser leves ou intensas e ocorrer durante o dia ou à noite. Em alguns casos, há a sensação de sufocamento e vermelhidão no rosto.

Policiais civis do Rio de Janeiro prenderam em flagrante, nessa terça-feira (17), um professor de academia que filmava e fotografava partes íntimas das alunas. Durante a ação, os agentes também apreenderam um telefone celular do autor, que armazenava vídeos sexuais com menores.

Os agentes receberam a informação de que o professor tirou fotografias e fez vídeos quando as alunas praticavam exercícios físicos.

##RECOMENDA##

As vítimas tomaram conhecimento do fato por meio de publicações na internet. Segundo as investigações, as imagens chegaram a ser encaminhadas por meio de aplicativo de mensagem e adolescentes também foram vítimas do autor.

Após diligências, o homem foi localizado e preso em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Com ele foi apreendido um notebook e um telefone celular.

O italiano Fábio Capello, ex-técnico do Real Madrid, detonou Ronaldo Fenômeno ao comentar a relação com o brasileiro no período em que trabalharam juntos na equipe espanhola. O ex-treinador de 77 anos afirmou que a questão disciplinar foi crucial para decidir abrir mão do brasileiro. Ele revelou ainda que orientou Silvio Berlusconi a não levar o atacante para o Milan.

"Berlusconi me ligou um dia para pedir conselhos sobre uma hipotética compra de Ronaldo. O aconselhei a não fazer isso, dizendo-lhe que ele era festeiro e que só pensava em estar rodeado de mulheres. Ele me disse: 'Tudo bem, obrigado Fábio'. No dia seguinte, Ronaldo assinou pelo Milan. Ele não prestou atenção em mim", afirmou Capello, durante um evento na Itália.

##RECOMENDA##

Capello contou que Ronaldo adorava festas e ouviu reclamações de outros jogadores do Real Madrid sobre a conduta do brasileiro. O treinador também citou o problema do atacante com a balança, algo que o perseguiu durante a reta final da carreira.

"Em fevereiro de 2007, resolvi demitir Ronaldo. Ele era uma pessoa que gostava de festa e envolvia o grupo em saídas com ele. Um dia, Van Nistelrooy veio e me disse: 'Senhor, aqui no vestiário cheira a álcool' e era verdade. Ronaldo pesava 94 kg naquele ano. Na Coreia, na Copa do Mundo de 2002, ele pesava 82. Eu falei para ele emagrecer... ele chegou a 92,5", afirmou Capello, durante um evento na Itália.

Capello observa Ronaldo cumprimentando Van Nistelrooy durante partida do Real

Conhecido pelo estilo linha dura, Capello comandou o Real Madrid durante a "Era dos Galacticos", e comandou jogadores históricos da equipe espanhola, como Roberto Carlos, Zidane, Figo e David Beckham. O treinador também acumula passagens por Milan, Juventus e Roma, e disputou duas Copas do Mundo: em 2010, com a Inglaterra, e 2014, com a Rússia.

Ronaldo atualmente é empresário e dono da SAF do Cruzeiro, além de ser sócio majoritário do Valladolid, da Espanha. O brasileiro já afirmou anteriormente que se desentendeu com Capello no Real Madrid, mas que depois os dois acabaram se entendendo.

A Procuradoria-Geral da República ajuizou um conjunto de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) no Supremo Tribunal Federal contra trechos de leis de 14 Estados que estabelecem porcentuais para o ingresso de mulheres na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros por concurso público. A PGR pede liminar para barrar imediatamente as normas estaduais.

A PGR argumenta que não há nenhum respaldo constitucional para a fixação de percentuais para mulheres no acesso a cargos públicos, ‘criando discriminação em razão do sexo’.

##RECOMENDA##

A única hipótese válida de tratamento diferenciado, na avaliação da Procuradoria, seria para ‘ampliar o ingresso de parcela histórica ou socialmente discriminada’ - como nos casos de vagas destinadas a pessoas negras ou portadoras de deficiência. Ao pedir que o STF declare as normas inconstitucionais, a Procuradoria ressalta que seu objetivo é garantir o direito isonômico de acesso a cargos públicos nas corporações militares, de modo que todas as vagas sejam acessíveis às mulheres, caso sejam aprovadas e classificadas nos concursos correspondentes, concorrendo em igualdade de condições com os homens.

A PGR se insurge contra trechos de leis dos seguintes estados: Tocantins (ADI 7479), Sergipe (ADI 7480), Santa Catarina (ADI 7481), Roraima (ADI 7482), Rio de Janeiro (ADI 7483), Piauí (ADI 7484), Paraíba (ADI 7485), Pará (ADI 7486), Mato Grosso (ADI 7487), Minas Gerais (ADI 7488), Maranhão (ADI 7489), Goiás (ADI 7490), Ceará (ADI 7491) e Amazonas (ADI 7492).

Essas leis, sustenta o Ministério Público Federal, fixam porcentual máximo de mulheres nos efetivos da PM e dos Bombeiros.

A Procuradoria entende que as legislações estaduais questionadas violam vários dispositivos da Constituição Federal.

Entre os direitos violados, estão o princípio da não-discriminação em razão de sexo, a proteção do mercado de trabalho da mulher e a proibição de discriminação no acesso a cargos públicos.

Pela possibilidade de as normas em vigor ‘causarem prejuízos a inúmeras mulheres’, o MPF pede medida cautelar, para que os dispositivos considerados inconstitucionais sejam suspensos imediatamente.

O requerimento de urgência, aponta o MPF, ‘é necessário para que se possa assegurar o livre acesso das mulheres a 100% de todos os cargos disponíveis em concursos para as citadas corporações militares, em livre concorrência e em igualdade de condições com os candidatos do sexo masculino’.

"O objetivo é a proteção das mulheres, para que tenham acesso aos cargos sem qualquer discriminação ou preconceito."

A procuradora-geral da República, Elizeta Ramos, ressalta que a Constituição ‘garante direito de acesso em cargos, empregos e funções públicas a todas as brasileiras e a todos os brasileiros que cumprirem os requisitos previstos em lei’.

"Assim como proíbe a adoção de qualquer critério discriminatório por motivo de sexo na admissão das ocupações públicas, com exceção da possibilidade de lei estabelecer requisitos diferenciados caso a natureza do cargo exigir e sempre de forma a ampliar o acesso de mulheres a cargos e empregos públicos e privados", assinala." Muito embora o artigo 39, § 3º, da Constituição Federal, in fine, possibilite que a lei estabeleça requisitos diferenciados de admissão no serviço público quando a natureza do cargo o exigir, tal norma constitucional não confere ao legislador a prerrogativa de abstratamente proibir, restringir ou limitar o ingresso de mulheres em cargos, funções ou empregos públicos", argumenta a procuradora-geral.

Elizeta Ramos acrescenta que o dispositivo constitucional ‘deve ser utilizado para que os poderes públicos acrescentem requisitos mais inclusivos às candidatas do sexo feminino e não o contrário’.

 

Requisitos diferenciados

Um exemplo de requisito diferenciado na admissão para cargo público amparado pela Constituição Federal seria a realização de testes e exames físicos em concursos públicos com menor intensidade para as mulheres, em comparação aos testes impostos aos candidatos do sexo masculino. "Nesse caso, a diferenciação tem o objetivo de incluir, inserir e facilitar a participação das mulheres. Qualquer norma que oriente o contrário, no sentido de excluir, proibir ou limitar o acesso das mulheres a cargos públicos vai contra a norma constitucional." A PGR avalia que as leis dos 14 Estados ‘excluem a possibilidade de as mulheres concorrerem à maioria dos cargos das instituições militares, conferindo um tratamento privilegiado aos homens’.

Com a declaração de inconstitucionalidade, a PGR não espera que seja reservado um porcentual específico das vagas para mulheres, mas sim que as candidatas do sexo feminino possam concorrer em condições de igualdade com os homens a todas as vagas disponíveis nos concursos públicos." Tais normas devem assegurar o livre acesso das mulheres a 100% dos cargos disponíveis em concursos para as corporações militares, em livre concorrência e em igualdade de condições com os candidatos do sexo masculino."

Na próxima quarta-feira (11), o Centro de Mulheres do Cabo (CMC) articula uma caminhada pelas ruas do município, localizado na Região Metropolitana do Recife, em comemoração ao Dia Internacional da Menina. Celebrada no dia 11 de outubro, a data visa promover os direitos de meninas e mulheres adolescentes. 

A caminhada tem concentração marcada para as 13h30, em frente à Praça do Jacaré, no centro do Cabo de Santo Agostinho. A marcha seguirá para a Câmara Municipal, onde será apresentado o plano de enfrentamento à evasão escolar do município. O ato contarácom a participação de crianças, meninas, jovens ativistas pela educação do Fundo Malala, estudantes da rede pública e a sociedade civil. 

##RECOMENDA##

No mesmo dia, o CMC promove Ocupa Menina, com o objetivo refletir as disparidades no acesso ao direito à educação, nutrição, aos direitos legais e a cuidados médicos, e a proteção contra discriminação, violência e o casamento forçado. No auditório da Câmara Municipal, o evento será animado pela MC Nanny Nagô. 

Um homem suspeito de assaltar duas mulheres na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife, foi preso na noite dessa sexta-feira (22) por agentes do 16º Batalhão da Polícia Militar (BPM) durante uma ronda na região.

Segundo informações da PM, o suspeito percebeu que seria abordado pelos policiais e jogou o celular da vítima e uma faca no chão; logo em seguida correu, mas foi detido depois  de bater em uma corrente e cair.

##RECOMENDA##

O homem foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento e, em seguida, levado para a Central de Plantões da Capital (Ceplanc).

 

A comissão especial da Câmara sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia avalia um novo texto, que abre brecha para que partidos burlem a cota de gênero e não indiquem mulheres. Nesta quarta-feira, 20, os deputados adiaram novamente a votação da proposta, que busca conceder o maior perdão já registrado a partidos políticos por irregularidades eleitorais. A apreciação deverá ocorrer na próxima semana. Em dois meses de atividade, o colegiado realizou apenas uma audiência pública para debater o tema.

A legislação eleitoral prevê que pelo menos 30% das candidaturas lançadas por um partido político devem ser destinadas ao gênero oposto ao da maioria. Por exemplo, 70% homens e 30% mulheres, ou vice-versa. Na prática, a cota é reservada para mulheres, que sempre são minoria dos candidatos. O texto da PEC mantém essa regra, mas diz que a cota não precisa ser preenchida obrigatoriamente pelas siglas. Ou seja, o partido vai abrir vagas para candidatas mulheres, mas se não tiver número suficiente para cumprir o percentual mínimo, não precisará fazê-lo.

##RECOMENDA##

A PEC é alvo de críticas de dezenas de organizações da sociedade civil, ligadas à transparência eleitoral e ao combate à corrupção. Esses grupos apontam que o novo texto permite que partidos possam indicar uma chapa inteiramente masculina e pode impedir que Justiça Eleitoral recolha até R$ 23 bilhões em sanções impostas às legendas.

O relator, Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), propõe ainda que seja estabelecido um novo piso de 20% para candidaturas de negros e que a Câmara dos Deputados e demais legislativos estaduais e municipais reservem 20% de suas vagas para parlamentares mulheres a partir de 2026. Em 2024, a representação de mulheres nos legislativos terá que ser de 15%.

Organizações da sociedade civil argumentam que, no fim, os valores mínimos se tornam, no geral, o limite de indicações das siglas. "Já é notório que esses 'pisos' viram 'teto', ou seja, é de se esperar que os partidos só cumpram o repasse mínimo", diz o Pacto Pela Democracia, ONG que atua no campo da transparência eleitoral, em nota.

O grupo argumenta que a PEC "nasceu da constatação de dificuldades concretas vividas pelos partidos políticos" para se adaptar às regras de distribuição de recursos a candidaturas femininas e negras, ainda que esse novo perdão repita uma outra anistia criada pelo Congresso e aprovada em abril de 2022.

Naquela data, o Congresso aprovou a emenda à Constituição que indultou partidos que não usaram os recursos destinados às campanhas femininas na eleição de 2020, propondo novamente o adiamento do cumprimento da porcentagem mínima de 30% do repasse do fundo eleitoral a candidaturas femininas.

Essa será a quarta anistia da Câmara a partidos que não cumpriram a cota de candidaturas femininas. Além da PEC do ano passado, legendas tiveram um perdão em 2015 e outro em 2019.

O PT articula para que o relator do texto aumente o percentual de proporcionalidade de representação de mulheres e negros para 30%. Gleisi pede também para que haja uma comissão avaliadora de raça para derrubar a autoafirmação racial. Como mostrou o Estadão, 33 deputados mudaram de cor ao disputar a reeleição em 2022.

Na avaliação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), os ajustes valem se o texto regularizar em lei as cotas de gênero e raça. "Eu disse que só votaria a favor dessa PEC se ela realmente trouxesse os avanços necessários para compensar a anistia. Acho que estamos avançando em muitos sentidos nisso", afirmou Gleisi.

Comissão adia votação para a próxima semana

O colegiado adiou por mais uma vez, nesta quarta-feira, a votação da PEC por impasses no texto. Internamente, deputados planejam que a votação ocorra na próxima semana, quando o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), voltará de viagem, para votar a matéria no colegiado e no plenário no mesmo dia.

A proposta em discussão na comissão estabelece que "não serão aplicadas sanções de qualquer natureza" aos partidos que descumpriram a destinação de cotas mínimas de 30% para o financiamento de campanha de mulheres no passado. O mesmo vale para as legendas que violaram a obrigatoriedade de repassar recursos proporcionais ao percentual de candidaturas de pessoas negras. Apenas o PSOL e o Novo orientaram voto contrário à PEC. "É uma anistia ampla, geral, irrestrita e desavergonhada", disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

Relator incorpora no texto medidas para proteger o próprio partido

Para impedir multas milionárias - como a de R$ 22 milhões imposta por Alexandre de Moraes ao PL - o texto limitou as sanções financeiras aplicáveis pela Justiça Eleitoral a 10% do montante mensal do Fundo Partidário. A PEC estende a anistia às fundações e aos institutos partidários. O relator, Antonio Carlos Rodrigues, é do PL e faz parte do grupo de membros do partido mais próximo ao presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

A PEC ainda anistia as legendas que apresentaram irregularidades nas prestações de contas realizadas antes da promulgação da emenda constitucional.

O relator ainda incluiu um trecho que impede a perda de mandato e decretação de inelegibilidade, por decisão judicial, que acarrete redução do número de candidatas eleitas. Ou seja, nesse caso, se o partido descumprir a cota de gênero, a Justiça Eleitoral não pode cassar a chapa toda, caso mulheres também tenham se beneficiado e vencido a eleição.

Esse trecho da PEC poderá salvar o PL do Ceará, presidido pelo deputado federal André Fernandes, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. A bancada estadual do PL deve ter o mandato cassado por fraude à cota de gênero. Entre eles, está o deputado estadual bolsonarista Carmelo Neto, o mais votado ao cargo em 2022.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) elogiou a PEC e pediu para que fosse mantido esse exato trecho, que pode salvar o diretório estadual do seu partido.

Internamente, o PT dialoga com outras legendas para formar maioria e derrubar o parágrafo, por destaque, no plenário da Câmara.

Entenda o trâmite da PEC

O texto precisa passar pela comissão especial para ser votado em plenário, onde serão necessários os votos de 308 deputados em dois turnos para aprovar a PEC. Antes da análise na comissão especial, a proposta já havia sido aprovada, em abril, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Na ocasião, o projeto limitou as sanções financeiras aplicáveis pela Justiça Eleitoral a 10% do montante mensal recebido do Fundo Partidário. A medida aprovada naquele momento ainda ampliou a anistia não só aos partidos, mas às suas fundações e aos seus institutos.

O Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) realiza, na próxima sexta-feira (22), o curso gratuito de mecânica básica parea mulheres. O curso tem a finalidade de ensinar as mulheres a detectarem e resolverem pequenos defeitos no automóvel.

As participantes vão aprender sobre a parte mecânica, painel, filtro de água e óleo, e troca de pneus. A aula será realizada de forma prática.

##RECOMENDA##

Segundo o Detran, ao final haverá uma competição entre grupos. As vencedoras serão aquelas que concluírem uma série de atividades no menor tempo. A próxima turma será em outubro. As inscrições podem ser feitas no site do Detran.

O Parlamento do Irã aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei que era debatido há vários meses e reforça as sanções contra as mulheres que não usam o véu obrigatório em locais públicos.

"Os deputados aprovaram a implementação do projeto de lei sobre o 'hijab e a castidade' por um período experimental de três anos", informou a agência estatal Irna, em um endurecimento do tom do governo contra o número cada vez maior de mulheres que saem às ruas com a cabeça descoberta, em particular nas grandes cidades.

O projeto de lei aumenta as penas para qualquer pessoa que é alvo de uma denúncia por violar o rígido código de vestimenta imposto às mulheres, um dos pilares ideológicos da República Islâmica desde a queda do xá em 1979.

O texto prevê sanções financeiras para quem "promover a nudez" ou "zombar do hijab" nos meios de comunicação e nas redes sociais, assim como multas e proibições de saída do país para os proprietários de empresas cujas funcionárias não utilizem o véu.

No máximo, "qualquer pessoa que cometa o crime de não usar véu ou de vestir roupas inapropriadas em cooperação com governos, imprensa, grupos ou organizações estrangeiras, ou hostis (à República Islâmica), ou de maneira organizada, será condenada a uma pena de prisão de quarto grau", ou seja, entre cinco e dez anos, afirma o projeto.

Para virar lei, o texto precisa ser aprovado pelo Conselho dos Guardiões da Constituição.

O projeto de lei foi aprovado quatro dias após o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, em 16 de setembro de 2022, após sua detenção pela polícia por supostamente ter violado o código de vestimenta para as mulheres.

A morte da jovem provocou um grande movimento de protesto no país.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando